Paternidade Surpresa (Severitus) escrita por Srta Snape


Capítulo 6
Capítulo 6 - O Cálice




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Capítulo 6 – O Cálice.

A idéia de cuidar de Harry e conseguir, mesmo em segredo, ser um bom pai era linda e maravilhosa, o problema era a execução. O mestre de poções não fazia a menor ideia de como se aproximar do garoto. Não gostava de nada forçado e por isso se pôs a pensar intensamente a cada segundo livre, principalmente durante as refeições onde podia olhar para o menino.

Snape estava tão concentrado em observar Harry e em pensar em uma maneira de se aproximar que nem mesmo percebeu os olhares atentos de Minerva McGonagall. A bruxa acompanhava os olhares de Snape e o via observando Harry de longe. Dava para perceber a angústia do professor e Minerva conhecia Severus o suficiente para saber que ele não conseguiria sozinho. McGonagall respirou fundo e tomou um gole de seu suco. Sabia que em algum momento isso aconteceria e então o voto se quebraria.

O café da manhã daquele dia acabara e os professores se dirigiram a sala dos professores. Snape retirara sua capa pendurando-a no cabideiro ao lado da porta, então se sentou em uma das cadeiras ao redor da grande mesa, cruzou as pernas, entrelaçou os dedos das mãos e se pôs a pensar. Tinha o primeiro período inteiro livre para isso.

— Filio, por me fazer um favor? – Pediu McGonagall ao entrar na sala.

— Claro, Minerva, o que seria? – Respondeu o professor que acabara de fazer sua capa flutuar para o cabideiro.

— Tenho algumas coisas importantes para resolver, você pode me substituir nesse primeiro horário?

— Não vejo porque não. – Flitwick respondeu fazendo a capa retornar para sua mão. – O que posso ensinar? O que está dando para eles?

— Fique a vontade para ensinar o que quiser.

— Está bem. Vou indo então.

— Obrigada, Filio.

O professor fez um aceno com a mão e saiu da sala junto com outros professores que rumaram para suas primeiras aulas. Em segundos sobraram apenas Minerva e Snape que permanecia calado sem nem se mexer, parecia estar com a mente longe dali, mas apenas parecia.

— O que quer? – Perguntou quando a mulher se sentou à sua frente.

— Pensei que estivesse no mundo da lua como tem andado durante todos esses dias.

— Nunca perco a atenção ao que está ao meu redor. – Disse encarando-a. – Você nunca falta a uma aula, mas hoje pediu para Filio a substituir e está aqui me olhando. O que quer?

— Tenho observado você esses dias.

— Uma bruxa do seu cacife deveria ter coisas mais importantes para fazer do que ficar bisbilhotando a vida alheia, não acha?

— Gentil como sempre, meu caro. – Respondeu McGonagall com um sorriso torto. Você tem acompanhado os passos do senhor Potter bem de perto. – Nesse momento Snape descruzou as pernas, franziu o cenho e arrumou a postura inclinando-se levemente sobre a mesa prestando completa atenção a bruxa. – Talvez eu possa ajudá-lo.

— Por que acha que preciso de ajuda com algo?

— Poque se depender de você, a aproximação com aquele menino só acontecerá quando ele já for maior de idade.

— Não gosto de enigmas, Minerva. Se sabe de alguma coisa, diga logo.

A voz que saiu de sua garganta era ferina e perigosa, os olhos negros estavam desconfiados. Minerva era uma grande bruxa e junto com Dumbledore era talvez a única pessoa mais próxima que poderia chamar de amiga, ainda que suas conversas fossem mais profissionais. Por isso sabia que se ela soubesse sobre a paternidade não haveria perigo, confiava completamente em sua pessoa, ainda assim aquele era um segredo seu.

— Eu não posso te falar o que sei. – Respondeu Minerva. – Mas eu sei o seu segredo, Severus e quero te ajudar.

— O que o velho te contou?

— Nada. Não foi ele quem me contou.

— Não estou com tempo para brincadeiras.

Snape se levantou irritado, pegou a capa no cabideiro e alcançou a porta no exato momento em que um feitiço a trancou e silenciou. O homem se virou e encarou a bruxa com ferocidade. McGonagall nem se mexeu.

— Eu fiz uma promessa. A de guardar um segredo importante que uma jovem me pediu há muitos anos, um segredo selado com um feitiço. E desde o dia em que ela morreu eu soube que em algum momento você descobriria e prometi a mim mesma que te ajudaria com o que precisasse.

