A Mais Vitoriosa escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 20
Capítulo XIX.




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O medo era generalizado. A maioria das pessoas em toda a Inglaterra estavam com medo, o governo estava com medo, a nobreza estava com medo, Frederik estava com medo. E foi esse mesmo medo que os motivou a se preparar para se opor aos jacobitas, todos estavam dispostos a lutar contra eles. O que no final, não foi necessário.

Em um movimento estranho e sem motivo, eles recuaram e voltaram para a Escócia, fugiram, e mesmo com o duque de Cumberland os seguindo, pronto para realmente destruir a rebelião, esse foi um acontecimento muito bom.

Era agora improvável que os jacobitas voltassem, e logo seriam destruídos. Mas isso não significava que todos poderiam voltar para suas casas. Pelo menos Frederik não recebeu nenhum aviso assim, o único que ele recebeu dizia para se preparar para seguir o duque em breve.

Isso não impediu, claro, que ouvessem pequenas comemorações pela fuga dos jacobitas. E quando a própria Anne, fez a surpresa de visitar Bristol, coisa que ela não fazia há cinco anos, foi realmente necessário uma festa em Bristol House.

Uma festa seria muito bom, sempre poderia fazer muito bem a alguém. Dançar, falar e se divertir, eram coisas sempre muito agradáveis, mesmo Frederick não tendo muito apreço pelos ingleses. Uma festa tinha sempre a capacidade de fazer as pessoas se esquecerem de suas preocupações.

E preocupação era o que Frederik estava sempre sentindo nos últimos dias. Preocupação com a rebelião que ainda não tinha acabado, com sua amada Holanda, que parecia estar prestes a ser invadida pela França, também havia o pai de Frederik, o príncipe Hendrik, que estava muito doente e agora Frederik não soube de mais notícias.

E por fim, havia a mais grande das preocupações, sua família, mais especificamente Anne, já que a última vez que Frederik a viu, ela não parecia nada feliz, estava triste, desanimada. Muito ao contrário de como estava hoje: radiante. E a alegria de Anne, junto com a natural alegria da festa, também o deixava feliz, até mesmo excitado, era bom estar com Anne, principalmente quando ela estava feliz.

E essa mesma alegria fez com que Frederik esperasse por meia hora no lado de fora do quarto de Anne para poder ver e conversar com ela. Frederik teria entrado antes, mas Lady Beaumont e Lady Latymer foram inflexíveis em o deixar ver Anne se trocar, mesmo que para Frederik, não houvesse nada de desconhecido.

Quando as duas damas finalmente saíram e deixaram Frederik entrar, e não foi nenhuma surpresa encontrar Anne já com sua roupa de dormir, sentada na frente da penteadeira. Uma visão que Frederik teve saudades.

  – Por que me olha tanto?

  – Estou apenas me certificando de que você continua a mesma.- No caso Anne continuava bela e digna, mesmo usando algo que todas as mulheres, de todas as classes usavam.

  – Claro que sou a mesma. Não vou mudar nunca.

  – Quando nos vimos pela última vez, com você prestes a chorar, parecia que sim, minha Anne não seria a mesma.

Frederik também estava sentindo falta das provocações e das brincadeiras.

  – Não vamos nos lembrar disso.- Realmente, Anne continuava digna e orgulhosa.– Caso contrário, meu príncipe pode voltar a seus aposentos.

Isso claramente foi um ameaça velada. Quando Anne fazia isso, Frederick sabia que deveria obedecer. O melhor seria fazer o que Frederik sabia que iria satisfazer e alegrar a ambos.

  – Não vai se deitar?- Olhando melhor, Anne já não estava fazendo nada, antes ela estava com uma escova, agora ela apenas olhava para o reflexo no espelho, estática e hipnotizada com algo.– Você está me escutando?

  – Você não se trocou para a roupa de dormir.‐ Embora embos soubessem que logo não iriam mais precisar de roupas.–... Frederik, você vai com o duque de Cumberland para a Escócia?

Novamente isso, a preocupação de Anne sempre se voltava para isso, Frederick não sabia se deveria gostar dessa preocupação, ou deveria também se preocupar.

  – Eu não sei, o rei disse apenas que devo me preparar. A rebelião ainda não acabou, Anne.- Era a mais simples verdade, nada tinha acabado, do mesmo modo que a guerra no continente continuava, a rebelião na Grã-Bretanha também.– Não precisa se preocupar ao excesso.

