La Belle Anglaise escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 1
Prólogo.




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Os primeiros anos da década de 1770 não foram os melhores para a Dinamarca. Há muito tempo o rei Christian VII sofria de uma terrível e incapacitante doença mental, e por causa disso não mais governava a Dinamarca e a Noruega por si mesmo, mas era na verdade manipulado por um grupo de nobres.

Porém, assim que a nova década se iniciou, algo terrível aconteceu: o médico do rei, Johann Struensee, junto com a própria rainha, Caroline Mathilde, deram um golpe palaciano e tomaram o poder, com Struensee se colocando na posição de Conselheiro Privado da Dinamarca. Efetivamente, agora era Struensee o governante de facto da Dinamarca.

Com esse novo governo, fundado no pensamento iluminista, foram iniciadas profundas mudança na sociedade dinamarquesa. Mudanças essas que foram facilmente aceitas pela média e alta burguesia, mas enfureceram e colocaram em perigo o poder e influência da aristocracia e da nobreza tradicional.

Outra parcela da população dinamarquesa que não recebeu bem o "Tempo de Struensee" foram os camponeses e a baixa burguesia. E logo essa insatisfação começou a ganhar mais força. Apesar de seu governo ser mais liberal e libertário, Struensee era alemão, não falava dinamarquês, ele não tinha respeito algum pela cultura e tradição dinamarquesa e norueguesa. Mas esse não era o principal motivo da insatisfação, mas sim a sua forma de tratar o rei.

O povo dinamarquês tinha um grande respeito, quase veneração, pelo rei e sua família, os Oldenburg, e Struensee praticamente destronou o rei, tomou a rainha como amante e afastou os Oldenburg da corte. O rei era um fantoche nas mãos do traidor Struensee e da infiel Caroline Mathilde, e isso os dinamarqueses não iriam aceitar.

Uma atmosfera de tensão começou a invadir todo o Reino da Dinamarca e Noruega, chegando ao ponto de o povo dinamarquês começar a se rebelar publicamente contra o usurpador Struensee e a rainha Caroline Mathilde. Enquanto isso, nas sombras do Palácio de Fredensborg, uma conspiração era planejada entorno de Juliane Marie, a rainha viúva, e de seu filho, o príncipe Frederik.

Finalmente, em janeiro de 1772, depois de um conturbado Natal, um golpe palaciano, liderado pela rainha viúva, foi dado no Palácio de Christiansborg. Como resultado, Struensee, Enevold Brandt(o maior apoiador de Struensee), e a rainha, foram presos e o rei foi libertado da influência dos estrangeiros.

Depois da liberação do rei, o príncipe Frederik, que era meio-irmão do rei, e o único filho da rainha Juliane Marie, foi feito regente e a Dinamarca entrou em um longo período de paz.

*****

Novembro de 1778, Palácio de Frederiksberg, arredores de Copenhagen

Depois que Struensee foi derrubado, a Dinamarca entrou em um longo período de paz e prosperidade. Tecnicamente o príncipe Frederik governava ao lado de sua mãe e do ministro Høegh-Guldberg. O governo de Guldberg foi marcado não apenas pela paz, mas também pelo crescimento econômico inicial, e por dar continuidade a valorização da arte e cultura dinamarquesa, em oposição ao estrangeiro.

Com a guerra entre os britânicos e suas Treze Colônias, o comércio dinamarquês também voltou a se fortalecer. Mas em um governo de paz e de neutralidade, a notícia de uma guerra, mesmo que estrangeira, nunca era recebida com desatenção.

No Palácio de Frederiksberg, um grande palácio barroco que servia como residência de verão para a família real, dois jovens de alta estatura subiam as escadas que ligavam o palácio aos seus suntuosos jardins ingleses, eles pareciam ter pressa.

Und die haben keine Ahnung, warum er mich anruft?(E você não tem nenhuma ideia do motivo de ele estar me chamando?)— Ao entrarem no palácio, o mais jovem, embora mais alto, perguntou ao mais velho, recebendo uma negativa.

Nochmals: Ich habe keine Ahnung. Es geht darum, dass er dich anruft, und Tante Juliane Marie ist da.(Novamente, eu não faço a mínima ideia. A questão é que ele está te chamando, e tia Juliane Marie está lá.)

Mas que estranho era isso. Embora a rainha viúva sempre estivesse em Frederiksberg, a presença dela nessa conversa do pai deles dava um ar de maior importância a reunião. Curioso isso. Entrando em um corredor escuro, os jovens pararam em frente a última porta.

Wünsch mir Glück, Christian.( Deseje-me sorte, Christian.)— Respirando fundo, o príncipe mais novo entrou no escritório, claro que sem bater ou avisar.

O príncipe Carl da Dinamarca estava sentado em sua poltrona, como sempre carrancudo para ele e lhe direcionando um olhar discriminador e culpador. Ao lado do príncipe Carl estava a sempre imponente rainha viúva, sua tia Juliane Marie, a mulher que cuidou dele e de seus irmãos, como se fosse uma mãe.

Vor langer Zeit habe ich Christian geschickt, um dich zu rufen, und erst jetzt erscheinst du mir?(A tempos eu mandei Christian lhe chamar, e apenas agora você me aparece?)— Ignorando completamente a presença do pai, o jovem príncipe fez uma mesura a tia. Como sempre, isso irritou o príncipe Carl.— Antworte mir, wenn ich spreche! Du bist ein echter Penner.(Me responda quando eu falar! É um vagabundo mesmo, você.)

