La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 8
7. Surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Logo de início eu vou logo avisar: nesse capítulo e no próximo, muitas coisas mudarão.



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14|06|1778 Palácio de Hampton Court

Apesar de nada muito importante estar acontecendo nas Treze Colônias, a tempos nenhuma notícia de real preocupação ou felicidade chegava, a guerra ainda continuava, e estava tomando proporções que nem os britânicos, e muito menos os americanos, pensavam. A França havia entrado no conflito.

Sempre a França, essa nação realmente tinha uma forte rivalidade com os britânicos.

Mas todos tinham que concordar que não era uma ideia ruim, ao ajudar os rebeldes americanos, os franceses estavam prejudicando a Inglaterra, e se, apenas se, os rebeldes ganhassem, a França iria ganhar um forte aliado para suas pretensões coloniais na América do Norte, além de realmente humilhar os ingleses.

A questão era que apenas um canal separava a França da Grã-Bretanha, o que de fato significava um perigo para as duas nações. Principalmente para os britânicos, que apesar de afirmarem ter a maior força naval do mundo, estavam amedrontados com uma possível invasão francesa se uma guerra aberta fosse declarada.

Por isso mesmo os ingleses estavam protegendo fortemente o seu litoral. O Almirantado até mesmo havia enviado, no dia anterior, navios para fazer patrulhamento no Canal. E foi justamente por isso, para ver a partida do Almirante Keppel e de sua frota, que o marquês e a marquesa viajaram dois dias atrás.

Isso era terrível! Um desastre horroroso! Iriam ficar em Hampton Court apenas Wilhelm e Katherine, (as princesas Elizabeth e Charlotte haviam decidido ir mais cedo para Castelo de Ocenia, a residência de verão), apesar da presença das damas de companhia e dos cavaleiros, eles estariam sozinhos... sozinhos!

Antes isso já seria algo insuportável, mas agora, seria mais ainda. Katherine estava agindo de uma forma muito estranha desde a noite no Theatre Royal. Ela estava calada, evitava Wilhelm, e quando não estava irritada com ele, o que não era incomum, estava deprimida. Isso era estranho, muito estranho. O príncipe já tinha se acostumado com as provocações, os gritos e as críticas.

A princesa havia também se aproximado mais ainda do marquês, mas segundo a marquesa, isso não era estranho.

— Katherine está aprendendo com Alfred a bela prática de ser um dono de terras e, ao mesmo tempo, príncipe de um pequeno principado no Santo Império.— Mas isso explicava apenas parte da situação.— Ela está ajudando o pai, Wilhelm. E apesar de Alfred ser muito organizado, ele precisa dessa ajuda.

Olhando dessa maneira, não era estranho realmente. Ele deveria deixar esse ponto de lado. Sim, deveria sim. Katherine ajudar o marquês apenas beneficiava Wilhelm, ele teria paz, poderia ler seus livros, fazer passeios e tentar se acostumar com Hampton Court, assim como os persistentes olhares dos criados.

Mas ainda assim, esses dias do príncipe sozinho com a princesa seriam instigantes. Wilhelm não tinha amigos para conversar e também não conhecia Londres o suficiente para passear. A ele sobrava apenas ficar em Hampton Court com Katherine, e ocasionalmente também com o Bravandale idiota.

Estava sendo horrível! Nesses dias Wilhelm apenas recordava o que a marquesa havia dito antes da viagem:

— Eu peço que você aproveite bem esses dias sozinho com Katherine, Wilhelm.— Talvez eles pudessem se matar sem nenhuma testemunha.— Aproxime-se dela. Com certeza as coisas irão melhorar se você fizer isso.

— Sua filha é muito difícil de lidar, minha marquesa. É complicado se aproximar de pessoas assim.— Sem contar nas rápidas mudanças de humor dela.— O que eu poderia fazer nessa situação?

