Uma força da natureza. escrita por Adnoka


Capítulo 1
Uma força da natureza (capítulo único)


Notas iniciais do capítulo

Para escrever me inspirei nas musicas em que o LeeKnow faz parte solo assim como em Limbo sua musica solo. Também tentei deixar o jeitinho dele (do jeito que o vejo e o imagino) bem aparente.



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Hoje é meu primeiro dia nesta faculdade, me mudei recentemente e tive que transferir meu curso de jornalismo pra cá às pressas pois fica mais perto de onde estou morando agora. Não conheço nada nem ninguém por aqui e eu realmente espero não ser muito notada.

É um longo caminho até a sala onde fica minha turma e eu tenho mesmo medo de me perder (é bem grande aqui).

Minha sala fica no terceiro andar, sala 3B, preciso subir até lá e fico feliz quando vejo que tem elevadores aqui.

Não tem muitas pessoas nessa ala da faculdade, está meio vazio aqui, é normal será? Ou eu estou muito atrasada?

Ai não! O horário de entrar na sala já passou e pra quem não queria ser notada...

Entro no elevador enquanto mexo nos meus papéis de transferência tentando, mas sem sucesso organizá-los.

— Droga! — Falo depois que o elevador fecha a porta.

— Realmente... você está atrasada em seu primeiro dia, deve ser um saco mesmo.

— Que? Quem? — Dou um pulo no susto que levei — Ah nossa, não vi você e me assustei desculpe.

— Não me viu mesmo, o que é bem difícil, mas você não para de olhar seus papéis de transferência então tá, te desculpo.

Eu estranhei a naturalidade dele... apenas aceno com a cabeça e me viro novamente para a porta do elevador.

— Me chamo LeeKnow.

— Oi LeeKnow, sou Namji. — Falo sem entusiasmo, já que dá pra sentir que ele só quer me zoar.

— Namji... Soonie, Doongie e Dori. — Ele fala como um sussurro em um tom grave enquanto pelo reflexo dele na porta percebo que ele olhava para o nada — Muito prazer!

O que foi isso? Ele saiu falando meu nome e brincando com outros nomes que não fazem o menor sentido pra mim de forma bem descontraída nem parecia que eu estava ali com ele.

O elevador parou no terceiro andar e eu desci, virando para a direita e indo naquela direção para procurar a porta quando sinto ele me pegar pelo braço e me virar para ele.

— Primeiro, você não ia se despedir? Segundo, está indo para o lado errado.

Ele tem mãos firmes, ele tem uma presença firme, um tanto misteriosa na verdade, e quando ele fala é marcante, pontual e ao mesmo tempo meio frio... não sei explicar.

— Ah me desculpe, eu estou nervosa como primeiro dia e um tanto perdida também.

Ele solta meu braço e me encara enquanto falo, neste momento eu o vejo nitidamente e me impressiono com sua “beleza charmosa” ele é um pouco mais alto que eu então encara-lo me deixa exposta, mas é impossível não olhar os traços em seu rosto são perfeitamente encaixados, e ele tem um maxilar extremamente marcado, seus olhos castanhos tem um formato que os faz parecer intensos demais e até meio “maldosos” dependendo do ângulo, seu nariz é perfeito parece que foi desenhado, uma boca pequena mas com lábios carnudos, seu pescoço é longo e muito lindo e o conjunto disso tudo é o que o torna extremamente atraente.

— Me segue. — Ele diz quando se vira e começa a caminhar.

Ele não sabe onde fica minha sala, sabe? Deve ter visto quando bisbilhotou meus papéis.

— Tá. — Eu o sigo.

Andamos apenas por um breve momento e ele para.

— Sua sala é aqui. — Ele aponta para o 3B na porta.

— Ah sim, obrig...

Ele não me espera falar nada e entra na sala. Ele me confunde.