Olhando para seu pai, o príncipe mostrou a ele um pequeno sorriso afrontoso. Mas antes do príncipe Carl responder qualquer coisa, a rainha viúva interviu:

Das reicht jetzt! Und Carl, sprich nur, wenn du gefragt wirst.(Já chega disso! E Carl, fala apenas quando for requisitado.)— O sorriso afrontoso do príncipe aumentou, fazendo ele receber do pai um olhar repreendedor. Ah, como era agradável irritar o beberrão. Mas o príncipe também recebeu da tia um olhar de repreensão, antes dela continuar:— Darüber werde ich hinwegsehen. Jedenfalls habe ich eine Frage: Wie ist dein Englisch, Wilhelm?(Irei relevar isso. De qualquer forma eu tenho uma pergunta: como está o seu inglês, Wilhelm?)

O seu inglês? Wilhelm não conseguia entender o motivo dessa pergunta, inglês? Eles o iriam mandar para uma viagem pela Inglaterra, como um dos príncipes suecos fez ano passado? Eram muitas perguntas, mas de qualquer forma...

— Acho eu que está muito bom, minha tia.— A rainha viúva sorriu ao ouvir isso.— Mas qual o motivo da pergunta?

A rainha deu uma pequena pausa antes de responder:

— Creio que você vai usar muito essa língua a partir de agora, Wilhelm.— Ele ainda não estava entendendo. Inclinando levemente a cabeça, Wilhelm perguntou com os olhos o que estava acontecendo.— Não sabemos... como dizer isso, mas... nós...

Wir haben eine englische Prinzessin für dich. ( Arranjamos uma princesa inglesa para você.)- Em alemão o príncipe Carl falou de uma vez. Os olhos de Wilhelm se arregalaram, e sua boca se abriu em espanto. Casar? Com uma princesa inglesa? O jovem príncipe olhou para seu pai buscando respostas, mas o velho príncipe simplesmente riu.— Wird der Penner aufhören, ein Penner zu sein?( O vagabundo vai deixar de ser vagabundo!)

Mas isso... isso era impossível! O que eles queriam fazendo isso? Balançando freneticamente a cabeça, Wilhelm tentou avisar:

Nein!...—Ele iria falar mais, mas sua tia lhe olhou de modo repreendedor pelo alemão.– Não podem me fazer isso, eu me recuso! A última englische Prinzessin que trouxeram para a Dinamarca quase nos destruiu, quase destruiu o reino.

Wilhelm não conseguia acreditar, sua tia, a mulher que derrubou a inglesa, não poderia estar pedindo isso a ele.

Oh mein Sohn, wir sollten sie nicht mitnehmen. Es kann sogar sein, dass sie nie einen Fuß hierher setzt.(Ah meu filho, não vamos trazer ela. Na verdade, talvez ela nunca nem mesmo chegue a pisar aqui.)— Wilhelm olhou para seu pai com ódio. O beberrão sabia que Wilhelm não gostava de ser chamado de filho por ele.

Muhme!— Desviando o olhar do pai, Wilhelm implorou uma explicação da tia, com certeza ela era a melhor pessoa para explicar.

— Wilhelm, a alguns dias atrás o enviado britânico nos enviou uma carta do rei britânico. Nessa carta o rei estava nos propondo uma espécie de acordo, um para mantermos nossa neutralidade em relação a guerra da Grã-Bretanha com as Treze Colônias. Eles não ganham um inimigo, nós continuamos a ter nossa paz, e principalmente nosso comércio com a Inglaterra.— Mas isso não o envolvia de forma alguma.— Esse seria um acordo muito benéfico para nós, mas que não seria assinado, não seria formal. Seria um acordo matrimonial, um laço pelo casamento, o seu casamento com uma princesa inglesa.

— Mas as filhas do rei britânico são... Kinder!— Wilhelm falou com certo nojo, ele não iria casar com uma criança.

A rainha viúva ficou calada, assim como o príncipe Carl, que aliás parecia estar muito feliz com a desgraça do filho homem mais novo, e segundo mais novo.

— Você não vai se casar com uma das filhas do rei britânico, mas sim com a filha mais velha do príncipe de Niedersieg.- A única coisa Wilhelm poderia pensar era: Wie? E novamente, como?— Wilhelm, você se casará com a princesa Katherine de Niedersieg, com chamada princesa mais bela de toda a Europa.

Novamente Wilhelm estava sem reação, sem saber o que pensar, as coisas haviam tomado um novo rumo, um que Wilhelm não esperava de forma alguma.


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Notas finais do capítulo

Chegamos ao final, quem leu o meu romance anterior pode ficar surpreso, eu destruí tudo que eu escrevi no epílogo? Sim, esse era o meu objetivo, acho que tem um palavra para isso, mas eu não me lembro qual. O futuro parece promissor, não?
Quanto a esse prólogo, eu quis colocar algo que se afastasse um pouco da História da Inglaterra e da Alemanha, embora a o Tempo de Struensee tenha uma relação com Alemanha e a Inglaterra, é muito interessante isso.
Algumas coisas muito interessantes sobre os Oldenburg é que embora eles fossem reis da Dinamarca, a língua materna deles sempre era o alemão, depois vinha o dinamarquesa, isso mudou claro com a rainha Juliane Marie, que fez seu filho aprender alemão junto com o dinamarquês. Outra coisa interessante é que na Dinamarca se escreve Caroline Mathilde e na Inglaterra Caroline Matilde, agora está mais fácil identificar quem fala.

Para quem desejar ver mais sobre os personagens, locais onde a história se passa e pinturas dos personagens históricos, aqui está a minha pasta de La Belle Anglaise no Pinterest:
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