Dinastia 3: A Rainha de Copas escrita por Isabelle Soares


Capítulo 19
Capítulo 19




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— Tentei suicídio na minha adolescência. – uma pausa e uma respiração profunda. – Nunca falei sobre isso. Acho que muito já souberam que tive depressão e ansiedade em vários estágios da minha vida. Mas acho que nunca cheguei falar abertamente a respeito. Por quê? – mas uma pausa longa. - Talvez por medo de ser rejeitado, tratado como incompetente. Mas estou falando sobre isso agora, depois de tantos anos, por que acredito que as pessoas precisam entender que a saúde mental importa. Os transtornos mentais não escolhem classe social, idade e nem indivíduo. Todos podemos sofrer com alguma doença da mente em algum momento e por isso precisamos estar preparados para falar a respeito e tratar a altura. Hoje, no aniversário de 35 anos do “Talk” gostaria de lembrar quantas vitórias tivemos em todos esses anos e o quanto foi feito. Queria muito que a minha esposa, Isabella, tivesse aqui para celebrarmos juntos esse grande momento. Ela foi uma grande guerreira para seguir em frente com esse projeto tão visionário e corajoso, que salvou tantas vidas. Mas sei que ela está aqui de coração e deve estar olhando lá de cima com muito orgulho. – Mas uma pausa. Os olhos de Edward marejaram. – Voltando a minha fala inicial, Bella foi a primeira a me incentivar a reconhecer o meu problema, falar a respeito, levantar a cabeça e busca tratamento. Sei que ela fez isso com muitos e por isso o “Talk” ainda está aqui hoje, nos mostrando que enquanto existir vida, existe esperança.

Palmas e mais palmas encheram todo o salão. Edward acenou com a cabeça em agradecimento e voltou a sentar ao lado da filha e de sua mãe enquanto um slide com vídeos, fotos e depoimentos ajudavam a contar a história do “Talk” ao longo dos 35 anos de existência do projeto.

— O “Talk” nasceu de nossas próprias experiências. Todos nós temos um pouco de insegurança no nosso interior que acaba nos prejudicando, nos dando medo e nos deixando aptos a criar atitudes e pensamentos que só nos prejudicam. Várias doenças podem vir a partir disso, mas nós quatro acreditamos no poder da cura com base no simples ato de falar, de expressar através da conversação em busca de nos libertar e resolver os nossos problemas com o auxilio de profissionais que poderão nos ajudar. Tive mais certeza ainda do poder que a fala tem em um dos compromissos que tive numa escola muito especial aqui em Belgravia que trabalha com turmas de adolescentes com antecedentes criminais e diversos problemas psicológicos. Eles me inspiraram a querer lutar para mudar essa realidade e criar esse projeto para ajudá-los a ter uma vida melhor. 

A voz de Bella ecoava no vídeo. Esme sentiu um arrepio. Há tanto tempo não ouvia aquele som. Imediatamente pegou na mão do filho. Se era difícil para ela, imaginava o quanto deveria ser para ele.

— Isso não é justo. – Edward sussurrou. – Bella criou tudo isso. Devia estar aqui agora e não eu.

— Infelizmente, papai. Mas sei que ela deve estar feliz por estarmos colocando o projeto dela para frente de tão boa forma.

— Devemos tudo a você, querida, e a Tony também. Vocês é que estão fazendo um belíssimo trabalho! – ele falou, sem mais conseguir controlar as lágrimas.

A Rainha olhou para o telão e prestou atenção ao vídeo. Bella era tão jovem, tão bonita, tão energética, não mereceu o final que teve. De repente, sentiu uma sensação cíclica. Como se tudo não passasse de muitas repetições. Esme sempre admirou o empenho da nora. Era como se visse nela tudo que foi e queria encorajá-la por que sabia que ela faria grandes feitos. Mas ao mesmo tempo, não pôde deixar de pensar que talvez pudesse ter acontecido o mesmo consigo mesma também. Lembrava do quanto, em sua juventude, teve a mesma força de Bella em querer mudar o mundo. Foi segurada. Mas o que teria acontecido se seu lado revolucionário não tivesse sido posto pra fora completamente? Jamais poderia saber. Hoje ficaria no e se... Talvez nem quisesse realmente saber ou não estaria contando essa história.