— Katherine não é um enigma, Wilhelm. Não é impossível conquistá-la.— Talvez fosse mais fácil tomar Bastilha.— Se você agir com bondade, doçura, for atencioso e...

— Mas eu não sou assim, nunca fui. Se ela fala algo que não gosto, eu respondo.— Sempre foi assim, Wilhelm fazia isso desde a infância. O que talvez explicasse ele nunca ter tido muitos amigos.

A marquesa já parecia cansada. Wilhelm apostava que logo ela desistiria.

— Katherine está ajudando Alfred, ela sabe tudo que acontece aqui, todas as frustações e tristezas do pai, ela conhece. Katherine vê ele doente...— Por um momento parecia até que a marquesa sentia dor. Mas ela continuou:— Katherine deve descansar, então ajude-a a descansar. Compre um presente, faça algo especial, se aproxime.

Falar era fácil, fazer era outra coisa. E Wilhelm não faria, ele estava decidido.

Essa decisão durou até o jantar, quando eles silenciosamente jantaram. Depois ele mudou de ideia e chamou Lord Cottington. Katherine iria ganhar uma bela surpresa, ela iria gostar, ela tinha que gostar.

Quando chegou o dia, Lord Cottington trouxe ao príncipe o que foi pedido. E quando chegou uma hora onde Wilhelm sabia que ninguém iria visitar Hampton Court, ele foi procurar Katherine, que não foi muito difícil de encontrar. Ela estava na sala azul, deitada em um sofá.

Ao ver o marido, a princesa ficou muito surpresa. Wilhelm quase nunca a procurava, e quando fazia, não era para algo bom. Mas ao analisá-lo, o que mais chamou a atenção dela foi a caixa que ele trazia nas mãos. Katherine encarou Wilhelm, que a encarou de volta.

— O que você faz aqui, Wilhelm?— Por que tanta desconfiança? Katherine apontou para a caixa de madeira.— E qual o motivo dessa caixa com furos?

— É um presente.— Wilhelm sentia-se muito estranho falando isso. Ele sorriu, apesar da desconfiança dela.— É para você, meine Rose.

Meine Rose? O príncipe mesmo achou isso estranho. Olhando para Katherine, Wilhelm percebeu que a esposa não estava surpresa, mas sim que continuava desconfiada. O que ela pensava que tinha nessa caixa!?

Por fim, Katherine levantou-se do sofá e veio até ele. O que era um alívio para Wilhelm, a caixa não era leve!

— Espero que não seja uma cobra.— Com um visível falso bom humor, Katherine começou a desfazer o desnecessário laço. Talvez uma cobra teria sido mais significativa sim.—A sua caixa está se mexendo muito, espero que não seja um leão.

Ao desfazer o laço, Katherine ficou um pouco receosa para abrir a tampa, mas tomando coragem, ela começou a abrir. Antes mesmo da caixa ser completamente aberta, a cabeça de um filhote de cachorro saiu e ele começou a latir. Estranhamente a princesa deu alguns passos para trás assutanda.

— É um filhote! Que... bonitinho.— Não era a alegria que que esperava. Katherine fitou o príncipe.— Wilhelm, você sabia que nessa casa não podemos ter cães?

Não poderiam ter cães!? Mudando da princesa, Wilhelm fitou o filhote.

— Como alguém pode viver sem um? Isso não é possível.— Todos esse trabalho havia sido em vão? Não! Wilhelm não permitiria.— Ele é sua responsabilidade agora, Katherine.

Diferentemente do que o príncipe esperava, Katherine não ficou irritada, ela estava sorrindo... divertida!?

— Nunca tivemos cães em casa. A marquesa Anne os proibiu, por causa das caça.— Isso era um grande cúmulo! Embora fizesse sentido.— Mas não acredito que somos os únicos. Você teve algum cão na infância?

Como Wilhelm e seus irmãos poderiam se o príncipe Carl não permitia? A infância dele não foi feliz.

