CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 23
Mortos não contam histórias




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Inquisidor dispara seus raios psiônicos contra o francês que para se defender, cria um redemoinho de gelo que emanava do seu cerne, chamas poderosas. La’Vern, por sua vez, avançava ferozmente com sua espada de gelo afiadíssima contra Lucius.

 

— Finalmente terei minha vingança! — Vocifera o francês

— La’Vern, eu não fui o responsável pela morte de Angelique. O próprio pai da moça a matou!

— Ele me avisou que diria isso para tentar se safar, mas não irá funcionar. Sua morte é certa e será agora!

 

A luta entre os dois se mantinha feroz e cruel. Por um triz, o golpe em forma de cruz de Lucius não atingiu o coração de La’Vern. Basco mantinha certa distância, mas evitou se intrometer no entrave. Para Khassan, Lucius deveria ser capaz de resolver suas próprias “pendengas”, contudo, Nevoeiro sentiu que não estava completamente só. Subitamente um dos “residentes” vampirescos do Consolação o agarra pelas costas e o arrasta para a escuridão dentre os túmulos. Vozes grave e agudas que se alternavam, porém, quase sussurrantes circulavam sobre o rapaz...

 

— Vocês, CelleXtys trazem suas pestilências e algozes para importunar o nosso descanso. Invadem o Mascarade a todo o momento e nem vou comentar a desgraça dos Lycans que, graças a vocês, estão infestando a cidade! Pelo menos um de vocês irá pagar!

 

Quando uma das criaturas desavisadas, tenta cravar os seus caninos pelas costas de Basco, o jovem rapidamente, amplia a sua mutação e um denso nevoeiro toma conta de parte do seu corpo. O vampiro o atravessa como se o CelleXty fosse um fantasma! Com uma das mãos solidificada, Basco golpeia o rosto do vampiro, fazendo-o recuar alguns passos. Em segundos, diversos olhos vermelhos surgem entre os mausoléus e túmulos de mármore negro.

 

— Vamos ver quantos aguentam passar alguns anos no Limbo! Podem vir! Vai ser um prazer mandá-los para lá.— Esbravejou Basco que demonstrava um misto de medo e coragem enquanto preparava-se para conjurar um portal!

 

Os vampiros se aproximam do CelleXty, porém, um jovem se destaca. Ele estende o braço à frente do grupo fazendo-os parar com o ataque. Basco e o jovem deveriam ter a mesma idade, pelo menos na aparência física. Nevoeiro estava preparado para abrir um portal de teleporte, mas o rapaz à frente faz um gesto para que cessem as hostilidades. O corpo do jovem vampiresco era como um borrão, uma versão obscura do nevoeiro que Basco criava.

 

— Eu sei quem é você!— Disse o vampiro! — O brinquedo da Verônica! Não queremos briga com o Clã Toreador. Somos “bons vizinhos” e você não vai estragar tudo o que levamos décadas para conquistar. – Ponderava o rapaz de pele pálida e caninos à mostra

 

Com um gesto de mãos do vampiro, as demais criaturas voltam para a escuridão e desaparecem em meio as tumbas. — Qual o seu nome?— Perguntou Basco enquanto voltava a forma humana. — Simeão! Respondeu a criatura. Antes de também desaparecer na penumbra, o jovem vampiro deixa um ultimato à Basco: Os Sete estão chegando, mutante, e esse será o fim da sua maldita raça impura e dos traidores que ousam atravessar o caminho da Geração Vamp!

Basco não entendia do que se tratava e quando pensou em questionar a criatura, tudo o que restara em sua frente era um pó cinzento e fétido! A atenção de Basco ao vampiro e as suas palavras, é quebrada com uma explosão em uma das ruas do cemitério. Khassan imaginou que Lucius poderia estar em apuros e corre para auxiliar o colega.

Não muito longe dali Inquisidor se encontrava no chão, escorado às portas de um mausoléu ricamente adornado com arcanjos de bronze e mármore branco. O olho do clérigo estava congelado e parte do braço com queimaduras graves. La’Vern percebe a chegada de Basco e para impedir a intromissão do mutante, o francês cria um redemoinho ao derredor. As chamas eram altas e intensas impedindo Basco de ver o interior onde seu amigo estava. Pensou em se teleportar para dentro das labaredas, mas pela primeira vez seus dons arcanos falharam. Por algum motivo que não conseguia explicar, La’Vern era imune ao lado místico de Khassan. Com Basco impedido de adentrar o redemoinho em chamas, o francês detinha a vida de Lucius nas mãos. De sua mão uma espada de gelo com pontas duplas é criada. — Vou atravessar o seu coração lenta e dolorosamente!— Bradou, La’Vern!

