Paternidade Surpresa (Severitus) escrita por Srta Snape


Capítulo 20
Capítulo 20 – Uma conversa e uma isca.




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Capítulo 20 – Uma conversa e uma isca.

Os negros olhos estavam vazios enquanto direcionavam-se para as letras difusas de um livro aberto na mesma página há vários minutos. O homem não se concentrava no fato histórico escritos naquela folha, nem mesmo se lembrava o motivo de ter pego tal livro para tentar ler sendo que sua mente não conseguia pensar em mais nada além do bilhete que recebera naquela manhã enquanto tomava uma xícara de café preto ao lado de Harry que comia uma tigela de ovos mexidos feitos por Molly Weasley. Finalmente desistiu e fechou o livro colocando-o na mesinha ao lado e enfiando a mão no bolso do sobretudo de onde tirou o pequeno pergaminho e o abriu. Dessa vez sua mente concentrou-se completamente nas letras miúdas e inclinadas que ali estavam escritas.

“Me espere ao anoitecer, precisamos conversar. Alvo”

Algumas semanas havia se passado desde que assassinara os Dursleys e obliviara seu filho retirando dele todas as lembranças de crueldade e monstruosidade que seus próprios familiares faziam. Por conhecer Dumbledore imaginou que o diretor de Hogwarts apareceria no Largo Grimmauld no mesmo dia para lhe interrogar sobre o que fizera, mas ele não apareceu, nem no dia seguinte e muito menos no outro. Os dias foram passando, as reuniões da Ordem ficavam cada vez mais frequentes com aurores e membros passando todos os dias por ali, entretanto em nenhum desses dias Dumbledore apareceu. Tal fato causou estranheza a Snape, o diretor era um dos mais interessados em todas as informações que os membros da Ordem tão corajosamente conseguiam em suas buscas aos Comensais da Morte, no entanto, não aparecera nem mesmo para que pudesse lhe contar que descobriu o maior dos planos do Lord das Trevas.

O que teria acontecido para que Dumbledore tivesse sumido todo aquele tempo?

Seja lá o que fosse, descobriria em pouco tempo, pois o sol começava a baixar na praça em frente a casa, a tarde começava a ir embora e deixando espaço para uma noite agradável de verão. Respirando fundo leu novamente o pequeno bilhete e então o guardou no bolso quando a porta da biblioteca se abriu e Harry colocou a cabeça para dentro.

— Posso entrar? – Perguntou o menino. Snape apenas assentiu com a cabeça antes de cruzar as pernas e o observar se aproximar. – A senhora Weasley pediu para avisar que o jantar está quase pronto.

— Não estou com fome.

— Você precisa comer, quase não come nada no dia a dia, não sei nem como não some ou passa mal.

— E eu não sei como você não engorda com o tanto de comida que aquela mulher faz você comer.

— A comida da senhora Weasley é muito gostosa, não tem como não comer mais. – Disse Harry sorrindo ao se lembrar das tigelas de sopa de batata que comera na noite anterior.

Snape observou o menino sonhando acordado com um sorriso leve em seus lábios e sentiu-se bem em vê-lo daquela forma, tão diferente do menino que sempre carregava em suas costas uma tristeza e amargura de quem tinha grandes cicatrizes e medos em sua vida. Agora ele era apenas o menino de quinze anos aproveitando as férias com os amigos como deveria ser. Ainda que houvesse a ameaça do Lord das Trevas, Harry parecia estar o mais feliz possível e um dos motivos da felicidade dele era estar naquela casa com o padrinho e esse era um assunto que o homem de negro temia em tocar, pois a resposta poderia feri-lo de uma forma brutal. Mas era necessário, havia uma guerra a frente e Snape sabia ser um homem marcado para morrer por aquele que fora seu mestre por anos. Todos os Comensais da Morte queriam sua cabeça e o Lord das Trevas o mataria com suas próprias mãos se tivesse oportunidade. Dumbledore possivelmente pediria para que não se metesse em nada que pudesse colocá-lo em perigo direto, mas como poderia se esconder enquanto pessoas menos qualificadas que ele iriam para a linha de frente? Nenhum dos aurores ou membros da Ordem tinham seu conhecimento sobre como os Comensais ou mesmo o Lord agiam e menos ainda tinham poder e conhecimento magico para enfrentá-los. Ficaria parado vendo incompetentes perderem a vida se pudesse agir como o Comensal que era? Sabendo que essa atitude era arriscada e poderia leva-lo a morte certa, entendia que precisava garantir o bem estar de Harry e prepara-lo para entender o lugar em que deveria seguir sua vida.