— O máximo que nosso pai nos deixou ter foi uma arara azul das Américas.— E apenas porque era um presente da rainha Juliane Marie, que havia ganhado do rei de Portugal.— Só quando Christian atingiu a maioridade que pudemos ter um cão. Eu odiava aquele bicho.

Era um cão de caça tão velho e sujo, até hoje Wilhelm não entendia o que passou na cabeça do irmão para pegar aquilo. O príncipe foi despertado de seus pensamentos por Katherine, ou melhor, pelas risadas dela. Ela estava rindo?

— Acho que é um pecado o que você acabou de dizer.— Ainda rindo, a princesa comentou divertida. Essa risada... um sorriso surgiu nos lábios de Wilhelm ao ouvi-la.— A sua infância parece ter sido...

— Terrível? Porque ela foi.— A risada de Katherine acabou, e ela olhou para o marido séria. Mas antes dela falar qualquer coisa, ele mesmo falou:— O que faremos com o Welpe, então?

Era melhor mudar de assunto. Katherine olhou para o pequeno filhote nas mãos do marido, se aproximou dele ainda um pouco assustada, mas ainda o acariciou.

— Ele é tão bonitinho, é um King Charles Spaniel. Não sei exatamente o que fazer com ele.— Talvez não fosse o momento para isso, mas Wilhelm não deixava de ficar surpreso com a proximidade deles. Katherine subitamente encarou inquisitiva.— Ele é ele, não é?

— Não sei ao certo.— Dando de ombros, Wilhelm respondeu.— Podemos perguntar a Cottington depois.

— Mas claro.— O que Katherine quis dizer com isso? Não parecia um elogio. Mas o príncipe não pôde pensar muito, a princesa pegou no colo o filhote.— Pegue algo para ele correr atrás, Wilhelm. Nós vamos brincar com ele no jardim.

— Eu pensava que não era permitido.— Agora ele estava confuso.

— Eu vou apenas brincar com ele, não ficar.— Dando de ombros, Katherine afirmou certa. Era simples assim?— Além do mais, ele é seu, não meu.

— É um presente, Katherine. Um presente para você.

Era rude não aceitar presentes. Ao ouvir o marido, Katherine sorriu docemente, esse sorriso ela nunca havia direcionado a ele antes.

— Eu agradeço, Wilhelm. Esse King Charles é um belo presente.— Estranhamente, ele conseguia realmente ver sinceridade nela.— De qualquer forma, estamos casados, o que é meu, é seu.

Mas essa sinceridade acabou e Katherine voltou a zombaria.

— Então posso fazer o que eu desejar com seus diamantes?— Katherine fitou irritada o irônico príncipe.

— Não seja idiota!— Que ela não fosse também, porque ele sabia onde estavam os diamantes dela.— Traga-me logo uma bola, Wilhelm.

— Não sou um erstellt para você me dar ordens, Katherine.— Pegando a bola que veio com o filhote, ele a mostrou a princesa.— Estou muito bem preparado.

Encarando seriamente Wilhelm, Katherine no momento nada fez, ela apenas virou-se e foi para o jardim.

— Vamos, mein Vilhelm.— O que ela falou!?— O bruto nos encontrará depois.

Wilhelm não poderia acreditar, foi um insulto!

*****

De suas treze fontes originais, o 'Jardim da Grande Fonte' possuía agora apenas uma. Mas isso não fazia o jardim ser menos magnífico.

O Jardim da Grande Fonte era rodeado por longas avenidas de teixos, que estavam começando a ganhar uma forma estranha, e era na avenida principal que encontrava-se a "Grande Fonte". Quando William III e Mary II mandaram construir esse jardim, eles queriam que ele fosse o complemento perfeito para a barroca Frente Leste de Hampton Court. E assim aconteceu.

Mas não era apenas a Grande Fonte que se encontrava na principal avenida de teixos, Katherine, Wilhelm e o filhote, que a princesa insistia em chamar de Vilhelm, também estavam lá. Ou melhor, enquanto o filhote corria na frente, eles dois discutiam.

