Cordas salva-vidas escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, esperamos que gostem desse nosso presentinho de Natal para vocês e se gostarem nos digam o que acharam



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PARTE 1 

 

Entendendo a história 

 

Quando começamos a namorar demorou muito para que Rose Weasley tivesse coragem suficiente para me levar para um jantar em família, como seu namorado e não como o Malfoy amigo de Alvo. 

 

Sabia dos embates das famílias, apesar dos tempos mudados ainda escutávamos os cochichos pelos corredores de Hogwarts, nada muito sério. Longe de histórias específicas, mas sempre os olhares tentando decifrar até onde aquela amizade seguiria.

 

Sentado em frente ao Senhor Weasley entendo finalmente o medo de Rose, os cochichos maldosos e olhares nos julgando.

 

Então, em uma mesa do Caldeirão Furado escuto uma história de amor, de guerra e de mãos que se entrelaçam como cordas salva-vidas.

 

PARTE 2

 

Um narrador marcado pela guerra.

 

Nunca me imaginei sentado em uma mesa de bar olhando para aqueles mesmos olhos prepotentes de anos atrás. Mas depois dos anos consegui perceber que a vida adora um jogo de tabuleiro e nós somos apenas peças. 

 

— …E ainda lembro das minhas mãos como violetas. - Solto um suspiro porque apesar dos anos ainda é difícil falar sobre o assunto. - Mas isso não é o começo. É apenas o meio da história. E se tem algo que Hermione me ensinou é que uma história precisa de um começo.

 

Eu aprendi a gostar das histórias, principalmente a escutá-las com toda minha atenção. Ninguém pode ser o mesmo adolescente para sempre, amadurecer é necessário. A guerra me amadureceu, existe um Ronald Weasley antes da guerra, um durante e um depois. 

 

— Coincidentemente tudo começou em um casamento…

 

Apesar da nossa aproximidade durante aqueles dias antes da fuga a nossa dinâmica ainda era algo novo. Estávamos tentando proteger o Harry, nos manter vivos, vencer uma guerra e eu ainda precisava compreender os sinais que Hermione mandava, nunca fui muito esperto para tais assuntos, um cego para sinais. Mas quando naquela noite no Largo Grimmauld nossas mãos se entrelaçaram no escuro, enquanto o único barulho era nossa respiração presa em preocupação, tive um momento de segurança. 

Foi exatamente como quando o salva vidas nos retira da água minutos antes de nos afogarmos. Sentir a mão de Hermione procurando pela minha foi a melhor sensação daquela noite. Uma certeza de estar vivo, seguro e por um momento completo. Era como ganhar um jogo de xadrez sendo ganho com um belo xeque mate.

 

A partir daquele momento minha mão foi o que ela procurou durante toda a grande guerra…

 

O garoto me olha boquiaberto enquanto conto nossa história, percebo que ainda não cheguei perto da pior parte. Fico me questionando se vale à pena obrigá-lo a conhecer a guerra de um ponto de vista diferente. Mas só dessa maneira posso convencer que Scorpius Malfoy e Rose Weasley dificilmente poderiam dar certo. A bagagem dos sobrenomes é pesada e extensa demais. 

 

— Eu entendo. - Ele me retira dos meus pensamentos.

 

— Entende? - Percebo o silêncio que tinha ficado.

 

— Sim. Entendo a sensação. - Ele sorri. - Quando Rose me estendeu a mão na primeira aula de poção depois que meu caldeirão explodiu na minha cara e eu caí no chão. Todos riram, mas ela balançou a cabeça em negativa e me ajudou a levantar enquanto questionava a ordem dos produtos e explicava que as ordens dos produtos interferem sim nos resultados. 

 

— Você está comparando minha história da guerra com uma aula de poções? - Minha filha tem um péssimo gosto para homens. 

 

— Não senhor… - Ele gagueja. - É a sensação…

 

— Posso continuar a história? - Questionando usando minha pior expressão.  Uma que faz Hermione sempre apertar minhas costelas. 

 

— Me desculpe senhor, quero entender a história. 

 

— Depois daquela noite muitas coisas aconteceram…

 

Nunca poderia me esquecer daqueles dias, vivíamos como fugitivos, nós éramos os culpados e não eles, ela se sentia em perigo só por ser trouxa, peguei sua mão para mim e lhe garanti que se alguém lhe fizesse mal eu garantiria que ela era minha parente de sangue. Era comum esse pegar a mão, como uma espécie de acalento. Mas quando fomos obrigados a viver em barracas as coisas começaram a complicar, cada dia ficávamos num acampamento diferente. Depois que acabei me machucando na  última aparatação, ela estava extremamente cuidadosa com meu braço, fazia o curativo a mão e não com magia e sempre esbarravamos os dedos um no outro, era inevitável, como se nossos dedos se procurassem no escuro, feito imã e metal se atraíam. 