— Você gosta daqui? – Perguntou olhando para o menino e o pedindo para se sentar na outra poltrona diante de si.

— A casa é velha e aquele quadro da senhora Black é irritante, mas acho que sim.

— Não estou falando sobre a casa em si, mas em estar com seu padrinho e seus amigos.

— Sim, gosto bastante. Sirius está um pouco chateado por não poder participar das missões com os membros da Ordem, tendo que ficar trancado em casa o tempo todo e você implicando com ele não ajuda em nada com o humor dele, mas quando ele está de bom humor é muito legal. Rony e Hermione são ótimos amigos e a senhora Weasley me deixa muito acolhido. Eu gosto bastante.

Snape apenas balançou a cabeça e nada disse, mas Harry sentiu o peso que emanou dele. Era como se algo o incomodasse e isso intensificasse sua magia transpassando pelo ar.

— Mas, por que está me perguntando tudo isso?

— Harry... filho. – Começou devagar. – Sabe que estamos em tempos difíceis e que pelo que descobrimos dos planos do Lord das Trevas teremos um confronto em breve.

— Eu sei disso. – Respondeu Harry entendendo rapidamente onde o pai queria chegar. – Mas você é um bruxo muito forte e poderoso, não vai morrer em batalha e qualquer coisa pode simplesmente não ir. Sonserinos sempre vão priorizar sua própria pele em detrimento de outros, não é?

— Seu julgamento quanto aos sonserinos é errado. – Disse Snape com um tom ácido em sua língua. – Não colocamos nossas vidas em perigo quando não há necessidade, assim como fazem os grifinórios que agem por impulso. Nós nos colocamos a prova, mas com cautela e planejamento. Sabemos o que fazer e da melhor forma para que não coloquemos nossas vidas a prova, mas não fugimos como covardes.

— Desculpe. – Pediu Harry vendo os olhos negros afiados e duros. – É que os exemplos de Sonserinos que conheço não são muito bons. Quer dizer... – Tentou consertar ao ver a sobrancelha de Snape se erguer. – Nem todos são assim, mas a maioria pelo menos. Mas isso não vem ao caso, você está falando como se fosse para uma guerra sabendo que não vai voltar.

— Eu sou um homem marcado, um ex comensal com muitas habilidades que a maioria dos membros da Ordem, se não todos, não tem. Sou um traidor e o Lord vai querer se vingar pessoalmente de mim. Eu preciso que você tenha conhecimento dessa possibilidade e quero mais ainda que você tenha uma vida garantida.

— Mas, eu não entendo o que quer dizer com tudo isso.

— Se acontecer algo, quero que você more com seu padrinho, ainda que a ideia me dê náuseas eu sei que Black cuidaria muito bem de você e que Molly jamais deixaria faltar nada a você e nesse caso não estou falando de dinheiro, esse estaria muito bem garantido com o que Lillian te deixou e mais o que eu tenho em Gringotes, mas sobre amor e afeto. Você está feliz com essas pessoas e quero que seja assim sempre.

— Mas não será. – Sussurrou Harry se erguendo. – Você está tirando da equação uma peça muito importante para a minha felicidade aqui, você. Ter você o tempo todo ao meu lado, me ajudando com os trabalhos escolares, me ensinando, me fazendo rir com as reclamações sobre... sobre tudo praticamente. É bom, é a primeira vez que de fato eu sinto que eu sei o que é ter um pai e aí do nada você vem querendo tirar isso de mim.

— Só quero que você esteja pronto para o que pode acontecer.