— Você não pode chamá-lo de Vilhelm, Katherine!— Desde que eles saíram para o jardim Wilhelm falava essa mesma coisa. A princesa sabia disso.— É um insulto!

Ela também sabia disso, e esse era o objetivo. Katherine quase não conseguia segurar a risada.

— Por que não? É um nome tão bonito, e dinamarquês, em sua homenagem.— Pegando a bola de Wilhelm, a princesa a jogou para Vilhelm pegar. O príncipe estava tão irritado.— Ele não é bonitinho?

Vilhelm é sim um nome bonito,— Ele não poderia dizer o contrário.— e realmente, é dinamarquês. É mein Name em dinamarquês!

— Mas seu nome é Wilhelm, não Vilhelm.— Com um sorriso inocente, Katherine colocou muito ênfase na diferença.— É diferente.

Isso irritou mais ainda Wilhelm. Onde estava o filhote com a bola? Katherine queria rir. Ela queria tanto, que não conseguiu aguentar e começou a gargalhar na frente do príncipe mesmo.

— Isso, Katherine. Ria mesmo, e ria muito. Esse era seu objetivo, não?— Ah era sim.— Você bem sabe que eu posso me chamar Wilhelm, mas mein Name é Vilhelm, para o povo dinamarquês.

Finalmente Vilhelm chegou com a bola, mas ao invés dela, foi Wilhelm que a pegou e jogou. Mas ele fez isso tão forte, que a bola passou para o outro lado da fonte. Bem, Wilhelm era bom em outras coisas que não fosse irritar a esposa.

— Ah, você estragou a minha brincadeira, Wilhelm.— Fazendo um beicinho, Katherine reclamou divertida. Ele permanecia sério.— Não deixa de ser um elogio. Vilhelm é muito bonitinho.

— Bonitinho!? É um Hund!— Já estava virando exagero da parte de Wilhelm.— Se você o chamar assim, vai parecer que sou um Welpe, sempre correndo atrás de você e fazendo sua vontade. E ambos sabemos que não é assim. Não sou um dos seus admiradores estúpidos.

Isso Katherine teria de concordar. Wilhelm não era um admirador dela, e muito menos estúpido. Era até que engraçada, irônico, que ela, a mais bela, não era admirada pelo marido. Apesar de... as vezes, a princesa perceber Wilhelm a olhando muito fixamente, até desejoso. Mas ele era homem, assim como ela era mulher.

Assim como Wilhelm, Katherine as vezes se pegava olhando para ele, o achando muito bonito e atraente. Principalmente quando era noite deles dormirem na mesma cama, e que era convenientemente a mesma noite de tomar banho. Muito frequentemente ela encontrava-se imaginando como Wilhelm tomava banho, se ele a espiava.

Quem está na chuva tem de se molhar. Era assim. Mas logo ela percebia seus próprios pensamentos e começava a pensar em Frederik Adolf, a lembrar dos abraços dele, do carinho... mesmo ele não tendo respondido nenhuma das cartas dela... Esse pensamentos Katherine também logo tratou de expulsar. Era melhor voltar ao agora. Mas quando fez isso, a princesa teve uma grande surpresa.

Quando ela percebeu, Wilhelm estava curvado aos pés dela, muito próximo dela! Mas o que era isso!? Ele não tinha vergonha!? Katherine logo tratou de fazer algo. Não foi um grito, e muito menos ela correu, mas Katherine fez a primeira que veio na cabeça, e chutou Wilhelm o derrubando assustado no chão.

— Acho que você é sim um Welpe, Wilhelm!— Agora sim a princesa gritou, e fez isso completamente indignada.— O que você pensa que está fazendo!?

Assim como ela, Wilhelm ficou completamente indignado, e depois de levantar em uma grande velocidade, ele se aproximou dela com raiva. Katherine quase sentiu medo.

