CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 27
O Vírus Legado - PARTE 1




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O Aeroporto Internacional de Congonhas, ficou fechado por semanas e claro, foi notícia nos principais jornais do país e também no exterior. Os voos de passageiros e de carga foram direcionados em grande parte para os aeroportos de Guarulhos e Viracopos em Campinas. Também estavam sendo utilizados com maior fluxo os situados no Campo de Marte e em Sorocaba, Ribeirão Preto e Bauru. Os ataques de Cassiopéia e dos Lycans chamou a atenção de países como os Estados Unidos, França, China e até o Japão. As autoridades internacionais cobravam do governo brasileiro atitudes mais severas contra ataques terroristas, principalmente àqueles perpetrados por mutantes. Somado a isso, a “caça a mutantes” ganhava força, principalmente com o incentivo de políticos radicais e conservadores. Se isso não fosse o bastante, alguns dos CelleXtys que lutaram no Aeroporto começaram a passar por um quadro virótico suspeito.

Carcará começou a perder o controle sobre os seus poderes, assumindo a forma de uma ave de rapina que lhe dá o nome, em momentos inesperados. Além de Carcará, Lídia também perdia gradualmente o controle dos seus poderes telepáticos precisando da ajuda de Isabelle que conseguia manter a mente da menina instável, porém, também começava a dar sinais de enfermidade, com fortes dores pelo corpo, febre constante e suando frio. Por vezes as ligações telepáticas que ambas assumiram causavam um desiquilíbrio psíquico que afetava a todos na EBX. Gerson que já estava ferido devido ao ataque dos Lycans, agora detinha febre alta e delirante. O mesmo ocorria com Ivan. As únicas exceções pareciam ser Basco, Gregory, Madalena, La’Vern e Lucius! Em menos de 48 horas, os relatos de um possível novo ataque virótico começaram a ganhar os noticiários. As reportagens davam conta de mutantes perdendo o controle sobre os seus poderes e morrendo pouco tempo depois. Ao que tudo indicava, tratava-se de um vírus que contaminava apenas os mutantes e nos EUA já havia matado centenas! Basco entra em contato novamente com sua amiga Danielle Moonstar, a mutante Miragem, para descrever o que estava ocorrendo na EBX. Danielle é categórica: — Vocês foram expostos ao Vírus Legado!

A indígena chayenne revela à Basco que o vírus, conhecido como a "Praga Mutante", foi criado pelo mutante secular Apocalipse no futuro onde o mutante Cable, filho de Scott Summers e Madeleyne Pryor cresceu. Naquele local inóspito, um clone de Cable conhecido como Conflyto, rouba o vírus de Apocalipse e foge pelo espaço tempo, indo parar no passado (há cerca de 2 anos em nosso presente). Conflyto libera o vírus nos EUA e a ameaça começa a se espalhar rapidamente, porém ainda não havia chegado na América do Sul. O Vírus Legado caracteriza-se por enfraquecer lentamente seu hospedeiro, culminando num total descontrole de suas habilidades mutantes, além de considerável baixa em suas defesas imunológicas, o que resultava em infecções generalizadas e por fim…a morte. Danielle suspeitava que um dos jovens da Geração X tenha trazido o vírus para o Brasil e entregue a Cassiopéia! Basco descobre que, infelizmente, a doença ainda não tinha nenhuma cura. O Dr. Hank McKoy, conhecido como Fera e a Dra. Moira McTaggert, amiga de longa data do Professor X, trabalhavam incansavelmente em uma cura ao mesmo tempo em que tentavam descobrir o porquê alguns mutantes eram contaminados e outros não. No Brasil, os CelleXtys não infectados começam uma árdua jornada em busca de uma possível cura. Inquisidor, busca informações na sua fé e nos antigos manuscritos do Mosteiro de São Bento. Madalena parte para uma região de mata fechada na Serra da Cantareira onde tenta conseguir, em isolamento, uma maior concentração do seu poder que provêm da energia lunar e busca na floresta uma esperança. La’Vern vai até o Mascarade tentar obter algum apoio da Geração Vamp. Enquanto isso, Gregory cuida dos colegas da equipe infectados e Basco toma um rumo perigoso, retornando ao Limbo!