Esme: Sua Verdadeira História – Capítulo 19: Um fantasma no porão

O ano de 1985 marcou o auge dos anos 80. O A-ha explodia nas rádios com “Take on me” e Madonna com “Like a Virgin”. As boates viravam a noite lotadas com a mesma energia das roupas coloridas que estavam na moda. Como Carlisle e eu já estávamos velhos o suficiente e com um bebê de quase dois anos para cuidar em casa, não freqüentávamos esses locais agitados como fazíamos antes na época das discotecas. Preferíamos um bom cineminha, apesar de que era mais uma aventura tentar ir a um sem sermos reconhecidos do que na hora de assistir alguma coisa. Passávamos reto das sessões de filmes com atores musculosos, como o “Rambo”, mas lembro de gostar muito do “De volta para o futuro”.

Pra falar a verdade, a década de 80 foi cercada de aventuras pra mim. Tudo era muito auto – astral e energizante, nada conservador como os anos 60 e nem revolucionário como os anos 70 de minha adolescência. As pessoas estavam cansadas de amarras e queriam gritar os seus desejos, se vestirem como quiserem e viverem com mais liberdade. Tal como eu.

Carlisle chegou da Espanha com um plano de criar o protótipo do que se tornaria a “Royal Foundation”. Que consistia numa rede de apoio a projetos sociais e de caridade financiados pelo fundo real e trabalhados pelos membros da família. É claro que foi rejeitado. Não havia na época um empenho em trabalhar com caridade. Mantinham um orfanato e faziam almoços para arrecadar dinheiro para as famílias carentes vez ou outra, mas nada muito substancial. Eu e Carlisle queríamos mais. Precisávamos de mais.

Por isso resolvemos investir parte do dinheiro que recebíamos do contribuinte pelo nosso trabalho e patrocinar os nossos planos. Carlisle amava tecnologias, principalmente quando voltada para a área da saúde. Começou a visitar hospitais públicos, universidades e pedir patrocínio para o investimento de pesquisas. Trabalho esse que lhe renderia, nos anos 90, o título de “Patrono da saúde”.

Inspirada na minha maternidade, passei a me dedicar mais a esse propósito. Trabalhava para a distribuição de enxovais para bebês de famílias de baixa renda. Ajudava a incentivar o aleitamento materno e a leis de proteção a mulher e as crianças. Foi numa dessas que acabei soltando o tal discurso que acabou inflando ainda mais minha relação com o palácio. Eu estava numa palestra e acabei falando sobre a importância do planejamento familiar e do incentivo a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Quando comecei a freqüentar os centros de assistência social, percebi o quanto havia meninas muito jovens grávidas e sem nenhuma perspectiva. Mulheres com até dez filhos nas classes mais baixas e querendo urgentemente ajuda. Me senti motivada a falar mais sobre isso. Talvez promover cursos técnicos para essas jovens e realizar campanhas sobre a gravidez na adolescência. Era o mínimo. Mas claro que acabei sendo impedida de fazer muito. Era um assunto polêmico demais para alguém da família real, na época, falar sobre.

Porém, um triste acontecimento em minha vida pessoal acabou motivando o maior projeto da minha carreira na realeza belga e mudaria completamente o modo como eu enxergava tudo.

Minha mãe nunca foi a mesma depois da morte do papai. Caiu de cama por meses, entrou em uma profunda tristeza. Não havia nada que eu ou Lily fizéssemos a fazia melhorar o ânimo. Não sorria mais, nem fazia seus artesanatos, a vida não fazia mais sentido pra ela. Sei que hoje poderíamos diagnosticá-la com depressão. Porém, naquele momento, não havia tantos estudos que pudessem comprovar o transtorno mental e como tratá-lo. Então, não sabíamos bem o que fazer quando ela deixou o emprego e passou a ficar em casa quase em estado vegetativo. Ela ficou assim por meses. De repente, não confiávamos mais ela sozinha. Precisava de ajuda até para as coisas mais básicas. Os médicos tentavam tratá-la, mas nada era muito substancial.