Eu entro logo em seguida e procuro um lugar para me sentar enquanto me ocorre que somos da mesma sala e esse pensamento não sabe o que faz comigo, não sei se o procuro pra sentar próximo a ele ou o mais distante possível.

Neste momento escuto um barulho que me chama a atenção, olho e vejo o LeeKnow arrumando uma carteira na frente da dele. Ele me olha firme e eu acho que vou ter um troço bem ali. Ele não fala nada apenas acena com a cabeça em direção a mesa que arrumou pra mim e dá uma leve piscadela para que eu entenda que é pra me sentar ali.

Estou em pé na frente de todos a muito tempo, mais tempo do que eu gostaria, e levo um susto com a voz atras de mim.

— Parece que o LeeKnow já arrumou um lugar para a senhorita, se estiver tudo bem por favor sente-se.

Era o professor. Quero morrer. Nesse momento todos na sala olham para traz, para a direção dele e consigo ouvir uns burburinhos por toda a sala.

— Tá legal pessoal, deixem ela se acomodar primeiro, apresentações depois. — O professor acena com a mão para que eu vá para meu lugar.

Respiro fundo e me direciono a minha carteira.

A aula continua seu rumo, mas eu não consigo prestar atenção direito, sentada ali sabendo que o LeeKnow está bem atras de mim e sinto que este pensamento me faz ficar vermelha...

— Depois do intervalo a nova aluna se apresentará, então não percam. — O professor parece se divertir em me constranger.

Eu encolho um pouco na cadeira e todos saem da sala. Todos menos o LeeKnow.

— Vai ficar aqui? — Ele me pergunta no mesmo tom de sempre.

— Sim, vou. — Não consigo olhar pra ele.

— Tá.

Ele sai da sala.

Eu finalmente respiro, que início mais tenso que tive e eu não sei lidar muito bem com essas coisas.

Fico pensando no LeeKnow; o quão observador ele era para saber onde era minha sala só de olhar meus papéis de longe? Por que ele quis que eu sentasse próxima a ele? Por que a presença dele me deixa tão tensa? Por que ele é tão lindo e intimidador?

Depois de um tempo os alunos que saíram começam a voltar aos poucos, acredito que o intervalo esteja acabando e minha tensão começa a voltar.

Estão quase todos de volta quando o professor entra na sala.

— Bom, sem mais delongas vamos ouvir um pouco nossa nova aluna, fique tranquila, pode falar daí de onde está mesmo apenas se levante para que possamos vê-la e ouvi-la melhor.

Eu vou morrer. Fico tão nervosa que sei que todo mundo vai notar só de me olhar. Mas sigo as instruções do professor e me levanto. Nesse momento o LeeKnow abre a porta, me encara fixamente e olha diretamente nos meus olhos. Todos já estão olhando para mim então não percebem a forma como ele está me encarando.

O professor acena pra ele ir para o lado dele para que eu possa começar sem ter que esperar ele atravessar a sala o que eu agradeço ao professor em pensamento, mas isso o coloca exatamente de frente para mim.

— Quando quiser querida. — Com isso o professor interrompe nosso contato visual.

— Okay, okay... — Respiro fundo, talvez eu não sobreviva — Me chamo Namji, tenho 19 anos, venho transferida pois precisei me mudar recentemente, e fora isso não sei mais o que vocês querem saber.

A sala ri, o professor também, se divertem com meu nervosismo. Mas o LeeKnow não, ele está prestando muita atenção em mim.

— Tem namorado? — Patrick, um aluno do outro lado da sala grita perguntando e todos dão risada.

O LeeKnow semicerra os olhos em minha direção para não só ouvir, mas também ver minha resposta.

— Isso realmente importa? — Falei em meio sorriso pois estou cada vez mais sem graça com tudo isso.

Vários alunos responderam juntos:

— Claro, que sim! E todos dão risada mais uma vez.

O professor não vai interromper isso?

— Não, eu não tenho namorado.

— Aaaaeeeeh! — Reação geral.