— Eu não estarei. Eu nunca estarei. E não quero pensar nessa possibilidade. Eu estou feliz com você, com Sirius, com meus amigos e quero continuar assim. Não tire isso de mim.

— Tudo bem.

Harry balançou a cabeça e se sentou novamente, por alguns minutos nenhum dos dois falou nada, apenas se olharam absorvendo tudo que foi falado. Harry entendendo cada insinuação e palavra que Snape lhe dissera e guardando em sua mente o fato de que realmente Snape estava diante de um momento conturbado e perigoso e Snape entendendo que Harry lhe dissera sobre estar feliz com ele. Foi Harry quem quebrou o silêncio.

— Seria interessante se depois de tudo isso pudéssemos morar eu, você e Sirius aqui.

— Nem mesmo se Merlin voltasse de seu túmulo eu moraria com aquele pulguento.

O menino riu gostosamente com a cara que Snape estava fazendo, completamente indignado com o que dissera e só parou quando Rony o chamou para jantar. O menino chamou Snape, mas o homem negou estar com fome e explicou que Dumbledore apareceria em pouco tempo para conversarem.

Não demorou muito para que Dumbledore chegasse. Podia ouvir Molly cumprimentando-o no andar de baixo. O diretor deve ter sido rápido em sua recusa em se juntar ao jantar, pois em poucos segundos ele abria a porta da biblioteca sorrindo ao ver Snape ainda sentado na mesma poltrona.

— Olá meu caro.

— Olá diretor.

— Posso? – Perguntou indicando a poltrona em que Harry se sentara há pouco tempo, Snape indicou que sim com a mão. – Obrigado.

— Então, o que o senhor queria conversar?

— Sempre direto ao ponto, Severus.

— Não tenho tempo para baboseiras.

— Está bem, eu vou direto ao ponto então. – Disse Dumbledore fazendo sumir o sorriso em seus lábios, mas ainda deixando um brilho gentil em seus olhos. – Eu sei que você matou os tios de Harry.

— Sim, eu matei.

— Não deveria ter feito isso.

Snape franziu a testa e seus olhos estreitaram-se em direção ao diretor, uma raiva subiu por seu rosto atingindo suas íris.

— Realmente eu não deveria ter feito, pois você era o responsável por ele e deveria ter zelado pelo bem estar do menino. Você deveria ter tirado ele daquele antro de crueldade. Você deveria ter feito algo. – Disse apontando o dedo na direção do mais velho. – Mas você não fez nada.

— Harry estava seguro naquela casa. – O tom de voz calmo do diretor irritou Snape de uma forma que o homem se ergueu da poltrona fechando as mãos em punho.

— Seguro? Seguro? Você tem a capacidade de dizer isso sabendo de tudo que ele passou?

— A magia do sacrifício de Lilian o protegia de Voldemort enquanto Harry chamasse aquela casa de sua.

— ELE FOI ESTUPRADO, DUMBLEDORE! – Explodiu sentindo seu corpo tremer de raiva. – E eles sabiam e não fizeram nada. Eles o maltrataram, negligenciaram, torturaram. Tiraram sangue dele quando ainda era apenas um bebê e você vem dizer que ele estava seguro? Ele nunca esteve seguro lá e você sabia disso. Você sabia de tudo e não fez nada. Isso te torna pior que eles.

Snape deu as costas a Dumbledore e foi até a janela sabendo que sua magia começava a se manifestar ao redor deixando o ambiente completamente pesado. Precisava se controlar, por isso respirou fundo buscando o controle em seu interior. Normalmente era fácil se sentir impenetrável, mas quando o assunto era Harry parecia que algo o impedia de se desligar da humanidade, na verdade quanto mais se aproximava do menino, mais humanidade crescia dentro de si.

— Severus eu entendo que você está com raiva, mas precisa compreender, eu precisava deixá-lo seguro e a única forma era usando a magia do sacrifício de Lilian.

— Harry nunca chamou aquela casa de lar. – Agora que se controlara, Snape começava a pensar nas palavras de Dumbledore e um raciocínio se fez presente. – Nunca sentiu aquela casa como seu lar, no entanto, a proteção de Lilian ainda assim estava nele.

