Milo fica pensativo após Shiryu o contar sobre como conhecia seu golpe Antares do futuro.

— Será essa história verdade? Ele seria o primeiro a receber esse golpe, mas diz que já enfrentei um amigo dele no futuro... Será que a Athena que veio do futuro também é verdade? Mas se Odysseus voltar à vida, Athena não terá mais lugar aqui.

— Como pode dizer isso Milo? Você sempre foi tão leal a Athena! – Grita Shiryu.

Milo segue de costas a Shiryu e admira sua valentia.

— Você é um bravo cavaleiro Shiryu. Em respeito ao seu espírito de luta devo te contar o porquê Odysseus é mais importante do que Athena...

Milo relembra quando ele ainda era uma criança aspirante a cavaleiro. Ele estava muito doente acamado. Um homem com capuz adentra a casa onde ele repousava.

— Milo?

— É o senhor... Odysseus!

O homem se aproximou do menino Milo ao pé da cama.

— Ouvi boatos que você não está bem de saúde.

— Sim, o meu corpo está travando... Eu estou perdendo meus movimentos.

Milo mostrou para o homem que ele já não conseguia mover mais o braço esquerdo. Sua boca também travava, e ele falava com dificuldade.

— Muito estranho. – Reparou o homem. – Seu corpo está criando uma condição estática, o deixando em muitas partes sem movimentos. Tudo isso está sendo alguma reação do seu sangue. Desde quando você tem esses sintomas?

— Desde que fui picado por um escorpião durante o treinamento. – Respondeu Milo.

O homem colocou a mão no queixo e se mostrou pensativo...

— Por um escorpião? Então tudo isso é reação do veneno do escorpião que neutraliza seu sangue e nesse caso está atingindo seus músculos e te privando dos movimentos. Se sua situação piorar, você pode entrar em um estado crítico de imobilidade.

Milo levou um susto com a revelação.

— Isso significa que eu posso fica imóvel?

— Sim Milo. Você vai se tornar um ser totalmente imóvel, sem condições de fazer nada sozinho. Quase uma estátua.

Milo não conteve o choro ao escutar tal revelação.

— Mas se você reverter essa situação e dominar esse veneno pode ser uma condição valiosa para quando você se tornar cavaleiro de Escorpião. Não te deixarei morrer!

Odysseus, que era médico, começou a fazer transfusões de sangue em Milo.

— Milo a causa dessa doença está no seu sangue. Se extrair o seu sangue, misturá-lo com o meu e recebê-lo de volta escapará da morte certa.

— Mas senhor Odysseus, ouvi falar que seu o sangue de outra pessoa não for compatível, o corpo irá rejeitá-lo.

Odysseus sorriu para Milo após escutá-lo e o olhou.

— Eu tenho sangue dourado.

— Como assim?

Odysseus começou a explicar para o menino Milo:

— Esse é o tipo de sangue que permite fazer transfusão para qualquer pessoa. Dizem que uma em cada milhões tem.

Odysseus revelou que já fez transfusão de sangue para outros cavaleiros, salvando suas vidas. Milo se atentou a algo.

— Mas isso significa que um dia o seu corpo vai...

— Não precisa se preocupar comigo. – Interrompeu Odysseus. – Uma guerra Santa acontecerá em breve. Se perdermos essa guerra a humanidade deixará de existir na Terra. Por isso mesmo que sozinho preciso garantir o maior número de cavaleiros possível para lutar. Por esse ideal eu não me importo em perder minha vida.

Milo chorou emocionado com a nobreza de Odysseus. O homem passou a acompanhar de perto o treinamento de Milo, além de ajudar nesses treinamentos. Milo se recordou de tempos depois de ver Odysseus morto. Muitos cavaleiros estavam chorando entre eles Milo, Camus, Aldebaran, Aioria, Shaka e Afrodite.

Milo está contando tudo isso diante de Shiryu. Ele continua.

— Ele generosamente compartilhou seu sangue e seu corpo. Ele que salvou tantos cavaleiros, seu corpo acabou desgastando. Sua morte no Santuário foi como a morte de um deus. Entendeu agora Shiryu? E nesse momento a grandiosidade de meu mestre Odysseus está prestes a reviver. Em breve não teremos mais o porquê seguirmos Athena.

— Você está errado Milo!