Eu completamente envergonhada apenas fico balançando “positivamente” a cabeça com um meio sorriso no rosto.

— Por que Jornalismo? — O próprio professor perguntou dessa vez meio que para quebrar o clima de zoação e eu só posso agradecê-lo.

— De início por que eu me interesso em saber dos reais fatos. — Respondo essa sem problemas maiores — E depois que comecei vi que realmente gostava.

— E por que precisou se mudar recentemente? — Uma aluna me pergunta isso e parecia realmente interessada.

Fico desconfortável, não queria revelar meus motivos que ainda são dolorosos para mim e acho que todos perceberam. E o silencio ensurdecedor é quebrado pelo LeeKnow.

— Para poder me conhecer. — Finalmente ele falou algo, mas como assim? O que foi isso?

Ele começa a vir para o lugar dele e as atenções voltaram para ele agora.

— É, então isso pessoal. Teremos muito tempo para conhecermos melhor a Namji, vamos deixa-la em paz por hora. Obrigada querida espero que goste do nosso Curso. — O professor deixou a diversão de lado e foi gentil em acabar com meu constrangimento — Vamos voltar aqui pessoal. Vamos falar um pouco sobre o “LIDE”.

E a aula voltou.

Novamente a forte presença dele bem atras de mim, ele sempre me deixa cheia de perguntas. Por que falou aquilo? Para me ajudar? Ele percebeu meu desconforto? Por que se preocupa? Mas a verdade é que eu estava grata. Eu tinha meu triste motivo para ter realizado uma mudança de vida repentina, mas não quero falar sobre isso com ninguém.

A aula está acabando, o professor disse que vai passar um trabalho em duplas.

— Formem suas duplas não vou interferir.

Eu não me mexi, não olhei pra ninguém, sabia que por ser nova ali acabaria formando dupla com quem “sobrasse”, mas não foi bem o que aconteceu.

O aluno Patrick que me perguntou se eu namorava veio até minha mesa, se apoiou sorrindo e me perguntou.

— Posso ser sua dupla Namji? — Todo simpático ele, simpático demais até.

— Não, ela já tem dupla cara. — O tom dele era sério, firme, mas descontraído.

— Ah, não sabia, fica pra próxima então. — Ele sai encarando o LeeKnow de uma forma não muito amigável e eu me pergunto o que está rolando aqui.

A aula acaba e vamos embora. Desde que ele disse que eu já tinha dupla não olhei pra ele. Mas conseguia notar seu olhar em mim por diversas vezes.

Vou andando sozinha em direção para o elevador quando ouço sua voz bem ao meu lado.

— Amanhã, na minha casa ou na sua como preferir.

— ÃHN? — Não queria ter parecido tão surpresa.

— O trabalho, vamos começar esse final de semana que já é amanhã. Você está livre?

— Ah, sim! O trabalho... — Ele me deixa tonta.

— Achou que era um convite para um encontro? Se fosse não seria melhor primeiro em outro lugar? Ou você é mais direta? — Não dá pra saber se ele está se divertindo com isso, a expressão dele fica indecifrável as vezes.

O que ele está fazendo comigo? Eu não consigo me concentrar quando ele fala, mas confesso que ele me atrai, esse jeito dele falar que parece que não existe mais nada ao redor me prende.

— Não achei nada disso, só não consegui seguir seu raciocínio de cara. Afinal, você não me perguntou se eu queria fazer dupla com você.

— Você não quer?

Touché! Ele sabia que para mim seria um alívio por não conhecer mais ninguém ali.

— Tudo bem, mas não precisa se sacrificar por mim, afinal acredito que você tenha muitas opções para formar duplas.

— Não me importo, quero fazer com você, e é o que vou fazer!

Ele é assertivo. E isso mexe demais comigo.

— Na minha ou na sua casa?

Não sei se quero ele na minha casa, nem o conheço.

— Pode ser na sua?

