La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 18
17. Dolorosos Infortúnios.




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20|04|1782 Palácio de Hampton Court

Os britânicos haviam perdido a guerra, era quase certeza, e se eles já não tivessem perdido, estavam muito perto, principalmente por causa da derrota em Yorktown.

Esse não era um pensamento próprio que nasceu na cabeça de Wilhelm, mas era a lógica. Depois da derrota o primeiro-ministro, Lord North, entregou ao rei sua renúncia, depois de dois votos de desconfiança no parlamento ninguém iria resistir. Agora o marquês de Rockingham era primeiro-ministro e iniciou negociações de paz em Paris. Em outras palavras: a guerra estava perdida.

Esse ato de buscar a paz foi impressionante, ou talvez não, essa guerra estava sendo muito cara. Para falar a verdade o que mais impressionou Wilhelm foi a reação de Katherine, no caso a falta de reação.

Ela não falou, gritou ou riu. Mostrando uma calma cheia de frieza, Katherine apenas afirmou estar aliviada por ninguém mais ser obrigado a morrer. E apesar dela nunca realmente ter mostrado um interesse genuíno pela guerra, essa reação ainda foi uma surpresa. De qualquer forma, bom para ele, era um motivo a menos para brigas.

No momento discussões eram desnecessárias, indesejáveis. Wilhelm e Katherine estavam vivendo tão calmamente, eram apenas eles dois, Richard, Anne e o bebê que iria nascer. Frederik Adolf nunca era mencionado e Bravandale a muito tempo não interferia na vida deles. 

Mas mesmo assim, observando os jardins de Hampton Court pela porta de vidro, Wilhelm não deixava de achar os ingleses um povo estranho.

— Eles perdem uma guerra e mesmo assim marcam presença numa festa ao ar livre.— Era irônico até. Wilhelm não via muito, mas conseguia perceber muitas pessoas.— Como isso é possível?

— É nosso modo de lidar com a situação, meu príncipe.— Lord Cottington tentou defender, antes de se assustar.— Aquele é Lord Shelbourne? Talvez nosso modo seja realmente...

— Muito cuidado com o que fala, milorde, eu estou aqui.— Acompanhada pela marquesa viúva e Lady Ricketts, Katherine apareceu no corredor. Os cavalheiros fizeram uma mesura respeitável.— Não tente envenenar a cabeça deles, Wilhelm.

— Estou apenas comentando sobre a derrota...

— De que derrota você fala, Wilhelm?— Ela realmente iria jogar esse joguinho? O príncipe encarou a marquesa e negou com a cabeça.— Estamos apenas deixando de perder tempo. Os americanos e suas ameaças são insignificantes.

Parecia o discurso de um perdedor inconformado. Não dando atenção aos sorrisinhos irônicos do marido, Katherine dignamente posicionou-se ao lado de Wilhelm, em frente a porta.

— Tudo bem, os britânicos não foram derrotado. Mas logo serão.— A resposta dela foi revirar os olhos. Hoje a marquesa estava a personificação da seriedade.— Ah, você tem convidados ilustres.

Como esperado, já que ela mesma havia enviado os convites, Katherine não mostrou reação alguma, ou melhor, não inicialmente. Logo a expressão orgulhosa da marquesa foi substituída por inquietação. Percebendo isso, o sorriso divertido de Wilhelm apenas aumentava.

— Poderia parar de sorrir como um idiota?— Rindo zombador dessa resposta, ele negou com a cabeça. Respirando irritada, ela voltou a olhar para a porta.— Que seja. Lord North estará aqui, mamãe. Eu deveria falar primeiro com ele?

Era tão interessante que, apesar de já ser marquesa por quase dois anos, Katherine continuava a cumprir seus deveres da mesma forma que os pais faziam, como o marquês fazia. A administração das propriedades, por exemplo, continuavam do mesmo jeito. A única diferença significativa era que ela estava promovendo uma reaproximação com o continente.

— Ele que venha a você. Comprimente como normalmente.— A marquesa viúva foi levemente dura, mas percebendo isso ela sorriu e acrescentou docemente.— Não é sua primeira festa, Katherine.

