Gabriela contemplava a ascensão do firmamento pela escada da Via-Láctea, entre choque e deleite, por ver algo tão belo.   

Ocorreu-lhe, então, que ali estava sua salvação.  

Esperava a criatura desaparecer, para a seguir, quando ouviu um sibilo baixo, acompanhado de um arrastar, muito próximo de seus pés. Uma cobra.  

Em um reflexo, pulou clareira adentro, um grito assustado irrompendo sua garganta, as costas se chocando contra algo sólido.  

— Calma — disse uma voz aveludada e confiante, a amainar —, ela não é venenosa. 

Gabi, sobressaltada, virou-se para encontrar o olhar do ser divino.  

Seus olhos, violetas, expressavam curiosidade pela garota perdida.