Take Me Home escrita por Amanda Freitas


Capítulo 1
Take Me Home




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Era o último dia de inverno. Último dia no qual Edward poderia escolher não pensar em seu futuro. Último dia em que poderia passar horas cuidando de sua horta particular sem ser interrompido por questões sérias da qual teria responsabilidade. A primavera teria início no dia seguinte e, com ela, a chegada de mais uma temporada de caça-esposa para o filho primogênito do Rei e da Rainha Cullen, o próprio príncipe Edward.

Edward sabia que aquela seria uma temporada decisiva, não tinha mais desculpas para negar as diversas pretendentes que apareciam todo ano. Sabia também que seus pais foram mais compreensíveis do que a sociedade que o cobrava intensamente, mas que no fim das contas, ele teria que cumprir o papel que lhe aguardava desde seu nascimento sendo o primeiro filho homem do Rei Carlisle e da Rainha Esme.

O príncipe tinha duas irmãs: Rosalie, a filha do meio, e Alice, a caçula. Por ironia do destino, ambas encontraram seus amores durante o período de festas em que Edward buscava o seu. Sua irmã Rosalie, agora era conhecida como Rainha McCarty de Verona e Alice era Rainha Whitlock de Florença, enquanto ele logo se tornaria Rei Cullen de Volterra.

Sorte nunca fora a maior qualidade de Edward, visto que, dentre os irmãos Cullen, era o que menos se interessava por toda a burocracia que a coroa carregava. Se ele não tivesse sido o primeiro filho homem a nascer, tudo seria diferente. Mas ele era o primeiro e único filho homem de sua família e não poderia fazer nada para mudar esse fato. Estava decidido a cumprir seu papel, pelo carinho que tinha por seus pais, renegaria suas vontades e herdaria o trono ao lado de uma bela e adorada rainha.

Todavia, isso era assunto para o Edward de amanhã se preocupar, por hoje, enquanto seu dia durasse, ele aproveitaria da forma que lhe fazia mais feliz. Edward estava cuidando de sua horta, plantava toda e qualquer semente que os empregados traziam com seus subornos. Era difícil trabalhar somente com as sementes sem ter ideia de como iriam florescer, mas com o passar do tempo, o príncipe já conseguia reconhecer as espécimes antes mesmo de plantá-las, bem como, cuidava tão bem de seu quintal que sempre colhia os frutos de seu afazer. Claro que ele não sabia cozinhar nada do que cultivava, porém deixava as cozinheiras felizes em todo momento que aparecia com suas produções.

Apesar do inverno ser uma época complicada para o cultivo, conseguira alguns resultados satisfatórios com seus estudos. Acabara de encher a última cesta de cenouras da época, estava com os sapatos e as vestes todas sujas de terra e já rasgadas de desgaste, quem o via daquele jeito não imaginaria que se tratava de um príncipe.  Se dirigiu à cozinha para entregar os legumes à Sue, a cozinheira responsável pelas refeições do castelo.

— Com licença, Sue, lhe trouxe as últimas cenouras que sobraram da plantação. Até pensei que elas não cresceriam mais, mas hoje fui visitá-las e estavam lá prontinhas para mim.

— Príncipe Edward! Já lhe disse que suas mãos são de ouro, vossa graça consegue fazer florescer até sementes podres, não tenho dúvidas. - Sue Clearwater é a cozinheira mais antiga e leal da família real, viveu a vida toda dentro do palácio e conquistou seu lugar de chefia na cozinha. Sempre fora muito benquista pela família, viu o nascimento e crescimento dos filhos do Rei e da Rainha Cullen. Edward era seu preferido, claro que não proferia isso, mas apreciava muito o jeito amável e familiar do príncipe.

— Deixa disso Sue, deve ser sorte. As sementes que me trazem é sempre de ótima qualidade. - Disse enquanto adentrava a enorme cozinha que lhe era tão familiar, deixando um rastro de terra por onde passava. — Desculpe-me pela sujeira, eu sempre esqueço da bagunça que fico ao mexer na horta.

— Não se preocupe senhor Edward, vou chamar a Bella para limpar, pode deixar a cesta no balcão, hoje mesmo vamos servir essas cenouras fresquinhas no jantar. Bella cozinha muito bem, tenho certeza que as vossas altezas irão gostar.

— Bella? A sua ajudante não se chama Victoria?

— O senhor não soube? Victória arranjou um marido, não trabalha mais na cozinha, quer dizer, agora só na cozinha dela. Sorte a dela! Espero que tenha encontrado um bom rapaz.

Edward caminha em direção ao balcão e deposita sua cesta ali.

— Me desculpe, andei distraído, nem me despedi de Victória.

— Imagine só um príncipe se despedir de uma serviçal! Só o senhor mesmo para se preocupar com isso. - Sue ri enquanto pega as cenouras da cesta e começa a descascá-las. — Bella, venha já aqui, preciso que limpe o chão, está cheio de terra novamente. - ela grita,

— Não é possível Sue. – Uma voz pôde ser ouvida de longe — Tem algum espertinho sujando de propósito, a hora que eu pegar esse moleque eu vou esfregar a cara dele no c…- A voz finalmente ficou mais perto apenas para sumir completamente quando uma mulher de cabelos castanhos entrou na cozinha dando de cara com o príncipe.

— Bella, por favor tenha modos e guarde sua língua, ao menos na frente do príncipe Edward. Me perdoe pelo comportamento dela vossa alteza, prometo que o jantar irá compensar essa atitude espantosa.

— Me perdoe, vossa alteza. - A mulher, que agora Edward sabe que é Bella, a nova ajudante de Sue, faz uma reverência a figura parada em sua frente, que parecia se divertir muito com a situação em que ela se encontrava.

— Não se preocupe, eu deveria tomar mais cuidado para não sujar o local em que é preparada a comida de todos. Na próxima vou me atentar mais senhorita Bella, não vai ser preciso esfregar minha cara no chão. - O príncipe dissera ainda sorrindo para a criada impertinente e graciosa dos lábios cor de escarlate que acabara de conhecer. 

— Espero poder confiar em sua palavra. - Bella responde automaticamente e recebe um olhar repreendedor de Sue enquanto o sorriso de Edward se estica ainda mais.

Infelizmente ele precisa seguir com suas obrigações reais e então se despede das duas mulheres para que elas continuem as suas tarefas na cozinha.

 

Bella sempre trabalhara na cozinha, muito porque não haviam opções em sua vida, mas também aquela era a possibilidade que mais se afeiçoava. Já que seu destino era ser serviçal, ao menos poderia usar os ensinamentos que sua finada mãe havia lhe passado. Contudo, com o dom de cozinhar, também herdou de Renée a insolência, ou ao menos era isso que lhe falavam. 

O problema, na concepção de Bella, é que as pessoas não compreendiam, ou não gostavam, do seu jeito brincalhão de ser. Para completar, ainda a julgavam por sua aparência, pelo simples fato de usar uma tintura escarlate nos lábios, último presente que seu pai Charlie havia lhe dado, que previamente pertencia a sua mãe, antes de ser chamado para lutar na guerra.

Agora ela se via sozinha em sua realidade, sem poder contar com ninguém além de si mesma e suas habilidades. Esperava que a oportunidade de trabalhar no palácio lhe rendesse bons frutos. Era graças a Leah, filha de Sue e passadeira da pousada em que Bella passara alguns dias quando resolvera abandonar seu casebre de campo e seguir rumo à cidade que, ao saber da condição de Bella e da vaga deixada por Victoria, a indicara a tal função com tanta convicção como se fossem amigas de infância, e por tanto, Bella seria eternamente grata. 

Apesar disso, nesse momento teme que tenha jogado tudo pro alto ao tratar o príncipe daquela maneira. Como poderia imaginar que o filho mais velho do rei, o herdeiro do trono, estaria em pé no meio da cozinha de serviço sujando todo o chão de lama com aquelas vestes todas sujas e estropiadas? Que azar! 

Passara a tarde toda remoendo isso e se dedicara ao máximo no preparo da refeição da família para “compensar sua atitude espantosa” como bem dissera Sue. A cozinheira até tentou tranquilizá-la após o acontecido, dissera que o príncipe Edward era diferente do que falavam, era bondoso e gentil mas sempre o retratavam como impaciente e ranzinza. O que Bella não deixou de notar foi que, por baixo de toda aquela lama e desleixo, havia, sem dúvidas, um belo representante da realeza com um senso de humor intrigante.

Já era tarde da noite quando Bella ainda rolava na cama de seus aposentos, sentia-se apreensiva mesmo depois de Sue ter mencionado um agradecimento especial da família Cullen pelo jantar delicioso posto poucas horas antes. Resolveu então levantar e preparar um leite quente para acalmar os nervos. 

Ao chegar na cozinha, avistou uma chama discreta iluminando o local, por um momento reconsiderou todos os seus passos ao se recolher em seus aposentos mais cedo até notar uma figura alta posta em frente ao fogão, mexendo tranquilamente a panela.

— Posso ajudar? - Bella adentrou o aposento, pousando o candeeiro que levava consigo próximo ao outro que já se encontrava na mesa. O indivíduo, alarmado, soltara bruscamente a espátula devido a quebra de silêncio repentina e virara para observar a jovem cozinheira que lhe chamara a atenção. Mais uma vez, Bella se via diante do futuro rei de Volterra, o homem com os olhos mais bonitos e iluminados que já vira em sua vida que, até mesmo na penumbra da qual se encontravam, brilhavam sonhadores, como se não se cansasse do mundo ao seu redor.

— Pode. - Edward abrira um sorriso que não sairia da cabeça de Bella por um bom tempo. — Faça meu coração parar de bater acelerado pelo susto que a senhorita me deu. 

— Imagino que já fiz corações baterem acelerados, mas creio que não foram por susto. Peço que me perdoe mas não conseguirei ajudar vossa alteza com isso. - Bella sorrira atrevidamente para o príncipe que arregalara os olhos em surpresa, fazendo com que a jovem criada se arrependesse imediatamente de suas falas. — Me perdoe príncipe Edward, não costumo ter contato com meus senhores, pois sempre me dizem que só falo bobagens. Prometo que não irá se repetir e caso seja de sua vontade não irei mais aparecer em sua frente, mas por hora, posso oferecer ajuda no que quer que seja que o senhor esteja fazendo…- Bella desviara o olhar de Edward e observara a situação, levando consigo a atenção do príncipe para o mesmo local, o fogão, que agora estava coberto de um líquido branco que fervia na panela. - …para beber?