— Você sabia o tempo todo? Desde antes dela morrer? – Sussurrou Snape franzindo a testa. – Você sabia que eu sou o pai do filho da Lillian?

— Sim. – Respondeu a professora levantando e se aproximando de Snape sentindo em seu corpo o efeito do feitiço do segredo se dissipar uma vez que ele tocara no segredo sem que ela tivesse contado. – E antes que queira me amaldiçoar, saiba que eu não podia te contar, Lillian pediu um Voto Perpétuo. Me fez prometer guardar seu segredo, por isso nem mesmo Dumbledore sabia. Não pude contar a ninguém e só não estou morta agora, pois na hora do voto eu pedi para caso você descobrisse e quisesse se aproximar do menino eu pudesse então informar que eu sabia e ajudaria você. – Os olhos de McGonagall brilharam. – Uma semana depois o seu querido mestre a matou.

Snape engoliu a raiva que sentia, se havia um voto perpétuo ela realmente não poderia ter lhe falado nada ou morreria. Ainda assim seu olhar era ferino, ela poderia ter feito algo para tirar o garoto dos maus tratos dos tios, mas sabia que o verdadeiro culpado era Dumbledore.

— Deixe-me ajuda-lo com isso.

— Por quê?

— Porque ninguém merece viver sozinho, Severus. – A bruxa se aproximou dele e pôs a mão em seu peito sentindo as batidas de seu coração. Snape a encarou enquanto sentia o calor da mão enrugada, mas nada disse. – Vocês já sofreram muito, merecem ter uma chance.

Snape revirou os olhos e se afastou cruzando os braços diante do peito.

— Como pretende me ajudar?

— Como diretora da Grifinória sou responsável pela aptidão de Potter, posso muito bem informar que ele precisa melhorar suas notas, o que não seria totalmente uma mentira, e coloca-lo em aulas particulares com você.

Aquilo parecia tão patético, pensou Snape, precisar da ajuda de McGonagall para se aproximar de seu próprio filho, mas a verdade é que agradecia, pois talvez no fim não conseguisse dar o primeiro passo.

— Faça. – Respondeu acenando a cabeça antes de desfazer os feitiços da sala e rumar para a próxima aula.

***

Harry estava anotando as últimas notas que o professor Flitwick escrevera na lousa quando a professor McGonagall chegou.

— Oh, Filio, agradeço muito.

— Imagina Minerva, sempre que precisar. – O professor desceu da mesa da professora usando levitação. – Anotem direitinho, crianças. – Falou enquanto saia da sala.

— Bom, vejo que o professor Flitwick lhes passou sobre como transfigurar ingredientes em refeições. Um pouco avançado para vocês, mas tudo bem. – A professor se dirigiu para sua mesa. – o sinal baterá em alguns minutos então podem finalizar as anotações.

Assim que o sinal bateu, McGonagall pediu para Harry ficar na sala. O menino arrumou a mochila nas costas, se despediu do amigo e se aproximou da mesa.

— Sente-se, por favor, Potter. – Com um aceno uma das cadeiras flutuou até Harry que se sentou postando a mochila no chão. – Potter, pedi para que ficasse, pois precisamos falar sobre suas notas.

— O que tem elas? – Questionou franzindo a testa. – Não estão ruins, não é?

— Não exatamente, mas precisa melhorar. O senhor tem tirado muitas notas aceitáveis, poucas excede expectativas e algumas deploráveis, principalmente em poções.

Harry não tinha nem como negar, sabia que suas notas estavam realmente ruins. A única matéria melhorzinha era adivinhação e apenas por que sempre mentiu nos diários dos sonhos predizendo tudo de ruim que pudesse acontecer em sua vida. Trelawney ficava encantada cada vez que dizia que podia morrer ou ficar gravemente ferido.

— Então, para que você melhore nas notas, fará aulas complementares com um professor que vai te ajudar a melhorar suas aptidões, principalmente em poções que é sua pior nota.

— É realmente necessário professora? Não posso fazer trabalhos extras para recuperar a nota?

— Recuperar a nota não o fará aprender. Se não conseguir uma melhora em seu aprendizado agora, não conseguirá acompanhar a classe nos próximos anos. Por isso o professor Snape vai ajudá-lo.

— Snape! – Exclamou Harry dando um pulo na cadeira. – É com o Snape que eu vou ter aulas?

— Professor Snape, senhor Potter.

— Certo, professor Snape. – Disse revirando os olhos. – Não pode ser com outro professor?