Simeão observava ao longe o desenrolar da trama armada em pleno Cemitério da Consolação. Ele sabia que bastava uma ordem sua e os vampiros sob sua tutela não pensariam duas vezes para adentrar as chamas e destroçar La’Vern pela blasfêmia que estava manifestando dentro do seu lar. Muitos de seus antigos colegas de farda estavam enterrados ali. Simeão, então com apenas 22 anos, fez parte da Revolta Paulista que tentou tomar o poder em julho de 1924. Com a derrota dos revoltosos, os mesmos debandaram para o sul do Brasil e juntamente com Luís Carlos Prestes, Juarez Távora, Miguel Costa e Isidoro Dias Lopes iniciaram o movimento que ficou conhecido como Coluna Prestes. Na árdua caminhada em direção ao Sul do Brasil, parte dos tenentistas e soldados sofreram uma emboscada no interior do norte do Paraná. Só não imaginavam que seus algozes eram vampiros! Simeão foi o único de sua tropa a ser escolhido como “filho” de um vampiro mais antigo. Os demais colegas ou serviram de alimento ou soltos para contar aos outros mortais que aquelas matas tinham donos. Simeão nunca olhou para a sua condição como uma maldição. Viver para toda a eternidade e poder vislumbrar as mudanças da sociedade sempre lhe cativaram. Juntamente com o seu mestre, conheceu lugares, experimentou prazeres, até que em 1946 obteve a “liberdade” para viver por sua própria conta e decide retornar à capital paulista. Viu a mão implacável do tempo levar seus companheiros um a um e alguns repousarem para todo o sempre no Cemitério da Consolação. Foi instigado a tornar este local como o seu lar. Com o passar do tempo, outros vampiros começaram a segui-lo: desgarrados, sem clãs ou expulsos dos mesmos. De fato, Simeão conquistou a simpatia de muitos seres da noite que começaram a ver o Cemitério da Consolação como um refúgio no meio da grande São Paulo. Por algum motivo os demais clãs não intervinham neste modo de vida dos ali exilados. Graças a este jovem militar o Cemitério da Consolação se tornou um local neutro, até mais respeitado que a Boate Mascarade.

Lucius cuspia sangue e estava muito ferido. Sentado próximo a um dos túmulos, não imaginou que La’Vern seria um adversário tão forte e com tamanha sede de sangue. O redemoinho de chamas criada pelo francês impedia que Basco viesse em seu auxílio. Perguntava a si mesmo se aquele seria o seu último local de descanso. Não conseguia enxergar direito e o seu braço estava praticamente petrificado. Com muito esforço, o clérigo consegue se pôr em pé e olha fixamente para La’Vern

 

— Eu já disse....eu não matei a sua namorada. Angelique foi assassinada pelo próprio pai. O cara que te contratou! É ele que te deve explicações! — Disse Lucius com bastante esforço

— Você mente, CelleXty! A troco de quê, Raziel mataria a própria filha?— Respondeu La’Vern. — Sua jornada termina agora— Prossegue o francês enquanto ergue a sua espada, prestes a cravá-la no coração de Lucius

 

A vida de Lucius estava a poucos metros do fim quando subitamente uma espada surge entre os dois vinda por cima das chamas e crava a sua lâmina no piso de cimento. Em seguida algo inexplicável para La’Vern e que o deixa perplexo ocorre. Uma estranha jovem atravessa o redemoinho de chamas! Tratava-se de Madalenna! A jovem misteriosa se coloca à frente de Lucius e retira o seu espadim do solo. La’Vern não se intimida e a ataca com ferocidade. Ao toque de ambas as lâminas, uma explosão de energia lança La’Vern para traz com violência, fazendo-o impactar contra um dos túmulos!

O golpe não o matou, mas limpou sua mente da influência de Raziel. Ao se erguer, La’Vern sessa o redemoinho em chamas e sua espada se desfaz em gás. O golpe seguinte foi direto em seu coração. Madalenna crava a sua arma no peito do guerreiro que aos poucos vai ao chão. Basco finalmente consegue se aproximar e observa que Lucius estava com uma amiga!

 

— Não podemos deixa-lo aqui, - Disse Madalenna.

— Mas ele está morto! – Respondeu Lucius

— Não...não está! Eu apenas quebrei o encanto que o prendia a um outro mundo! Mas se ficar aqui ele irá morrer de verdade!

— Pois que morra! O cara quase acabou comigo! – Esbravejou Lucius

— E depois sou eu o pecador, não é irmão!? – Respondeu Basco enquanto ajudava a carregar La’Vern.

 

Segundo Madalenna, a mente de La’Vern estava sendo controlada por alguém ou alguma coisa muito poderosa. Foi graças aos seus poderes mutantes ligados à Lua que a jovem conseguiu quebrar de algum modo o encanto que impedia até mesmo Basco de se aproximar. Com a ajuda de um teleporte de Basco, o quarteto leva La’Vern até um antigo galpão abandonado nos arredores da Estação Júlio Prestes! Os poucos vampiros presentes decidem deixar o local num piscar de olhos. Simeão observava toda a ação, de um edifício próximo. Se perguntava se veriam aqueles quatro mutantes novamente...

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