Até que numa noite de sábado em um dia de março. Eu tinha uma folga, como não tinha há muito tempo e resolvi levar o meu garotinho para visitar a minha família. Tudo estava diferente naquela noite. Encontrei mamãe na sala e não no quarto. A televisão estava ligada, olhei para Lily e ela sorriu de volta. Parecia uma vitória. Emmett já andava por todo lado nesse tempo, odiava ficar no braço. Coloquei-o no chão e ele foi direto para onde mamãe estava. Geralmente, ela não esboçava muita reação a ele. Sabia que era seu primeiro neto, até o segurava, mas não mais do que isso.

— Oó! – Emmett falou quando chegou até ela. Meu filho sempre foi muito doce e simpático. Não se acuava a aversões.

— É sua vovó, Emmett? – Falei pra quebrar o gelo.

Mas dessa vez mamãe não ficou estática como sempre. Esboçou um sorriso, primeiro algo quase imperceptível, porém depois foi aumentando. Se curvou diante do bebê e acariciou os seus cabelos loiros. Lily olhou pra mim com os olhos marejados.

— Isso está mesmo acontecendo? – me perguntou.

Assenti. Mamãe continuava sorrindo e Emmett se sentiu mais encorajado a se aproximar. Os braços dela se estenderam e o pegou no colo. Minha irmã e eu ficamos paradas apenas observando como se cada movimento fosse crucial. Ela pegou algumas balinhas que sempre ficavam numa bomboniere do lado do sofá. Abriu a embalagem e deu a bala para o meu filho. Ele aceitou de boa vontade enquanto era observado pela avó. Resolvi me aproximar devagar e sentar ao lado deles no sofá.

— Ele é lindo, não é mãe?

— É sim, Essie. Se parece com Carl.

— Sim, ele se parece.

— Meu netinho lindo!

Sorri com muita alegria. A noite estava transcorrendo tão bem! Jantamos juntos e conversamos como há muito tempo não fazíamos. Me senti em casa como no passado. Nós quatro ali naquele lugar acolhedor, falando bobagens, com um sorriso ou outro. Parecia que tudo voltaria a ficar bem. Saí de lá tarde da noite com a sensação que tudo daria certo dali a diante.

Pela manhã, o telefone do nosso quarto tocou cedinho. Carlisle e eu ainda dormíamos. Nem era ainda sete da manhã. Abri os olhos à contra gosto. Meu marido estendeu a mão e atendeu. Eu estava ainda tão aérea que nem conseguia entender o que se passava, mas quando ele falou “Lily”, olhei imediatamente para ele.

— Não é possível! Você tem certeza?

Alguns minutos em silêncio.

— Ligue para a ambulância. Deve haver algo que se pode fazer.

Nada a dizer por mais alguns segundos. Eu já estava apreensiva e cutucava o braço dele. Carlisle me olhava apreensivo.

— Não vamos nos dar por vencidos. Não se desespere, por favor. Faça o que eu te pedi. Estamos indo pra ai.

— O que aconteceu, pelo amor de Deus?

Ele me olhava como se medisse o que iria dizer. Balancei o braço dele já me sentindo sufocada. Carl beijou a minha testa antes de me dar a notícia avassaladora.

— Lily foi dar uma olhada na sua mãe e ela aparentemente não estava respirando.

— O que?

— Precisamos ir lá. Sua irmã pode estar apenas nervosa.

Assenti e vesti as primeiras roupas que encontrei. Deixamos Emmett com Maria e seguimos para a minha casa o mais rápido que conseguimos. A ambulância já estava lá. Tinha chegado depressa e senti um grande alívio por isso. Desci do carro quase em movimento e sai em disparada pela residência. O quarto dos meus pais estava cheio. Dois paramédicos e uma Lily chorosa. Estanquei na porta vendo- os tentarem reanimá-la. Uma, duas, três vezes. Sem resposta. Me segurei na porta para não cair.

— Infelizmente, ela veio a óbito. Não há mais nada que possa ser feito.

