Noite adentro escrita por Mandalay


Capítulo 1
Noite adentro — capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Da infame série de textos que escrevo sem motivo algum e que vão para lugar nenhum, acrescento essa oneshot, que se escreveu inspirada por uma fanart bem dramática de yatori ':)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807302/chapter/1

As previsões diziam que uma tempestade viria ao cair da noite e fora com as gotas pesadas rente a janela que ela acordara, se sobressaindo dos cobertores devido a um forte clarão seguido de um intenso estrondo. O vento não parecia colaborar chacoalhando o que encontrava pelo caminho, causando sons estranhos demais para que ela conseguisse distinguir o que poderia ser e trazendo calafrios as partes descobertas de seu corpo graças as frestas que esse respiro de ar frio conseguia encontrar, assim adentrando cômodo onde estava. Seu corpo zunia enquanto a mente recapitulava o que acontecia ao seu redor. Luzes piscando lá fora. Assobios horríveis soando enquanto ela esfregava os braços e ia em direção a cozinha, o clima congelante preenchendo cada cômodo pelo qual passava. Algo não parecia certo... algo estava faltando e sua mente falhava em conseguir se lembrar... algo que queimava a ponta de sua língua mas parecia distante demais para formar palavras.

A chuva parecia não ter fim.

O vento era impiedoso.

Calafrios corriam soltos por seus membros.

Um forte clarão iluminava a cozinha quando ela vira uma sombra obscura do lado de fora da janela ampla, saltando de susto em seguida.

Seus olhos buscaram pela figura novamente mas ela não estava mais ali.

A sede que sentira desaparecera quando seus pés voltaram correndo para o quarto de onde saíra, sua mente lhe suprindo o que poderia ter visto enquanto ela buscava por algo pesado para vestir e depois correndo em direção á porta de entrada.

Os clarões e estrondos ficavam mais intensos.

Do lado de fora o vento poderia tê-la levado facilmente se não fosse pelo enorme cilindro de nuvens condensadas que subiam até onde a vista alcançava mas ela não perdera muito tempo observando, indo até a janela de sua cozinha e não encontrando ninguém ali. O corpo pesava diante da chuva e seu susto parecia diminuir circundando a casa até a sombra reaparecer acompanhada de um corpo sólido.

Os clarões a ajudaram a constatar que ela não estava delirando de sono, havia uma sombra no chão e ele estava tão encharcado quanto ela, seus sentidos puderam notar tal detalhe quando ele se aproximara e segurara seu rosto com ambas as mãos. Gelado demais. Ele a olhava vislumbrado, lágrimas pareciam se misturar a chuva quando sua testa se aproximara á dela.

— Eu pensei que tivesse te perdido.

E apenas com aquelas palavras um nome voltara a ter letras em sua língua.

— Yato...

Seu coração pulsava freneticamente vendo os olhos azulados nos poucos pontos iluminados de seu jardim.

— Yato!

Ela queria rir, o quão contente se sentia em finalmente poder dizer aquele nome novamente, seus braços se agarrando ao pescoço e fosse qual fosse as peças de roupa encharcadas que ele usava.

— Como é bom poder ouvir a sua voz, Hiyori.

Ela queria chorar, soluçar mas só conseguia se agarrar ao corpo dele tão sólido e gelado e molhado quanto o dela.

— É você! É você mesmo, de verdade!

Ele rira segurando o corpo dela ainda mais próximo ao dele.

— Sentiu minha falta?

O corpo dela tremia, mas não de frio.

Então os soluços vieram, um seguido do outro e ela apenas conseguia chorar livremente diante daquele presente.

Quando o olhou nos olhos sua vista estava embaçada demais para distingui-lo, a chuva caía o vento rodopiava e assobiava os relâmpagos e trovões castigavam a noite mas ele estava ali - diante dela - novamente. Ele enfim cumprira sua promessa.

— E como eu poderia sentir falta de alguém que esqueci?

Ele fez uma careta.

— Me desculpe por isso.

E ela negou.

— Não mesmo.

E ele retrucaria se ela não houvesse começado a cutucá-lo, acentuando cada palavra que proferia.

— Você me diz que vai voltar, me promete que nada de ruim vai me acontecer e pra quê? Para que eu me esqueça de você em seguida?! Você achou que seria engraçado Yato, pensou que seria divertido me aparecer desse jeito, no meio dessa tempestade?!

As mãos dele seguraram seu ombros enquanto seus olhos se voltaram para as nuvens subindo em um cilindro.

— A tempestade é culpa minha.

Ela bufou.

— Você é incorrigível.

— E eu adoraria poder passar o resto dela com você Hiyori.

Os olhos dele brilhavam gloriosamente quando se voltaram para ela e um suspiro vencido a acometera. Ele voltara. E dessa vez para ficar com ela.

— Vamos para dentro, não quero ficar doente.

Era um feito incrível o dela ter conseguido trazê-lo para perto dela mais uma vez.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Noite adentro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.