A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 22
Capítulo XXI.




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Meu Frederik, quando essa carta chegar em suas mãos, você certamente já vai estar no seu principado de um pouco mais de dez mil habitantes. Espero que seus problemas não sejam muitos nesse lugar, assim como espero que sua família não fale coisas horríveis de mim por não o acompanhar...

Eu estou bem, assim como nossos filhos, embora Alfred esteja como sempre está. Mas não se preocupe, se piorar eu irei para Ocenia...

Espero que os seus problemas não sejam muitos. E seus... súditos, sejam bons. Assim como desejo que a estadia que você irá ter na sua capital de menos de sete mil habitantes, também seja boa.

De sua eterna Anne, 

A princesa de Niedersieg.*

 

* Eu já comecei a usar o meu novo título. Mas você poderia me dizer como se chama quem mora em Niedersieg?

04|1749 Schloss Seelbach, Principado de Nassau-Larh

Frederik se sentia revigorado, rever sua amada Holanda o fez muito bem. Mesmo que teria sido muito melhor com Anne e com as crianças. Mas mesmo assim uma viagem pelo continente não estava realmente sendo ruim, mas muito bom.

Mas no caminho para Niedersieg, havia um lugar que Frederik não deveria deixar de passar. Havia pessoas que Frederik deveria ver. E logo que Frederik chegou no Schloss Seelbach, na área rural do pequeno principado de Nassau-Larh, a primeira logo foi vista.

— Eu não posso acreditar em meus olhos! Frederik!- Frederik poderia dizer a mesma coisa a Amalia.– Venha aqui abraçar sua irmã. Faz tanto tempo.

Era essa uma ordem que Frederik desejava cumprir, já fazia muito tempo, e Frederik contou cada segundo para esse momento.

  – Amalia, não me diga que vai chorar. Eu também senti saudades, senti muito.

  – Mas o que você faz aqui? Eu pensei que você iria vir só daqui a dois dias. Eu não mandei preparar nada, as crianças também não estão aqui, e...

  – E iria. Mas não tive vontade de ver o irmão do seu marido.- Ludwig, o príncipe de Nassau-Larh era uma das pessoas mais cansativas que Frederik conhecia.– Não se preocupe com as formalidades, somos irmãos, aceitarei tudo.

  – Somos irmãos que não se veem a... quase dez anos.- E por isso mesmo Frederik poderia tudo aceitar.– Mas olhe para você, não mudou em nada, só seu rosto ganhou idade, nem parece mais o meu irmãozinho desobediente.

  – Eu estou no meu melhor estado Amalia. Lembre-se que é você a mãe de oito crianças.- Mas mesmo assim Amalia parecia muito jovials, mas entre os dois só havia uma diferença de seis anos.– E por falar em crianças, onde estão as suas?

  – Karl levou, Adolf, Joseph e Wilhelm para caçar, e as meninas estão em Larh com a príncesa viúva. Mas é uma pena que as suas crianças não estão aqui.

Frederik conhecia sua família, o tempo não o fez se esquecer, ele sabia onde isso iria acabar, e não era de seu desejo ter essa conversa agora.

  – Certamente é uma pena.

  – Frederik! Não me responda assim. Não sei o como as coisas funcionam na Inglaterra, mas aqui se dá explicação para tudo.

Isso era bem esperado de Amalia. Mas Frederik tinha outra coisa a se preocupar. O mal estar existente entre a família dele com Anne não era importante.

  – Podemos falar disso em outro momento. Mas, como está a mamãe?- Com essa pergunta o rosto de Amalia se suavizou, e ganhou um ar melancólico.

Há três anos atrás, o príncipe Hendrik morreu. Isso foi algo devastador para toda a família, principalmente para Frederik que nem lá pode estar, mas desde então a sua principal preocupação era com sua mãe, ela agora estava viúva, e não era jovem. Então foi decidido que ela iria para Seelbach para junto de Amalia.

  – Ela está como sempre, muito melancólica. Mas como não estaria depois de perder o marido e deixar o lugar que ela apreendeu a amar.- Não é fácil dizer adeus depois de 41 anos de convivência.– Mamãe também está reclamando muito, principalmente de Seelbach não ser como Het Loo, mas como seria?