— Aham.

Eu nem notei estarmos em movimento enquanto falávamos, mas já estamos fora da faculdade.

— Me encontra aqui então amanhã as 13:00hs.

— Está bem.

— Até. — E ele sem me olhar direito simplesmente vai embora.

Nem ouviu meu “até” todo sem jeito. Acredito que estava com pressa ou apenas não ligou em interromper a conversa de forma “brusca”.

No caminho de volta o Patrick que queria fazer dupla comigo se aproxima e puxa assunto.

— Você está mesmo na do LeeKnow?

— Como assim? Ele só está me ajudando na minha adaptação.

— Pelo que vejo ele já se apossou de você. E é bem o jeito dele — Falou de forma ressentida.

— Não, nada haver.

O Patrick para de falar como se tivesse visto algo e vai embora sem falar nada. Achei muito estranho, mas não questionei e segui meu caminho.

Já em casa enquanto olho pela janela meu primeiro dia de aula passa novamente pela minha cabeça e todos os momentos com o LeeKnow ficam ainda mais claros agora que estou no conforto de estar sem ninguém por perto, mas as palavras do Patrick que fizeram maior presença nos meus pensamentos. “Se apossou de mim?” Essa afirmação ficou na minha cabeça a noite toda, por que ele se apossaria de mim?

No dia seguinte me pego preocupada com o que vestir para poder ir fazer o trabalho com ele.

“Pera aí Namji, é só um trabalho nada demais.” Falo para mim mesma em voz alta repetidas vezes.

Decido por me vestir como sempre. Calça jeans, tênis, camiseta pois eu amo estar confortável, dou um jeito de leve no rosto, pego minha mochila e saio de casa.

Abro o protão e levo o maior susto. Ele está parado em frente à minha casa. O que ele está fazendo aqui?

— Resolvi vir te buscar em casa, vamos almoçar antes de começar o trabalho então eu precisei comprar algumas coisas e acabei próximo da sua casa e aí resolvi te esperar.

Que garoto imprevisível. Eu realmente não sei o que eu estou sentindo agora. E na tentativa de formular uma frase decente em resposta a tudo aquilo acabei por não dizer nada.

— Está pronta? Vamos?

— Como você sabia onde moro? — Foi só o que consegui dizer.

— Te segui ontem enquanto você voltava com o Patrick.

Ele me seguiu. E assumiu de forma tão natural que me irritou.

— Me seguiu? Mas por quê?

— Queria ver se o Patrick ia tentar algo com você. Mas fiz ele me ver então ele entendeu que não era pra tentar nada.

Ele não me dá tempo para assimilar as coisas que ele diz... estou tonta. Então foi isso que fez o Patrick se afastar de mim sem dizer nada? Foi ele?

— Vamos? Quero preparar nosso almoço sem nos atrasar muito pro trabalho.

Ele vai cozinhar. Okay quanta informação sobre ele eu recebi em menos de dois minutos? Ele me seguiu? O Patrick o viu? Não, ELE fez com que o Patrick o visse, de propósito. Ele resolveu me buscar em casa. Ficou aqui fora sei lá eu quanto tempo me esperando sair...

Essa estranheza em conflito dentro de mim, então essa é a forma dele ser possessivo com algo? Comigo?

— Você está aqui, porque não fazemos o trabalho aqui então? — Pergunto meio contrariada.

— Você não quer um estranho na sua casa. Vamos, venha me conhecer melhor primeiro.

E mais uma vez ele me impressiona. Essa presença, essa força que ele transmite praticamente domina tudo quando está por perto.

— Okay, não vou questionar você. Vamos.

Ele se aproxima de mim repentinamente.

— Se quiser questionar, questione, não importa o que eu sempre te responderei.

Ele segura em minha mão e me leva para sua moto. As sacolas das coisas que ele comprou estavam penduradas no guidão.

— Vou precisar que você as leve tudo bem?

