Robertha Durradon já estava com suas malhas de batalha e seu inseparável martelo.

—Garoto. Eu sei que você vai fazer um bom trabalho. Seja o bom futuro rei que eu sei que você é. Você é filho de seu pai e vai dar muito orgulho a ele.

—Obrigado tia Robertha.

Ela fez carinho em sua cabeça e saiu junto com Benjen.

Ned, Ashara, Hoster, Denys e Catelyn iriam para as Terras Fluviais, para montar um contra-ataque.

—Jon, você fica no comando, meu filho.

Jon estava com um certo medo. Era a primeira vez que ele provaria o gosto de comandar o Norte e ele temia não estar a altura.

Ele e Sansa se despediram de suas famílias e quando eles saíram, ambos sentiam o peso da responsabilidade quase os esmagando.

Sentar no Trono Do Inverno foi uma experiência impactante.

Era frio e duro, feito de bronze e ferro assim como o corôa de cada Rei Do Inverno.

E agora, no lugar de seu pai ele sentava.

Era apropriado, na opinião dele, sentir o frio do trono em seus ossos, o enorme desconforto em sua bunda e o peso de uma corôa cujo metal machucava a testa.

Aquilo era para lembrar que um lugar de um rei não era um lugar confortável ou seguro.

O lugar de um rei era perigoso, doloroso e gelado. Um rei deve estar disposto a sofrer, a sentir dor, a sentir frio e a suportar desconforto e alguma dificuldade, pois a posição mais poderosa é a de maior responsabilidade.

Era apenas seu primeiro dia e ele já estava exausto duas horas depois de abrir o tribunal para ouvir tantos os problemas de nobres quanto os de plebeus.

Para a surpresa de todos, Sansa se sentou ao lado dele e começou a dar sugestões para alguns problemas.

—Eu não quero ser indelicado, mas não acho que uma princesa do Sul entenda todas as complexidades da política do Norte.

—Sim. Eu sou uma princesa do Sul. Mas também sou a futura rainha do Norte. E se você acha que eu não entendo algo, então explique para que eu entenda. Mas se você simplesmente presume que eu não saiba, é um erro dispensar minha opinião sem antes me dar todos os fatos para que eu possa julgar por mim mesma.

Ela se levantou, altiva.

—Vocês querendo ou não sou a esposa do príncipe herdeiro, sua próxima rainha e mãe do seu futuro rei um dia. Estou aqui de coração aberto e mente aberta para o Norte, mas só vai dar certo se o Norte abrir o coração e a mente para mim também.

O tom forte e confiante de Sansa estava conquistando os que a ouviam.

—Eu não estou pedindo que me aceitem e me respeitem sem que eu tenha merecido. Mas eu peço a todos que sejam justos comigo. Que se eu fizer por onde, reconheçam isso. Eu quero me esforçar. Eu quero ser uma boa princesa e uma boa rainha. Mas eu também tenho que pedir uma chance. Deixem que eu me prove. E então, me julguem. Mas antes disso não. 

Ela voltou a se sentar.

—Se eu não souber, me ensinem! Estou aqui para aprender. Mas se eu souber e defender a minha opinião, respeitem!

Era um compromisso que todos acharam justos.

Depois de darem uma breve pausa para comer, as audiências foram até o sol escurecer.

Depois dessas horas, estavam esgotados.

—Eu entendo agora o porquê do meu pai reclamar tanto de nascer segundo filho e ficar com o Trono Do Inverno que ele nem pediu! Estou morto e esse apenas é o primeiro dia!

—Eu já esperava me cansar, mas hoje foi mais exaustivo do que pensei.

—Sansa, você foi maravilhosa!

—Você acha? -ela pergunta, com incerteza.

—Sim! O discurso de hoje sobre você merecer uma chance, isso foi incrível!

—Temi ter ultrapassado um pouco, mas eu estava um castelo de insegurança por dentro.

—Não parecia. Você estava tão confiante! Foi admirável!

—Uma das primeiras lições do meu avô era sobre aparentar confiança em público.

—E você aprendeu muito bem!

—Eu demoro a aprender, é verdade. Mas eu aprendo! -ela diz, brincando.

Jon riu.

Os outros dias também foram massacrantes para a energia de ambos, mas aos poucos eles foram resolvendo os principais problemas e tanto nobres quanto plebeus estavam menos apreensivos com a falta de experiência do jovem casal.

—Vocês serão o futuro do Norte e fico feliz por isso. -fala Lady Barbrey Dustin ao sair.

Essa notícia os anima.

Sansa recebe uma carta do avô e se desespera.

—Eles recuperaram algumas nobres de menor importância.

—Mas isso é bom. Não é? -Jon pergunta, intrigado com a expressão torturada de Sansa.

Ela o olha com dor. 

—Era uma armadilha. Harren Hoare não estava lá. Eu sinto muito, mas... Eu sinto muito, Jon. Harren capturou a rainha Ashara. Ele tem sua mãe como refém.