O príncipe, vendo a bagunça que havia causado, começa a procurar pelas gavetas algo que pudesse ajudá-lo a limpar, mas pouco conhecia a cozinha e suas repartições, aparte os itens que utilizava toda noite desde que Sue lhe ensinara, depois de muito insistir, a preparar a “receita” de leite quente que o fazia ter um sono sereno todas as noites.

— Aqui senhor. - Bella estende um guardanapo para Edward e suas mãos se tocam brevemente, eletrizando os dois corpos ao mesmo tempo. — Não se preocupe, é o meu trabalho cuidar da cozinha. - A jovem volta-se ao fogão e começa a limpá-lo enquanto o príncipe a observa de perto ao mesmo tempo que ainda segura o guardanapo em suas mãos. — Não há necessidade de choro, o leite derramou mas me parece pronto, afinal. - Ri consigo mesma enquanto serve duas xícaras. — Espero que o Príncipe não se importe, mas vim até aqui com a mesma intenção.

— Não me importo. - Edward se mantinha próximo o suficiente para observar cada detalhe da morena fascinante que não saía mais de sua vista desde que a conhecera. — Acho que isso explica suas vestimentas para a ocasião então. - Chamando a atenção de Bella, que o encarara diante tal observação. Ele fitou, em meio às sombras, o rosto da jovem corar levemente. Ela usava uma camisola azul clara de alça, um tanto quanto curta para uma moça solteira usar na frente de um cavalheiro.

— Eu já havia cumprido minhas obrigações do dia e estava tentando dormir. - Bella pega uma das xícaras e entrega ao príncipe que se mantinha em pé ao seu lado. — Depois de algumas horas sem conseguir, pensei que uma bebida quente pudesse ajudar, contudo não imaginei que fosse encontrar alguém aqui agora. Peço desculpas novamente, já voltarei aos meus aposentos. - Ela leva a xícara à boca e bebe todo o conteúdo de uma só vez, fazendo careta ao sentir a quentura em sua língua e os lábios molhados escorrendo leite. Edward a mirava com um sorriso travesso no rosto, não imaginava que era possível se divertir tanto assim com alguém. Era como se ele estivesse finalmente vivendo sua vida apenas um dia antes dela mudar para sempre.

— Bella, a senhorita precisa parar de se desculpar tanto comigo. - Ele estendera o guardanapo que ainda segurava por todo esse tempo. — Limpe-se. - Bella leva as mãos em direção ao objeto mas dessa vez calcula seus movimentos a fim de não tocar novamente nas mãos do príncipe. — Aliás, deixe que eu faço isso, sou um cavalheiro no fim das contas. - Ele levanta o guardanapo e pousa delicadamente no rosto de Bella, reparando que dessa vez sua boca apresentava uma cor rosada, bem mais suave do que vira mais cedo, enquanto ela fixava o olhar intensamente junto do seu. — Também não posso dizer que estou vestido apropriadamente para encontrar uma moça solteira, então não se preocupe, podemos guardar esse encontro somente conosco. - O rapaz estava com seu longo cabelo molhado penteado para trás e vestes que o cobriam por completo de cor branca próprias para dormir, exalando um frescor inebriante de sabão de coco. — Pronto, em um momento poderei te acompanhar até seus aposentos. - Edward pegara a xícara e tomara tudo de uma vez, imitando o que acabara de ver a criada fazendo. Sorrira para a mulher à sua frente e passara o guardanapo dobrado por seus lábios que também ficaram molhados.

— Não acho que seja apropriado senhor. - Bella permanecia olhando o rapaz com fascínio, sentindo seu coração acelerar cada vez mais, jamais se imaginara estar metida em situação parecida. Que Deus a ajude!

— Pode não ser apropriado, mas digo que é necessário. Tenho muita confiança na segurança do palácio, mas não me perdoaria por deixar uma jovem encantadora caminhando sozinha à noite com esses trajes. Mostre-me o caminho, por favor, minha querida Bella. - Deixando Bella estática e boquiaberta, Edward pega um candeeiro que repousava em cima da mesa e se encaminha em direção à porta da cozinha, aguarda com o braço esticado a passagem da dama que serviria sua companhia e acompanha ela caminhar à sua frente.

 

Já era habitual Edward se juntar aos seus pais todos os dias para o café da manhã. As refeições em família se tornaram um momento de vínculo e afeição da qual os Cullen não abriam mão de ter juntos, independente de seus compromissos reais. Contudo, esse não seria um café da manhã típico para Edward, chegara o dia que ele tentara evitar ao máximo, o dia que finalmente cederia aos deveres de primogênito. Só havia uma coisa que ele não conseguira prever, não parava de pensar em Bella, a nova ajudante de cozinha, desde que acordara. 

A conversa que tiveram na noite anterior se repetia em sua mente, a jovem contando sobre sua vida triste e pesarosa. O príncipe sabia que abusara de sua posição para tirar algumas informações da cozinheira, mas não pôde resistir. Ela o provocava muita curiosidade.

Bella teve que lidar com várias dificuldades desde muito jovem. Primeiro a morte de sua mãe, posteriormente a partida de seu pai para a guerra deixando a moça completamente sozinha no mundo com o coração partido.

Cercada pelos olhos cheios de pena dos seus vizinhos em sua antiga vila, Bella sentiu que não poderia mais viver daquela forma, então decidiu que precisava ir para o mais longe possível daquele lugar. 

Deixara uma carta para seu pai, na esperança de seu retorno, avisando que ela voltaria quando tivesse notícias da liberação dos soldados com o fim da guerra para assim conseguir chamar aquele local de lar novamente, junto dele. Edward não pensava no quão sortudo era por ter seus pais e irmãs tão unidos e presentes em sua vida, queria muito que Bella sentisse todo o amor que transbordava em sua família.



— Bom dia mãe, bom dia pai. - O príncipe entrara no cômodo sabendo que seus pais já estariam por lá o esperando. — Tenho um comunicado a fazer. - disse sentando-se em seu lugar à mesa.

— Bom dia filho. Será que é o que eu estou pensando? - Dissera Rainha Esme com um largo sorriso no rosto, enquanto buscava a mão de seu marido para um aperto.

— Calma, minha amada. - Era o Rei Carlisle que agora falava. — Todo ano esperamos pelo anúncio, mas sempre nos precipitamos. Vamos aguardar Edward dizer as palavras.

— Bom, andei pensando e acho que não posso mais esperar para cumprir meu dever, sei que os senhores aguardam a algum tempo e agradeço por serem tão pacientes e compreensíveis comigo, sei também que essa minha atitude é vista como um capricho pelos seus conselheiros, mas não posso fugir do meu destino, afinal. Venho lhes dizer que nessa primavera encontrarei uma esposa.

— Meu filho, seu pai e eu não nos incomodamos com opiniões de conselheiros ao seu respeito. Nós somente desejamos que você encontre a felicidade em alguém da mesma forma que seu pai e eu encontramos um no outro, que sua irmã Alice encontrou em Jasper, que Rosalie encontrou em Emmett…

— Esme, querida… - Disse o Rei com certa cautela.

— Não me venha com “Esme querida” Carlisle, você não quer que Edward seja feliz? Porque dar tanta importância a opiniões que não sejam de nossa família? - A Rainha se voltou para  Edward após soltar a mão do rei. - Edward, espero por essa decisão há muito tempo e você sabe disso, eu vou ser a mãe mais feliz do mundo quando finalmente puder ver meus três filhos construindo suas próprias famílias.

— E assim farei, é o meu dever. - Edward não percebera Bella no cômodo para servi-los até ela despejar um líquido quente em sua xícara, leite quente, igual ao que haviam dividido na noite anterior. 

Igual não, mais gostoso que o que ele fizera, aquele tinha o toque especial dela. A jovem o cumprimentou com um leve aceno de cabeça e se retirou do local, só então o príncipe se deu conta de que ela escutara a conversa que acontecia naquele momento. Por algum motivo desconhecido, o príncipe se sentiu muito incomodado ao saber que a moça ouvira ele falar sobre casamento.

— Não é o seu dever ser infeliz.

— Mas é o dever de Edward encontrar uma esposa para a sucessão do meu reinado, Esme. Tenho certeza que aparecerá alguém que ele irá se afeiçoar, assim como aconteceu conosco… e com nossas filhas. Com nosso filho não será diferente, certo?

— Sim, certo. - Mas Edward tinha certeza de que isso jamais aconteceria em sua vida. — Tenho algumas condições, no entanto. Acredito que não há necessidade de frequentar mais do que quatro dos muitos bailes que vocês oferecem na temporada. Façam o favor de convidar todas as moças do reino que estão dispostas a se relacionarem comigo, mas peço a liberdade de conhecer apenas as que me despertarem genuíno interesse. 

— Ah meu filho, mas é claro! Será um prazer planejar essa temporada tão especial para você. Que felicidade! - A rainha se portava com animação, esperava por esse momento à tempos mas no fundo tinha receio que não partiria espontaneamente de seu filho.

— Muito bem então. - O rei Carlisle suspirava satisfeito, estimava muito o príncipe para ter que recorrer a outros meios que não sua própria vontade de seguir com seu dever.

— Sim, bem. - Edward sentia um peso saindo de suas costas e indo direto para seu coração, sabia que aquela não era a decisão correta a se tomar por si, mas por sua família. — Peço licença para me retirar, vou cuidar da minha horta enquanto ainda tenho disponibilidade para isso.

O príncipe se retirou do cômodo e deixou seus pais planejando o que se tornaria seu futuro. 

Para sorte de Bella, ele estava tão atordoado que acabou não percebendo a sua presença próxima ao aposento para continuar ouvindo a conversa que a família real tivera. Aquilo não era de sua conta e estaria em apuros se fosse pega, apesar disso, não conseguira sair dali até perceber o assunto acabar. 

 

Edward estava inquieto desde o momento em que acordara, havia chegado o dia do primeiro baile que sua família preparara para que ele pudesse escolher uma esposa e futura rainha de Volterra. Alguns dias se passaram desde que comunicara a seus pais a decisão que tomara e, desde então, o príncipe procurou se manter ocupado com a sua horta, com o propósito de diminuir o sentimento agoniante que o acometia. Além disso, o que mais vinha o acalmando por esses dias não era algo, era alguém. Bella.

