Prólogo:

Eu respirei fundo para recuperar meu fôlego, e continuei correndo. Será que ele sempre seria mais rápido do que eu? Eu me virei para ele e sorri ao ver seu sorriso... Será que aquele sorriso sempre tiraria meu fôlego como agora? Por um momento me distraí e quase deixei que ele me alcançasse, mas saí de meu transe habitual de quando eu via aquele sorriso e continuei a correr pela praia.

Meus pés tocavam a água que as ondas traziam, elas que batiam violentamente nas pedras e não chegavam até a praia nem com a metade da intensidade de quando se formavam. Apesar do frio de sempre, eu gostava da sensação da água gelada batendo nos meus pés.

- Hey, Letícia, pare! – Ele gritava atrás de mim, e eu ao invés de parar aumentei minha velocidade. – Você sabe que eu vou te alcançar! – ele riu e correu mais rápido em minha direção.

- Nem pensar que vou parar! Você só está pedindo isso por que sabe que estou correndo mais rápido que você hoje! – Eu caçoei dele e me virei parar dar um sorriso zombeteiro, mas sem deixar de continuar correndo.

- Ah, vamos ver então! – Ele correu bem mais rápido e logo já tinha me alcançado.

Ele passou os braços ao meu redor e me puxou, fazendo nós dois cairmos no chão. Mesmo no chão ele não me soltou, e eu comecei a rir, enquanto ela fazia cócegas em mim. Eu ria histericamente enquanto ele ria de mim, com rosto emaranhado em meus longos cabelos preto. Ele não me soltava, e quando eu finalmente consegui falar, embolei-me nas palavras e custei para dizer o que eu queria.

- Me solta! – Eu gritei entre os risos, até que vi alguém se aproximar de nós, obviamente rindo da nossa cara. Eu tentava sair daquele abraço, mas ele era bem mais forte do que eu.

- Alguém já disse que você dois não parecem ter 14 anos? – Embry riu e puxou a camisa daquele idiota que não queria me soltar. Deus... Como eu podia amar tanto ele? Ele era apenas um bobo... Que nem parecia ter quase 15 anos.

- Saí daí cara... Deixa a Lê se recompor e respirar... – Embry me ajudou a levantar e finalmente eu consegui respirar e parar de rir um pouco. Eu só queria matar aquele...

- Eu vou te matar seu idiota! Quantas vezes eu já disse para não fazer isso! – Eu gritei e fui em direção dele, mas Embry me segurou e começou a rir de mim enquanto eu tentava me soltar.

- Ta legal, eu sei que ele merece uma surra, mas você não vai conseguir nem encostar a mão nele e já vai estar no chão se contorcendo de tanto rir de novo. – Ele riu de novo e eu parei de tentar me soltar, ele estava totalmente certa. Aquele idiota era bem mais forte do que eu...

Eu me soltei de Embry e dei de língua para os dois, saindo correndo dali, como uma criança pequena. Eu sei que eu tenho quase 15 anos, mas aqueles dois ali às vezes me davam nos nervos. Ta, eu sei que eu tenho que agradecer muito ao Embry, porque se não fosse ele eu estaria no chão me contorcendo até agora.

Eu corri até o meu lugar preferido da praia. Eu sempre ia lá pra pensar. Era o local onde uma grande árvore tinha caído há anos atrás, eu adorava sentar no tronco caído dela quando eu queria ficar sozinho pra pensar. Eu me sentei lá, no mesmo lugar de sempre e fiquei pensando.

Eu não entendo porque amo tanto aquele idiota... Somos amigos desde pequenos, desde quando eu me mudei da reserva Makah para La Push, há oito anos. Eu gosto dele desde que sei o que é “gostar” de alguém. Sou apaixonada com ele, apesar de eu não admitir para ninguém. Não entendo porque meu coração acelera toda vez que o vejo... Que eu perco o ar toda vez que ele sorri, e que a um mero toque dele eu me arrepio toda... Acho que é amor.

É, a verdade é que eu amo meu melhor amigo. Tenho medo de contar e estragar nossa amizade. Ele é meu melhor amigo, e eu não quero perdê-lo. Tenho medo de que ele não sinta a mesma coisa que eu.

Quando dei por mim, vi uma lágrima escorrer dos meus olhos. Droga! Eu não devia chorar por causa disso...

Então, vi alguém correr em minha direção e quando percebi quem era logo enxuguei aquela lágrima teimosa e tentei sorrir para ele. Idiota...

- Hey, você não ficou com raiva não, né? Você sabe que eu estava só brincando... – Ele disse sentando ao meu lado e sorrindo... Ah! Aquele sorriso torto e maroto que eu tanto amava.

- Claro que não... Acho que gosto tanto de você que não consigo ficar com raiva de você! Idiota! – Eu ri e dei um soco de leve no braço dele, fazendo ele rir.

- Mas é esse idiota que você ama né? – ele disse rindo e eu fiquei meio sem palavras, até eu sussurrar um “é” baixinho.

Quando eu fico nervosa tenho a mania de mexer nas presilhas que coloco no cabelo, e neste exato momento eu estava mexendo em uma delas, quando acidentalmente a deixei cair no chão. Eu estendi minha mão para pegá-la, mas para minha surpresa, ele também, e como resultado nossas mãos se tocaram de uma forma diferente.

Não era como agente dava as mãos ou quando agente batia um no outro... Era de uma forma que eu nunca imaginei ser tocada antes. Meu rosto ficou vermelho e eu recuei minha mão na hora, deixando ele pegar a presilha. Ele me entregou e eu fiquei segurando ela e olhando para ele. Até que finalmente consegui agradecê-lo.

- Obrigada Jacob. – Eu sorri e ele sorriu de volta. Ele encostou a mão no meu rosto e puxou ele lentamente em direção ao dele. Naquele momento meu coração disparou, e uma avalanche de coisas veio em minha mente.

Mas eu apenas deixei acontecer, e quando dei por mim, já havia colado meus lábios suavemente nos dele, e depois recuado lentamente. Ficamos nos encarando até que ele voltou a conversar comigo, como se nada tivesse acontecido.

Aquele tinha sido meu primeiro beijo.