10 Things I Hate About You escrita por Lady Anna


Capítulo 4
Saturday Night


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Como estão?
Primeiro, eu queria pedir desculpas pela demora em atualizar! No início, eu estava com bloqueio de como terminar esse capítulo e, consequentemente, a fic. Depois, eu viajei junto com minha família e não tive tempo para escrever :( maaaas assim que voltei a inspiração voltou junto e aqui estamos!
Não vou falar mais nada por aqui, deixemos as conversas para as notas finais!
Até já!



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"We know what we are, but know not what we may be." Shakespeare

No dia seguinte, Rose acordou com sua cabeça dolorida, como se tivesse caído de uma vassoura no meio de um jogo de quadribol. Sentia seus olhos pesados e, quando decidiu abri-los, percebeu que era uma péssima ideia. A fina camada de luz que perpassava as cortinas era o suficiente para incomodar seus olhos. Durante a próxima meia hora, ela ficou se revirando na cama, tentando voltar a dormir, entretanto, logo percebeu que a sensação de marteladas em sua têmpora direita não passaria sem um remédio.

Rose se sentou na cama, respirando fundo antes de olhar em volta. Sua boca estava seca e com um gosto azedo, o que a fez relembrar o porquê esta manhã estava tão infernal: o excesso de álcool. Dizer que ela bebeu demais na noite passada era um eufemismo e, mesmo assim, a ruiva conseguia se lembrar de tudo, de cada detalhe da conversa com Scorpius Malfoy. O modo como ele foi compreensivo e não debochou ou desdenhou das suas inseguranças fez Rose desgostar um pouco menos dele. Há muito tempo perdeu a conta de quantas pessoas comentavam como deveria ser incrível ser filha de heróis de guerra e, por um lado, era, mas havia muito mais.

Não querendo pensar nisso agora, Rose procurou por seu telefone na cabeceira da cama, afinal, precisava agradecer Scorpius. Era o mínimo. Seus olhos foram atraídos para uma poção para ressaca do lado de um bilhete e de um papel cuidadosamente dobrado.

 

 Espero que sua cabeça não esteja tão ruim quanto eu acho que vai estar amanhã. De qualquer jeito, tome essa poção duas vezes ao dia e você não terá problemas, eu mesmo fiz e você com certeza se lembra como eu era incrível nas aulas de poções ;) 

Me desculpe se a chateei esses dias, não vou mais incomodá-la, mas acho que realmente poderíamos começar de novo, tentar ser amigos se você quiser. A outra folha é o esboço da primeira música que escrevi para a banda, ela sempre foi para sobre você. Achei que você precisava saber.

Bjs, S.

 

Durante alguns minutos, Rose leu e releu o pequeno recado até que as palavras estivessem gravadas em sua cabeça e seus olhos cansados conseguissem vê-las em qualquer superfície do quarto. Quando teve coragem, pegou a letra já conhecida e leu, vendo ali cada rabisco onde Scorpius trocou uma palavra por outra ou excluiu alguma ideia. A folha era uma tremenda bagunça, com desenhos nos cantos e palavras jogadas, mas Rose conseguir ver através daquilo e enxergar a essência do gesto: visualizou com perfeição o loiro quando mais novo, com os óculos de leitura tortos no rosto e os cabelos espetados de tanto passar as mãos enquanto lutava para colocar os sentimentos no papel.

Aquele foi um gesto lindo e Rose sentiu-se feliz por imaginar que, mesmo indiretamente, sempre fez parte da história da banda. Pensou em colocar a música para tocar, mas logo abandonou a ideia ao sentir a tontura invadir seu corpo e sua cabeça latejar quando se levantou rápido demais. Bebendo metade da poção, ela foi até o banheiro, convencida de que um banho era tudo que ela precisava. Pouco depois de sair, escutou as batidas incessantes em sua porta, as quais ecoavam em sua cabeça, mas a dor já era mais fraca do que há alguns minutos.

Ao abrir a porta, se deparou com uma Alice um tanto quanto descabelada e com um grande óculos escuro cobrindo metade de seu rosto.

— Bom dia – cumprimentou. – Como você está?