 

— Sei bem como é isso. - o projeto de noivo de minha querida flor me interrompeu novamente. - Quando estudávamos na biblioteca nossos dedos viviam se esbarrando, era como um feitiço de atração, o accio, nossas mãos simplesmente ficavam unidas. 

 

— Está comparando dedos que procuravam apoio e carinho em meio a guerra com namorico na biblioteca? - ele é de fato corajoso, um pouco audacioso, por isso o chapéu seletor demorou para decidir em que casa ele iria. Sonserina ou grifinório, como se um Malfoy fosse digno o suficiente para ir para a grifinória. 

 

— É claro que não senhor, eu só imagino que seja a mesma sensação. 

 

Não, não é a mesma sensação. E tento explicar a sensação de vazio que senti quando decidi partir sem olhar para trás. 

 

Continuando…

 

Aquele colar mexia com minha cabeça, meus medos se multiplicavam quando eu o usava. Era como ter mais uma voz constante sussurrando em meus ouvidos o quanto eu era a pior pessoa do mundo. O filho menos desejado, já que queriam uma menina, a sombra do escolhido, desajeitado com os feitiços roupas sempre de segunda mãos, nunca o astro do quadribol, nunca a primeira opção. Enquanto aquele colar pendia em meu pescoço todos meus pensamentos menosprezavam quem eu era. Como se já não tivesse pensamentos demais antes mesmo de passar por aquilo.

 

Naquela noite acordei pior do que nunca. Sabia que tinha falado enquanto dormia soltava maldições a quem não merecia, sentia vontade de socar paredes. Escutando a voz me chamando de covarde em meu túmulo de silêncio. Quando vi Hermione e Harry aos cochichos tudo se transformou em raiva, ódio, rancor. Meus olhos se tingiram de vermelho, levei a batalha para o subsolo, falando coisas que me arrependo. Jogando frustrações antigas no momento errado. Talvez fosse o ego, talvez fosse ela, fleches voltam para mim em um borrão. Sei que ela pediu. Sei que implorou. Nossas mãos unidas contra meu peito enquanto tentava me desvencilhar. 

Quanto mais tentava me afastar mais forte ela segurava minhas mãos. Deixei a corda salva vidas e mergulhei na escuridão. Deixei o colar para trás, mas como consequência também a deixei. Aparatei sem pensar direito. E quando dei por mim já estava afogado nas minhas próprias escolhas. 

 

— Uma vez Rose ficou sem falar comigo uma semana porque eu fiquei zoando Lorcan e suas pedras curadoras. Foi muito ruim, como se afogar em escuridão.

 

— Como alguém como você conquistou minha pequena rosa? – Esse garoto é mais insensível que eu. – Que tipo do comparação é essa? Eu abandonei o amor da minha vida e meu melhor amigo no meio do nada enquanto fugíamos de bruxos assassinos e você comparou com uma semana de gelo? Sério mesmo?

 

— Me desculpe senhor Weasley. Mas foi horrível aquela semana.

 

— Você quer saber por que não deve se quer pensar em noivar com minha filhinha e conhecer a terrível história da sua família ou não?

 

— Na verdade…

 

— Vou continuar, enquanto isso pede mais batatinhas para nós. Eu adoro as batatas daqui.

 

Tentei voltar… Quando retornei, vi meus pesadelos de concretizarem na minha frente e os encarei os vencendo e ela me bateu. Me bateu muito forte para suas mãos delicadas e mesmo em meio a seus xingamentos e braveza, sua mão em mim, me dando socos, era como aquela velha corda salva vidas me erguendo de novo a superfície. Ouvir ela respirar nas noites frias era minha felix felicis, ela me ignorou durante dias, e depois de uma emboscada, fomos capturados e carregados a força para a mansão de seus avós, e é aqui meu caro, que quero que entenda o quanto odeio sua família.

 

Paro minha narração e percebo Scorpius engolir em seco me entregando um sorrisinho amarelo. Ele não se atreveu a comparar sua vida com esse meu relato e então prossegui. 

 

A guerra, ela tem várias facetas, mas a pior de todas é a sensação de impotência. Eu senti Hermione sair de minhas mãos, ela foi levada para ser torturada por sua tia avó Belatriz e ouvir os gritos dela ao longe, preso dentro de um calabouço, me enlouqueceu. Ela tem feridas pela pele que se recusou a curar com magia e todas as vezes que olho seu pescoço eu vejo a marca da tortura que ela sofreu.