— Sim, está. — Eu pareço injuriada com ele, mas não estou, só quero entendê-lo.

Ele coloca o capacete nele, e vira para colocar um em mim também. E eu o encaro com uma sobrancelha levantada nitidamente pensando “sério que você parou aqui por acaso? Só porque teve que vir ao mercado e coincidiu de ser próximo aonde moro?”.

— Tá não é como se eu andasse sempre com dois capacetes a tira colo, mas eu vim te buscar então nada mais justo.

Ele agora assume que não rolou coincidência, foi de caso pensado que ele veio até mim.

— Realmente por hora não vou fazer perguntas.

— Tudo bem então.

Ele sobe na moto, e sem me olhar fala.

— Suba, e segure firme enquanto aceleramos.

Eu só o fiz, subi em sua moto e o segurei firme. Não tinha muitas sacolas e tudo era muito leve então consegui envolve-lo com meus braços e eu por um momento deixei minha mão livre espalmar no peito dele, foi de propósito eu queria senti-lo.

— Isso aí, me conheça. — Sua voz demonstrava todo o prazer dele nessa situação, ele fazia questão que eu o tocasse.

Eu não vou me contrapor vou seguir o fluxo com ele.

Ele para a moto em frente a uma casa muito bonita depois de dirigir um pouco, uma casa grande para acomodar uma família com vários membros. Não estaremos sozinhos pelo menos.

— Chegamos!

Desço da moto e ele rapidamente pega as sacolas da minha mão.

— Desculpe fazer você carregá-las.

— Sem problemas, estavam leves. Então é aqui que vocês moram? — Perguntei para me certificar que haveriam mais pessoas ali e não somente ele e eu.

— Sim, moramos aqui. — Ele é sempre muito sério e direto em suas respostas.

Entramos em sua casa, era bem bonita, grande sim, mas aconchegante também.

— Fique à vontade, vou preparar nosso almoço, mas não vou demorar já deixei tudo meio encaminhado.

— Ah sim, tudo bem, não se preocupe comigo. — Mesmo morando em família ele que cozinha, que legal.

— Me preocupo sim, sente-se aqui pois vai dar para nos vermos melhor enquanto conversamos.

 -Está bem. — Dou um sorriso pra ele que nem eu esperava.

— Legal, já está relaxando perto de mim. Fico Feliz.

Ele vai para detrás da bancada, coloca um avental e começa a cozinhar. Eu o observo, penso que não há nada mais bonito que essa cena.

Noto que não aparece ninguém pra falar com ele, não tem barulho pela casa também, será que saíram?

Quando ele começa a mexer nas sacolas ouço miados, olho para o lado e três gatinhos fofos demais aparecem para falar com ele.

— Aí estão vocês. Namji, esta é a minha família.

Gatos... então mora ali apenas com seus três filhinhos felinos?

— São fofos demais, quais seus nomes?

— A que está aqui ao meu lado é a Soonie, ela foi a primeira a chegar aqui. Aquela ali é a Doongie é a do meio, e a que está mais perto de você é a Dori é a caçula.

Ele fala delas com muito carinho, dá gosto de ouvir.

— Suas filhas são lindas.

— Eu as chamo de irmãs, mas pode ser nossas filhas sim, já que então você seria a gata mãe delas —Ele fala isso rindo, e é dono de um largo sorriso descontraído, lindo.

E é nesse momento que eu me lembro do nosso primeiro encontro no elevador da faculdade.

— Espera aí, ontem no elevador da faculdade...

— Sim você entendeu, eu estava falando o nome da nova gata que adotei pra ver se combinava com as que já tenho ou se precisaria mudar. Namji, Soonie, Doongie, e Dori até rimam. Temos uma família perfeita agora.

Ele é maluco, eu fiquei surpresa com isso, mas também achei divertido, talvez eu também seja maluca.

Nós apenas sorrimos um para o outro.