— Eu que pergunto: o que pensou que eu estava fazendo, Katherine?— Wilhelm então mostrou a Katherine a bola que eles estavam jogando. A princesa corou violentamente.— O Welpe trouxe a bola e soltou perto de você. Eu lhe chamei, acredite, mas você estava muito distraída. Então eu a peguei.

Santo Deus, mas que vergonha! Era uma vergonha misturada com raiva.

— Não fique assim tão perto de mim.— Tomando de Wilhelm a bola, Katherine falou alto.— Apenas Frederik Adolf pode se aproximar de mim assim.

Por Cristo! Hoje a princesa não estava conseguindo segurar a língua. Katherine queria gritar!

— Quem é Frederik Adolf?— Naturalmente ele queria saber.— Eu sinto que conheço...

Sem disposição alguma para responder, Katherine pôs-se a andar na direção da fonte, e quando chegou no ponto onde a avenida dividia-se, a princesa tomou o lado oposto ao de Wilhelm. O que foi isso? Ela teria que ser mais cuidadosa. Ele não poderia saber de Frederik Adolf. Mas calma, Katherine teria que manter a calma.

Em lados oposto, Katherine e Wilhelm passaram pela Grande Fonte. Quando eles novamente se encontraram na junção da avenida, a princesa estava mais calma. E Vilhelm também juntou-se a eles.

— Não é belo o Jardim da Grande Fonte, Wilhelm?— O príncipe estava sério, muito sério. Katherine decididamente gostava mais dele irreverente do que sério.— No continente não existe lugar como Hampton Court.

— De fato, não há igual.— Talvez ele estivesse falando do palácio ser dividido entre barroco e Tudor, mas Wilhelm continuava sério.— Por que trazer o pequeno Welpe para esse jardim?

— Eu não queria Vilhelm estragando o Jardim Privado do Rei.

Enfim ela conseguiu irritar o marido, talvez Wilhelm gostasse muito do próprio nome. Katherine achava muito curiosa toda essa coisa pelo nome. E ela achou isso até Wilhelm mudar de expressão e sorrir.

— Vamos fazer um desafio, Katherine?

— Desafio?— O que ele queria dizer com isso?

— Sim, um desafio. Se eu vencer, você vai parar de chamar o pequeno Welpe de Vilhelm, e se você ganhar, poderá chamá-lo como desejar.— Havia algo de errado nisso, Katherine não sabia o que, mas tinha. Mesmo assim ela assentiu.— Vamos vejamos se você consegue jogar a bola do outro lado da fonte.

Sorrindo ironicamente, Wilhelm desafio. Jogar a bola do outro lado da fonte? Isso era injusto! Katherine nunca havia feito isso, claramente ela iria perder. Quando ela o encontrou irritada, Wilhelm sorriu desafiador. Katherine era uma Tudor-Habsburg, ela não iria reclamar. A princesa voltou-se na direção da fonte e apertou fortemente a bola na sua mão.

A marquesa Anne, sua avó, desafiou o parlamento britânico, e venceu. Por que ela não poderia jogar uma bola do outro lado da fonte?

Colocando toda a sua força no braço, Katherine arremessou a bola com furor.

Por um momento, realmente parecia que a bola iria cruzar a fonte, mas quando ela chegou no meio da fonte, a bola caiu, afundou e logo depois ressurgiu. Não foi uma surpresa, mas Wilhelm achou muito engraçado e começou a rir na cara de Katherine.

— Não comemore tanto, Wilhelm.— O orgulho de um Tudor-Habsburg ainda era tudo.— Vá buscar a bola.

— Não.— O que ele disse? Katherine fitou o marido.— Pega você.

— Eu tenho braços curtos.

— Eles parecem grandes o suficiente.

Wilhelm estava insistindo muito, mas Katherine não iria ceder.

— Eu posso cair e me molhar. Iria desfazer meu penteado.

— Eu também posso cair. Iria estragar minha peruca.— Com um sorriso cínico ele respondeu.