 Sabe o que é ouvir o amor de sua vida gritar de dor? Sabe o que é gritar de volta para ela só ouvir sua voz porque é a única coisa capaz de fazer a distância? Sabe qual é a sensação de impotência?

 

Esperei ele fazer a comparação rotineira, mas o jovem corajoso estava calado. Peguei umas batatinhas para comer porque realmente as batatinhas desse lugar são as melhores e voltei a falar:

 

Como uma corda salva vidas, a oportunidade de a salvar apareceu de repente e quando dei por mim, estava lutando para puxá-la a superfície e a curar, não só com um aperto de mão, mas com tudo o que pudesse fazer para restaurá-la. Eu a senti gelada em meus braços quando consegui a alcançar, aparatei com ela para longe daquela mansão com medo dela morrer. Eu nunca vou esquecer essa sensação.

 

— Eu odeio aquela mansão. - meu ouvinte finalmente resolveu falar. - a minha tia avó que gosto se chama Andrômeda.

 

Bom o garoto tinha um ponto, realmente a avó de Ted era uma boa pessoa e era sangue do Malfoy.

 

— Sabe quem me resgatava dos meus verões fúnebres que era obrigado a passar naquela mansão? A Rose. Ela conversava comigo através de cartas e me distraia, e eu sonhava em passar um verão caloroso na Toca. Rose puxou o senhor na analogia da corda salva vidas numa mansão.

 

Revirei os olhos, Scorpius era de fato corajoso. Entendi o chapéu seletor. 

 

— E apesar de saber que eu não tenho culpa, sei que a carrego comigo. Rose me explicou que é o mesmo com os Elfos que os bruxos escravizaram por tantos anos, apesar da nossa geração não ser culpada carregamos em nós a culpa e consequentemente temos dívidas com eles eternas. Sei que minha família terá uma dívida eterna com o senhor, e com tantas outras famílias que foram humilhadas e torturadas pelo sobrenome Malfoy. Eu sinto muito. Me desculpe. 

 

Vejo em seus olhos a dor que tais palavras lhe causam. Ele conhece a história dos Malfoy, certamente escutou conversas. E também deve ter passado por coisas na escola. Nós nunca fomos muito fãs da família dele, e eu posso até ter aconselhado Rose a manter distância dessa criatura pálida e raquitica no passado e todos os dias desde de lá, conselho que ela simplesmente ignorou. Mas nós nunca permitimos que nossos filhos fizessem como Hermione diz “bullying” com ninguém fosse quem fosse. 

 

— Meu jovem isso é complicado. 

 

— Eu entendo. – Scorpius Malfoy respira fundo, como se precisasse de ar para continuar. – Mas gostaria do resto da história. 

Ergo uma sobrancelha antes de retornar para minha narrativa.

 

— Depois que aparatamos…

 

Nada ficou mais fácil e meu medo de perde-la só foi aumentando conforme parecia impossível evitar o confronto final. Depois que Harry enterrou Dobby percebemos que estávamos perdendo amigos demais, não que isso não estivesse nítido, mas foi uma mistura de dores. Hermione segurava minhas mãos com a pouca força que tinha, apertava as usando como apoio, para ter a certeza de que não partiria novamente, para se manter em pé. E se existem duas pessoas orgulhosas nesse mundo somos nós. Admitir que somos as cordas salva vidas um do outro não foi a missão mais fácil do mundo.

 

— Por isso Rose é assim. – Escuto o garoto resmungar. Mas continuo com minha narração.

 

Nossas mãos não se afastavam. Não tentávamos mais disfarçar. Só no meio de uma guerra ainda não tinha a coragem suficiente para falar com ela, para tomar uma atitude. Enfrentar bruxos, carregar um medalhão amaldiçoado? Tudo bem. Declarar meus sentimentos para a mulher da minha vida? Nada fácil. Gosto de pensar que foi o tempo certo. Mas quase que a vida tira esse tempo de nós.  

 

Quando chegamos a Hogwarts a batalha acontecia de formas diferentes, nossa escola estava sendo destruída, nossos amigos lutando mesmo sem forças. Era um misto de dor, raiva e tristeza. Nunca queira passar por isso, eu peço a Merlim para que Rose e Hugo nunca passem. 

 

— Meu pai têm pesadelos sempre. – Scorpius suspira. – Por isso se especializou em poções. Procura aquela que faça com que durma sem sonhar. Mas se recusa a usar a penseira para deixar os pensamentos lá. Diz que se lembrar ajuda ele a tentar ser alguém melhor pra mim. Mas também diz que uma noite de sono tranquila deixaria sua aparência muito melhor. Mas não estou querendo comparar isso a sua história senhor Weasley, sei que estavam em lados opostos, sei que não é a mesma coisa.