— Interessante. – Balbuciou Dumbledore. – Acha que a proteção foi tão forte que mesmo não sendo atrelada ao sangue que corre, ou melhor, corria nas veias de Petúnia, ainda assim ela existia?

— Sim.

— Interessante. – Repetiu Dumbledore baixinho. – Talvez podemos usar essa proteção.

— Do que está falando? – Perguntou Snape se aproximando pé ante pé. – Você quer usar o Harry?

— Não gosto de usar esse termo, mas em poucas palavras sim. Se Harry ainda está com a proteção de Lilian então ele pode nos ajudar.

Snape olhou dentro dos olhos azuis claros de Dumbledore e viu ali todo o plano que o diretor tinha em sua mente.

— Você quer usar Harry de isca?

— Voldemort quer matar Harry e quer fazer isso ele mesmo. Sabemos que ele está na mansão Malfoy, mas Voldemort tem muita proteção, Harry pode muito bem conseguir levar Voldemort até onde quisermos.

— Serei bem claro, Dumbledore, e falarei uma única vez. Você não usará meu filho como isca, ponto final.

Snape fora bem enfático com Dumbledore, de uma forma que nunca fora antes e viu nos olhos do diretor que ele entendera muito bem seu ultimato, mesmo não dizendo nada. O que Snape não sabia era que do lado de fora da biblioteca, com a orelha grudada na porta estava Harry que fora levar ao pai um prato de bolo de carne. O menino ouvira apenas o final da conversa, mas fora o suficiente para sentir dentro de si uma raiva enorme lhe apossar. O diretor queria usá-lo como se não fosse nada, apenas um peão em seu jogo de xadrez, como se sua vida não valesse nada. Ao mesmo tempo sentira uma grande felicidade por ouvir Snape o defendendo. Respirando fundo saiu de perto daquela porta quando entendeu que a conversa dos dois acabara e dirigiu-se ao seu quarto que ainda estava vazio, pois Rony estava devorando seu segundo prato na sala de jantar.

O bolo de carne foi deixado de lado enquanto o menino colocava-se a pensar no que havia escutado. Voldemort estava na mansão Malfoy e a Ordem precisava atacá-lo com a guarda baixa. Seria então tão ruim assim ser uma isca?

***

— Boa noite a todos. – Cumprimentou Dumbledore entrando na cozinha onde toda a Ordem da Fênix estava aguardando-o. – Acredito que todos notaram que estivesse longe das reuniões por algumas semanas e não foi sem motivos. Estive conversando com muitos ex aliados da Ordem, da primeira guerra, convencendo alguns muito poderosos a largarem o medo e juntarem-se a nós. Por sorte alguns aceitaram e nossas forças quase equiparam-se aos de Voldemort. – Algumas pessoas se encolheram ao ouvir esse nome, Dumbledore os ignorou. – Nossa melhor chance é atacar de surpresa, enquanto Voldemort não espera. Será uma grande luta, mas pode ser a última se nos empenharmos com toda a nossa força.

Houve um momento de hesitação antes que um membro da Ordem erguesse sua taça e gritasse “Atacar com força” fazendo com que outros imitassem esse gesto. Um sorriso se fez presente nos olhos azuis de Dumbledore e Snape percebeu o brilho insano que transpassou suas íris, o brilho de sucesso. Dumbledore era poderoso e fazia de tudo para que o bem vencesse, porém esse tudo era o que mais preocupava o mestre de poções, pois ele sabia que o ancião não mediria esforços para conseguir o que queria e no momento o que ele mais queria era usar Harry e isso ele não poderia permitir, jamais.

— Aguardem minhas notícias. – Disse Dumbledore antes de sair.

— O que acha disso? – Snape, que fora até a porta acompanhando Dumbledore, virou-se encontrando os olhos atentos de Emelina. – Dessa gana em atacar primeiro?

— Não tenho o que achar. – Respondeu Snape cruzando os braços a frente do peito. - Dumbledore é o chefe da Ordem, as ordens dele devem ser obedecidas.