— Vem aqui, me ajude com isso.

— Ah sim, do que precisa?

— Pode picar esses temperos aqui. Use aquelas luvas. — Ele aponta para um par de luvas culinárias que está na pia.

—Okay — Lavo minhas mãos coloco as luvas e começo a picar.

— Como você também mora sozinha então acredito não ter problemas para fazer isso estou certo?

— Sim, sem problemas “cheff”.  — Falo fazendo graça.

Nós dois rimos e continuamos o que estamos fazendo e enquanto cozinhamos falamos sobre vários assuntos, ouvimos as músicas preferidas um do outro para nos conhecermos melhor, conversamos com as gatas e o clima fica sempre muito descontraído.

Agora com tudo pronto eu o ajudo a colocar a mesa e comemos.

— Huuum está muito gostoso “Leeno” — Aí caramba, “Leeno” sério isso Namji?

— Sim está mesmo. — Ele parece não ter notado meu tom mais íntimo — “Leeno” sabe o que faz.

Eu caio na risada, ele me pegou, aliás nada passa desapercebido por ele.

— Você é impossível, sabe disso né?

— Sou? Não sou! Se você diz, talvez seja mesmo.

— É você é sim...

— Sou impossível... de resistir? — Ele brinca comigo, e se não bastasse o que diz o modo que me olha me tira de mim.

— Não foi o que eu disse. — Preciso me recompor.

— Mas é o que demonstra. — Ele não tira seus olhos dos meus.

— Táá legaaal eu lavo a louça.

Me levanto rapidamente para sair daquela situação toda.

Ele se levanta também mais de forma mais tranquila.

— Vamos arrumar aqui para começar o trabalho.

Eu havia me esquecido completamente do nosso trabalho em dupla, mas não quis demonstrar.

— Sim, já perdemos muito tempo.

Lavamos e arrumamos tudo agora espero por instruções.

— Vem comigo meu quarto é lá em cima.

— Quarto? Não podemos fazer o trabalho aqui na sala mesmo?

— Meu material e meu PC ficam lá em cima, relaxa não farei nada com você, a não ser que você também queira.

Também queira... também... queira... tam-bém quei-ra. As palavras dele vão ecoando na minha mente de forma a me levar a vários devaneios.

Não o respondo. Ele tem o dom de tirar as palavras de mim.

Subimos, o quarto dele é bem arrumado e bastante aconchegante, tem a cama dele e três caminhas muito fofas que são das meninas. A mesa do PC dele é própria para trabalho, com espaço e também muito organizada.

— Pode se sentar — Ele me fala apontando pra cama dele.

E eu só me sento.

Começamos nossas pesquisas e fazemos muitas anotações, já estamos há um bom tempo nisso quando ele para em uma história que chamou a atenção dele.

“Garota de cidade pequena perde toda sua família em um incêndio.” Era a minha história, e ele leu atentamente cada detalhe dela, sem falar nada ou esboçar nenhuma reação visível.

— Por isso você se mudou, era muito difícil para você continuar lá —Ele solta quando termina de ler.

Torço minha boca para o lado e sinto as lágrimas chegarem quando ele continua.

— E por isso jornalismo. Você quer descobrir o que causou isso já que a investigação deu “inconclusiva”.

Era isso, ele tinha entendido e agora sabia ainda mais sobre mim.

Ele sai da mesa dele e senta na minha frente em sua cama, me olha por um tempo e enxuga a única lágrima que deixo escapar quase de imediato.

— Estarei com você nessa, vou te ajudar a achar o real motivo. Mas te peço algo em troca.

— O que você quer de mim?

— Eu quero você pra mim!

Pode parecer estranho o decorrer de tudo, mas a forma como ele acabou de descobrir mais sobre mim me deixou ainda mais ligada a ele, poderíamos ter mudado o assunto, poderíamos ter ignorado isso, mas não, estávamos ali apenas ele e eu, e a minha tristeza se misturou com a força dele, a vontade dele se misturou a minha fraqueza, ele expôs o que queria de mim que era exatamente o que eu também queria dele.