— Não. – Sentenciou a professora com o rosto sério. – O professor Snape o aguardará em seu escritório após o jantar hoje, ele lhe passará o horário, datas e instruções para o reforço.

— Mas professora, o professor Snape me odeia. – Disse Harry tentando usar sua última carta, a honestidade, para que a professor mudasse de ideia e o colocasse com outro docente. Podia ser até mesmo o professor Binns, preferia aguentar o fantasma do que Snape. – Não acho que ele me ensinará adequadamente.

— Bobagem, o professor Snape não te odeia, Potter. Acredite em mim, será muito bom para os dois. – Disse McGonagall fazendo Harry franzir tanto a testa que seus olhos ficaram pequenininhos. – Quem sabe não seja uma oportunidade para se conhecerem melhor. Você pode se surpreender.

Agora literalmente Harry fez uma careta. A imagem dele e Snape tendo algo próximo era inconcebível. Poderia falar algo, mas sabia que não adiantaria. A professora lhe deu um sorriso leve enquanto estendia a mão para entregar a autorização para estar fora da cama após o jantar e indicou que o menino poderia ir para a próxima aula.

Harry recolheu sua mochila e saiu da sala com milhares de pensamentos em sua cabeça, por sorte a aula era de História da Magia com o professor Binns, podia então conversar à vontade com Rony e Hermione.

— O que a McGonagall queria? – Questionou Rony assim que sentou-se ao lado dele jogando a mochila no chão com raiva.

— Terei que fazer aulas de reforço porque minhas notas não estão boas.

A reação dos amigos foi exatamente como Harry imaginara. Hermione fez cara de "Eu avisei para se dedicar mais", a menina soltou até um barulhinho pela boca como uma indignação antes de voltar a escrever tudo que o professor fantasma ditava enquanto ouvia o que Harry falava também. Já Rony fizera uma careta e deixava ne, claro estar pensando que se Harry precisava de reforço, ele então nem se fala.

— E é com Snape.

— Snape?! – Exclamou Rony fazendo a mínima questão de anotar qualquer coisa naquela aula. – Por que ele? Não podia ser a própria McGonagall?

— Não sei, mas se for pensar a professora é tão rígida quanto Snape, só que ao contrário dele, ela não me odeia e eu não terei que temer ser transformado em um sapo a todo momento. – Harry pegou a pena e molhou no tinteiro escrevendo palavras soltas do que o professor lhe falava, nada comparado com o texto gigante de Hermione, mas não chegava a ser uma folha vazia como Rony. – Tenho que ir ao escritório dele hoje a noite depois do jantar.

— Que barra, Harry, será praticamente uma detenção eterna.

— É, e eu não sei o que fiz para merecer isso.

— Ah, Harry, as vezes não será tão ruim como pensa. – Disse Hermione. – Você mesmo disse que o professor tem pegado menos no seu pé, talvez algo tenha mudado depois que você quase morreu em uma detenção com ele.

— Será que o morcegão quer pegar você, Harry? – Perguntou Rony rindo e falando baixo para ninguém ouvir ao redor. – Ele te deu um banho, tem que considerar que é estranho.

— Não seja ridículo, Rony. – Sussurrou Hermione. – O professor não faria algo assim e Harry já explicou que foi necessário. Snape salvou a vida dele.

— Ainda assim é estranho pensar que ele viu, você sabe, suas coisas. – Harry olhou mais sério para o amigo informando claramente que havia passado dos limites, Rony percebeu e se arrumou na cadeira.

— Bom, tomara que ele tenha realmente mudado, porque se não será o pior castigo da minha vida e eu nem estou de fato de castigo.

Até Hermione riu do comentário do amigo antes de voltar a escrever as informações dadas pelo professor. No final da aula todos os alunos rumaram para o salão principal para almoçar. O almoço estava barulhento, pois todos estavam mais do que excitados com o término daquele dia já que um pouco antes do jantar seria finalmente informado os campeões do Torneio Tribruxo. Harry ria com os amigos enquanto comia e pensava quem poderia ser o campeão de Hogwarts. As apostas estavam entre Cedrico da Lufa Lufa, Angelina da Grifinória e um menino chamado Warrington da Sonserina. Harry queria muito que Angelina ganhasse e quando finalmente chegou a hora da revelação todos os alunos da Grifinória entraram no salão gritando o nome de Angelina. Fred e George a carregavam nos ombros. McGonagall com um sorriso tentando escapar dos lábios terminou com a balburdia pedindo ordem aos alunos, mas se dirigiu a menina e lhe deu boa sorte com um sorriso discreto e uma piscada de olho.