Anne continuou calada e olhando seu reflexo, ela estava pensativo e visivelmente preocupada, não era um bom sinal.

  – Haverá batalhas Frederik, homens morrem em batalhas, você é um príncipe eu sei, e é inconcebível que alguém atire ou mate um príncipe, mas em uma batalha isso não é levado em conta.‐ Anne estava certa, mas na posição de Frederik, ele não estaria com os soldados, mas Anne não parecia desejar ouvir.– Eu já perdi meu irmão mais novo pela gripe, meu irmão mais velho pela varíola e meu pai na caça, eu não quero perder meu marido na guerra.

Anne continuava do mesmo modo, sem lágrimas e sem palavras arrastadas. Sempre mostrando a perfeita arrogância e orgulho próprio para sua família e posição. Mas Frederik tinha agora certeza que Anne tinha muito apreço por ele.

  – Anne, não se preocupe. Como eu vou proteger você é nossos filhos morto?- Não houve uma palavra em resposta.– Ninguém mata um príncipe, Anne.

Agora houve uma resposta, Anne se levantou finalmente, e se deitou na cama.

  – Está certo, você vai voltar para mim. Mas se caso isso não aconteça, eu quero um Frederick de lembrança.- Um pouco mórbido Anne desejar um filho para substituir ele.

  – E se for uma príncesa?

  – Então ela terá o nome de uma de suas irmãs.- Isso seria bom, elas sempre enviavam cartas dizendo que se sentiam esquecidas.– Mas você deseja?

Frederik estava sempre disposto a alegrar Anne, e a si mesmo também. E com um beijo, um cheio de saudade e sentimentos, isso foi mostrado.

                         *****

O mundo poderia estar envolto em guerras, conflitos e incertezas, mas se poderia ter sempre uma certeza, sempre haveriam festas.

E um exemplo disso era a atual festa da viscondessa Cambridge, uma festa que se dizia ser para comemorar a vitória sobre os jacobitas, embora os mesmos ainda não tendo sido derrotados.

Mas não havia nada a reclamar, o mundo sempre foi assim, e também, todos precisavam se distrair do acontecido, foram meses muito estressantes para todos, desde de a aristocracia até o povo comum.

  – E Thomas também garantiu que logo os jacobitas serão subjugados, pode ser até que possamos ter como prisioneiro O católico.- E como sempre em todas as festas, também havia as fofocas, embora o que a duquesa de Newcastle falava não fosse uma, mas uma informação.– Só espero que isso acabe logo, Thomas foi muito prejudicado com essa rebelião.

  — Todo o governo deve ter sido fortemente prejudicado.

  – Realmente, eu nem posso imaginar o que poderia acontecer se os rebeldes chegassem em Londres.- Não era apenas Anne que estava preocupada.

  – Mas as notícias em geral são boas duquesa, logo a rebelião será apenas uma lembrança de como a casa de Hanover permaneceu.‐ E era uma alívio ter permanecido, o contrário seria horrível.– Alguma noticia da Áustria?

A duquesa apenas sinalizou que não, Anne iria aceitar isso. Primeiro porque Maria Theresa escrevia sobre tudo que acontecia na Áustria; e segundo porque realmente nada de importante havia acontecido. Embora a guerra continuasse na Europa, tudo mostrava que logo a paz iria reinar novamente.

Com Maria Theresa agora estabelecida como a governante dos domínios Habsburg, seu marido Francis agora como imperador do Sacro Império Romano Germânico, a Prússia que havia recuado para a paz, o único problema era a França, sempre a França.

  – Anne, finalmente a encontramos, você não vai acreditar da última novidade sobre o marquês de...- Depois que a duquesa foi embora, foi a vez da condessa de Berland junto com a agora condessa de Rochford, duas das melhores amigas de Anne, virem falar com ela, agora sendo realmente fofocas.

Anne preferiu não dar muita importância ao que elas estavam falando, tudo se resumia ao segundo casamento do marquês de Nondell com a maldita filha do duque de St. Martin, o que era sempre uma lembrança de que Anne deveria garantir que o conde de Congreve não casasse também com uma Martin.

  – Anne, Caroline, Blanche.- Com a chegada de Lady Louise, esposa do herdeiro dos Cambridge, finalmente o assunto pode morrer.— Eu...

  – Louise, onde você estava? Já estava sendo cansativo para mim ouvir sobre St. Martin.

 – A viscondessa me fez cumprimentar todos no lugar dela, uma lástima, principalmente quando chegou Lady Caroline Everton.