— Talvez, mas é a primeira na atual situação.— Perdendo uma guerra ou com um ex-primeiro-ministro?— Pela menos será mais fácil fingir-me de tonta.

— Até hoje não entendo isso.— O pensamento alto de Wilhelm acabou trazendo a atenção dela. Impressionante.— Por que disso, Katherine?

Por algum motivo desconhecido pelo príncipe, todos se voltaram para ele. Isso era... assustador.

— Os homens não comentam assuntos importantes perto de mulheres inteligentes.— Inicialmente Wilhelm iria rir, mas... era verdade. O olhar sério de Katherine tornou-se um sorrisinho irônico.— E de estrangeiros também.

Foi apenas uma simples provocação, sem qualquer zombaria, mas mesmo assim Lord Nondell e Lord Cottington riram, eles apreciaram muito essas palavras. Era recíproco o ressentimento que Wilhelm tinha deles.

Não tardando, as portas de vidro foram abertas e, com Lord Pembroke os anunciando, Wilhelm e Katherine saíram para fora. E impressionantemente dessa vez poucos deram atenção a eles, pelo que parecia a beleza dos jardins era mais atraente.

— As pessoas gostam tanto dos jardins que não são delas.— Observando todas essas pessoas encantadas com os jardins de Hampton Court, foi impossível para Wilhelm resistir.— Não concorda, Katherine?

— Não posso negar que é verdade. Embora esse jardim não seja nosso.— As palavras dele apenas foram confirmadas.— Você viu Maria e Bess, Josephine?

O tom de voz usado por Katherine foi tão indiferente que não havia dúvidas que ela pouco se importava.

— Estamos bem aqui, Katherine.— Lady Courteney caminhou na direção da marquesa, com Lady Bastar atrás.— Perdão pela demora, tivemos um pequeno problema.

— Mas pelo menos estão aqui, isso que importa.— Lady Ricketts respondeu sorrindo, embora não tão inocente assim.— E parece que todas essas pessoas foram muito bem recebidas.

— Josephine! Eu confio na capacidade das minhas amigas. Embora as vezes... mudemos de assunto.

Katherine e a viscondessa riram e logo foram seguidas por Lady Courteney e Lady Baster, até Wilhelm estava tentado a fazer o mesmo, mas...

— Sua Alteza Sereníssima.— Sem qualquer anúncio o conde de Shelburne apareceu na frente do grupo.— Sua Alteza.

— Lord Shelburne, o senhor aqui?— Enquanto Wilhelm  simplesmente assentiu ao conde, Katherine estendeu a mão.— Então Westminster finalmente deu uma trégua ao milorde?

— Eu não poderia perder a diversão em Hampton Court.— Galantemente o cavalheiro beijou a mão da marquesa, ela sorriu falsamente tímida. Como Wilhelm queria revirar os olhos agora.— Lord Rockingham pede perdão por não estar presente, ele está ocupado.

— Por causa da paz?— Que pergunta tola era essa de Katherine? Rindo levemente, Wilhelm deu alguns tapinhas na mão da esposa. O conde assentiu.— Rockingham está perdoado.

— Sabemos como fazer uma paz é difícil.— Tentando impedir a marquesa de exagerar novamente, o príncipe comentou. Sorrindo levemente irreverente, Shelburne assentiu. Mas que...— Nesses momentos é muito necessária a ajuda dos que são qualificados.

Essa última parte deixou o conde confuso. E Wilhelm não conseguiu evitar o sorriso de escárnio. Mas rapidamente Katherine tomou a palavra.

— É por isso que Lord Rockingham tem os melhores em seu governo, liebe.— Que estraga prazeres! Assim ela apenas aumentava o ego fraco de Shelburne.— E como vão os termos da paz?

Um elogio nunca vinha sozinho, era verdade. O sorriso do conde rapidamente declinou e ele suspirou, não era um assunto agradável para ele. Muito interessante isso. Wilhelm e Katherine trocaram um rápido olhar curioso.

— Lento. Talvez a ajuda que enviamos para as Índias Ocidentais ajude em algo.

Curioso... mas não impressionante, eram negociações com a França e Espanha... Realmente curioso. Discretamente o príncipe tentou olhar para a marquesa... mas ao fazer isso ele encontrou uma Katherine incomodada.