Quando todos estavam devidamente sentados em seus lugares, Dumbledore se ergueu e pediu silêncio, então o diretor apontou a mão para o Cálice de Fogo e o mesmo brilhou com a chama que saia de seu bocal. Na mesa dos professores estavam todo o corpo docente de Hogwarts, os diretores das escolas convidadas e mais os representantes do Ministério.

Todos os olhares do recinto estavam pregados no Cálice, os corações aos pulos e muitos pés batendo no chão de tanto nervosismo.

— Agora, que sejam sorteados os campeões do Torneio Tribruxo. – Disse Dumbledore ao mesmo tempo em que as chamas do Cálice ficaram azuladas.

As chamas brilharam intensamente, então diminuíram como se fosse apagar deixando o salão no escuro para então explodir no ar jogando para fora o primeiro papel que planou até ser pego pelos dedos longos da mão do diretor.

— O campeão de Durmstrang é Victor Krum.

A mesa da Sonserina, onde os alunos estavam acomodados, estourou em festa. Krum deu um soco no ar mostrando estar satisfeito com o resultado, mas Harry tinha a leve impressão de que havia apenas o nome dele no Cálice uma vez que não vira nenhum aluno dessa escola se aproximando da sala onde o Cálice estava guardado, sendo assim seria óbvio que o nome dele que seria escolhido.

O Cálice escureceu de novo e então lançou mais um papel no ar.

— A campeã de Beauxbatons é Fleur Delacour.

Dessa vez houveram aplausos menos entusiasmados pelas meninas da escola, no entanto os meninos de todas as mesas bateram palmas e assobiaram chegando até mesmo a se erguer no banco para ver a menina passar.

Harry esfregou as mãos com entusiasmo, faltava apenas o campeão de Hogwarts, queria muito que fosse Angelina, apenas de saber que se um aluno da Lufa Lufa fosse escolhido seria muito bom para a casa, uma vez que eles normalmente não tinham motivos de glória, sua torcida estava com Angelina. Mas não era essa a vontade do Cálice quando lançou ao ar o papelzinho com o campeão de Hogwarts.

— O campeão de Hogwarts é Cedrico Diggory.

Apesar de não ter sido Angelina, a mesa da Grifinória explodiu em aplausos e gritos seguindo os lufanos que nunca estiveram tão felizes antes. Na mesa dos professores as palmas eram contidas, menos pela professora Sprout que até mesmo chorava enquanto levava palmadinhas nas costas pela Madame Pomfrey.

Harry sorria e batia palmas alegres apenas aguardando o momento em que o grande banquete seria servido. Toda a escola estava alegre, o que tornaria a refeição ainda mais saborosa. Porém novamente e pegando todos de surpresa, o salão escureceu e o Cálice então explodiu em luz e chamas azuis jogando mais um papelzinho no ar.

Não houve expectativa dessa vez, apenas surpresa inclusive e principalmente dos professores.

Dumbledore aguardou o papel chegar aos seus dedos com uma cara séria, McGonagall se levantara, Sprout arregalara os olhos e parara de chorar. Moody assistiu com atenção, Flitwick ficou em pé na cadeira, mas foi Snape quem agiu de forma mais estranha.

Enquanto os dedos do diretor se fechavam no papel, o mestre de poções levou o olhar até Harry que naquele momento estava tão surpreso quanto os amigos com a possibilidade de mais um campeão. Por algum motivo os olhos verdes se depararam com os negros e ambos sabiam naquele momento qual seria o resultado antes mesmo de Dumbledore anunciar e em ambos houve o aperto no coração quando o nome foi chamado em voz alta.

— Harry Potter.

Tudo que aconteceu após esse momento parecia surreal demais para Snape. Ainda que por fora mostrasse apenas o semblante levemente surpreso, por dentro havia algo socando seu estômago. O mestre de poções viu o menino tentar se esconder atrás de Granger, mas não havia para onde escapar, a escola inteira o olhava e cochichava sobre ele. Quando o diretor chamou pela segunda vez, Harry se levantou devagar sem jeito e foi em direção a porta atrás da mesa dos professores. Snape deu dois passos na direção do menino quando o viu se aproximar e então o encarou. Havia medo nos olhos esmeraldas. Harry parou diante dele, Snape engoliu em seco, estendeu a mão postando-a no ombro direito do menino e apertando de leve sentindo-o tremer.