  – É Lady Bertwood agora, Louise.- Blanche como sempre, corrigindo o errado.– Lembre-se que ela se casou com o visconde Bertwood há mais de um ano.

  – Não importa, somos amigas, então podemos desconsiderar essas formalidades.- Mas a amizade delas não era assim tão grande.– O importante é que tive que suportar a tristeza dela por ter se cassado com o herdeiro de um conde no lugar de um duque.

  – Ela deveria logo aceitar que se cassou com o herdeiro de um conde, e esquecer o desejo de ser duquesa.- Caroline deveria então falar isso para ela.– Ela poderia ter ganhado algo pior, como um baronete ou cavaleiro, mas ela ganhou um visconde que logo será conde de Sarlen.

  – Mas também deve ser muito triste ser neta, filha, irmã, esposa e mãe de condes. Eu também estaria chorando.

  – Tenho que concordar Lady Louise. Mas felizmente a milady será viscondessa e eu serei rei.- A súbita chegada do príncipe Gales foi um surpresa, Anne e suas amigas quase que não conseguiam fazer uma mesura digna.

A presença dele não era indesejável, mas era estranha, Anne não sabia que o príncipe de Gales havia sido convidado por Lady Cambridge.

  – Alteza, que surpresa meu senhor nos fez essa noite, não o tínhamos visto antes.

 – Havia outras pessoas que tomaram meu tempo, então tive que esperar para ver a mais bela.- Era sempre agradável ver a vivacidade, o humor e o flerte inocente do príncipe de Gales.

  – Lady Bertwood está no outro lado Sua Alteza.- Por um momento o príncipe parecia não ter entendido, mas logo ele se lembrou do novo status de Caroline Everton.

  – Lady Caro... digo, Lady Bertwood, apenas tem belos olhos.- Verdes e fascinantes como os da mãe.– Mas minha marquesa, tem algo especial. Algo que ninguém pode explicar.

Francamente, Anne queria uma explicação, ela não tinha olhos fascinantes, era azuis, e as pessoas diziam que eram tão frios como a Rússia. Certamente também não era o rosto, todos diziam que ele era muito Habsburg, então Anne não fazia ideia do que o príncipe falava. Era apenas ele que a chamava de a mais bela.

  – Todos temos algo de belo não?- O príncipe não concordou, nem mesmo discordou. O que também lembrava a Anne de que certamente ele desejava algo.

Anne apenas imaginava o que ele queria dizer, mas nesse meio tempo Anne pode perceber então que suas amigas já não estavam com ela. Até mesmo elas perceberam o motivo dessa conversa.

   – Tenho notícias sobre a rebelião.

  – A duquesa de Newcastle já me informou.

  – Ela informou que Orange foi chamado a Escócia para junto de meu irmão?- Isso não havia sido dito antes.– Minha marquesa, a duquesa não sabe de tudo, Newcastle não a informa de tudo.

Não era algo surpreendente, nem deveria ser uma surpresa, mas mesmo assim foi. A Escócia era um lugar desconhecido, e era perigosa considerando que os rebeldes eram escoceses. Se o príncipe Frederick desejasse a fazer se preocupar, ele conseguiu.

  – Meu irmão logo irá sair de Aberdeen, não acho que Orange terá tempo de chegar francamente.- A expressão de Anne certamente mostrava tudo, para que o príncipe falasse isso.

Isso gerou um grande e infeliz silêncio entre os dois, Anne já não desejava mais estar nesse lugar.

  – Meu príncipe sabia que estou...- Mas a figura do duque de St. Martin atrapalhou.

 – Meu príncipe, eu gostaria de discutir algo de grande importância com meu senhor.- A chegada do odioso duque foi muito boa, Anne poderia agora deixar o príncipe.– Minha marquesa, é uma alegria a ver saudável e feliz conosco, como é costumeiro.

As palavras do duque eram como sempre, carregadas de falsidade. Anne realmente nunca iria entender essa antipatia dele, mas Anne iria sim se defender, não verbalmente, nem diretamente, mas o duque não iria vencer.

  – Eu agradeço pela informação meu príncipe, mas terei que me retirar. Sua Graça.- Com uma mesura Anne saiu então de perto rapidamente. Não sem antes perceber o olhar do duque nela, um olhar que Anne infelizmente não saberia decifrar, mas certamente não era bom.

Um homem certamente muito estranho. Mas no momento Anne não o via como algo perigoso, apenas um incômodo em seu mundo de problemas.


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