— As Índias Ocidentais não foram perdidas? Ou foram só algumas ilhas?— Oh, Cristo. Ela começou. Era de sentir pena.— Wilhelm, você sabe?

Por que obrigá-lo a participar dessa humilhação?

— Foram só algumas ilhas, Katherine.— A marquesa sorriu com o desnecessário esclarecimento... ele não era obrigado a ver essa humilhação.— Terei que deixá-la por um momento, minha marquesa, creio que a marquesa viúva me chama.

Lord Shelburne fez uma mesura, para ele não faria muita diferença. Muito diferente de Katherine, que permaneceu segurando o braço de Wilhelm. O casal encarou-se "sorrindo".

— Volte logo para mim.— Isso parecia mais uma súplica que um pedido doce.

Depois de assentir, tensamente, o príncipe finalmente foi libertado. Até mesmo Katherine ficava incomodada com esse teatro. Wilhelm afastou-se deles.

— E que ilhas terríveis, minha princesa. São um problema...

Graças ao Criador, logo Wilhelm afastou-se o suficiente da marquesa e seu grupo para escutar o que era dito, mas então ele encontrou um novo problema: onde ir? Procurando pela multidão, rapidamente o príncipe encontrou a marquesa viúva com suas damas, e um pequeno grupo. Não faria mal algum ver o que era.

Aproximando-se do grupo o príncipe conseguiu ver... era só sorvete. Um homem estava servindo as damas e cavalheiros sorvete com frutas congeladas. Tanta curiosidade para algo tão pequeno? Wilhelm iria dar as costas e sair, mas Lady Kensington percebeu sua presença:

— Sua Alteza, que sorte tê-lo aqui!— Não para ele. Wilhelm sorriu de lado e chegou mais perto.— Sou muito curiosa sabe, e eu sempre quis saber se a Dinamarca é realmente fria?

O preconceito britânico. Lady Kensington sempre aparentou ser superior a isso, mas não importava.

— Para mim não é nada fora do normal. Com certeza a Noruega é mais fria, mas realmente há uma parte do ano em que é mais frio.— No inverno, como em todos os lugares. Talvez não fosse surpreendente, mas Wilhelm odiava o inverno e o frio.— Qual o motivo da pergunta?

— Na Dinamarca existe sorvete?— O que... Nem mesmo esperando uma resposta, a viscondessa sinalizou para o sorveteiro.

Tudo foi muito rápido. Mas os olhos de Wilhelm caíram no sorvete. As bolas de creme sendo colocadas em uma taça... os pequenos pedaços de frutas presas no creme... a calda de chocolate afundando e... o morando congelado... Essas coisas não estavam fazendo bem ao príncipe, nada bem.

Ele estava praticamente paralisado e sua expressão angustiada era visível.

— Talvez o príncipe não goste de coisas frias, Lady Kensington!— Todos estavam percebendo, mas apenas a marquesa viúva tentou fazer algo.— Wilhelm?

— É apenas curiosidade, minha senhora.— Ou seja, Lady Kensington não se importava. Ela estendeu a taça para Wilhelm.— Ele sabe falar.

De perto era mais ruim que longe. A boca dele tremia e... o passado estava voltando a cabeça de Wilhelm.

— Não estou me sentindo muito bem.

Antes que alguém se aproximasse para ajudá-lo, Wilhelm saiu de perto do sorvete e do grupo.

Por que essas coisas tinham que acontecer!? Era tão... odiável! Wilhelm odiava lembrar da infância. Rejeição, culpa, abusos e as palavras, tudo vindo do mesmo ser humano, o pior que existia! O maior desejo do príncipe era gritar, falar o que desejava, talvez até destruir. Mas não! Ele era um príncipe, estava em público, sua esposa era a marquesa de Bristol... o rei George e a rainha Charlotte estavam presentes... estavam olhando...

Wilhelm acabou indo para um lugar mais afastado do jardim e sentando num banco de concreto, ele tentou voltar a calma. Era só observar as rosas e não dar atenção as vozes dos aristocratas.
Estava dando certo, Wilhelm sentia-se mais calmo. Até que...

— Sua Alteza? O que faz aqui?— Inicialmente assustado, Wilhelm se acalmou percebendo que era só a duquesa de Devonshire.— Meu príncipe, está bem?