— Siga pela porta e nos espere na sala de troféus com os outros, Potter. – Orientou.

O menino seguiu pelo caminho informado fechando a porta devagar. No grande salão havia muitos comentários e da mesa da Sonserina vinham vaias. Rapidamente cada um dos diretores das casas se adiantaram para ordenar que seus alunos mantivessem a ordem. Snape não precisou dizer muitas palavras, apenas se aproximou e mandou que se calassem, os alunos obedeceram e quando o jantar apareceu começaram a comer comentando em voz baixa.

Dumbledore conversava de forma agitada com os diretores das outras escolas e com os funcionários do Ministério. Mostrando completa irritação, Karkaroff apontou o dedo na cara de Dumbledore, o que fez Hagrid Se aproximar rapidamente pronto para com apenas uma mão jogar Karkaroff longe, mas Dumbledore manteve a calma e apenas indicou que o meio gigante deveria ficar em seu lugar.

— Talvez devamos conversar em outro local. – Disse Dumbledore sem erguer a voz. – Um banquete não pode ser apreciado como deve se houver discussões a volta.

— É, vamos levar a discussão para outro lugar. – Disse Karkaroff mostrando os dentes podres. – Vamos ver o que seu aluno tem a dizer sobre a trapaça que ele fez.

Então Karkaroff disparou rapidamente para a sala dos troféus abrindo a porta com estrondo. Snape respirou fundo com a raiva que subiu por seu corpo, olhou rapidamente para Minerva, que também o olhou mostrando claramente que estavam pensando a mesma coisa e então dispararam ao mesmo tempo atrás do homem, Dumbledore e os representantes do Ministério vieram atrás e logo depois Moody batendo a prótese da perna com força no chão.

— Vai, Severus. – Sussurrou Minerva quando o mestre de poções passou por si.

Snape desceu correndo as escadas que levavam até a sala pulando de dois em dois degraus, estava pronto para sacar a varinha se fosse necessário. Viu Karkaroff logo a frente gritar o nome de Potter fazendo-o se assustar e então quando a mão estendida do homem estava prestes a tocar o pescoço do garoto, Snape a afastou com força fazendo Karkaroff dar vários passos para longe.

— Não se atreva a tocar nele, Karkaroff! – Vociferou Snape pondo-se diante de Harry, colocando a mão para trás e tocando no braço do menino o empurrando para ficar atrás de si e fora da vista do outro bruxo, enquanto encarava-o sem se intimidar com o rosnado que ele dera. Sua mão só largou o menino quando sentiu Minerva se aproximar e puxar o garoto para perto de si.

— Você está bem, Potter – Perguntou a bruxa.

— Estou. – Harry respondeu ainda olhando incrédulo para as costas de Snape enquanto o professor encarava Karkaroff. Estaria Snape realmente o defendendo? E por que algo dentro de si gostou disso?

— Deu para gostar de crianças agora, Severus? – Perguntou o diretor de Durmstrang com um olhar ferino antes de baixar a voz para apenas Snape ouvir. – Ah, é verdade, elas sempre foram suas preferidas.

Snape abriu e fechou os dedos da mão e tentou trazer à tona a concentração exercitada em seus anos de comensal e principalmente no tempo em que serviu de espião para Dumbledore correndo risco de ser descoberto enquanto passava as informações sobre os planos de seu mestre. Foi difícil ouvir o ex comensal a sua frente falando sobre suas preferências de vítimas quando o mestre mandava atacar alguma vila trouxa. Karkaroff não sabia que Snape fora um espião, para ele o mestre de poções tinha apenas se aproveitado do velho diretor de Hogwarts e se acovardado atrás de uma mesa e embaixo das asas do velho para não ir a Azkaban. Karkaroff então não sabia que quando Snape pedia ao mestre para ficar com as crianças era para que elas não sofressem nas mãos loucas e violentas dos comensais. Com ele, aquelas crianças recebiam um fim mais digno, indolor e rápido com o uso de uma poção para adormecer e então com um Avada sussurrado ao vento de uma noite sangrenta, só depois que as almas já tinham ido que ele montava o cenário que os outros comensais viam em meio a risos e replicavam para o mestre. O diretor da outra escola sequer imaginava como tivera que treinar sua mente para conseguir mentir para os outros e para si mesmo que fizera as coisas mais horrendas com aqueles pequenos seres, que tivera que aperfeiçoar o controle interno para conseguir mostrar uma lembrança falsa com tudo que o Lord mais amava, tortura, abusos e mortes.