  – E onde ela está? Quero muito a ver.

Esse pedido foi logo atendido, e Amalia levou o até a duquesa Louise, que estava descansando no jardim holandês. Nesse momento a ansiedade de Frederik apenas aumento, já fazia tanto tempo. Mas logo ela foi vista, estava distraída olhando para as tulipas, Frederik poderia dizer que sua mãe tinha sim ficado mais frágil com o tempo, mas continuava a mesma.

  – Mamãe, você tem uma visita, alguém muito especial.

 – Se for a viúva de Orange novamente, diga que estou com varíola... Frederik! Meu Frederik!

Houve apenas quatro momentos nesses dez anos que Frederik realmente teve desejo de chorar. A primeira foi quando Alfred nasceu e Frederik soube que Anne estava bem. A segunda foi quando o seu pai morreu. A terceira foi há alguns anos, quando Frederik encontrou Anne depois de ter abortado. E a quarta foi agora, sendo abraçado fortemente por sua mãe. Frederik sentia a amor dela, sua saudade e sua emoção

  – Frederik, meu bebê, meu pequeno bebezinho. Como senti da sua falta.- Frederik também se sentia do mesmo jeito. Foi muito tempo, muito tempo de verdade.

  – Eu também senti mamãe.

  – Mas não como eu senti.- Frederik estava disposto a acreditar nisso.– Quando Amalia me disse que você viria nos ver eu não acreditei, achei que era apenas mais uma mentira para me alegrar. Mas você está aqui. Mas está tão diferente, tão magro, pálido e com aparência cansada.

A duquesa Charlotte Louise não seria ela sem dizer isso, não surpreendeu muito.

  – A guerra não se conteve somente no continente mamãe, até mesmo na Inglaterra ela chegou.

  – Não vamos falar sobre isso no momento. É uma hora de alegria, você deve me dizer tudo que aconteceu nos últimos anos.- Era muito engraçado ver sua mãe assim, ela geralmente era uma mulher autoritária e dura, não gentil e disposta a ouvir.

Mas seria uma alegria para Frederik responder e compartilhar tudo com sua mãe. Sobre o clima inglês, os ingleses, as cidades, assim como esclarecer tudo que ela desejava saber.

Frederik também foi obrigado a falar de Anne e sua família, a príncesa estava bastante curiosa com isso, mas impressionantemente não comentou nada durante o resumo. E logo Frederik também falou sobre seus filhos.

Falou da fragilidade de Alfred, da agitação de Henry, da inteligência de Anne, e da curiosidade da pequena Amélia. E para alegrar ainda mais sua mãe, Frederik ainda a presenteou com os retratos que deveriam ir para Niedersieg, mas que Frederik decidiu que no lugar iriam as cópias desses.

  – São mais lindos e muito mais especiais agora. Olhe Amalia, Anne tem os olhos de um Orange, e Henry me lembra tanto meu querido Hendrik.- A alegria dela era perceptível e boa, mas Frederik ainda tinha um medo.– Apenas Alfred e Amélia são totalmente Tudor-Habsburg. É uma pena que eles não vieram junto.

  – Anne não gosta da ideia de deixar a Inglaterra, ela diz que tem medo de sair e nunca mais voltar.

  – Maldito o dia em que fui permitir meu filho se casar com aquela pedra de gelo.- Tudo se calou com a declaração da príncesa.– Me olham assim por quê? É a verdade, me arrependo muito por ter lhe casado com ela Frederik. Você, meu bebê cheio de alegria e disposição, se casou com aquela mulher fria, orgulhosa, calculista e cheia de ambição.

  – Mamãe, eu não quero que fale assim da minha...

  – Não aumente a voz para mim! É a verdade Frederik.- Mas ele não estava.

  – Mamãe eu compartilho de seus pensamentos.- Agora era a vez de Amalia mostrar sua antipatia por Anne.– Mas não conhecemos ela, não a podemos julgar.

  – Eu posso sim Amalia, e posso muito. Eu sou igual e ela, cheia de ambição, e calculismo, mas ela é muito pior, ela é de um tipo que não confia em ninguém, é tão fria que mantém tudo apenas para si.