Ele apareceu mais um dia na cozinha em busca de sua bebida favorita para tomar antes de dormir e encontrou Bella, já com duas xícaras postas no balcão e o leite sendo fervido no fogão. A partir disso, os encontros noturnos entre o príncipe e a jovem cozinheira se tornaram frequentes.

Era o momento do dia que ele mais apreciava. Se sentia na liberdade de conhecer cada vez mais sobre a vida de Bella e também contar sobre a sua. Confessou a ela sobre sua atração pelo cultivo e até mesmo deixou escapar algumas das frustrações que acompanhavam a vida de filho primogênito do rei.

Edward não era tolo, tinha consciência de seus privilégios, contudo, sua vida não era perfeita, mas ninguém parecia compreender seu sentimento perante a isso. A não ser Bella. Apesar de terem vidas completamente diferentes, Edward sentira no olhar de Bella que ela compreendia seus desencantos com a vida na realeza e, por ironia do destino, compartilhava da opinião de que não se via encontrando o amor da forma que seus pais conquistaram. 

Ela o fazia rir como ninguém antes fizera. Seu jeito audacioso e zombeteiro estava o conquistando cada dia mais. Edward se sentia pouco a pouco mais conectado com Bella, de uma forma leve e terna. Seria isso que sua mãe sempre lhe dizia para procurar em uma esposa? Seria essa ligação que seus pais tinham encontrado um no outro?

Edward não tinha a resposta para essas perguntas mas as manteve em mente enquanto adentrava o salão de festas onde acontecia o baile. Cuidaria de dar o seu melhor e ficar com a mente e o coração abertos para cumprir o prometido, mas nada daquilo o atraía. As pessoas estavam mais desesperadas do que ele estava esperando, não teve um segundo sequer que mães e filhas não fizeram fila para se apresentar ao príncipe. 

Edward se pôs a dançar com algumas pretendentes que lhe pareceram mais notáveis dentre suas opções, a fim de conhecê-las um pouco mais e buscar compatibilidades consigo. Ele estava realmente tentando. Ainda assim, como já esperava, nada sentiu. 

Lhe restou somente aproveitar o restante da noite em companhia de sua família, desfrutando das boas músicas e a comida saborosa que fora servida. Comida essa que passara a diferenciar o sabor desde que conhecera o toque especial das mãos delicadas e habilidosas da nova cozinheira. 

Após o que parecera uma eternidade. O príncipe se deu por satisfeito de sua participação no baile e decidiu se recolher, mas não sem antes fazer a sua visita diária à cozinha. Chegando ao local, se deparou com Bella lavando uma xícara enquanto uma segunda estava posta ao lado da leiteira coberta por um pano, à sua espera, imaginara o príncipe.

— Boa noite, senhorita Bella. Já irá se recolher? - A jovem dá um pulo e se vira ao príncipe com a mão no coração.

— Vossa Alteza! Que susto! Posso ser nova, mas meu coração já passou por poucas e boas, não sei se aguento mais fortes emoções. - A jovem diz em um tom divertido, arrancando um largo sorriso da boca do príncipe. — Pensei que hoje não apareceria, mas em todo caso deixei tudo pronto caso fosse de sua vontade.

— Impossível eu perder uma noite de sua companhia Bella, agradeço por ter pensado em mim. - Edward observara as bochechas da jovem adquirir um leve tom rosado. — Aprecio muito nossos encontros noturnos.

— O senhor se divertiu hoje? - Bella mudara rapidamente de assunto e desviara de seu olhar. Se dispôs a servi-lo uma xícara de leite como distração às palavras que acabara de ouvir. Não podia se agarrar a elas de jeito nenhum. Não deveria dar nenhum valor aquilo, Edward estava buscando uma esposa afinal e, apesar da aproximação que tiveram nos últimos dias, ela não era uma candidata a tal.

— Não quero ser indiscreto nem parecer ingrato com a façanha dos meus pais. A festa foi magnífica mas estou feliz que acabou, ao menos por hoje. - Edward estendeu as mãos à Bella, que ainda segurava sua xícara. Atribuiu um toque demorado e confortável em volta das mãos da moça que lhe deu permissão. Ambos se olhavam com intensidade, as mãos ainda unidas em torno da xícara e o som de uma respiração entrecortada. Foi Edward quem interrompeu o silêncio. — A sua comida estava maravilhosa hoje, como era de se esperar, ouvi muitos elogios durante a noite. Obrigada, Bella.

Bella piscara rapidamente algumas vezes e saíra de seu transe. A moça então entregara a xícara à Edward que bebera o líquido de uma só vez, como ela mesma já fizera na primeira noite em que se encontraram ali, e largara o recipiente rapidamente em cima do balcão. — Não precisa agradecer, apenas fiz o meu trabalho.

— Precisa sim… Delicioso. - Disse o príncipe enquanto limpava a boca nas mangas de sua camisa. — Bella… - Edward baixara os olhos para as mãos de Bella, as pegara novamente em suas e as apertara delicadamente. A respiração dela falhara de novo, era a primeira vez que o príncipe a tocava desde que começaram com aqueles encontros habituais. O toque dele era macio e acolhedor, sua pele fervia como brasa e seu coração nunca batera tão rápido.

Edward continuara a tocando, deslocou suas mãos pelos braços de Bella, sentindo cada centímetro de sua pele. Estava fora de si ou nunca estivera tão lúcido em toda a sua vida? Nunca sentira tamanho desejo por uma mulher como naquele momento. Não conseguia tirar Bella de sua cabeça mesmo com outras em seus braços, tudo o que ele passara desejando no dia era que o mesmo finalizasse para poder vê-la. E agora ele estava, a vendo, a tocando, finalmente a sentindo. 

Sentindo também que ela não lhe rejeitara, parecia nervosa mas via seus olhos brilhando com volúpia. Ele continuava passeando com as mãos, aproximando seu corpo dela conforme seu toque chegava ao pescoço, motivado a sentir seu cheiro. Morango. 

Não pôde deixar de imaginar que gosto teria aqueles lábios escarlate. 

Edward agora colocava os cabelos de Bella atrás de suas orelhas a fim de observar seu rosto de perto, ela era deslumbrante. Bella continuava o olhando com intensidade mas sem falar nada, acompanhava os movimentos de Edward em completo silêncio. 

Eles estavam tão próximos que suas respirações se uniam, Edward segurava o rosto de Bella, passando o dedo delicadamente em sua boca até criar coragem de aproximar seu rosto em busca de um beijo. 

— Você é tão linda, senhorita Bella. Posso? - Ele perguntara com os olhos focados naqueles lábios, buscando uma concessão a seu beijo. Observou Bella passar a língua por eles e lhe lançar um olhar de dúvida. — Tudo bem, quando tiver certeza estarei mais do que satisfeito em conhecer o gosto que esses lindos lábios terão sobre os meus. 

Edward ouvira Bella suspirar alto, buscara as mãos dela novamente em suas e dera um beijo delicado em cada.

— Boa noite, minha querida Bella. Nos vemos amanhã! - Disse enquanto se afastava da morena e se retirava da cozinha.

— Boa noite, Príncipe Edward. - Ela finalmente dissera quando conseguira voltar à realidade e o príncipe já não se encontrava mais no cômodo. 

 

A cozinheira não conseguia assimilar o que acabara de acontecer, o príncipe quase a beijara, ainda sim só não o fez porque sentira dúvida vindo dela. Ela queria, mas como aquilo seria possível? Ele estava à procura de uma esposa, porque decidira beijá-la? E porque diabos ela não aceitara seu pedido sendo que estava completamente derretida com seus toques? 

Só poderia esperar não ter perdido uma oportunidade única. Precisava se recolher e logo dormir, no entanto duvidava que conseguiria fazer sua cabeça parar de funcionar um minuto sequer depois desse acontecido. Até amanhã ele dissera, e ela esperaria o amanhã chegar com muito anseio.

 

O príncipe não acordara com tamanho bom humor à tempos, o que não passara despercebido por seus pais que logo imaginaram ter sido efeito de alguém presente no baile no dia anterior. O que eles não sabiam era que esse alguém não estava no baile e sim na cozinha do castelo.

Edward estava disposto a cuidar de sua horta e encontrar algum alimento considerável a ser preparado como desculpa para poder levá-lo à cozinha e entregá-lo diretamente à Bella. Para sua sorte, a moça apareceu antes do esperado e ao longe, ficou o observando, o que ele não demorou a perceber. Isso fez com que ela optasse por se aproximar dele.

— É muito bonito ver o senhor cuidando dessas plantinhas. - Edward estava ajoelhado no chão, com as mãos sujas de terra.

— Por favor Bella, sinto que nossa relação não pede mais que me chame de senhor. Somos bem próximos, não somos? - Ele sorrira inocentemente e recebera como resposta um sorriso travesso da morena.

— Como o senhor prefere? Príncipe Edward?

— Apenas Edward, por favor.

— Não sei se deveria senhor.

— E se eu disser que é uma ordem? - Ele levanta uma sobrancelha em desafio e observa ela se aproximar mais um pouco, parando em pé ao seu lado, com as mãos entrelaçadas e o sorriso travesso reacendendo em seu rosto.

— Já que é uma ordem, então devo acatar. Apenas Edward.

— Engraçadinha.

— É o que sempre me falam.

— Não tenho dúvidas. - Edward se põe de pé em frente a ela, limpa as mãos na calça que já estava toda suja de terra e agacha para pegar a cesta que continha os legumes e frutas que havia colhido. — Hoje vou levar batatas para você, o que consegue preparar de bom com elas?

— Tenho algumas ideias, confia nas minhas receitas ou quer fazer um pedido?

— Confio em você. - Eles passaram a caminhar juntos pelo campo, em direção à cozinha.

— Ótimo, o que mais você conseguiu hoje?

— Morangos. Não estão tão cheirosos quanto o que senti vindo de você ontem, mas aposto que estão bons o suficiente para uma sobremesa. - Edward sorriu ao ver Bella corar com a sua fala, não era a primeira vez que ele conseguia deixar as bochechas da moça rosadas, e ele adorava isso.

— Bom, então é melhor eu começar logo, terei muito trabalho pela frente e hoje a Sue não conseguirá acompanhar o almoço.