— Pior do que eu esperava, mas bem melhor do que outras vezes – Alice respondeu, jogando-se na cama de Rose e tirando os óculos. – E você? 

— Estou bem.

Alice observou a poção para ressaca e arqueou as sobrancelhas.

— Aquele babaca nunca fez uma poção de ressaca para mim – ela fez uma careta, bebendo o resto do líquido. – Ele é tão bom nisso que beber só metade provavelmente fará o efeito completo.

Rose deu de ombros, mas podia apostar muitos galeões na teoria de Alice: sua cabeça já estava desanuviada e os sons e a luz à sua volta já não a incomodavam. Pegando alguns galeões em uma gaveta, sugeriu:

— Vamos tomar café em Hogsmeade?

Alice concordou e as duas aparataram na rua principal da aldeia. Pediram um café da manhã completo na nova padaria que abrira, o apetite redobrado depois da bebedeira da noite passada. Nesse momento, o pensamento que Scorpius podia já ter comentado com os outros integrantes da banda sobre seus sentimentos fez o coração de Rose acelerar um pouco. Aqueles eram pensamentos subjetivos demais para que todos soubessem e, apesar disso, ela confiou em Scorpius o suficiente para compartilhá-los com ele. Acalmou-se, tendo a certeza que ele não falaria nada.

— Você e Scorpius estavam saindo – aquilo não foi uma pergunta. – Ele queria te convencer a ir para Londres conosco – outra afirmação. – Mas hoje de manhã ele mandou uma mensagem no grupo da banda dizendo que não tentaria mais te convencer. Por quê? O que aconteceu?

Ela não sabia responder nenhuma das duas perguntas e, diante da decisão do Malfoy de não mais convencê-la a viajar com eles, Rose não conseguiu pensar em outra coisa, senão na clara ironia que se formava: ela havia decidido ir. Pelos seus amigos, por Hugo, mas também por Scorpius. Ele tinha um sonho, todos eles tinham e ela não era megera para querer atrapalhar isso. Não deixaria que uma mágoa juvenil definisse seus passos e, mais do que isso, não deixaria mais que velhas resoluções de outras pessoas definissem seus passos.

— Nós… conversamos – Rose deu de ombros, aquela era a melhor definição que ela conseguia dar.

— Sobre?

Rose esperou que o garçom colocasse seus pedidos na mesa, pensando como responderia a amiga. Alice não era o tipo de pessoa que deixava algo assim passar e a ruiva estava surpresa por a Longbottom não tê-la questionado antes sobre o que estava acontecendo entre eles.

— É difícil explicar, Alice – respondeu. – Acho que conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo.

— Que lindo clichê – ironizou Alice. – Olha, Rose, eu prometi a mim mesma que não opinaria sobre isso, até porque sei o quanto você pode ser… difícil quando quer. Você é cabeça-dura demais e acho que nenhum de nós nunca teve coragem o suficiente para te dizer isso, mas Scorpius teve. Ele insistiu em te convencer, tentou mesmo. Você deveria ir a Londres conosco, não porque todos ficariam um pouco chateados se você não fosse, falar isso seria baixo da minha parte, mas porque acho que Scorpius sempre se interessou demais por você, mesmo sem admitir, e essa seria uma ótima oportunidade para vocês se conhecerem melhor. 

Tudo que Alice disse era a mais pura verdade e Rose sabia disso. Ela tinha percebido isso desde a noite passada, exatamente por esse motivo decidira ir. Rose queria contar a Alice – e iria – entretanto, achava que Scorpius deveria ser o primeiro a saber. Assim, pegou o celular em seu bolso, enviando as mensagens antes que perdesse a coragem.

 

Obrigada pela noite passada [9:30]

Encontrei seu bilhete [9:30]

Eu vou com vcs [9:31]

Dps conversamos [9:31]

 

Decidiu por não falar da música nas mensagens, queria conversar com Scorpius pessoalmente. Guardou o celular e voltou os olhos para Alice, percebendo que a amiga a observava com uma expressão questionadora.

— Eu vou com vocês para Londres.