— Agora estou, Sua Graça.— Suspirando mais aliviado, ele respondeu sorrindo.— E a duquesa?

— Na mesma situação.— Ela riu gesticulou para as roseiras.— Esse lugar é lindo.

— É sim.— Georgiana Cavendish parecia tão... igualmente angustiada.— A beleza da natureza tem um poder muito grande.

Olhando ao redor, a duquesa sorriu e assentiu.

— É verdade. Mas meu problema terá de ser resolvido de uma outra forma. Espero que Bath seja o suficiente.— As águas termais? Ah, ela falava de filhos.— São rosas, não? O símbolo da sua... da família de Katherine.

Sentando do lado dele, a duquesa começou a falar sobre o motivo dela e o duque irem para Bath. Talvez Georgiana só quisesse alguém para escutá-la.

*****

—... É um impasse. Parte das Índias Ocidentais ou Gibraltar.

— Que lástima.— Josephine era indiferente as colônias.

— Isso é impensável!— Maria estava muito emocionada.

— A ambição ainda destruirá a França e Espanha.— Elizabeth... era uma boa cristã.

Ainda assim todas falaram bem. Essa era uma lástima impensável que só estava acontecendo por causa da ambição francesa e espanhola. Mas Lord Shelburne queria saber da opinião de Katherine.

— Certamente perderíamos muito.— Ela poderia para aqui, mas... era preciso continuar:— Mas o que exatamente? Gibraltar é só uma rocha, enquanto o Caribe... para que serve?

Isso era humilhante, vergonhoso. Katherine quase sentia-se uma tola de verdade se obrigando a passar por isso. Perder essas possessões seria perder açúcar, café, pedras preciosas e tecidos.

— Joias, café, açúcar e plantas para nossas estufas, tudo isso vem do Caribe, minha marquesa. Sem contar numa parte substancial da nossa receita.— Lord Shelburne explicou sério. Ela simplesmente disse: Ah.— Quanto a Gibraltar, enquanto o possuirmos teremos livre acesso para o Mediterrâneo e ao comércio com os Estados Italianos, Grécia e Império Otomano. Perder Gibraltar seria...

— Perder meus espelhos venezianos e tecidos gregos.— Apesar de tentarem segurar, muito fracamente, as amigas de Katherine acabam rindo. Era melhor não dar atenção.— O que faremos, Lord Shelburne?

Era nesse momento que o drama dela teria que fazer algum efeito. O conde não poderia recusar dar um pouco de calma para uma dama preocupada com seus espelhos e tecidos, mesmo que essa fosse uma preocupação inútil.

— Não se preocupe, minha marquesa. A guerra ainda não acabou.— Talvez fosse traição, ou o veneno de Wilhelm, mas Katherine acreditava que acabou sim.— Não aceitaremos perdas.

— O milorde está certíssimo.— Estava? Katherine deu a Mary um olhar indagador.— Temos a marinha mais poderosa que existe, enquanto os franceses estão falidos.

Até que ponto as palavras de Lady Courteney eram verdadeiras? Afinal, todos sabiam que Lord Courteney queria um lugar no governo.

De qualquer forma tudo isso era muito... interessante. Esse tratado de paz seria demorado, além de causar muita dor. Katherine quase fez uma careta ao perceber isso. Seria mais tolice para ela mostrar.

— Sua certeza é calmamente, milorde.— O conde assentiu sorrindo. Eles ficaram em silêncio por um momento. Quando ele iria embora?— Onde estão as outras, Maria?
Talvez mudando de assunto e focando em suas damas a marquesa conseguisse espantar Shelburne. Mas ele continuou ao lado dela, então Katherine simplesmente deu as costas e encarou suas amigas esperando uma resposta.

Era bem verdade que ela não poderia se colocar na posição de amiga das Ladys Torrington, Cottington e Monmouth, já que eram tolas, submissas demais e muito insubmissas, nessa respectiva ordem. Mas apesar de seus próprios sentimentos, Katherine sabia que sempre deveria estar acompanhada por suas damas de companhia.

— Também queríamos saber, minha marquesa.— Bess respondeu quase aflita.— Não as vejo desde... cedo.