— Está tudo bem com ela?

— Está sim, não se preocupe, é apenas uma dor de cabeça. Pedi à ela que descansasse, consigo dar conta sozinha de uma refeição.

— Posso acompanhar você hoje então?

— Pode, mas somente se não me atrapalhar. - Edward riu com a declaração atrevida da cozinheira. — E limpe esses sapatos antes de entrar na minha cozinha, hoje a Sue não estará aqui para segurar a minha língua e a minha mão em proteção à você… Edward. - Disse oferecendo um sorriso sarcástico ao príncipe.

— Ah minha querida Bella, sinta-se à vontade para soltar essa mão.. e também a língua sobre mim. Tenho certeza de que irei merecer tamanha punição. - Edward gargalhara com a cara de choque que sua declaração provocara em Bella. Observou-a entrar na cozinha e deixara a cesta logo na entrada. Decidira passar no lavabo e ficar mais apresentável antes de acompanhar a moça em sua função.

Bella cozinhando poderia ser considerado um espetáculo na visão de Edward, ele a observava fascinado enquanto ela flutuava pela cozinha, fazia tudo com agilidade e segurança. O cheiro de suas receitas era maravilhoso, a aparência dava água na boca e o gosto com certeza não iria decepcionar. Ela havia preparado batatas assadas e especiarias com os legumes frescos que Edward colhera mais cedo e agora prepararia uma torta de morango, a pedido do príncipe.

A cozinheira se dirigiu a dispensa e após alguns minutos ouvindo balbucios lá dentro, ele resolveu conferir o que ela estaria fazendo. Ao entrar na dispensa, Edward assistiu a cena de Bella tentando se pendurar nas prateleiras para conseguir alcançar uma garrafa de mel no alto de uma delas. Ele se aproximou silenciosamente por trás da moça, segurou em sua cintura e ouviu seu grito de susto. Isso o fez rir.

— Podia ter me pedido ajuda. - Disse enquanto levantava o corpo de Bella até que a mesma conseguisse alcançar a garrafa que tanto queria.

— Eu estava quase conseguindo, mas obrigada. - Ele a abaixou e ela se virou, abraçada com o frasco, respirando apressadamente.

— Claro que estava. - Eles permaneciam próximos, quase tão próximos quanto na noite anterior, antes do quase beijo. — É para a torta? - A morena acenou com a cabeça em afirmação. — O que foi, Bella?

— Nada. - Mentiu descaradamente. Ela estava pensando no quão próximo o corpo de Edward estava do seu novamente. Se perguntava se ele ainda sentia vontade de beijá-la ou já teria mudado de ideia. A segunda opção era mais provável.

— Estou te deixando desconfortável? - Ele se afastou poucos centímetros até perceber ela negando. Edward pegou a garrafa de mel das mãos de Bella, colocou-a em uma prateleira mais baixa e se voltou à moça novamente, agora mais perto, segurando sua cintura outra vez, como fizera na noite anterior. — Você precisa me dizer Bella, estou ficando louco! Não consigo parar de pensar em beijar você e eu sinto que você quer, mas eu posso estar redondamente enganado e vendo coisas onde não tem. Me diga o que você quer, por favor Bella… isso não é uma ordem. - Disse ele depois de Bella não responder imediatamente, soltara as mãos de sua cintura mas logo sentiu as mãos dela segurando as suas de volta no lugar em que estavam. Os olhares de ardência estavam presentes mais uma vez.

— Eu quero que você me beije Edw...

Não foi preciso ouvi-la terminar de falar o nome dele, Edward agarrou o rosto de Bella e a prensou contra a parede da dispensa. Levou sua boca à dela e a beijou com vigor, descobriu que o cheiro de morango vinha de seus lábios e seu gosto era ainda melhor. Sentira as mãos de Bella apertando as suas, uma permanecia na cintura dela e a outra pressionava a lateral de seu pescoço. 

O príncipe estava em êxtase, apertava e prensava Bella cada vez mais, hora ou outra suas bocas desgrudavam apenas para que ambos pudessem respirar. Ouvir os suspiros de prazer vindos de Bella só o deixavam com mais fervor. Edward passou as mãos pelas coxas dela, puxou-a para cima tentando não se enroscar em seu vestido, encaixou-a em seu colo e voltou a beijá-la.

— Meu Deus, Bella. - Apertou a bunda dela e a ouviu gemer. — Você…

— Bella? - Eles ouviram a voz de Sue ao fundo. Edward bufou frustrado enquanto via a cara de pânico da morena. Segurou ela novamente pela cintura e a colocou delicadamente no chão. Ajeitou o cabelo da jovem que estava um pouco bagunçado por sua própria culpa enquanto ela ajeitava o vestido. — Bella, você está aqui? - Passara o dedo pela boca de Bella, limpando o batom que havia manchado, também por sua própria culpa e lembrara de limpar a própria boca também, que imaginara estar na mesma situação.

— Estou aqui na dispensa. - Bella gritara de volta para Sue enquanto ainda passava a mão no cabelo, ajeitava o vestido e ajeitava também a camisa do príncipe. Por sorte, nem passaria pela cabeça de Sue o que acontecera naquela dispensa. 

Edward entregara o vidro de mel para Bella, que lembrara o que estava fazendo ali primeiramente. Eles saíram da dispensa e deram de cara com Sue organizando a cozinha.

— Ah, olá Príncipe Edward, não sabia que o senhor estava por aqui. - Edward acenara para Sue.

— Olá, Sue. Está melhor da dor de cabeça? - Ele vira a senhora confirmar. — Vim trazer morangos para Bella fazer uma torta e ela me avisou que você não estava se sentindo bem hoje.

— Já estou melhor, obrigada pela preocupação. Mas o que o senhor fazia na dispensa, se me permite perguntar? - Bella arregalara os olhos para Edward que permanecia com um semblante tranquilo.

— Pedi que Bella fizesse uma torta de morango hoje para sobremesa, estava a ajudando a alcançar a garrafa de mel, a coitada só conseguiria se tivesse uma escada para ajudar. - Edward dissera com um sorriso no rosto e recebera um olhar fuzilante de Bella, que se portara atrás de Sue.

— Mas tem uma escada! Você pediu isso para ele, Bella? - Sue se virou e disse em repreensão para a cozinheira.

— EU não pedi. - Bella respondeu irritada.

— Não se preocupe Sue, eu que me ofereci. Não vejo problema algum nisso. - Sue acenou em concordância. — Agora que já está tudo certo por aqui, vou me retirar para não atrapalhar a tarefa de vocês. Até logo. - Edward cumprimentou Sue, que logo voltou a organizar a cozinha. Antes de sair se dirigiu a Bella, que o olhava com intensidade, ou por estar brava com a sua piadinha ou nervosa por quase ser pega pela Sue, teria que descobrir depois. Piscou para ela que continuava o observando e percebeu sua boca se curvando em um leve sorriso antes de sair da cozinha.

 

Se antes Bella e Edward já passavam o dia aguardando o encontro que teriam ao anoitecer,, apenas para passarem o tempo juntos um do outro, sem ninguém para os interromper, conversando e se conhecendo um pouco mais a cada noite. Agora, a chegada da noite era desejada como nunca. 

Desde que se beijaram pela primeira vez, alguns dias atrás, se tornou impossível para Edward estar próximo de Bella e não a tocar. Estava viciado em seu cheiro, seu gosto, no toque macio de sua pele. 

Bella o tornara mais ousado, mesmo fora daquela dispensa pouco iluminada que usavam como refúgio. Sempre que a jovem cozinheira passava por seu caminho, o príncipe procurava o toque delicado de suas mãos, e não se acanhava com os olhares de reprovação da moça, se via com a necessidade de senti-la. 

Edward sabia que estava entrando em apuros. Não compreendia exatamente o que era estar apaixonado, nunca esteve, contudo, sentia seu mundo colorir no momento em que colocava os olhos em Bella, a presença dela fazia seu coração bater como se finalmente tivesse encontrado o propósito de sua existência.

Todo o frenesi de sentimentos fez com que o casal mal percebesse o tempo passar, e quando menos esperavam já era a noite de mais um baile. E não é preciso dizer que Edward pouco esperava por tal. Cumpriu mais uma vez seu ritual de preparação e se encaminhou para o salão.

Estava tudo magnífico, como era de se esperar. Edward observava a movimentação da festa pelo mezanino. Estava distraído assistindo à uma dança que acabara de começar e não notou a aproximação de uma dama ao seu lado.

— Está se divertindo, Vossa Alteza? - O príncipe reconhecera aquela voz e ao olhar para a mulher que ali se apresentava recordara de tê-la conhecido na semana anterior. Até mesmo dançara com ela em determinado momento da noite. O problema se dava em seu nome, sabia que ela fazia parte de uma família com três irmãs. Kate, Irina e…. - Tanya. Lembra-se de mim?

— Claro que sim. - A loira sorriu ao ouvir sua mentira descarada. — Como está sua noite Tanya?

— Melhor agora que o encontrei. Aguardava ansiosamente para poder vê-lo novamente esta noite. Senti que não pudemos aproveitar a companhia um do outro o suficiente, mas a Rainha Esme, atenciosamente, me disse que eu poderia te encontrar aqui, antes que alguém mais tentasse roubar sua atenção.

— Ah, certo. Foi divertido dançar novamente.

— Fico feliz que gostou da nossa dança. A rainha me confidenciou que te viu de muito bom humor após o nosso encontro. Espero que não tenha problema ela ter me contado. - Dissera após observar o príncipe arquear uma sobrancelha com sua declaração.

— Ela te disse que meu humor se deu após nosso encontro? - Sua mãe havia entendido tudo errado, que Deus o ajude.

— Sim! Prometo guardar seu segredo, Vossa Alteza. - A dama lançou uma piscadela para o príncipe e se aproximou. — Podemos andar um pouco pelo castelo enquanto conversamos? Ouvi maravilhas da biblioteca que o Rei Carlisle montou para o príncipe e gostaria muito de conhecê-la.