Milo não gosta do comentário contrário de Shiryu. Ele eleva seu cosmo e ergue seu dedo. Mais ferroadas são lançadas e Shiryu grita. Milo volta a mirar sua unha.

— Se você não é capaz de entender e continua a se opor então deverá morrer. Receba a último golpe da Agulha Escarlate: “Antares”.

Shiryu explode seu cosmo. O bastão do Mestre Ancião o defende do golpe.

— Isso é impossível! Como esse bastão pode ajudá-lo?

O bastão é destruído e uma joia surge de dentro dele. Milo não entende.

— A joia estava escondida no bastão do Mestre Ancião. É a joia do deus dragão!

— Mestre Ancião? – Questiona Milo.

O dragão das costas de Shiryu segura a joia.

— O Mestre Ancião uma vez me disse que alcançando o mais alto nível de paciência o deus dragão concederia sua joia àquele que conseguisse. Agora que eu despertei daquele sonho tranquilo para o campo de batalha, ganhei o reconhecimento do deus dragão. Isso é concedido àqueles que são capazes de suportar qualquer tipo de dor ou sofrimento.

Milo abaixa a cabeça e fecha os olhos.

— Se o deus dragão te reconheceu significa que você é um homem com forte senso de justiça e perseverança inabalável. Mas sua situação não vai mudar só porque adquiriu essa joia. No seu estado, todos os ferimentos piorarão.

As ferroadas em Shiryu começam a jorrar sangue e ele volta a cair. Milo o olha.

— Agora você começará a perder os cinco sentidos. A morte está próxima...

Shiryu tenta com o resto de suas forças acertar um soco em Milo, mas o cavaleiro de Ouro desvia. Milo diz a Shiryu que não quer que ele morra, e quer deixá-lo viver, mas longe dali. Shiryu diz que escolheu o caminho de ser um guerreiro em vez de um caminho pacífico e foi por esse motivo que o deus dragão o reconheceu.

— Então se é assim vou respeitar o caminho que escolheu. E acabará morrendo aqui. Dedicarei ao deus dragão o golpe final: “Antares”.

— Milo você receberá a o punho do dragão que carrega a jóia, meu golpe mais poderoso: “Cólera do Dragão”.

Os golpes se atravessam. Shiryu e Milo ficam de costas um para outro.

— Como imaginava. Milo você é um grande cavaleiro de Ouro. Eu perdi. — Shiryu vai ao chão sangrando muito.

— Não Shiryu, eu que perdi. Você quebrou a agulha do escorpião. — Milo levanta seu dedo com sua unha partida.

Shiryu segue se arrastando e diz que irá até Athena mesmo estando diante da morte. Ele pode cair, mas continuará se levantando. Milo está surpreso e admirado, assim como no futuro ficou diante de Hyoga na mesma situação.

— Não se mova Shiryu!

Milo acerta uma nova ferroada em Shiryu. O cavaleiro de Dragão volta ao chão.

— Acabei de acertar um ponto vital seu. Você deixará de sangrar e recuperará os cinco sentidos.

Shiryu está surpreso. Ele olha para Milo que o acodiu.

— Mas por que Milo?

— Já disse que eu perdi esse combate. Agora vá em frente para junto de Athena.

— Milo...

O cavaleiro de Escorpião fica de costas a Shiryu. A saída da casa está na frente do cavaleiro de Bronze.

— Dentro de pouco tempo a casa de Serpentário irá surgir. A partir de agora eu não sei de nada que irá acontecer. Talvez tenhamos que lutar novamente uma próxima vez e dessa vez sem dúvidas ocorrerá uma morte. Nas eras mitológicas existia uma casa entre Escorpião e Sagitário, a lendária casa de Serpentário. E meu mestre Odysseus renascerá como o décimo terceiro cavaleiro de Ouro.

— Entendo Milo. Se isso de fato for acontecer nos veremos mais para frente.

Shiryu sente seu corpo voltando ao normal. Ele consegue deixar a casa de Escorpião. Milo segue de cabeça baixa e olhos fechados.

CASA DE CAPRICÓRNIO

O tremor segue na décima casa. Shura volta a olhar Hyoga e pede para ele fugir e deixar a menina Athena no chão. Se ele não fizer isso, terá a cabeça cortada.

— Shura eu estou preparado para morrer.

Shura fecha os olhos e eleva o braço.

