Um Reino de Monstros Vol. 4 escrita por Caliel Alves


Capítulo 9
Capítulo 2: Vigiados, testados e punidos - Parte 2




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Embora estivesse coberto dos pés à cabeça por uma capa negra, o embuçado caminhava pelas ruas sem sentir nenhum calor. A roupa regulava a sua temperatura, ela era formada de sombras vivas e era abençoada pela deusa Nalab.

Quando ele passava pelos oasianos, as pessoas tendiam a desviar dele. Ele não entendia o porquê, mas sentia-se mal. Durante a sua vida sofrera inúmeros preconceitos, principalmente após se tornar conjurador.

Um guarda veio até ele e disse-lhe de modo rude:

— Retire a máscara, mandrião, é proibido andar com o rosto oculto as ruas.

— Desculpe-me, o vento abrasivo fere a minha pele e a areia sufoca a minha respiração.

— Deixe de peraltices, retire logo essa balaclava!

O soldado estendeu a mão para tocar na máscara, mas Saragat o deteve com o Cajado de Nalab.

— Não faria isso se fosse você, essa roupa foi abençoada por minha deusa, e se tocar nela sem a minha permissão, não posso garantir o que as sombras irão fazer com você.

— Não deveria portar armas nas ruas, senhor.

— Ela estava oculta dentro da minha sombra e só a usei em legítima defesa.

— Está bem, senhor conjurador, siga-me, vou constatar se é quem diz ser.

Saragat o seguiu, estava chateado, se considerava gentil, mas, odiava ser tratado com desconfiança. Aquela era a pior recepção que a Companhia de Libertadores recebeu na campanha de purificação.

O guarda o guiava por ruas cada vez mais longínquas e menos movimentadas. O conjurador disse-lhe:

— Falta muito?

— Não, logo chegarás.

Mas o lugar aonde o guarda o queria levar nunca chegava. O conjurador se sentiu andando em círculos, estava sendo enganado? Ele segurou o cabo da relíquia com força.

— Esse lugar é muito longe?

— Não, estamos bem perto.

— Perto de quê? Ou melhor, de quem?

Saragat parou, o guarda fez o mesmo. O conjurador apontou o cajado para o homem, ele ergueu as mãos como se estivesse se rendendo e disse:

— Não é comigo que você tem que se preocupar.

— Mas que mer...

Do alto dos prédios, dois homens dispararam com as suas zarabatanas, mas com as suas conjurações, Saragat se defendeu.

— Uma cilada! Eu vou acabar com você seu... ei, pra onde ele foi?

O homem não estava mais lá, porém, os dois homens saltaram de lá de cima e aterrissaram no chão munidos de katar, lâminas encaixadas em braceletes, armas letais e prontas para cortar.

— O sultão enviou os seus cachorrinhos para nos matar.

— Silêncio, seu mascarado, mais respeito com o nosso adail.

— Vocês também estão com o rosto coberto...

— Nossas ordens foram enviadas para capturá-lo vivo. Mas se por acidente eu decepar a sua cabeça, não haverá problemas.

— Tente, então.

Os oponentes avançaram, e cravaram as suas lâminas em Saragat. Ele se defendeu com Obnubilar, e ainda dentro da redoma, conjurou Tentáculos da Sombra, mas os adversários também eram habilidosos e conseguiram se safar.

— Até que vocês não são tão fracos quanto eu imaginei.

— Somos os melhores agentes do Esquadrão Assassino Secreto, não vamos perder para um mero conjurador.

— Eu não sou um “mero conjurador”, eu sou o CONJURADOR DA DEUSA DAS SOMBRAS.

— Não nos importamos, temos Al Q’enba ao nosso lado.

Os dois homens partiram para cima de Saragat. Cada um deles visando atacar um lado do seu corpo, de modo que não restasse nenhum ponto cego.

Saragat não era bom em confrontos corpo a corpo. Tell e Rosicler eram bem melhores em lutas corporais, cada um com um estilo diferente. Até mesmo Letícia teria melhores resultados lutando contra eles, embora não aguentasse por muito tempo um combate a curta distância.

O conjurador pensou que aquelas lâminas deveriam estar envenenadas, mas para eles se darem ao trabalho de usar dardos tranquilizantes, é porque o queriam vivo.

Pra onde vocês pretendem me levar? O que está acontecendo aqui? Será que os outros também foram presos? Droga, Tell!

— Morra, seu desgraçado!

— Não! Hoje não é um bom dia para morrer.

Sclanz! Os metais se chocaram, com o Cajado de Nalab, Saragat defendeu ambos os golpes. Chutou um dos assassinos e deu uma cabeçada no outro, eles recuaram e prepararam para um novo ataque. Um deles saltou no ar e desapareceu, o outro continuou avançando contra ele.

Eram habilidosos e extremamente rápidos, com ataques furtivos, visando sempre órgãos vitais e explorando os pontos cegos do adversário, eram inimigos terríveis.

O oponente avançou, e quando ele estava bem próximo da sua sombra, Saragat recitou:

— Oh, minha deusa, entrego-me a ti em abnegação, perdoa os meus pecados... Prisão da Sombra.

— Mas o quê?

— Isso mesmo assassino, você foi fisgado! Agora lá vem o outro.

— Agora eu acabarei com você!

— Tentáculos da Sombra.

— Mas o quê?

Agora ambos estavam presos em suas sombras. Os assassinos tremeram de medo, os olhos de Saragat estavam embranquecendo e as sombras ficando mais densas, era a deusa se manifestando em seu corpo.

— Me levem ao líder dos assassinos!


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