— Sabia! Você estava conversando com Scorpius, não estava? O sorrisinho em seu rosto… nunca vi isso antes! Que fofos vocês serão juntos!

Rose a ignorou, bebendo um gole de seu café para esconder um pequeno sorriso.

***

Rose não sabia muito bem o que fazer.  Estava no camarim, junto com o restante da banda, e, apesar de todos a estarem tratando muito bem e incluindo-a na conversa, ela não conseguia deixar de se sentir como uma intrusa, um peixe fora d’água. Aquela era uma rotina deles, Rose não fazia ideia do que fazer enquanto os amigos afinavam os instrumentos, testavam os microfones e definiam a ordem das músicas e as brincadeiras que fariam no palco.

Para completar seu desconforto, Scorpius ainda não conversara com ela. Não que ele a estivesse ignorando, longe disso, mas diante da viagem apressada e de todas as obrigações para se preparar para o show, eles ainda não tiveram uma oportunidade de conversar. Sempre estavam rodeados de pessoas barulhentas e, pior, curiosas.

Em um piscar de olhos, o show estava começando, com todas as luzes piscantes e coloridas apontadas para eles. Rose estava em um ponto estratégico do palco, onde os convidados não a veriam, mas ela conseguiria aproveitar o show e vê-los com clareza. Vez ou outra, seus olhos focavam-se em Scorpius, no sorriso feliz em seu rosto, nas feições tranquilas e nos olhos brilhantes e maliciosos. Mesmo quando não queria, Rose já o achava lindo, porém, hoje, ela podia jurar que uma aura mágica o envolvia, tornando-o quase sobre humano, como um herói das histórias trouxas.

Era encantador sentir assim. E assustador. Talvez, mais assustador do que encantador.

Quando eles tocaram a música que Scorpius disse ter feito para ela, o Malfoy focou sua atenção em Rose enquanto cantava e piscou um dos olhos. Definitivamente, encantador. Mas aquilo tudo era demais, ela não sabia como definir o que estava sentindo. Não poderia estar apaixonada, poderia? Paixão não era algo que se desenvolvia tão rápido, ela achava. Só que não havia nenhuma certeza no verbo achar e isso que tornava tudo tão assustador. Rose também achava que Scorpius corresponderia, mas e se não? Achava que seu coração não ficaria partido, não seria sua primeira decepção amorosa, mas e se ficasse?

Quando a música acabou, ele sorriu para Rose e voltou sua atenção para o público. Sentindo-se sufocar, ela saiu correndo para o camarim e abriu a primeira porta que encontrou. Felizmente, a levou para uma pequena sacada, onde ela se sentou e ficou observando o constante céu nublado da capital britânica.

— Posso me sentar com você? – Rose deu um pequeno pulo devido ao susto que levou ao ver o Malfoy do lado da porta. – Desculpe-me, não queria assustá-la.

— Tudo bem, eu estava muito distraída.

— Pensando em quê? 

Um sorriso sincero curvou os lábios de Rose.

— Na constelação de escorpião.

Scorpius gargalhou, sentando-se ao lado de Rose.

— Você conhece o mito?

Rose revirou os olhos, o que fez Scorpius gargalhar mais uma vez.

— Que perfeito idiota eu sou, subestimando você. É óbvio que você conhece a história.

— Sou fascinada por mitologia grega – ela deu de ombros, parecendo estranhamente envergonhada com o que diria a seguir. – Quando te conheci, quis te perguntar se você gostava do mito.

Ele sorriu, conseguindo visualizar a pequena garotinha de cabelos revoltos com um livro de mitologia nas mãos, encarando-o enquanto via uma representação da constelação que originou seu nome.

— É difícil gostar quando o ser que originou seu nome tinha como missão matar um ser que divide o nome com um parente seu – Scorpius fez uma careta. – Não sei até que ponto essa ideia de dar nome de estrelas foi proveitosa. 

— As constelações de Órion e Escorpião nunca são vistas juntas no céu. Órion aparece quando Escorpião desaparece, sugerindo que ele sempre está fugindo daquele que o picou – após alguns segundos em silêncio, ela riu. – Agora eu que estou te subestimando. Você com certeza já sabe disso. Estou sendo tagarela.