— Muito bem, então morra.

O braço de Shura é completamente congelado. Shura se surpreende.

— Sua espada é extremamente afiada. Mas eu não posso morrer e deixar que Athena corra algum risco de se ferir também. Mas congelei seu braço apenas superficialmente, logo você poderá utilizá-lo novamente. E você assim como eu você é um cavaleiro de Athena, você é meu aliado. Sei que você também quer proteger Athena.

Várias serpentes surgem na casa de Capricórnio. A afiada Excalibur decepa todas.

— Essas serpentes não sei se são mensageiros de Odysseus ou simples servas. Mas a realidade é que a proximidade do renascimento do décimo terceiro cavaleiro de Ouro e da casa de Serpentário trouxe essas serpentes. Agora vá embora Hyoga. Já pude ver o tamanho de sua determinação. Então eu também deixarei Athena em suas mãos.

— Shura! – Exclama Hyoga.

Um golpe de Shura estanca a hemorragia dos sangramentos dos cortes no corpo de Hyoga. O cavaleiro de Cisne agradece.

— Tenho que partir o mais rápido possível!

Shura olha em direção a casa anterior, Sagitário, e avista Hyoga seguindo o caminho.

— Mas que sensação é essa? Eu sinto como se Aioros... Estivesse presente na casa de Sagitário!

CASA DE SAGITÁRIO

Hyoga adentra a casa de Sagitário. Ele avista de longe a armadura de Ouro de Sagitário que estava apontando a flecha para o caminho da escadaria para a casa de Escorpião. Ela desvia e mira em Hyoga.

— Mas o que é isso? A armadura de Sagitário está apontando essa flecha ameaçadoramente para mim!

Hyoga anda para o lado direito, e a flecha muda de posição e volta a apontar para ele. Hyoga vai para o lado esquerdo, e o mesmo acontece.

— Mas por quê? A armadura está me vendo como inimigo?

A flecha dispara contra Hyoga que está segurando Athena. A flecha fere seu ombro de raspão. O arco da armadura volta a armar a flecha.

— Se a armadura continuar a disparar... Athena poderá ser ferida! – Diz Hyoga.

Hyoga coloca Athena no chão bem atrás e a pede para esperar. Ele eleva seu cosmo e prepara seu golpe.

— Mesmo sendo uma armadura de Ouro devo congelá-la mesmo que por um instante. Será o bastante para sair daqui. Eleve cosmo: “Pó de diamante”.

A armadura de Sagitário é congelada. Hyoga volta a pegar Athena no colo.

— Vamos Athena. A armadura ficará sem se mover por algum tempo.

Em segundos e gelo derrete e a flecha de Sagitário dispara contra a perna de Hyoga. Ele grita.

— Argh...

A armadura de Sagitário se desmonta. Suas partes flutuam no ar. Hyoga não entende nada.

— Mas o que é isso?

— Esse ar gelado não terá condições de fazer algum efeito na armadura de Ouro cavaleiro de Cisne!

Hyoga olha pela casa. Ele procura quem falou aquilo. As partes da armadura seguem flutuando. Ele retira a flecha de sua perna, a joga no chão e a mesma também flutua.

A armadura se monta em um homem. Hyoga arregala os olhos e limpa a visão, acreditando estar vendo uma ilusão.

— Mas não pode ser... Eu sei que esse é... Aioros de Sagitário.

Aioros fecha os olhos e volta a mirar a flecha em direção a Hyoga. O cavaleiro de Cisne o mostra Athena.

— Aioros veja, eu estou com Athena. Aquela que você salvou a vida há muitos anos atrás. Aquela que você sacrificou sua vida. Por que está apontando essa flecha para mim?

— Com um golpe desse nível que você pretende se apresentar diante de Odysseus? – Questiona Aioros.

Hyoga se aproxima de Aioros, que segue apontando sua flecha para ele.

— Será que a alma de Aioros está projetada na armadura... Será que ele deve ter sido invocado por conta do renascimento de Odysseus? Sua alma logo deve desaparecer.

Aioros voa com as asas de Sagitário, agarra Hyoga por trás e o lança contra o chão. Athena cai e Hyoga consegue segurá-la.

— Não pode ser... Ele me agarrou. Aioros está aqui de corpo presente? Como isso pode ser possível?

Aioros se aproxima de Hyoga que o olha espantado.