— É claro, sem problemas. Mas precisarei voltar ao baile logo, ainda não tive a oportunidade de cumprimentar meus pais e minhas irmãs. - Edward não mentira dessa vez, não totalmente. Além de falar com seus familiares, esperava também que uma certa cozinheira aparecesse em algum momento à sua vista. Esperava pelo momento em que poderia vê-la a sós para tocá-la com liberdade. — Por aqui, vamos? - Edward estendera a mão à sua frente a fim de mostrar o caminho à Tanya, ela porém entendera sua ação como um convite a enganchar seu braço com o dela. O príncipe manteve sua posição e seguiu o caminho da biblioteca tentando esconder que ficara desconcertado com a postura da dama.

Ela falava sem parar, especificamente sobre si mesma e parecia fazer isso com tanta frequência que nem notara Edward buscando alguma coisa, ou alguém, ao redor. Quando o príncipe parou em frente à uma porta dupla, se desenroscou dos braços da jovem de cabelos claros e adentrou o cômodo. Ele pôde ouvi-la seguindo seus passos, continuado pelo barulho de uma maçaneta se fechando.

— Bom, aqui estamos Tanya, esse foi o meu lugar favorito por muito tempo enquanto crescia, ao menos até perder o primeiro lugar para minha horta. Ainda gosto muito de ler mas não passo tanto tempo quanto…- Edward caminhava pelo cômodo enquanto contava um pouco sobre si, até notar o estranho silêncio da jovem que o estava acompanhando. Ao se virar, notara a porta da biblioteca fechada, uma scarpe caída no chão e Tanya se aproximando, silenciosa e sedutoramente, com seu decote, que antes estava coberto, à mostra. — Senhorita Tanya, não acho que isso seja apropriado. - Dissera o príncipe, desconfortável com a situação.

— Vossa Alteza, estamos a sós. Pensei que poderíamos nos conhecer um pouco mais… a fundo nesta noite. - Tanya continuava se aproximando do príncipe. Estendera as mãos para tocar o abdômen e sentira-o enrijecer. — Relaxe, meu estimado príncipe, hoje te darei apenas a prévia do que poderá esperar de nosso casamento.

Edward estava estático, não conseguia se mover e fugir daquela situação. A única coisa que fazia era pensar em Bella. Aquilo estava errado. Ele não queria passar mais nem um segundo com aquela mulher. Ela o tocava de todas as formas erradas. Não era Bella, não tinha o toque de Bella, não tinha o cheiro doce e inebriante de Bella. Precisava sair dali e encontrar sua morena o mais rápido possível e cair em seus braços.

Tanya continuava o tocando, aproximando cada vez mais seu rosto em busca de um beijo. Isso não iria acontecer.

— Não! - Ele finalmente conseguira se mover, se afastando da mulher. — Tanya, peço que não ouse me tocar novamente e por favor, se recomponha. Já demoramos o suficiente por aqui, devemos voltar ao salão. - A loira fuzilava Edward com o olhar, pegara sua scarpe enquanto via o príncipe sair como um foguete da biblioteca. Já à porta, notou uma jovem a observando alarmada ao longe. Com um ar triunfante de quem sempre conseguira o que desejava, lançou uma piscadela à criada de vestes simples e desfilou, já recomposta, de volta ao baile.

O príncipe se mostrava inquieto, perturbado. Sua mãe não deixara de notar seu comportamento desassossegado desde que aparecera no salão. Suas irmãs também perceberam mas preferiram não fazer alarde, sabiam que aquela situação era incômoda pro irmão. No entanto, nenhuma delas imaginava o que passava pela cabeça do príncipe.

Bella. Porque sentira que precisava contar o que acontecera à ela? Ele deveria estar procurando uma esposa. Tanya deixara bem claro que estava disponível à posição. Mas era Bella que ele via em seu futuro, ao seu lado, se juntando à sua família, se tornando mãe de seus filhos. Era amor, afinal.

Amor. Ele estava realmente apaixonado por Bella. Como diria isso à ela? Ela responderia aos seus sentimentos? Eles nunca haviam conversado propriamente sobre o que estavam fazendo. Ela era uma das cozinheiras do palácio, será que aceitaria largar sua vida e viver ao seu lado? Será que seus pais aceitariam o príncipe se relacionando com uma jovem que não estava dentre os principais nomes da alta sociedade? Teriam que aceitar. Ele faria com que aceitassem.

Precisava pensar, precisava descobrir como fazer tudo isso funcionar. Estava decidido.  Viveria sua vida ao lado de Bella. Tinha encontrado uma esposa, alguém com quem ele compartilhava felicidade, assim como sua mãe tanto lhe desejava. Só esperava que ela aceitasse embarcar nessa loucura ao lado dele.

Amanhã. Amanhã ele contará tudo à ela e eles ficarão bem. Por hoje, precisava sair daquele baile, descansar a cabeça e absorver tudo que sentira e faria a partir daquela noite. Talvez ele fosse um homem de sorte, por fim.

 

O príncipe acordara preocupado. Procurara Bella na cozinha após o baile. Não pretendia contar de seus sentimentos ainda. Queria primeiro planejar um momento especial, mostrar que estava determinado. Sabia que seria uma situação atípica, mas se ela também o amasse, nada mais importaria. Só que naquela noite Bella não estava à sua espera, aparentemente, nem passara pela cozinha. Edward se atreveu a ir até os aposentos da cozinheira, porém encontrou o mesmo com a porta trancada e sem nenhuma resposta às suas investidas. 

Não havia muito mais o que fazer, ele não tinha ideia de onde Bella se metera. Tecnicamente não era de sua conta. E tecnicamente era, desejara que fosse. Desde que se encontraram pela primeira vez naquela cozinha, não perdiam um dia sem se ver. Temia que algo teria acontecido.

Mais tarde, Edward descobrira através de Sue que Bella recebera uma mensagem que a fizera correr de volta à sua antiga vila. A senhora não confidenciou o conteúdo da notícia, mas o príncipe sabia que existia apenas um motivo que faria a jovem retornar ao lar, seu pai Charlie.

Estava sem informações de Bella há alguns dias, ele imaginava que o caminho a ser percorrido até a casa dela era longo e demorado, todavia o que vinha preocupando Edward era ela não voltar, para Volterra e para ele.

 

Era uma tola. Recebera a carta mais aguardada de sua vida, seu pai estava voltando para casa. Não entendia como, mas só se importava em tê-lo de volta. Ainda sim, não conseguia tirar Edward da cabeça. Desde que vira ele e uma mulher loira saindo da biblioteca desajeitados e desarrumados sabia que seus dias no castelo estavam contados. O príncipe se divertira o suficiente com ela, mas é claro que ele nunca a chamaria de esposa. Fora estúpida em se deixar envolver com o futuro rei. Uma simples cozinheira não teria chance alguma. 

O dilema que se abrigava em sua mente era justamente porque ele a fazia se sentir especial, a única em seus pensamentos e desejos luxuriosos, enquanto nesse tempo todo também estava se relacionando com outras. Deveria ter imaginado.

A única coisa que deveria importar agora é a volta de seu pai. Demorou uma noite e um dia para chegar em sua antiga vila. As lembranças inundaram seus olhos. 

Sentia falta daquele lugar, falta de sua vida antiga, falta de estar próxima à costa e acompanhar seu pai nas aventuras de pescaria. Voltar para casa e cozinhar o que ele havia trazido do mar. 

Quando viu seu pai, Bella caiu no choro novamente. Sempre posara como forte para todos à sua volta, por muito tempo, mas cansara de fingir não sentir. Chorou nos braços de Charlie, por ele, por ela, por sua mãe e por Edward. Precisava se desvencilhar o quanto antes.

— Ah meu pai, o senhor não sabe o quanto esperei por esse momento. - Ela ainda fungava em seus braços.

— Desculpe ter lhe feito esperar tanto, minha filha. Fiquei surpreso de não encontrá-la em casa. Não imagino o que tenha passado sozinha por esse tempo, mas agora estarei com você.

— O que aconteceu pai?

— Tudo o que me falaram foi que nossa tropa estava sobrecarregada, estávamos ficando sem suprimentos suficiente para todos do acampamento então decidiram mandar alguns dos mais velhos, que não seriam de maior serventia, ainda mais desnutridos, para casa. Eu fui um dos escolhidos. Quem diria que ser um velho rabugento serviria para algo?

— Ah pai, nem acredito nisso. Estou tão feliz que está de volta.

— E você minha filha, voltará para casa? Li suas cartas assim que cheguei e corri para escrevê-la de volta na esperança de ainda te encontrarem.

— Sim, pai. Leah recebeu sua carta na pensão que passei algum tempo trabalhando e correu para me avisar, estava trabalhando com sua mãe, Sue, na cozinha do castelo de Volterra.

— Uau, como minha filha se tornou importante! Cozinhando para o Rei e a Rainha. - Charlie estava genuinamente orgulhoso da filha. 

— Pois é. Não se preocupe, irei retornar em breve. Só preciso aguardar a temporada de bailes terminar. Não posso deixar Sue sem auxílio, a família Clearwater me ajudou tanto enquanto você estava fora. Preciso de duas semanas para conseguir me desligar de Volterra. - Bella sentira tanta falta de seu pai, ainda não acreditava que estava novamente em sua presença, sempre esperava o pior acontecer. — Passarei essa noite com você, mas ao amanhecer precisarei voltar. O senhor está bem para ficar sozinho por esse período?

— Claro, minha filha, faça o que precisar fazer, estarei à sua espera.

O coração de Bella ficara mais calmo depois de ver seu pai são e salvo de volta em sua casa. Agora só precisaria aguentar mais alguns dias de trabalho no castelo, ajudando Sue a preparar as refeições cotidianas e especiais dos bailes enquanto buscava alguém para colocar em seu lugar. Mais alguns dias no mesmo lugar que ele, teria que tentar evitá-lo até estar livre para voltar para seu lar, para sua família. O castelo era enorme, não deveria ser difícil.

 

Edward subornara todos os funcionários do reino que passaram em sua frente para que avisassem imediatamente do retorno de Bella. A gorjeta generosa trouxe resultados naquela manhã. Jacob, um dos guardas reais, apareceu em seus aposentos para avisar que Bella chegara na noite anterior e já estava de volta à cozinha. O príncipe pouco se importara com sua apresentação, correu imediatamente para encontrá-la. Precisava declarar seu amor, talvez não fosse um momento especial, mas não conseguiria mais se conter.