— Louisa deve estar atrás de algum arbusto com Peter.— Arregalando os olhos, Katherine encarou Josephine, sendo seguida por Maria e Bess. Mas que sinceridade!— Todos aqui sabem que é verdade.

— Nem sempre a verdade deve ser dita, Lady Ricketts.— A marquesa fechou dolorosamente os olhos. Shelburne ainda estava atrás dela! E ainda escutava tudo!— Também não vejo as damas em questão. A altura do príncipe seria bem-vinda agora.

O que garantia que Wilhelm conseguiria encontrar três mulheres de altura mediana em uma multidão? Ele era alto, mas não via tudo. Além do mais, Katherine era maior que a maioria das mulheres e não encontrava elas. Mas esse comentário de Lord Shelburne não foi em tudo inútil. Era melhor perguntar logo.

Respirando fortemente, a marquesa colocou um sorriso no rosto e voltou-se novamente ao conde.

— O milorde ainda deseja falar algo?— Havia um pequeno tom de irritação na voz dela, então Katherine adocicou seu sorriso.

Por um rápido momento o conde de Shelburne aparentou estar confuso, talvez nem ele soubesse o que dizer. Até que lembrou:

— Sim! O Caribe não é nosso único problema.— E desde quando um problema vinha sozinho?— Podemos perder Quebec e Montreal.

— Quebec?— Mas... os americanos queriam novamente invadir esse lugar?

Isso foi uma surpresa. O conde assentiu rapidamente.

— Sim, minha marquesa, Quebec, na Província de Quebec.— Katherine mordeu os lábios fortemente, ela sabia onde ficava Quebec. Mesmo assim a princesa assentiu.— Parece até que esses americanos querem todas as nossas colônias na América Britânica!
— Mas que... horrível!— E não era falsidade, mas sim verdade. Katherine não sabia disso, o rei não enviava para ela informações internas ou colônias, apenas diplomáticas.— O que foi decidido? Diga-me, Lord Shelburne!

— Nada ainda.— Bastou para dar alguma calma a marquesa, ela assentiu sem opções.— Mas faremos algo a respeito disso. Não perderemos o que nos resta.

Novamente ela assentiu. Que coisa mais terrível! Esse tratado deveria ser feito o mais rápido possível e respeitando todas as partes. Mas pelo menos Katherine agora tinha informações e uma certa noção do que estava acontecendo. Se as coisas ficassem muito ruins ela teria que procurar o rei.

Esse assunto, que também era uma preocupação, ficou martelando na cabeça dela durante todo o resto da conversa com Lord Shelburne, até que ele finalmente foi embora.

Suspirando aliviada, a marquesa parou de sorrir e levou sua mão a barriga, será que essas preocupações faziam mal ao bebê?

— Não sei o que é pior, as Índias Ocidentais, Gibraltar ou Quebec.— A reclamação de Lady Baster trouxe novamente a atenção de Katherine.— Tudo parece terrível.

— Terrível é o fato de nada ainda ter sido resolvido.— Maria corrigiu irritada.

— Espero que logo tenhamos nossa paz novamente.— Levando novamente sua mão a barriga, Katherine suspirou. Ao mesmo tempo que sentiu alguém se aproximando.— Essa guerra já fez os estragos que deveria fazer. Agora... quem está atrás de mim?

Elizabeth, Maria e Josephine riram levemente com a pergunta e deram os ombros. Havia uma sombra masculina atrás dela, mas antes que a marquesa pudesse virar a cabeça, Bess negou essa ação.

— Vou dar três dicas, Katherine: alto, bonito e forte.— Só vinha um nome na cabeça dela.— Quem é esse?

Wilhelm, só poderia ser. Katherine sorriu largamente com o pensamento, um abraço dele seria tão bom. Mas com esse pensamento ela acabou não pensando muito.

— Oh, Wilhelm, ainda bem que você voltou...— As três dama riram divertidas com a resposta da marquesa, o que foi no mesmo momento em que ela virou-se para trás e...— James! Oh, meu Deus.

Embora tentasse esconder, era visível a carranca no rosto do duque de Bravandale. Como ela não conseguiu diferenciar os dois? Wilhelm era mais alto, menos musculoso e mais bonito. Tentando remediar o erro, Katherine sorriu docemente.