— Por favor, Wilhelm.

A contragosto ele foi agora, talvez fosse só um por favor.

Com muito cuidado, Wilhelm abaixou e segurando a borda da fonte, tentou pegar a bola. Era uma visão engraçada essa, Katherine estava divertindo-se muito o observando. Ela aproximou-se mais do marido, estava sendo difícil para ele.

— Belas costas.— Assim como um dia Wilhelm fez, Katherine comentou irônica.

— Obrigado. Mas eu sei que você gosta do que vê.

Era tão irreverente e respondão. Não resistindo a essa tentação, Katherine levou o pé até as costas de Wilhelm e simplesmente o empurrou, o fazendo cair com um grito na fonte. Foi uma cena perfeita, que fez a princesa rir com prazer. Pensamento que talvez não tenha sido compartilhado por Wilhelm, que além de molhado, estava furioso.

— Katherine! Você é louca!?— Katherine riu, e riu muito.— Me ajude a sair daqui!

Por pena, Katherine ofereceu a ele ajuda. Wilhelm simplesmente saiu da fonte, sem nada fazer a ela.

— Sugiro você tirar o casaco e...— Wilhelm foi mais rápido e tirou não apenas o casaco, mas também o colete e a peruca.— Serei gentil e vou lhe ajudar a se secar.

Dando pouco importância, o príncipe saiu na frente, em direção ao palácio, deixando a princesa para trás. E antes mesmo deles entrarem no palácio, os criados já haviam preparado toalhas secas para o escandalosamente ensopado Wilhelm.

Era possível ver tudo abaixo da camisa dele, o peito, a barriga e uma fina trilha de pelos indo até... Balançando a cabeça, Katherine pegou uma toalha para ajudar o marido a secar-se enquanto o banho era preparado. Katherine não deveria ter vergonha, ele já tinha exibido tudo que possuía para ela mesmo.

Enquanto Katherine passava a toalha no corpo de Wilhelm, um silêncio se instaurou entre eles. Um desconfortável e tenso silêncio.

— Por que você me odeia, Katherine?— Parando o que fazia, ela olhou para os olhos azuis marinho dele.— Por quê?

— Eu não odeio você, Wilhelm.

— Então por que me trata assim?— Do que ele estava falando? A princesa balançou a cabeça. Por que ele parecia ferido!?— Você é fria, insensível e... me provoca tanto.

— São motivos meus. Mas eu não te odeio, Wilhelm.— Fitando os celestes olhos de Katherine, ele negou as palavras dela.— Não odeio ninguém.

— E sabe o que é mais estranho? É que você também é carinhosa, preocupada e... ciumenta.— Ciumenta? Wilhelm deveria estar tentando a desconcertar.

Mas talvez não fosse isso. Lentamente ele tocou a bochecha dela com uma mão e a acariciou.

— Eu... eu não sou...— Wilhelm começou a se aproximar de Katherine, sem ação alguma, ela fez o mesmo.

Eles estavam quase colados, quase em um beijo. Katherine já conseguia sentir Wilhelm, ela sentia os pingos do cabelo dele no rosto dela, sentia os lábios molhados dele. Ambos estavam hipnotizados pelos lábios um do outro. Só havia uma direção natural, havia apenas um pensamento: aquele beijo.

Os lábios deles estavam quase juntos, era quase um beijo. Katherine e Wilhelm teriam seu primeiro beijo...

— Os criados disseram que... Oh, meu Deus.— Estavam realmente, no passado. A marquesa entrou na sala e acabou com isso.— Perdão?

A marquesa ficou envergonhada, mas não ficou mais que Katherine e Wilhelm. A princesa caiu sentada no chão, assustada e vermelha, e Wilhelm levantou do lugar onde estava sentado e praticamente correu para seu quarto.

Senhor! O que aconteceu?


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Notas finais do capítulo

* Welpe: filhote, cachorrinho
* Erstellt: criado, servo

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