— Bella! - Estava linda como sempre. Sentira falta daqueles lábios escarlate, de seu cabelo escuro modelando seu rosto delicado. Seu semblante parecia mais relaxado. A felicidade pairava no seu olhar como nunca antes tinha visto. Ao menos, até ela notar sua presença. Seus músculos travaram de repente e seu cenho se fechou.

— Vossa Alteza. - Dissera secamente.

— O que aconteceu? Porque desapareceu por dias? Está tudo bem com seu pai? Estava preocupado. - Ele se aproximava da cozinheira enquanto a mesma continuava seu trabalho de cortar legumes sem dar ao príncipe a devida atenção. — Senti sua falta, Bella.

— Não acho que seja da conta do senhor. - Edward a olhara confuso, porque ela voltara a chamá-lo com tanta formalidade? — Mas, sim, meu pai está muito bem, obrigada. Logo voltarei para casa, só preciso que termine a temporada de bailes.

— Você… você vai embora? - Não era possível, o que acontecera? Na última vez em que se viram ela parecia tão diferente… tão dele e agora estava tão distante.

— Sim, senhor. Vossa Alteza não precisará mais se preocupar com a minha presença no castelo. Não gostaria de atrapalhar o casamento do futuro Rei e da Rainha de Volterra. - Ela cuspia as palavras, ainda sem olhar para ele.

— Bella, o que está dizendo? Olhe para mim por favor. - Sua súplica fez com que ela atendesse ao pedido. Bella parara o que estava fazendo e olhara nos olhos do príncipe, com intensidade, sem compreender seu aparente desespero.

— Eu vou embora Edward. Desculpe estragar sua diversão libertina com a plebéia cozinheira assim de uma hora para outra, contudo eu imagino que você terá outros braços do qual poderá se aconchegar. Da sua futura esposa, por exemplo.

— Diversão libertina? É isso o que você acha que estávamos fazendo?

— É isso o que estávamos fazendo!

— Não para mim Bella, eu vim aqui justamente para te falar que-

— Eu vi vocês dois Edward. - Ela o interrompera. — Vi você saindo da biblioteca seguido por aquela loira… nem ao menos ajudara a senhorita a se recompor… Francamente.

— Eu estava lá sim, porém não é o que pensa Bella, ela-

— Será sua futura esposa, é o que tenho escutado desde que voltei. Parabéns Edward, afinal, conseguiu o que queria.

— Bella, me escute por favor! 

— Está tudo bem por aqui, Vossa Alteza? - Era Jacob, provavelmente ouvira o príncipe bradar com a cozinheira e viera conferir a situação. Maldito Jacob, ele só precisava lhe avisar de sua chegada e não ficar de espreita.

— Sim Jacob, tudo certo por aqui. - Bella assentira para Jacob e voltara a picar legumes. — Está dispensado. - Edward observara irritado o guarda permanecer na cozinha.

— Na verdade, senhor Edward, vim lhe trazer um recado. A Rainha Esme pediu que eu verificasse se estava tudo bem, pois Vossa Alteza não compareceu ao café da manhã. Ela disse que o aguarda para resolver algumas questões para hoje à noite. - Maldito Jacob. Madito baile. Ele não aguentava mais nada daquilo.

— Certo, avise-a que já estou indo. - Edward observara o guarda assentir e finalmente se retirar da cozinha. — Bella, me escute por favor. Não é nada disso que você está pensando, me dê uma chance para explicar, tudo bem? Te encontrarei ainda hoje, por favor? 

Bella ouvira o temor na voz de Edward. Ele parecera tão sincero, preocupado. Ela queria muito acreditar que o que vira naquela noite não passara de um mal entendido. Queria e esperava que fosse. Daria essa chance a ele. A eles. 

Acenou em concordância e viu o príncipe respirar aliviado antes de se retirar da cozinha. Esperava ter feito a coisa certa.

 

Edward não conseguira um tempo a sós com Bella novamente e agora teria que esperar passar o baile para conseguir vê-la, sendo assim, decidira se juntar à festa logo. Aquela seria uma noite especial e precisava distrair um pouco a cabeça.

Adentrara o salão e pôde observar mais uma festa magnífica que sua mãe preparara. Assistia às diversas pessoas que se divertiam no local. Casais apaixonados se movimentavam ao som romântico que tocava. Agora sentia que tudo aquilo fazia sentido. Os cortejos, as danças. Queria participar de tudo e queria Bella ali, ao seu lado, para que todos pudessem ver o quão feliz estava e o quão sortudo era por encontrá-la.

O príncipe avistara sua família. Estavam todos reunidos, inclusive suas irmãs e maridos. Decidira então que era uma boa hora para fazer mais um comunicado, estava ficando competente nisso.

— Boa noite a todos. - Ele dissera ao se aproximar do local mais reservado do salão, onde sua família estava.

— Boa noite meu filho. Está se divertindo esta noite? - A rainha perguntara.

— Estou, mãe. A festa está adorável, como sempre.

— Nem acredito que você apareceu em mais um baile da temporada. Quando mamãe disse que você havia decidido procurar uma esposa demorei a acreditar, mas veja só, aqui está você. - Era Rosalie que falava dessa vez. Os irmãos se amavam muito, porém desde criança gostavam de aporrinhar um ao outro.

— Minha cara irmã, eu sou um cavalheiro de palavra. Jamais faria promessas em vão à nossa adorada mãe. Inclusive, tenho um comunicado.

Edward ainda não tinha recebido a atenção de todos os presentes, isso antes de lançar sua última frase. Todos pararam suas conversas paralelas para ouvir o que o príncipe tinha a dizer.

— Não pensei que realmente chegaria esse momento, mas gostaria de comunicá-los que eu a encontrei. A mulher que eu amo e quero passar o resto da minha vida. - Houve uma comoção vinda de sua mãe e suas irmãs enquanto o mesmo falava. — Ainda não declarei meus sentimentos à ela, então não posso formalizar nada. Não quero colocá-la em apuros revelando sua identidade antes de aceitar meu pedido. Peço à vocês, pai e mãe, que aguardem e torçam para que ela retribua meus sentimentos. Ela é muito importante para mim e é a única que eu almejo em minha vida, por favor, lembrem-se disso em qualquer instância. Minha felicidade será com ela.

— Ah meu filho! Eu sabia, eu sabia, eu sabia. - Rainha Esme não se conteve e correu para abraçá-lo. — Sonhei tanto com este momento. Você finalmente a encontrou. Ah, que alegria!

— Tenho certeza que ela retribuirá seus sentimentos, filho. Estou muito feliz por você. - O Rei Carlisle se aproximara de Edward e lhe dera tapinhas no ombro a fim de demonstrar seu orgulho.

— Que mistério todo é esse Edward? Quero conhecer minha futura irmã, por favor não me tire isso. Tenho certeza que seremos grandes amigas. - Alice dissera animada enquanto puxava Jasper junto de si para cumprimentar Edward.

— É melhor não nos contar mesmo, caso ela o rejeite será triste gostar tanto de alguém que não se juntará à família. - Rosalie falara em tom brincalhão mas recebera um olhar severo do irmão. Ela e Emmett o cumprimentaram também.

— Creio que alguns de vocês já a conhecem.

— Ah meu filho, será que é quem estou pensando?

Edward não conseguira responder à pergunta de sua mãe. De repente perceberam uma situação acontecendo a poucos metros da família reunida. O príncipe avistara Bella, de cabeça baixa, enquanto Tanya aparecera gritando com a cozinheira. Ele não dissera uma palavra, apenas correra em direção à elas. 

Avistou que a morena estava com uma bandeja em mãos, recheada de aperitivos, os mesmos que compunham a mesa ao seu lado. Ao mesmo tempo que reparara em Tanya com o braço sujo de algo alaranjado.

— Como pode ser tão desastrada? Sei que o seu tipo não tem modos, mas o mínimo que esperamos é que tenha inteligência o suficiente para carregar uma bandeja sem derrubar comida pelo caminho… e nos outros. Olha o que fez com meu braço! Como posso continuar minha noite de lazer depois disso? - Tanya falara tão alto que começava a chamar a atenção de vários convidados próximos às duas mulheres. Bella permanecia segurando a bandeja, de cabeça baixa enquanto ouvia a dama.

— O que está acontecendo aqui? - A voz dele fizera ela levantar a cabeça e observá-lo ali em sua frente, deslumbrante como sempre, de tirar o fôlego, enquanto a mesma passava por uma situação constrangedora.

— Ah, Edward, veja o que acontecera comigo. Estou horrível. Essa serviçal arruinou minha noite. - A loira já abrandava seu tom ao falar com o príncipe. Diferente da raiva que despejara segundos antes na jovem.

— Bella, o que houve? - Ele perguntara de forma terna. Bella abrira a boca para responder, mas fora interrompida por Tanya

— Você a conhece, Vossa Alteza?

— Sim. Bella trabalha na nossa cozinha. - Ele respondera sem nem mesmo tirar os olhos da cozinheira. — E então?

— Eu estava chegando para repor os aperitivos da mesa, mas… acabei perdendo o equilíbrio. - Ela dissera baixinho, focando somente nele.

— O que houve, está tudo bem? - Seu olhar era preocupado, queria tocá-la, abraçá-la, curá-la do que quer que fosse.

— Está sim. Foi apenas um esbarrão.

— Está dizendo que eu te empurrei? Pelo visto, além de burra ainda é mentirosa. Vossa Alteza precisa rever quem coloca dentro do palácio. - A declaração de Tanya provocara a ira de Edward, como ela se atrevia a falar daquele jeito com Bella? Independente de sua posição, deveria tratar a todos com respeito.

— Peça desculpas agora! - Edward vociferava enquanto ainda olhava para Bella. A jovem via em seus olhos que o príncipe estava descontrolado. Sentira seu estômago pesar, nunca havia presenciado ele a tratar daquela forma.

— Me desc…- Com a voz embargada, começara a dizer olhando para Tanya, que a observava com um sorrisinho vitorioso.

Edward virara para encarar Tanya, com os olhos em fúria.

— Tanya, peça desculpas à Bella. Agora.

— O que? Eu.. pedir desculpas à ela? - Bella o olhara com surpresa. — Mas foi ela que-

— Sim, peça desculpas à Bella pela forma que a tratou ou nunca mais pise neste castelo. - Edward vira Tanya ficar embasbacada com sua declaração. — Agora! - Rugira.

— D-desculpe. - Dissera a moça de forma tímida.