— Você errou, querida. Mas eu posso ser muito melhor que o dinamarquês.— Apesar do sentimento ruim que sentia, a marquesa riu e foi seguida pelas damas.— Falando em dinamarquês, onde ele está?

— Acho que...

— Está com a duquesa de Devonshire.— Bess apontou para atrás deles. Que surpreendente era essa informação.

— Meu marido está conversando com a duquesa de Devonshire.— Sorrindo satisfeita, Katherine repetiu ao sorridente duque. Havia tanta malícia no olhar dele.— Feliz agora?

Essa malícia de James era tosca, e só não era mais porque o ciúmes que ele sentia de Wilhelm era mais tosco ainda. Mas Katherine estava curiosa, o que Bravandale iria falar agora? James deu os ombros e olhou na direção do príncipe com Georgiana.

— Feliz eu não sei, mas... percebeu que eles saíram sozinhos atrás de uma roseira?— Katherine encarou James irritada.— O que pode parecer em, querida?

— Você está sendo desagradável, Bravandale.— Abruptamente o duque pegou o braço dela, a impedindo de se afastar.— Solte-me.

— É apenas uma piada, Katherine. Só isso.— Ninguém riu dessa piada. O aperto dele continuava.— Nunca mais ficamos juntos assim.

— Piadas são engraçadas, não machucam. Você está me machucando.— Em vários sentindo.

Katherine olhou para suas amigas, quase pedindo ajuda, mas uma risada de James a impediu de pedir ajuda. A marquesa olhou séria para o duque e tentou se soltar, mas o aperto dele continuava. Isso até que ele mesmo virou ela na direção em que estavam Wilhelm e Georgiana.

— Quando uma esposa está grávida, os homens tendem a buscar seus prazeres em outro lugar.— Não Wilhelm, ele não faria isso.— Georgiana é tão bonita e gosta tanto de agradar.

Aqueles dois estavam tão juntos e pareciam estar gostando tanto da companhia um do outro... Apertava o coração de Katherine, mas ela não era esse tipo de mulher. A marquesa fitou desafiadoramente James.

— Wilhelm não é qualquer homem, ele tem honra e lealdade.— E a duquesa poderia ser muitas coisas, mas não era adúltera. O sorriso de James continuava duvidoso.— Meu marido não é como... você.

De nada essas palavras serviram para mudar a expressão de James, o olhar duvidoso tornou-se uma ironia cheia de deboche. A princesa novamente tentou se libertar. Mas James a encarou e disse:

— O que faz você ter tanta certeza?

Os olhos de Katherine se arregalaram e ela encarou Wilhelm. Não havia motivo, apenas certeza. Com esse ato o príncipe percebeu que James estava perto dela e os encarou de volta. Bastou isso para Bravandale soltar a mão da marquesa e sair de perto. Percebendo que Wilhelm iria se aproximar, ela também foi para outro lugar.

O resto da tarde aconteceu como deveria: sem qualquer tipo de contratempo. Mas os efeitos ruins da conversa com Lord Shelburne e James continuaram e ultrapassaram a festa. Mesmo a noite, na hora de dormir, Katherine ainda sentia um certo mal-estar.

Acabando de escovar seu cabelo, a marquesa deitou na cama. Wilhelm, já deitado e vestido para a noite, a encarou com curiosidade.

— Você estava conversando com a duquesa.— Apesar disso foi ela que começou.

— E você com Bravandale.— Ele sorriu e pegou um fio de cabelo dela. Wilhelm nunca perdia a chance de rebater.— O que ele te disse?

A marquesa suspirou e calou-se, talvez não fosse bom... Katherine levou sua mão a barriga e gemeu com dor, alarmando o príncipe.

— Wilhelm!— Era uma dor... cada vez mais forte e aguda. Ela apertou a mão do marido, que tentava entender o que estava errado.— Chame ajuda, Wilhelm!

— Katherine...

— Nosso filho!— Foi o suficiente para ele entender o que estava acontecendo.

Enquanto Katherine continuava deitada na cama, sentindo uma vida escapando, o príncipe saiu gritando por um médico.


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Notas finais do capítulo

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