 

— Eu também tenho muitos pesadelos. – Tento afastar a pior imagem de todas da minha mente. E volto para a história boa, para Eu e Hermione. – Estamos quase acabando…

 

Nós tínhamos que traçar um plano, procurar a horcrux que faltava, destruir a que ainda não tínhamos conseguido destruir e então eu tive a ideia de entrarmos na câmara secreta, me lembrei como abrir a porta com a língua das cobras e Hermione começou a me olhar admirada, estávamos sozinhos e eu achei que ela devia destruir a horcrux. Desta vez foi ela que viveu seu pesadelo nitidamente e eu descobri naquele dia que ela também tinha suas pedras para carregar, a única bruxa da família, a garotinha que sempre ficava nas sombras. E não deixei de a abraçar e dizer que estava tudo bem depois que tudo terminou, nossas mãos se uniram feito laço, não as desgrudamos mais. Voltamos para o subsolo e então eu me lembrei dos elfos, tínhamos que salvá-los. Hermione sempre foi defensora dos elfos, criadora do F.A.L.E. e eu podia sentir a tensão e o desejo eminente que parecia nos sufocar, ela simplesmente se lançou até mim e me beijou, era impossível sufocar esse momento, eu prontamente a ergui no ar e sucumbimos ao nosso amor sufocado em meio a uma guerra com nosso melhor amigo de plateia.

 

— Foi a Rose que me beijou pela primeira vez também. - ele comentou atrapalhando minha narração e fazendo meu monstro interior do ciúme rugir. - A gente tava no meio da aula de trato das criaturas mágicas, tínhamos que montar num hipogrifo e quando eu quase me feri por causa do movimento errado para cumprimentá-lo ela saltou até mim me beijando.

 

— Mas é filho do covarde do seu pai mesmo, até fazer drama de quase se machucar com um hipogrifo faz. Como pode comparar um… um… - não conseguia dizer a palavra beijo em voz alta, me dava náuseas. - Enfim! Eu estava no meio da guerra garoto! Da guerra! A gente achou que fosse morrer!

 

— Eu entendo, o risco e o perigo presentes e a única chance de beijar a mulher que ama. Alvo estava de plateia no dia inclusive.

 

Foi o estopim para mim, esse garoto nunca irá entender que ele não é e nunca será suficiente para minha pequena flor. E preciso de mais batatinhas. 

 

PARTE 3 

 

Um destino entrelaçado feito nossas mãos

 

— Senhor Weasley, gostaria de dizer que suas palavras realmente me tocaram. Já não suportava aquela velha mansão suas sombras, cômodos gelados e vazios. Mas depois de tudo que me contou minha repulsa aumentou, nem sei se poderia voltar a pisar lá sem me sentir péssimo, mal posso imaginar a senhora Weasley passando por tudo que passou. Minha família sendo responsável por marcas eternas e tanto sofrimento. – Começo meu discurso, o qual não tinha ensaiado. 

Rose havia me treinado. Respostas certas, no final esqueci todas e ainda criei outras que estão longe de serem certas. Ela não me preparou para essa história, para essa conversa.

 

Esperávamos algo mais simples como “quais suas intenções com minha filha?” não uma história de guerra onde meu próprio pai foi cumplice de tantos horrores. Escutar a história por minha mãe é diferente de escutar pelas palavras do pai de Rose.

 

— Então entende meus motivos e por isso nada de Rose e Scorpius. – Ele parece aliviado escutando essas palavras.

 

— Eu entendo, mas não posso evitar. Contra toda a minha educação e admiração que estou sentindo por vocês,  o senhor e a senhora ministra, acho que está errado.

 

— O que? – Suas orelhas ficam vermelhas exatamente como as de Rose.

 

— Quando Rose está nervosa ou com raiva também fica com as orelhas vermelhas. E ela tem mania de comer três batatinhas juntas. E coça o pescoço quando está pensativa. É por isso que está errado. Eu penso em Rose na maior parte do tempo, enquanto o senhor falava eu só conseguia me lembrar de momentos com ela, de como ela teve sorte de sua família ter escolhido o lado certo na guerra e a sorte dela ter escolhido me dar a mão, entrelaçar os dedos nos meus apesar da história  apesar do passado.

 

Ronald Weasley balança a cabeça incrédulo, então eu continuo.