Frederik preferiu ficar calado com tudo isso, qualquer protesto iria apenas fazer a discussão aumentar mais ainda. O último carão de sua mãe era a prova.

  – Mamãe, por favor.- Amalia até tentou falar.

  – Preste muita atenção atenção, Frederik. Veja bem se ela mostra que confia em você se ela conta seus segredos.

E acabou, a príncesa se calou, e Frederik estava sentindo um misto de sentimentos, alguns que ele já sentiu, outros que nunca desejava sentir.

  – Mamãe, acho que está no hora de a senhora dormir um pouco.- Era um bom momento para Amalia falar isso.– A senhora sabe que estará muito mais disposta a noite se for dormir.

Depois de muita insistência a príncesa concordou em ir. Mas agora sim ela parecia cansada.

  – Frederik meu filho, você está com raiva?

 – Tudo passa mamãe não se preocupe.- Era o máximo que se poderia dizer, quem não estaria com raiva?

  – Eu só desejo sua alegria meu filho.

Logo a príncesa foi junto com Amalia. Foi uma tarde bem cansativa, e estressante, as palavras de sua mãe ainda estavam na cabeça de Frederik, mas era melhor se esquecer e aproveitar seu tempo. A Inglaterra estava na Inglaterra. 

                        *****

Embora Frederik desejasse muito ficar com sua mãe, irmã e sobrinhos em Seelbach por mais tempo, sua obrigações em Niedersieg o chamavam, então Frederik, apesar das suplicas e pedidos, teve que voltar rapidamente a sua viagem. E alguns dias depois ele finalmente chegou a Niedersieg, o seu principado, e muito ele se surpreendeu.

O povo de Niedersieg era realmente muito gentil, comum e leal, isso claro não foi algo muito surpreendente. Mas o que suspendeu Frederik foi Niedersieg em si, a capital na verdade.

Königsstadt, Smaragdberg eram cidades pequenas e mais simples quando comparadas às grandes capitais alemãs. Mas suas ruas eram largas, pavimentadas, haviam jardins, parques, lojas organizadas, áreas residências limpas. Mesmo Königsstadt que parecia ser uma área mais rural. Essas eram o exemplo de duas cidades modernas, que seguiam o exemplo atual. Mas Niedersieg não era assim.

Niedersieg era na opinião de Frederik, uma vila do final do século 16 que cresceu e continuou com o padrão, mas junto com essa cidade do século 16, também havia uma cidade barroca. Esse não era necessariamente o problema, mas sim o fato de ambas as cidades estarem misturadas. Entre as ruas e prédios barrocos haviam também ruas e prédios medievais, haviam ruas tortas, irregulares e sujas, era uma horrível confusão.

Quando ele chegou na capital, Niedersieg, Frederik não foi recebido com festas e alegria, mas foi com respeito e alegria. Nas ruas, que começaram sujas e escuras, haviam pessoas simples e com aparência mais humilde, mas logo elas foram ficando mais claras e limpas quando tudo começou a ficar mais sofisticado, assim como as pessoas, com suas roupas finas, carruagem e liteiras. A carruagem estava passando por uma grande via, larga e arborizada, e ao passarem por uma ponte grande e de nova aparência, o Palácio de Niedersieg logo surgiu adiante, assim como o domo da Catedral de St. Vincent Ferrer.

  – Alteza, seja bem-vindo a Niedersieg. Estávamos todos muito ansiosos pela sua chegada.‐ Ao chegar ao Palácio de Niedersieg, Frederik foi recebido pelo barão von Frieden, junto com alguns outros nobres e o arcebispo de Niedersieg.– Esse é o conselho regencial de Niedersieg. E gostaríamos muito de saber o que meu príncipe achou de nosso pequeno principado?

  – As pessoas são certamente muito gentis. Quando minha carruagem passava todos acenavam, e mostaravam respeito. Isso é impressionante já que sou estrangeiro e protestante.

  – O povo de Niedersieg é sempre leal a seu governante, não importa quem seja.- E assim também era em todo o império.– Mas o que meu senhor achou da cidade? Sua palavra meu senhor é muito importante.