— Eu gosto quando você é tagarela – eles ficaram se encarando por alguns segundos até que Scorpius desviou o olhar. – Melhor do que quando você está ignorando tudo à sua volta, inclusive eu.

— Eu poderia me desculpar, mas não é algo que eu faça conscientemente. É mais complexo que isso – Rose viu nos olhos de Scorpius que, depois da conversa da noite anterior, ele entendia. – Acho que realmente deveríamos tentar ser amigos.

Scorpius sorriu, aproximando-se mais um pouco da ruiva. Rose percebeu o movimento, porém se viu encostando a cabeça no ombro de Scorpius ao invés de repelir a aproximação, como faria de costume.

— Você deveria me dizer o que achou do show de hoje – malícia brilhava nos olhos cinzentos. – E, como minha amiga, você deveria ser gentil e não ferir meus sentimentos.

— Você me pediria para mentir só para não ferir seus sentimentos? – Zombou, rindo quando Scorpius colocou teatralmente uma mão no peito, aparentando estar ofendido. – O show foi incrível! 

— Obrigado, Rose.

Ele aparentava estar muito satisfeito com o elogio, o que impeliu Rose a dizer o que estava dentro de si desde que leu aquele bilhete, na manhã anterior.

— A música que você fez… sobre mim é brilhante, eu fiquei muito… feliz sabendo que fui sua inspiração. A letra é linda, Scorpius, você é muito talentoso. A banda merece muito sucesso. Essa noite… você estava cantando com o coração, estava mais feliz do que nunca. Foi… encantador.

Scorpius não conseguia encontrar palavras para respondê-la, apenas sorrindo em resposta. As conversas que eles tiveram nos dois últimos dias foram mais longas e verdadeiras do que todas as outras conversas que eles já tiveram. Era bom finalmente entender porque seu coração falhava uma batida quando estava perto de Rose.

Enquanto Rose o encarava, sorridente, Scorpius foi se aproximando até a expressão da ruiva mudar, seus olhos arregalando-se um pouco enquanto fitavam sua boca. Rose queria aquele beijo tanto quanto ele. Percebendo isso, ele segurou seu rosto, acariciando sua bochecha com o polegar e roçando seus lábios nos dela. Então, Rose levou as mãos até seu pescoço para beijá-lo melhor e…

— SCORPIUS? ROSE? ESTÃO AÍ? – Albus tinha um timing perfeito. Ou péssimo, no caso. – PRECISAMOS DESMONTAR OS EQUIPAMENTOS!

— JÁ VOU! – Respondeu Scorpius, parecendo um pouco frustrado, mas levantando-se e estendendo a mão para Rose. – Vamos?

Rose considerou ir e ajudar os amigos. Ela e Scorpius poderiam conversar mais tarde sobre esse quase beijo e, considerando que eles estavam sendo bem passionais em suas interações, tudo provavelmente terminaria bem. Entretanto, ela não queria deixar para depois, seus lábios formigavam com vontade de beijar Scorpius e, agora que seu coração batia acelerado no peito, era difícil convencer a si mesma a não beijá-lo.

— Albus pode esperar – respondeu, aproximando-se de Scorpius. – e foda-se o negócio de ser apenas amigos.

Com uma risada morrendo nos lábios, Scorpius a beijou por todas as vezes que teve vontade. Por todas as discussões que tiveram naqueles anos. Por todo o desejo reprimido. E por todas as 1001 coisas que Rose odiava nele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Teoricamente, a fic acabou! É isso, meus amores! Mas, como sei que a Sam gosta de um bom epílogo, teremos um pequenininho ainda essa semana. Só para mostrar mais um pouquinho dos dois juntinhos e de como tudo aconteceu desse momento em diante.
Confesso que escrever essa conversa deles e esse beijo foi desafiador! Nossa, imaginar como a Rose, cabeça dura do jeito que é, demonstraria seus sentimentos, ainda mais depois daquela bebedeira, foi um desafio! Espero ter feito isso da melhor forma possível.
Espero vocês nos comentários para conversarmos um pouco!
Beijooos♥



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