— Sei. – Sussurrou a mulher se aproximando e olhando atentamente nos olhos negros. Snape sentiu um leve cheiro de flor que emanava dos cabelos da auror. – Bom, melhor nos prepararmos então não é?

— É sempre bom estar preparado para o que vem a frente. – Snape descruzou os braços e se aproximou da mulher um passo encarando os olhos grandes dela enquanto sentia o perfume de seus cabelos o invadir. – Se me dá licença, senhorita Vance, vou me retirar.

— Boa noite, Snape. – Cumprimentou a auror dando um sorriso leve antes de voltar para a sala de jantar.

Snape acompanhou a auror com os olhos e apenas quando não podia mais vê-la caminhou-se para seu quarto lembrando de quando Harry lhe dissera que eles fariam um ótimo casal abrindo em sua mente uma possibilidade que jamais imaginara ser possível. Por anos o amor e a culpa por Lilian o impediram de pensar em se relacionar com qualquer pessoa, mas a partir do momento em que se despedira da imagem de Lilian após descobrir que ela mentira sobre a paternidade, alguma coisa libertou-se em seu âmago e o fez entender que havia a possibilidade de se relacionar novamente.

Naquela noite o mestre de poções adormeceu lembrando-se da fragrância de flores dos cabelos de Emelina Vance.

***

Faltavam apenas dois dias para o retorno as aulas quando a senhora Weasley mandou todos irem para seus quartos. Harry franziu a testa e exigiu saber o motivo daquela ordem dada tão inesperadamente no meio da tarde, mas a senhora Weasley apenas ordenou avisando que haveria uma reunião de urgência da Ordem e que nenhum deles, excluindo Fred e George que eram maiores de idade, poderiam ficar ali embaixo. Harry, Hermione, Rony e Gina subiram abaixo de protesto.

— Não acredito que não vão nos deixar ouvir o que estão falando. Pelo menos Harry deveria ter direito, afinal ele enfrentou Você-Sabe-Quem pessoalmente ano passado. – Disse Rony se largando na cama. – Assim ele poderia nos contar depois.

— Podemos tentar as orelhas extensíveis. – Disse Gina depois de alguns segundos. – Vou buscar no quarto dos gêmeos.

No mesmo momento em que Gina saiu do quarto Harry olhou para Hermione e Rony e rapidamente saíram do ambiente esperando a ruiva no meio do corredor. Não tardou para que a menina voltasse com as orelhas extensíveis nas mãos. Rapidamente os quatro colocaram uma delas no ouvido e outra deixaram que fosse até a porta da sala de jantar que fora deixada entre aberta.

— Será hoje a noite.

— Hoje? – Era a voz de Lupin. – E estamos prontos?

— Sim, todo o contingente que Dumbledore conseguiu está apenas aguardando nosso sinal para se juntar a nós. – Harry identificou facilmente a voz de Moody. – Snape conseguiu uma informação valiosa de que muitos dos seguidores de Você-Sabe-Quem estarão em alguma missão dada pelo mestre deles longe da mansão deixando o contingente dele menor e nossa chance maior.

— Ótimo, então podemos nos preparar. – Disse a voz de Sirius.

— Onde pensa que vai, cachorro? – Questionou claramente Snape e Harry pode sentir a raiva de Sirius pelas orelhas extensíveis.

— Eu vou onde eu quiser, ranhoso.

— Parem os dois. – Era a voz de McGonagall. – Não é a hora de ficarem com pecuinha. Precisamos nos preparar.

— Então. – Continuou Moody alterando a voz para deixar claro que não permitiria interrupções. – Vamos desaparatar diretamente na mansão Malfoy as sete horas em ponto. Isso dá duas horas para todos se prepararem. Aguardamos todos na frente da mansão.

Rapidamente Harry puxou as orelhas extensíveis e todos correram para o quarto fingindo que nunca tinham saído dali. Hermione cruzou os braços diante do corpo, Rony se sentou ao lado de Gina na ponta de uma das camas e Harry caminhou pelo quarto absorto a qualquer coisa ao redor.

— Harry, por favor, nos diga o que está pensando. – Pediu Hermione fazendo o amigo parar de andar. – Estou angustiada com esse andar de um lado a outro.