Bella assentira para a declaração da loira e vira Edward se acalmando aos poucos.

— Muito bem, agora desapareça de minha vista. - Ele dessa vez encarara a loira para que não restasse dúvidas de com quem ele estaria falando. Viu a mulher assentir e se retirar rapidamente, ainda atordoada com a situação.

— Você está bem? - Edward pegara a bandeja das mãos de Bella e a depositara sobre a mesa. Encontrou as mãos dela às suas e as apertou ternamente. Ela assentira.

Estava tão atordoada pela situação que não se dera conta de que ele a tocara na frente de todos. Aliás, toda a situação chamara a atenção dos convidados da festa, que agora acompanhavam de perto a interação dos dois. A jovem logo se desvencilhara das mãos do príncipe. Assentira rapidamente e saíra correndo do baile, de volta à cozinha. Tinha se metido em apuros com toda certeza.

Edward só voltara à realidade da situação depois que Bella saíra de sua vista. Sentia os olhares de todos à sua volta. Ao se virar, fitou sua família, que também presenciara a cena. Sua mãe estava atônita, enquanto seu pai permanecia com o semblante neutro. Suas irmãs se entreolhavam admiradas, mas a única coisa com o que ele se preocupava no momento era Bella. Precisava vê-la. Precisava verificar se ela estava bem. Precisava comunicá-la de seus sentimentos. Era o que faria, todo o resto podia esperar. 

 

— Bella? - Edward entrara correndo na cozinha em busca da jovem. Estava lotado de funcionários andando apressados por todos os cantos. Ele não conseguia avistá-la em parte nenhuma. — Bella? - Gritara dessa vez.

— Vossa alteza, Bella pediu a licença para se recolher mais cedo em seus aposentos. Posso ajudar em algo? - Sue aparecera ao seu lado como mágica, estava tão absorto à procura da amada que não notara a senhora antes.

— Preciso vê-la, Sue.

— Ela parecia consternada, Príncipe Edward. Aconteceu alguma coisa? - Indagou a cozinheira.

— Preciso vê-la. - Edward decidira não perder mais tempo e correra em direção aos aposentos dos funcionários. Já não ligava mais para quem pudesse vê-lo. Tudo aquilo logo não importaria.

Chegou à porta de seu quarto, ele se lembrava onde ficava desde que acompanhara a cozinheira na primeira noite em que se encontraram. O príncipe bateu à porta e esperou alguns segundos, mas ninguém respondeu. Batera novamente, insistente.

— Sou eu… Me deixe entrar, por favor, Bella. - Ele ouvira passos se aproximando da porta, mas nenhuma tentativa de abri-la.

— Não acho que deva, Edward. - Ele ouvira sua voz baixa, entristecida.

— Eu lhe imploro.

Bella suspirara alto, sabia que o príncipe não desistiria tão fácil então o melhor que poderia fazer era acabar com aquele tormento de uma vez. Assim que viu a porta aberta, Edward entrara no cômodo com pressa, fechando a abertura atrás de si. Buscou as mãos de Bella em suas, mas a mesma se contivera, procurando um maior espaço entre si e o príncipe.

— Bella, eu sinto tanto. - Ele dissera com peso em sua voz.

— Você não tem com o que se desculpar, Edward, me defendeu na frente de todos, afinal. 

— Sinto que você tenha que passar por isso.

— É o que acontece quando “serviçais”... - Dissera a palavra com ironia. —...coexistem com membros da alta sociedade. Não é a primeira vez que fui tratada assim e não será a última.

— Será sim, a última.

— Acho que tem razão, logo irei embora daqui, não precisarei me preocupar mais com jovens damas que se acham superiores, mas ao fim das contas, compartilham o mesmo homem que eu. - Ela dissera com atrevimento, estava sufocada por aquele assunto e não pretendia segurar mais nenhuma palavra em sua boca.

— Bella, me escute. Preciso contar o que aconteceu naquela noite e se ao fim de nossa conversa você ainda decidir ir embora, respeitarei sua decisão. - Ela o olhava com severidade, contudo, permaneceu em silêncio, encorajando o príncipe a falar. — Você estava certa, eu estava com Tanya na biblioteca. - Ele observara o semblante dela se transformar em indignação. — Ela apareceu ao meu lado, pedindo que eu a levasse para conhecer o lugar. Inocência demais de minha parte, eu vejo isso agora. Ela buscava ficar a sós comigo, eu dei a oportunidade, apesar disso, eu não tinha nenhuma intenção secundária Bella. Aceitei a distração e quando me dei por conta, Tanya estava se jogando em cima de mim. Cortei suas intenções imediatamente e saí de lá. Não queria aquilo, não queria ela, Bella, nunca quis. Eu estava pensando em você, pensando em nós. 

Bella estava atônita, pensara que Edward estava se relacionando com as duas, ou quem sabe quantas mais, ao mesmo tempo. Sua declaração a arrebatou, não esperava por aquilo. Sentia seu coração aquecer, mas o que significava? Não muita coisa, imaginava.

— Eu também passei por isso algumas vezes.

— Pensando em mim? Ou com outro? Quem, Bella? Me diga! - Ele ficara indignado com a sua declaração, a única parte verdadeira era que ele não saía de sua cabeça, mas Bella poderia se divertir por um momento avaliando seu ciúmes.

— Isso não vem ao caso Edward, nada disso importa, não poderemos ficar juntos de qualquer forma. Você tem apenas mais um baile para encontrar uma esposa. E eu não quero mais me esconder naquela despensa com você.

— Eu já a encontrei. - Ela sabia que aquilo poderia acabar em chamas ou no paraíso. Ainda assim, aquela frase conseguira despedaçar seu coração em pedacinhos, em questão de segundos. Precisava sair dali o mais rápido possível. Edward se aproximara novamente da cozinheira, pegara suas mãos e ignorara a resistência da mesma. — É você Isabella, me dei conta que te amava naquele instante. Desculpe se demorei a perceber e a expressar. É você que quero como minha esposa, é ao seu lado que gostaria de passar a minha vida. Não pensei que isso aconteceria comigo, antes de te conhecer. Case-se comigo, minha amada Bella.

— O-o q-que? - Ela estava confusa, não poderia ter escutado o que achara ter escutado. Não seria possível. Aquilo não acontecia na vida real. — O que está dizendo, Edward? Você enlouqueceu? - Ele abrira um sorriso de orelha a orelha.

— Enlouqueci. Por você. - Edward se aproximara ainda mais de Bella. Colocara as mãos em sua cintura e a apertara delicadamente. Levara seu rosto junto da orelha dela. Sua respiração causando arrepios. — Case-se comigo.

— E-Edward… isso, isso não é possível. - Estava estremecida com o toque dele. O cheiro inebriante de sabão de coco penetrava suas narinas. — Eu… eu preciso voltar para meu pai, para nossa casa.

— Não há nada nesse mundo que me impossibilite de ficar ao seu lado, Bella. Case-se comigo e iremos juntos ficar ao lado de seu pai, pelo tempo que você desejar. Podemos também trazê-lo para cá. Só quero que saiba que vai chegar a hora em que precisarei assumir a coroa e careço da minha rainha ao meu lado, você.

— Rainha… Meu Deus… Edward, está falando sério? - Aquilo não parecia real, nem mesmo um sonho.

— É claro que estou. Eu te amo, minha Bella. - Ele levou as mãos ao rosto da morena, limpava as lágrimas que ela nem reparara que caía por seu rosto.

— Ah, Edward! Eu te amo tanto. - Dissera emocionada, em meio às lágrimas. O sorriso de ambos poderia iluminar Volterra inteira.

— Case-se comigo? 

— Sim, eu me caso com você. Príncipe Edward. - Ele estava radiante, pegara o rosto de Bella e selara seus lábios com intensidade.

Ele caminhara para perto da cama e levara o corpo de Bella consigo. Deitou-a delicadamente em sua cama e a observou, os olhos em chama de desejo, por ele.

— Como iremos fazer isso? - Edward arqueara a sobrancelha e ouvira Bella rir. — Estou falando do casamento, é claro. Será mesmo possível? Eu não faço parte da mesma sociedade que você Edward. Seus pais irão aceitar? Ai meu Deus, será que vão me prender? - Agora era a vez do príncipe cair na gargalhada.

— Xiii, não se preocupe. Eu tenho um plano e ninguém será preso. Agora por favor, será que podemos aproveitar nosso momento? Seremos marido e mulher afinal. Tem ideia do quanto lhe desejo? - Ele dissera enquanto espalhava beijos pelo pescoço de Bella. Ardia de desejo pela mulher a sua frente, a mesma que aceitara se casar com ele. Não teria uma alma viva que pudesse impedir sua escolha. 

— Tudo bem. - Bella respondera com a voz entrecortada. O gemido que viera a seguir foi o estímulo para que Edward seguisse em frente. Finalmente a teria.

O príncipe deixara a jovem deitada enquanto se levantou por um momento. Tinha a visão do paraíso mirando Bella deitada, com os cabelos escuros espalhados pela cama, a boca inchada e os olhos intensos. Resolvera tirar seus trajes, se enroscara com a camisa tamanha euforia em que se encontrava. Vira Bella morder os lábios o observando. 

Ela também estava em completo êxtase observando a movimentação de Edward. Seu corpo era absurdo, escultural. Não conseguia mais se conter, resolvera acompanhá-lo e começara a se livrar de seu vestido. Tinha um pouco mais de dificuldade do que o príncipe devido ao tanto de amarras que possuía em sua roupa. 

Quando se deu conta, Edward estava parado, a admirando. Seu toque, no entanto, era frenético. Conseguira ajudar com uma rapidez impressionante. Nada mais impedia o contato de seus corpos. Seus movimentos estavam em sintonia, parecia que se conheciam há tempos.

O frenesi pairava sobre eles. Seria maravilhoso, para dizer o mínimo, dormir nos braços de seu amor.

 

Os dias sucederam rápido demais na opinião de Edward. Quando se estava feliz e apaixonado, a vida não demorava a acontecer. Passara dias e noites maravilhosas ao lado de Bella, não sentia mais medo de esconder sua proximidade. Ela o acompanhava em seu cultivo e ele a acompanhava em suas receitas. Alguns funcionários o olhavam de soslaio, mas nada falavam a eles. Bella tinha ciência dos comentários que surgiram pelo palácio e pouco se importava. 