Dumbledore conhecia Snape tão bem que sabia decifrar seus mínimos gestos e olhares. Sabia que ele estava na linha entre manter o controle e jogar tudo para o alto para proteger Harry devido os novos sentimentos que estavam aflorando cada vez mais rápido dentro de seu peito.

— Vamos todos nos acalmar. – Pediu Dumbledore com a voz serena como se nada demais estivesse acontecendo.

O diretor se aproximou de Harry e questionou sobre ele ter colocado o nome no Cálice, o que o menino negou categoricamente. Em outro momento Snape desacreditaria de sua palavra, acharia que era mais um truque apenas para ser o centro das atenções, mas depois de entender o menino ao menos um pouquinho, pôde perceber nos olhos assustados que não havia a menor possibilidade de ter sido ele. Alguém colocou o nome do garoto no Cálice claramente com a finalidade de lhe causar algo grave, pois o torneio não estava ao nível escolar de Harry.

— Vocês ouviram Crouch, Harry vai continuar no torneio. – Disse Dumbledore após Bartô Crouch dizer que Harry tinha agora um contrato com o Cálice de Fogo. Um contrato que não podia ser cancelado. – Os campeões podem ir para seus dormitórios.

— Eu levarei o Potter ao dormitório. – Disse Snape ainda encarando Karkaroff. – Potter. – Indicou o caminho para o garoto passar.

Harry se adiantou e quando passou ao lado de Karkaroff, que estava perto da saída, viu seus dentes cerrados e ouviu o rosnado que o outro fazia, a mão de dedos longos se enfiou no bolso e Harry teve a leve impressão de que ele estava pegando a varinha. No momento em que Karkaroff começava a tirar a mão do bolso, uma mão postou-se no ombro de Harry fazendo-o olhar intrigado e ver Snape encarando o outro como se o desafiasse a fazer algo. A figura do professor era mais imponente do que quando ele andava nos corredores com a capa esvoaçando às suas costas. Ele era bem mais alto que Harry e isso já o deixava intimidado, mas eram os olhos principalmente que mostravam o quanto ele era perigoso. Os olhos negros eram duros e firmes, traziam em suas íris a clara mensagem de que poderia causar muita dor com sua magia. Uma magia densa que Harry podia sentir através das pontas dos dedos longos que ainda estavam postados em seu ombro. Mas apesar de tudo isso, o que Harry sentia naquele momento era proteção. Severus Snape o estava defendendo.

— Vamos. – Disse Snape apertando levemente a mão no ombro de Harry e o levando embora daquele local.

Snape só retirou sua mão do ombro de Harry quando estavam fora da sala de troféus. O professor caminhou a frente e Harry foi o seguindo pelas escadarias da escola.

— Não precisa me levar até o dormitório, professor. Eu posso ir sozinho. – Comentou olhando para a nuca do professor.

— Eu sei que não precisa. – Respondeu e continuou caminhando até o retrato da mulher gorda.

Nenhuma outra palavra foi trocada durante o caminho. Snape não sabia o que dizer ainda mais agora que Harry era de fato um dos campeões do Torneio, só sabia que agora mais que nunca, faria de tudo para protegê-lo.

Ao pararem na frente da entrada do dormitório Snape olhou para Harry, mexeu os dedos nervosamente e pigarreou. O menino o olhou curioso.

— Você está bem, Potter?

— Hã, estou sim, senhor.

— Era para começarmos os planos para seu reforço hoje, mas acho que devido os novos acontecimentos podemos deixar para amanhã após as aulas. Você precisa descansar e eu tenho uma reunião com o diretor e com a vice diretora.

— Está bem. – Concordou Harry que ficou parado olhando para Snape sem saber por que apenas não dizia a senha para o quadro e entrava. A verdade era que havia algo diferente no homem, não sentia mais a hostilidade dele e sim algo forte em sua aura, algo que por algum motivo o puxava e isso o fazia querer dizer mais alguma coisa. – Não fui eu, professor. Não coloquei meu nome no Cálice.

Snape olhou intensamente para Harry, podia usar legilimens nele, mas não era necessário, a verdade estava clara a sua frente.

— Eu sei. – Disse Snape dando um aceno de cabeça antes de dizer a senha para o quadro e o observar passar pela entrada. – Descanse, Potter. Tudo será diferente daqui para frente.

Harry encarou o professor no corredor do lado de fora enquanto o quadro fechava sumindo com a imagem dele. O garoto engoliu em seco não tendo ideia de como aquelas palavras eram verdade.


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