Frederik desejava falar desse assunto em outro momento, mas se assim desejavam assim seria.

  – Niedersieg é uma grande confusão de ruas pequenas, sujas a atrasadas.- Os membros da comitiva não pareciam estar muito surpresos.– Meus senhores, eu já estive em Haia, Amesterdã, Dresden e Londres. Essas são cidades impressionantes, mas também são um padrão, um que Niedersieg não segue.

Frederik não estava comparando Niedersieg com essas cidades, afinal elas eram muito grandes e superiores, mas elas tinham conceitos que uma cidade moderna deveria seguir.

  – Temos conhecimento disso meu senhor. O príncipe Maximilian e o príncipe Theodor Harold, também tinham. É por isso que temos prédios barrocos. Theodor Harold até mesmo iniciou um projeto de modernização na cidade, mas foi interrompido pela guerra.

Se eles tentaram modernizar a cidade, eles então passaram metade do século fazendo isso.

  – E onde a nobreza local vive?- Era provável que no campo, mas deveria ter alguns membros da nobreza na cidade, perto do príncipe.

 – Durante Theodor Harold, foi construído uma nova área para a nobreza, o Noblerstadtteil, perto do palácio. A ponte que, meu príncipe veio, Siegesbrücke, marca o início do distrito.– Claro, a Alemanha não era realmente a Grã-Bretanha, nem mesmo a Holanda.

  – Vamos ver sobre esse assunto depois então.

  – Certamente, meu príncipe, temos outros assuntos importantes a tratar.

Eram realmente muitas as coisas que deveriam ser resolvidas. Assuntos envolvendo economia, comércio, leis, a religião, que era predominantemente católica e luterana, política, e vários outros.

Nesse momento Frederik pode ver que ele realmente nunca foi preparado para governar, e que se fosse governar, não poderia fazer isso sozinho. Isso fazia com que fosse muito agradável Frederik morar na Inglaterra, fazendo com que outros governassem em seu lugar. Nunca Frederik esteve tão feliz por morar naquela terra.

No final tudo estava se resolvendo, todos garantiam que Niedersieg iria se recuperar da ocupação austriaca rapidamente, mesmo eles não tendo destruindo muito da cidade, infelizmente. E também Frederik pode ordenar a modernização da cidade, pelo menos de algumas ruas principais. O que o deixou muito animado, era como um legado que ele deixaria. Frederik deixaria uma grande e bela capital para seus sucessores. Um terço de Niedersieg já era a jóia da coroa, mas quando acabasse, a cidade inteira seria. Arquitetos holandeses, austríacos e franceses foram chamados para isso, e planos já estavam em andamento.

Mas esses planos foram interrompidos por cartas vindas da Inglaterra.

Durante todo esse tempo, Anne esteve duas vezes por semana enviando cartas a Frederik, descrevendo o que estava acontecendo, na maioria das vezes não era nada importante. Uma peça, ou apresentação das crianças, algo ruim que fizeram, uma festa em que Anne foi, uma visita ao rei, ou uma visita dos Gales. Mas na última semanas as cartas ficaram diferentes.

Na primeira delas Anne dizia que estava viajando ao Castelo de Ocenia, para junto de sua mãe, com as crianças, a fim de tratar do problema de respiração de Alfred, isso não era extremamente ruim, era até que normal. Mas na segunda carta, Anne dizia que estava muito preocupada com Alfred, ele estava acordando a noite chorando, e dizia que se sentia sufocado quase até a morte, então Anne iria chamar um médico. Mas foi a terceira que realmente alertou Frederik, nessa última carta Anne dizia que Alfred tinha "respiração ofegante", e que nas últimas noites ele não estava bem, e ela temia pela vida dele.

Isso foi o suficiente para Frederik, ele decidiu rapidamente voltar para a Inglaterra. Isso não foi, como esperado, bem visto pelos líderes de Niedersieg, que tentaram fazer seu máximo para manter Frederik mais um pouco, afinal se tinha ainda muito para resolver, mas nada o impediu.

Frederik assim que pode, partiu para a Inglaterra. Com Anne novamente o atualizando, pela quarta vez agora.


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