Essas palavras dançaram na minha mente. Não poderia ser assim. A vida dela não poderia acabar daquela forma. Senti um arrepio, fiquei gelada e tudo escureceu. Quando abri os olhos o pesadelo não tinha acabado. Porém, estava entorpecida pelo calmante. Eu tinha que assimilar a idéia de que tinha perdido minha preciosa mãe. Isso não era uma tarefa fácil.

Durante o velório e no enterro fui me dando conta de algo que alguém de 26 anos não costuma pensar, a vida é algo extremamente frágil, apenas um sopro. O pior de tudo é me dar conta que eu tinha perdido parte de minhas origens. Mamãe e papai já não estavam mais aqui conosco. Não era fácil aceitar isso. Geralmente, imaginamos nossos pais velhinhos de cabelos brancos, brincando com os netos e nos esperando para o almoço de domingo. Aquilo não aconteceria comigo e nem com Lily nunca mais.

É claro que eu não estava sozinha. Carlisle e Emmett era a minha nova família. Mais era algo estranho pensar que aquelas pessoas que te colocaram no mundo, que foram sua base sólida por todos os momentos desde o seu nascer já não estavam mais nesse plano. Era como se a minha existência tivesse sido apagada um pouquinho por que eles fizeram parte de tudo que sou hoje.

Mais inacreditável foi saber que a causa da morte da mamãe foi overdose por excesso de remédios. Ela tinha cometido suicídio. E era isso. Como aceitar um diagnóstico desses? Eu só me perguntava o porquê. É claro que sabia que ela estava tristonha, mas jamais imaginei que tentaria algo assim.

Não gosto de comparar dores, mas acho que fiquei mais mal depois da morte da minha mãe do que a do meu pai. Quando ele se foi, eu tinha uma vida crescendo em mim e sabia que tinha que ser forte para que o meu filho viesse bem, mas agora? Fiquei dias deitada na minha cama, sem conseguir comparecer a nenhum evento. Ainda bem que ninguém implicou comigo por isso. Reconheciam o meu sofrimento.

E de pensar que aquela havia sido uma noite diferente por que ela estava se despedindo... Diversas vezes fiquei pesando que eu poderia ter desconfiado e feito alguma coisa para ajudá-la. Por que eu tinha abandonado-a? Dei tanta importância a minha vida na realeza, aos meus novos projetos que tinha me esquecido dela. Deus como eu tinha sido egoísta! Como eu queria voltar no tempo e fazer tudo diferente. Gostaria de abraçá-la quando perdemos papai e ter me aberto com ela. Se eu tivesse estado lá, conversado mais talvez tudo fosse diferente.

Quando tive forças para encarar a rotina novamente senti que tudo estava diferente. A morte de dona Karen tinha mudado todas as minhas perspectivas e a maneira que eu encarava as coisas. Há um poema que fala que nós, todos os dias, vivemos da mesma forma todos os dias. Acordamos, tomamos nossos café, saímos para trabalhar. Nossos olhos vêem coisas o tempo inteiro, mas na verdade, não vemos nada. Nos olhos não reparam na cor das flores, as nuvens no céu, no porteiro que nos diz “bom dia” diariamente. Se nos perguntarem qual o nome dele, saberíamos dizer? Então isso é viver? Uma sucessão de ações repetidas e sem importância?

Tentei ver as coisas na perspectiva dela. Por quê? Era sempre a pergunta. O que a motivou a tomar uma decisão tão drástica? O que era mesmo o significado da vida? Matutei. Mas não só isso, resolvi conversar com analistas, terapeutas, profissionais da saúde. Eu queria buscar uma resposta para me explicar o que ela teve. Por que é muito fácil escrever no obituário que havia sido uma overdose, mas isso era a conseqüência e não a causa.

Fucei tanto que acabei me dando conta de várias coisas que desconhecia. Até muito tempo não se falava sobre transtornos mentais. Se alguém se consumisse ao choro e a solidão chamavam de frescura. “Se matou por falta de Deus”, foi traído, era um drogado e um monte de outros motivos. Mas nada disso entrava na minha cabeça. Eu precisava de mais.