Contudo, chegara a hora de anunciar à seus pais. Bella enviaria uma carta à Charlie assim que a situação deles se confirmassem e ninguém fosse preso, segundo a cozinheira. O príncipe convocara uma reunião especial com seus familiares para lhes contar a novidade. Estava tentando fugir de seus pais nesses últimos dias até resolver tudo que precisaria para seu dito plano.

Um dia antes do último baile da temporada, a família Cullen de Volterra se reuniu em um jantar. Alice e Jasper Whitlock de Florença e Rosalie e Emmett McCarty de Verona também compareceram. Estavam todos juntos mais uma vez, para a graça do príncipe.

— Boa noite à todos.

— E lá vamos nós mais uma vez com um pronunciamento oficial do Príncipe Edward. - Rosalie dissera com ironia. — Que gentil de sua parte nos presentear com a sua presença para o jantar que você mesmo organizou.

— Sempre tão simpática minha adorada irmã. - Ele dissera, provocando a risada de Emmett, Jasper e Alice enquanto Rosalie o fuzilava com o olhar. — Agradeço a presença de todos. Acho que já sabem do que se trata. - Edward olhava para sua mãe, esperava a benção dela antes de todos. — Como eu disse no último baile, antes da… pequena confusão que presenciamos.

— Nós presenciamos e você participou. - Era a voz de Alice que o interrompera.

— Enfim, gostaria de formalizar para vocês que a mulher pela qual logo poderei chamar de esposa aceitou o meu pedido.

— Ah meu filho, que felicidade. - Rainha Esme já estava emocionada com o discurso do filho. Juntou-se a ela um coro de parabéns ao príncipe. — Você irá nos apresentar a ela? Aquela jovem loira?

— Estou sim muito feliz, minha adorada mãe. Hoje posso dizer que encontrei o que sempre vi em você e meu pai. Vocês já a conhecem, sim. - Edward se virara e dissera diretamente à seus pais. — Mas a mulher que eu amo e a qual me refiro se chama Isabella. Ela prefere ser chamada de Bella, se puderem por favor. Ela é a ajudante de cozinha de Sue, entrara após a saída de Victoria. É a cozinheira a qual nosso pai tanto elogia a comida ultimamente. - Rei Carlisle arregalara os olhos mas nada dissera.

— Uma plebeia, Edward, sério? Isso é tão a sua cara. - Rosalie rira com a expressão carrancuda que aparecera no rosto de irmão.

— É a dama da qual você salvou de Tanya na outra noite? Ela é linda Edward! Até demais para você.

— É, eu sei, Alice. Você está coberta de razão, mas para minha sorte, ainda assim, ela me ama como eu a amo. Enfim, quero apresentá-la no baile amanhã, tudo bem? - Edward se voltara novamente a seus pais. Sua mãe estava com uma expressão incerta no rosto e seu pai continuara pensativo.

— Não é isso que estávamos esperando, confesso. Contudo, se é isso que quer e o que te fará feliz, não irei me opor. Irei recebê-la de braços abertos em nossa família, Edward. - Ouvir aquela declaração de sua mãe o deixava extremamente feliz, um passo a mais dado no caminho de sua estratégia.

— Obrigada, mãe. Sabia que entenderia minha felicidade genuína. Porém, isso não é tudo. Vejam bem, Bella perdera a mãe enquanto ainda era nova e seu pai estava servindo à guerra até pouco tempo. - Sentira a comoção tomar conta do cômodo. — Ela gostaria de voltar à sua casa, no vilarejo de campo próximo ao litoral, para ficar junto de seu pai durante algum tempo. Mais tarde convencê-lo a partir para cá. - Ele esperara a reação de seu pai. Era a que mais temia. O Rei não era um carrasco, contudo preservava as tradições reais com afinco. — É o que peço a vocês. Encontrei uma esposa, um amor, ainda assim gostaria de conceder às suas vontades, longe daqui, antes de ter que lidar oficialmente com minhas obrigações.

Rei Carlisle suspirava alto, todos ali presentes aguardavam seu pronunciamento.

— Edward. - Começara com severidade na voz. — Como sua irmã dissera, deveríamos ter previsto que você não sucumbiria a qualquer jovem da sociedade apenas para cumprir com sua palavra. Sei o quanto você se esforçou nesse ano para nos agradar e estou satisfeito que tenha encontrado alguém, assim como encontrei sua mãe, como Alice encontrou Jasper, como Rosalie encontrou Emmett e agora como você encontrou… Bella? - Edward assentira à pergunta do pai. — Posso sim conceder o seu pedido, meu filho, todavia espero que esteja preparado para o anúncio. Estará fora de meu alcance o que podem falar por aí.

— Não me preocupo com isso, pai.

— Sendo assim, mal posso esperar para conhecer minha nova filha. - Aquilo aquecera o coração de Edward, não esperava que fossem receber tão bem sua proposta. — Só não posso lhe prometer que seu dever não irá te chamar logo, com isso, não irei admitir que nos deixe ao alento.

— Não se preocupe, cumprirei minha palavra. Com Bella ao meu lado.

— Ah, que felicidade! Mal posso esperar para conhecê-la amanhã. - Alice se pronunciara animada.

— Por favor, me deixe cuidar do preparo e das vestimentas dela, quero que minha futura filha se apresente como a princesa que é. - Esme dissera ao filho, que concordou de prontidão com seu pedido.

Quando finalizaram o jantar, Edward correra aos aposentos de Bella para lhe dar a boa notícia. Sua alegria a contagiava, estava muito satisfeito com a aceitação de sua família. Já a estavam considerando como filha, vejam só. Passaram mais uma noite juntos, a última nos aposentos de Bella, ao fundo do castelo. Logo mais iriam ter sua própria casa de campo, seu próprio quarto, no vilarejo de Bella. Rei Carlisle já organizara tudo. Era sim um homem de sorte!

— Vamos dormir, minha Bella. Amanhã será um dia cheio. Hoje você dorme como ajudante de cozinheira do castelo, amanhã como princesa. - Edward sentira a gargalhada de Bella eletrizando sua pele.

— Nem em meus melhores sonhos, isso me aconteceria.

— Posso dizer o mesmo. - Ele a olhava com ternura, o amor sobressaindo em seu olhar. Estavam falando de coisas diferentes e Bella sabia disso. Ele a beijou com doçura e dedicação. Se pudesse passaria horas de sua vida do jeito que se encontravam, nos braços um do outro.

 

— Edward, tem mesmo certeza que quer fazer isso? Isso poderá te arruinar para o resto da vida, não com sua família, você sabe, mas com a sociedade que você futuramente reinará. - Bella dissera nervosa. Pela primeira vez usava um vestido deslumbrante, se sentia realmente uma princesa em um conto de fadas. Edward não estava diferente, um digno príncipe. E ele era seu príncipe. Rainha Esme decidira combinar elementos de suas vestimentas, um verdadeiro casal real. Ainda assim, o que o príncipe não parara de falar ao pé do ouvido da morena era que não via a hora de tirá-los daquelas vestes.

— Nunca estive tão certo em toda a minha vida, meu amor. Eu concluí que, já que vou para o inferno, posso muito bem fazer o serviço completo. - Ele apertara a mão de Bella e entrelaçava seus braços, sentira a mão dela em suas costas enquanto a conduzia até a entrada do baile. Estavam juntos e finalmente poderiam se expor a todos, sem qualquer tipo de apreensão. Bella era sua princesa e futura rainha. Finalmente.

 

Chegara o dia. Aquilo ia mesmo acontecer. Era óbvio. Bella aceitara o pedido de casamento de Edward, mas vinha se sentindo tão feliz e anestesiada que nada parecia real. Só que agora ela estava em pé, na porta da capela, segurando um ramalhete de flores que o próprio príncipe, seu futuro marido, plantara e colhera. 

Edward e Bella optaram por uma cerimônia íntima. Charlie recebera a notícia via carta e logo mais respondera que estava se encaminhando para Volterra. O encontro das famílias foi amigável, felizmente todos se deram muito bem e estavam felizes por poderem se juntar em uma família só. Charlie conhecera Sue e a agradecera, de forma demasiada aos olhos de Bella, pelo cuidado que a senhora teve com a jovem.

Os Cullen, rainha Esme especificamente, trataram de cuidar da cerimônia. Conseguira deixar tudo perfeito no local, enquanto Alice e Rosalie trataram de ficar aos cuidados de Bella.

Todos já estavam presentes, aguardavam a entrada da princesa. Edward não se sentia nervoso, pelo contrário, seu corpo emanava serenidade. Esperava por isso e finalmente estava acontecendo. Seu coração acelerou quando vira sua amada no fim do corredor. Estava deslumbrante, a mais bela que já vira em toda sua vida. A morena se aproximava lentamente, ao som romântico que tocava ao fundo. Quando se pôs ao seu lado, Edward não conseguira resistir, precisava tocá-la. Segurou a mão de Bella em sua e deram início à cerimônia.

— Sim, eu aceito. - Respondera emocionado, seu coração estava explodindo de felicidade. Observava Bella sorrir genuinamente e pôde ler um “Tem certeza?” saindo de seus lábios silenciosamente. — Nunca estive tão certo em toda a minha vida, meu amor. - O sorriso dela se alargara ainda mais, se isso fosse possível, ao ouvir aquela declaração vinda dele.

Não conseguiam desviar os olhos um do outros, estavam mergulhados em seu próprio mundo. Só existiam os dois ali, naquele momento, nada mais importava.

— Sim. Para todo o sempre sim. - Edward agarrara a cintura de Bella ao ouvir as palavras de sua, agora, esposa. A beijara com todo o amor que transbordava de seu corpo e alma. Podia-se ouvir a comemoração das famílias e amigos próximos quando o casamento se dera oficialmente realizado. — Me leve para casa, meu amor. - Bella dissera aos ouvidos de Edward no momento em que precisaram se separar à procura de ar. Coisa que não durara muito, pois o príncipe tratou logo de voltar a colar seus lábios aos dela. Se pudesse, não desgrudaria nunca mais daquela boca cor de escarlate pelo qual ficara fascinado desde o primeiro momento em que a viu.


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Notas finais do capítulo

Essa foi a minha primeira história Beward escrita e finalizada depois de muito tempo parada. Me diverti muito com eles e espero que gostem tanto quanto eu!



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