 

— O senhor disse que as mãos eram como cordas salva vidas. Rose foi por tanto tempo a minha salva vidas, que eu aprendi a ser o dela. Sinto muito, mas o senhor está errado. Rose e Scorpius combinam muito bem.

 

Fico esperando o ataque. Rose insistiu em me deixar prevenido, se o pai dela perdesse o controle. Coloquei um colete acolchoado para caso fosse estuporado e caísse no chão desarmado.

 

Mas vejo o seu rosto em uma expressão interrogativa e quando menos espero ele simplesmente vai embora. Sem histórias, sem broncas, sem feitiços. 

 

PARTE 4

 

Uma narração diferente

 

Hermione estava sentada em sua poltrona preferida. Em frente ao abajur sentindo a brisa entrando pela janela. Os óculos quase na ponta do nariz e um livro aberto entre suas mãos  a imagem fazia com que Rony respirasse aliviado. Todas as vezes que a observava em seu habitat, entre livros antigos e meia luz, sentia-se sortudo em tê-la em seus braços. De poder mesmo depois de tantos anos entrelaçar seus dedos, apertar suas mãos.  Ele está encostado no batente da porta quando ela finalmente percebe sua presença.

 

— Como foi? – Fecha o livro ansiosa. Rony sabe que ela torce pelo Malfoy e ela foi a mais atingida pelo sobrenome. 

 

— Eu desisto. – Ele suspira e caminha até sua amada esposa. – Aquele garoto é tão irritante. Ele fala da nossa Rose a cada frase e algumas vezes fala dela três vezes na mesma frase. Minha vontade era de enforcar aquela doninha júnior. 

 

— Não fez nada com o garoto, não é?- Hermione parece preocupada.

 

Seu marido apenas ri e beija sua testa enquanto se agacha em sua frente e tira o livro das mãos dela. 

 

— Ainda não fiz nada. Fique tranquila. Mas talvez eu devesse desafia-lo para uma partida de xadrez, o que acha?

 

Não tão longe dali Rose aparatava tentando fazer o mínimo de barulho. Precisava encontrar Scorpius para descobrir da conversa com seu pai. 

 

Quando ele abriu a porta do flat que dividia com Alvo ela nem deixou ele falar nada. Disparou perguntas.

 

— Como foi? O que falaram? Deu tudo certo? Meu pai não teve nenhum ataque de raiva né? Você não tocou no assunto que durmo aqui as vezes né? Fale alguma coisa Scorpius Malfoy! 

 

— Se você deixar. – Ele a beija na testa. – Não ia falar para o seu pai que fico pelado no mesmo cômodo que a filha dele né? Gosto de estar vivo. 

 

Rose bate nele como brincadeira, mas suspira aliviada. Às vezes desconfia que Scorpius poderia sim falar mais do que deveria. 

 

— Afinal, como foi?

 

— Seu pai não pareceu muito convencido, mas posso me esforçar. – Scorpius sorri.

 

— O que aconteceu?

 

— Talvez eu tenha deixado escapar sobre nosso primeiro beijo, mas ele apenas se levantou e foi embora. Então não sei o que isso significa.

 

— Significa que temos trabalho pela frente e um detalhe importante…

 

— Qual? 

 

— Só não deixe ele te desafiar para uma partida de xadrez.  Nunca!

 

Rony estava quase chamando uma coruja para enviar o próximo desafio para Scorpius Malfoy quando Hermione o interrompeu.

 

— Meu amor, sei que fica muito empolgado em derrotar todos em uma partida de xadrez, mas agora quero suas mãos entrelaçadas as minhas. Preciso dormir e minhas cordas salva vidas tornam minhas noites melhores, principalmente quando as tenho a disposição.

  

— Tudo bem, eu posso acabar com o garoto nos próximos anos. Você sempre será mais importante. E eu jurei não lutar mais se sobrevivêssemos à grande guerra!

 

Apesar de o amor ser uma grande guerra ele floresce em meio ao caos, dentro de um castelo em pedaços, depois de lutar contra seus medos, em um trem partido, no meio do corredor, dentro da sala de aula, em um ônibus a caminho da faculdade, em um sorriso carinhoso, em uma troca de palavras, em amizades de anos, no colega do lado. Rony não percebeu que Scorpius se apaixonou por Rose exatamente como aconteceu com ele e Hermione. Não foi da noite para o dia, apesar de ter sido no primeiro olhar, mas ele percebeu que é amor. E que nem mesmo uma partida de xadrez seja capaz de derrubar o rapaz.

 

Ainda sim ele vai tentar.

 

Afinal isso é ser Ronald Weasley. 





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Notas finais do capítulo

Nos digam o que acharam. Um feliz natal a todos nossos leitores ❤️



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