Até que de tanto procurar acabei encontrando. Passei meses em contato com vários especialistas em saúde mental, o que existia numa época em que pouco se falava sobre isso. Pesquisei sobre casos de suicídio, conversamos sobre o que poderia ocasionar. Eles me falavam sobre ansiedade, depressão, esquizofrenia, doenças que estavam em estudo. Descobri que com a ajuda de remédios e tratamento terapêutico muitas pessoas conseguiram ser salvas de suas próprias mentes. Isso me animou muito. Era uma luz no fim do túnel. Uma porção de esperança de que muitas pessoas poderiam ter uma segunda chance que minha mãe não teve.

Mas tinha um desafio. Como muitos transtornos mentais não eram reconhecidos pela medicina tradicional, muitas vezes tratados como loucura e enviados a manicômios ou centros psiquiátricos sem o tratamento adequado, as chances de cura diminuíam bastante. Na verdade, muitas pessoas sofriam com alguma doença da mente e nem mesmo sabiam. Estavam lá entre nós e não eram reconhecidas. Um fantasma que rondava diante de todos.

A questão é que eu não aceitava que tudo ficasse por isso mesmo, por causa da ignorância alheia. Eu queria que as pessoas se dessem conta desse grande mal, gostaria que o governo assumisse a causa e ajudasse nas pesquisas, construísse centros especializados de apoio. Alguma coisa tinha que ser feita e não poderia ficar de braços cruzados enquanto muitos pediam suas perspectivas de vida.

Levou cinco anos inteiros para que eu conseguisse algo que eu considerasse de concreto. Depois de um tempo tentando entender o que eu estava lidando, comecei a participar de palestras e resolvi me unir a vários especialistas para fazer campanhas de divulgação. É claro que palácio não queria de jeito nenhum que eu participasse e eu mesma fizesse essa abertura para discussões em eventos. Mas eu estava disposta a seguir em frente e Carlisle me ajudou nessa. Nos reunimos juntos com políticos, com primeiros ministros para que algo de mais fosse feito.

Era necessário haver um centro de pesquisas mais equipado e também um espaço com psicólogos, psiquiatras e toda uma equipe que pudesse identificar o transtorno e tratar a altura. Havia espaço pra isso no Hospital Geral. Eu queria que fosse lá para receber os doentes sem custos e financiado pelo governo. Se hoje, um tratamento relacionado à saúde mental é muito caro, imagine na época. Mas para que o meu sonho se realizasse precisava do apoio do parlamento.

Eu sabia que o palácio não me apoiaria nisso. Então, comecei a me organizar no privado. Conversei com vários profissionais e criamos um projeto. Resolvi que um baixo assinado poderia ajudar a convencer os deputados. Por isso procurei diversos pais e pacientes para assinarem pedindo o que seria o centro psicossocial. Marquei um horário numa sessão sem avisar a ninguém e discursei para falar sobre os nossos planos. Foi o meu primeiro discurso sério. Estava nervosa, mas empenhada. Sabia que o meu nome ajudaria a trazer a mídia para a discussão. Mas eu queria mesmo que os vários relatos de pacientes que venceram os seus transtornos fossem ouvidos e muitos outros através de suas assinaturas, apelos e depoimentos em entrevistas.

Foi a primeira causa que realmente fiquei empenhada a conseguir êxito. Eu não queria descansar, sabia o quanto era importante e se tinha alguma coisa que eu poderia fazer estando na minha posição era fazer alguma coisa de útil para as pessoas que nos apoiava.

É claro que meu discurso no parlamento teve uma repercussão enorme. Era o que todos falavam e me aproveitei disso para chamar mais atenção aos tratamentos e pesquisas sobre os tratamentos de transtornos mentais. Isso acabou pressionando os deputados a aprovarem o projeto do centro e no ano seguinte, em 1991, tivemos o prazer de ter o primeiro centro especializado para atendimento psicológico gratuito. O que começou numa pequena ala do hospital central, nossa primeira vitória, acabou se tornando um prédio inteiro capaz de atender centenas de pessoas o ano inteiro.

Lembro de respirar aliviada por tudo dar certo, mal sabia eu que isso seria apenas o começo. Eu ainda ouviria muito falar em depressão e ansiedade na minha família... COMENTEM POR FAVOR!


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