— Eles não vão conseguir. – Sussurrou mais para si mesmo do que para os amigos. – Hermione, eu conheço Voldemort, de alguma forma sei que a Ordem não conseguirá invadir a mansão, o poder dele é muito grande, possivelmente tem diversos feitiços de proteção e até que a Ordem consiga penetrá-los, todos os comensais terão voltado e a guerra perde o elemento de surpresa.

— Harry, eu sei o que você está pensando, e não é a melhor escolha, é loucura. – Disse Hermione com a voz alarmante.

— É a única chance. – Disse Harry enfático.

— Mas do que vocês estão falando? – Questionou Rony franzindo a testa.

— Harry quer servir de isca. Igual Dumbledore sugeriu para Snape.

— Cara, isso é loucura.

— É a única chance que a Ordem pode ter.

— Está bem. – Todos se surpreenderam ao ouvir a voz de Gina que nem mesmo se movera enquanto Harry falava. – Vamos junto então.

— Gina, está ficando louca?

— Hermione, desde quando você consegue fazer Harry tirar alguma ideia doida da cabeça? Ele vai de qualquer jeito, então o melhor é que a gente vá com ele e o ajude a não morrer.

— Eu até falaria para vocês não irem, mas acho que também não iria adiantar.

— É, não adiantaria mesmo. – Disse Rony. – Então quando vamos?

— Agora. – Disse Harry olhando o relógio e vendo que faltavam uma hora e meia até o sinal da Ordem.

— E como faremos isso? – Perguntou Hermione. – Não sabemos aparatar.

— Vamos com o Noitebus.

— Legal. Sempre quis andar naquele ônibus. – Comentou Gina sorrindo.

***

Sirius observava todos da Ordem se arrumando e uma raiva enorme junto com o sentimento de impotência o tomou com força, odiava o fato de ter que ficar preso aquela casa junto com Monstro enquanto todos iam para a batalha. Era como se fosse uma criança mal-educada que os pais colocavam de castigo. Respeitava muito Dumbledore e apenas por isso aceitara a ordem de ficar em casa. O único membro da família Black estava se preparando para ir até o sótão e cuidar de Bicuço quando Edwiges piou alto e largou um bilhete em sua mão. Sirius franziu a testa sentindo um mal pressentimento. Seus dedos chegaram a tremer enquanto desenrolava o pequeno pergaminho.

— Snape! – Gritou saindo disparado após ler a mensagem.

O bruxo correu escada abaixo e entrou no quarto de Snape sem bater fazendo Snape se afastar de Emelina que ficara vermelha rapidamente. Em outro momento poderia usar seu tempo para implicar com Snape pelo mestre de poções estar claramente tendo um caso com a auror, mas naquele instante tudo que fez foi enfiar o pergaminho amassado nas mãos pálidas do sonserino.

Snape franziu a testa e abriu o pergaminho lendo a letra garranchada que tanto conhecia pelos anos em que lecionara para aquele menino.

“Darei a vocês a vantagem que precisam, seria a isca para que Voldemort baixe a guarda. Usem essa vantagem.”

— Moleque idiota! – Ralhou Snape amassando o pergaminho e caminhando rapidamente para a saída. – Sai da minha frente pulguento.

— Escuta aqui, Snape. – Disse Sirius segurando com força o braço do homem. – Harry é meu afilhado, você pode me odiar quanto quiser, mas nada me fará ficar nessa casa nem que eu tenha que passar por cima de você e de todos os aurores que estão aqui.

Snape respirou fundo e viu a determinação de Sirius em seus olhos, a mesma determinação que havia em seu peito, a de que mataria todos e qualquer um para salvar Harry.

— Emelina, por favor, avise a todos o que houve para que se mobilizem com rapidez.

— Claro, Severus. – Disse a auror. – Mas eu posso ir junto para ajudar.

— Não será necessário. – Disse Snape então se virando para Sirius. – Vamos resgatar Harry.

Sirius assentiu e ambos saíram rapidamente desaparatando juntos em direção a Mansão Malfoy onde em breve uma guerra aconteceria.


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