— E eu quero você! — Foi só o que pude dizer, era a única verdade ali.

Ele veio em minha direção e as palavras não ditas tinham o peso para mudar tudo entre nós, significando até mais do que isso. Então já tão próximo a mim que não há mais nada que possamos fazer além de nos entregar ele coloca suas mãos no meu rosto e olhando fundo nos meus olhos me diz.

— Então tranque-me em um sonho profundo e não me deixe ir E nesse sonho será onde viveremos a partir de agora, será o nosso lugar.

Ele me quer para ele, e deseja que sejamos apenas um do outro, para sermos sempre pertencentes apenas a nós e mais ninguém. E eu farei o que ele quer, eu nunca o deixarei ir.

— Você não irá a lugar algum. — Digo para que ele entenda que o meu desejo é o mesmo.

— Nem você.

E assim nos beijamos.

Toda sua intensidade foi sentida por mim naquele momento, ele era como uma força da natureza força essa que me atraia pra ele em um único sentido, de uma única forma. Ele caminhava com suas mãos pelo meu corpo de forma íntima e precisa. Ele não queria me assustar, mas também não poderia se segurar mais, precisava me sentir, e eu fiz o mesmo. Passei pelo seu corpo e depois o segurei firme pelo pescoço, o que fez ele soltar um leve gemido. Por que ele fez isso? Me sentir delirar com aquilo e ele percebeu, o que também o fez ficar ainda mais intenso em seu beijo e quando tudo parecia que ia explodir eu o trouxe aos poucos para um ritmo mais leve, mas ainda intenso. Não quero ir muito além, não por enquanto e ele entende isso.

Ele me abraça forte e eu o abraço de volta. Eu me mantenho de olhos fechados, apesar do medo de ir além eu o queria ainda mais agora. Sinto que ele me olha e então me vê de olhos fechados.

— Apesar do que disse antes isso não é um sonho, não se preocupe. Abra seus olhos “sonolentos”. — Ele está sorrindo.

Abro meus olhos e ele me beija de novo, um selinho mais demorado e cheio de ternura.

— Estou preso a você, não tem volta.

Eu amo o ouvir dizer aquelas palavras, não importa se estamos apenas começando, já não me imagino longe dele.

— Você me prendeu, e eu acho que fui uma presa fácil pra você.

— Não diria presa, você só veio para mim; o destino te trouxe e eu a agarrei — Ele me olha carinhosamente — Acho que por hoje deu de trabalho, ainda temos um tempo para isso então vamos.

— Vamos aonde? — Notei que já estava ficando tarde.

— Vou leva-la para casa, se você ficar mais tempo aqui não respondo por mim.

Eu aceno com a cabeça em acordo, teremos tempo para mais.

Pego minhas coisas e o sigo, saímos e o clima está gostoso aqui fora e ele segurando minha mão fica em frente a mim.

— Mas antes de irmos vem cá. — Me puxa contra seu corpo e me dá mais um beijo.

Seus beijos são doces, mas também livres, consigo sentir toda sua excitação que transborda por todo seu corpo e o respondo a altura o beijando de volta com toda vontade que há em mim. Quase nos fundimos novamente e dessa vez ele que voltou a si primeiro.

Aaaarhg não podemos mesmo voltar lá pra cima?

Eu acho fofo esse “grunhido” que ele soltou.

— Não Leeno, vamos embora.

— Vou poder entrar na sua casa?

— Huuum hoje não!?

— Veremos...

Subimos na moto dele e ele me leva pra casa. Eu o abraço segurando firme para ele também me sentir por todo o caminho de volta.

Estou apaixonada pelo Leeno e não sei até onde iremos hoje, sei que não importa onde eu for, irei com ele.


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Notas finais do capítulo

Espero que curtam!



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