Restinga de Marambaia

O local paradisíaco fica em área militar, administrada pelas Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – e tem praias de acesso restrito. A restinga, que na verdade é uma ilha, é ligada à Barra de Guaratiba – na Zona Oeste do Rio de Janeiro – pela Ponte Velha, construída em 1945 e que passa sobre o Canal do Bacalhau. Antes de ser área militar, a Restinga de Marambaia pertencia ao comendador Joaquim José de Souza Breves, ou apenas comendador Breves – senhor do café e do tráfico de escravos no Rio no século 19 e de mutantes, degredados de Portugal, na época conhecidos como "Sangue-Bruxos". Africanos escravizados trazidos para o Rio, que chegavam subnutridos e fracos, ficavam na Praia do Sino para "engorda" – como era chamado o tempo de recuperação dos sobreviventes da travessia do Atlântico nos navios negreiros. Os navios que chegavam eram chamados de "Tumbeiros". A palavra vem de tumba, e tem uma origem mórbida: muitos morriam nos navios antes de chegar ao destino final. Já os mutantes eram caçados e capturados. Alguns eram entregues aos traficantes de escravos que enviavam os prisioneiros para locais remotos onde sofriam todo o tipo de barbárie. Em colônias e países do oriente, membros de corpos mutantes eram utilizados em poções, medicamentos e até como alimento. Porém, grande parte dos prisioneiros do comendador eram entregues à Igreja que ou os mantinham em cárcere permanente ou submetiam os mutantes a flagelos e em último caso, a inquisição. Atualmente, no interior da ilha e a cerca de 100 metros no subsolo, as Forças Armadas mantinham, secretamente, um verdadeiro complexo militar prisional de segurança máxima. Construído nos anos finais de 1950, o local servia como prisão de inimigos políticos, guerrilheiros, invasores fronteiriços e outros indivíduos considerados inimigos da nação brasileira. Obteve o seu ápice de encarcerados no período da Ditadura Militar e a partir dos anos 1974 a base serviu como local também utilizado para encarcerar mutantes e fazer experimentos científicos com o objetivo de conhecer, desconstruir e se possível eliminar o Gene X! No local havia cerca de 80 indivíduos com poderes espetaculares e que eram contidos com colares que inibiam os seus dons. Os mutantes Althy, Pappylon e os Vampiros Caio e Verônica eram alguns deles. Os corpos de mutantes também eram preservados para estudo após as suas mortes. Testament, Jihad, Brahma e Sphinx foram levados para a ilha e estavam sendo conservados em grandes tanques individuais com líquidos que os mantinham intactos. Mesmo estando em um local tão secreto, a base também não foi páreo para o Virus Legado. Althy, Pappylon e outros mutantes começam a definhar e a perder o controle sobre os seus poderes até que a morte é inevitável. Em menos de 10 dias todos os mutantes presos no complexo são mortos pelo vírus. Caio e Verônica também sucumbem ao vírus o que levou os cientistas a concluírem que mesmo sendo vampiros, ambos eram também mutantes pois nasceram com a mutação vampírica que lhes identificou com são.

MOSTEIRO DE SÃO BENTO

Lucius retorna ao Mosteiro de São Bento na esperança que na rica biblioteca do mosteiro, possa encontrar respostas para a nova ameaça que se abateu sobre os mutantes. Durante dias, o clérigo se debruçou sobre velhos pergaminhos e manuscritos, livros e tomos antigos, muitos destes, oriundos de regiões remotas da Europa. Apesar do mosteiro ser inaugurado em 1922, recebeu diversas doações literárias de colecionadores particulares e de outras instituições religiosas no período da sua inauguração. Muitos documentos datavam do século XVI. Lucius atentou-se nas obras médicas, mas também em outras obras pouco ortodoxas e que retratavam o que no passado ficou conhecido como “Sangue-bruxo”, pessoas com poderes extraordinários, mas excluídos pelo clero e dados como servos das trevas pela igreja. Enquanto detinha toda a sua atenção sobre os documentos, mal percebeu a chegada do então abade do São Bento, irmão Graciliano!

— Irmão Graciliano! O senhor me assustou!— Diz Lucius ao se virar frente à sombra imponente do abade ao seu lado!

Alguma razão em especial pata tal temor, irmão Viriatto? – Respondeu Graciliano que ostentava uma farta barba grisalha lhe aparentando muito maior idade do que realmente tinha. O abade do Mosteiro de São Bento não era apenas respeitado, mas temido por todos. Levava a fama de ser, por vezes, muito radical em suas ideias e sem “papas na língua” ao tratar os pecadores.

— Não meu senhor! Apenas estava concentrado em meus estudos!— Responde Lucius tentando cobrir os manuscritos com livros do estudo do Latim!

— Interessante! Percebi que estava realmente concentrado nos estudos sobre....Sangues-bruxos! Sabia que há quem compare esses servos das trevas do passado com os atuais hereges conhecidos como mutantes!?— Pergunta o abade

— Servos das trevas? Desculpe irmão Graciliano, mas preciso discordar do...

— Esses mutantes— interrompe o abade – são uma praga, um câncer em nossa sociedade! Sua origem é profana e não à toa são perseguidos. Eles ferem a dignidade humana e a divina contemplação e adoração à Kyrie!

— Mas, meu senhor, os mutantes são...

— Pecadores, irmão Lucius!— Interrompe novamente o abade – seres inferiores que trazem a desgraça em tudo o que tocam. Infelizmente não podemos mais retornar aos velhos tempos onde o fogo purificador a tudo apaziguava.

— O senhor quer dizer aos tempos do medo e da perseguição?— Responde Lucius em um tom desafiador.

Graciliano caminha pelo pequeno espaço dos aposentos de Lucius e se aproxima da janela. Ele observa os pássaros cantarem dentre os galhos das frondosas árvores do pátio interno do mosteiro. Seus olhos que até aquele momento fitavam o jovem clérigo à sua frente, agora detinham um olhar de desprezo e irrelevância.

— Você sempre demonstrou compaixão com essa raça de pecadores não é mesmo, irmão Lucius?— Responde Graciliano enquanto se aproxima do monge. — Em respeito ao seu tio, Padre Benício, não irei atrapalhar os seus estudos, mas saiba que eu...sei o que você é! Aproveite a hospitalidade do Mosteiro, irmão. Ele tem data de validade!— Diz Graciliano antes de deixar o quarto de Lucius sem olhar para trás!

Lucius fora pego de surpresa. Não imaginava que alguém no mosteiro soubesse que ele era um mutante, ainda mais o próprio abade. O herói sente algo de sinistro nas palavras do velho Graciliano, algo maligno que transcendia suas palavras ásperas. Lucius sentiu que as palavras do abade eram mais do que um recado....eram uma sentença!

 


Continua....


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