Imperius escrita por pnsyparkinson


Capítulo 1
i have made mistakes




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A casa estava tão silenciosa que, por momentos, Narcissa pensou estar no lugar errado. A matriarca Malfoy carregava firmemente um pequeno embrulho em seus braços, mantendo-o próximo de seu peito para tê-lo aquecido naquela noite fria. 

Severus seguia ao lado dela, adentrando a mansão como o velho conhecido que era. 

A criança já não chorava mais, tendo seu corpo enrolado em um cobertor. Sua energia havia sido drenada, muito sofrimento para alguém tão pequeno. Sentia os dedos pequeninos segurarem os seus com força enquanto caminhavam até a sala de estar, onde a lareira crepitava em um fogo incessante. 

— Senhora... - disse a voz baixa e esganiçada da criatura — Em que posso ser útil?

Narcissa soltou um longo suspiro antes de se virar para o amigo e padrinho de seu filho, que acenou com a cabeça em concordância.

— Este é... Ha-Ha-Harry Po-Po-Potter, senhora? 

— Prepare um banho quente, Dobby. E o berço sobressalente no quarto de Draco, hoje o pequeno Potter dormirá aqui.

O elfo doméstico balançou a cabeça diversas vezes, sumindo com um pequeno barulho. Por mais que aquele cômodo estivesse aquecido, a mulher ainda sentia pequenos calafrios percorrerem a superfície de sua pele. Sabia que o que havia feito teria consequências e que, muito provavelmente, elas não seriam bonitas ou sequer boas para ela. 

— As engrenagens de sua cabeça estão rodando muito rápido, Cissy - disse Severus após um longo período de silêncio, sem conseguir tirar os olhos da pequena criança — O que faremos com ele? Não podemos...

— Não sei ao certo, apenas senti que deveria fazer isso. Salvá-lo. Eu... Severus, eu não sei o que fazer agora.

— Bem, por  mais que isso soe estranho ainda podemos falar com o Lord. Sobre essa situação - apontou com a cabeça para Harry, que começava a se mover — Primeiro o deixando em segurança, é claro.

— Sinto medo do que está por vir.

— E realmente deveria sentir - uma voz diferente disse, ao fundo da sala — Ele ainda é meu afilhado, apesar das circunstâncias. O que passou na sua cabeça, querida prima? Achou que não haveria ninguém cuidando o local? 

Severus olhou para Sirius com desprezo evidente, cruzando os braços. O Black mais velho no local se aproximou, afastando a mecha de cabelo escuro que cobria a cicatriz presente  na testa do bebê. Deu um pequeno sorriso ladino e se colocou ao lado da mulher, cantarolando uma antiga canção de ninar.

— Ele fica conosco até sabermos o que irá acontecer. Eu cometi erros demais, não irá se repetir - Narcissa decretou, ajeitando a postura quando o elfo retornou — Cuide dele por enquanto, Dobby. Como se sua vida dependesse disso.

A criaturinha novamente acenou diversas vezes e já ia sair quando Narcissa o chamou novamente.

— Obrigada, Dobby. 

[...]

Lucius estava subindo até o quarto do filho naquela noite quando ouviu um choro diferente do que estava acostumado. Desconfiado o homem apressou os passos pelo corredor extenso, abrindo a porta do dormitório de Draco com a varinha em punho. Sua feição se contorceu em uma careta ao avistar o corpo de seu filho ainda adormecido no berço e sua esposa, sentada na cadeira de balanço, alimentando outra criança.

— Querida... o que está acontecendo?

— Eu... eu o trouxe comigo. Voldemort não o matou, Lucius! Ele continuou vivo e chorando, sozinho naquela casa. Lily e James morreram e Harry ficou lá, ele...

Lágrimas grossas passaram a escorrer do rosto ossudo de Malfoy, que foi amparada pelos braços do marido ao seu redor. Lucius beijou o topo da cabeça dela, a apertando com cuidado. Naquele momento os dois tiveram certeza de algumas coisas e nenhum dos cenários possíveis possuía um final feliz. 

— Está tudo bem, querida. Nós vamos lidar com essa situação, nada irá acontecer conosco... Ou com ele. Eu prometo.

— Você sabe que não é possível prometer algo assim, Luc.

— Narcissa, farei o possível e impossível para manter você e nosso filho a salvo. E agora, aparentemente, o pequeno Potter também.

[...]

Aquela manhã era atípica. Estavam todos reunidos em volta da mesa de jantar dos Malfoy, aguardando a reunião marcada com urgência pelos anfitriões. Andromeda e Rabastan estavam entretidos em uma conversa sobre métodos de tortura quando ela notou a presença da irmã mais nova no local, mas algo estava estranho nela, como se esperasse receber uma condenação a forca ou coisa parecida. Bella pareceu notar o mesmo, já que seus olhares acabaram se encontrando após inspecionarem a caçula. 

Lord Voldemort e Nagini, sua fiel companheira, estavam colocados na ponta da mesa. O homem acariciava as escamas da cobra enquanto esperava seus queridos comensais chegarem, já que segundo Lucius o assunto deveria ser tratado em frente a todos. Evan Rosier, Barty Jr. e Macnair pareciam atentos a qualquer movimento enquanto Sirius, Peter e Dolohov riam de algo inapropriado. 

Ninguém parecia saber o motivo daquela reunião tão em cima da hora. Para todos havia sido uma noite de êxitos. Boa parte da Ordem da Fênix havia sido destruída e agora servia de comida para os vermes, as coisas pareciam nos eixos. 

— Ah, agora estamos todos aqui - Voldemort disse com a voz cadenciada quando Rodolphus Lestrange e Avery entraram, procurando lugares vazios para se acomodar — Onde está Lucius? O que queriam nos contar com tamanha pressa?  

Os olhos afiados dele estavam fixos em Narcissa, que mantinha a pose impenetrável e inabalável, tentando ao máximo não transparecer seu nervosismo. 

— Estou aqui - o patriarca Malfoy disse antes mesmo que sua esposa tivesse a chance de responder — Meu lorde, o que temos para falar é de suma importância. 

Todos os olhares se voltaram para ele e apenas as irmãs de Narcissa notaram quando ela saiu do cômodo, voltando logo após, carregando um pequeno corpo em seu colo. Dobby estava ao lado da mulher, segurando a barra de seu vestido cinza chumbo. 

— Eu o salvei de lá - a voz dela soou após o silêncio sepulcral se instalar — Eu tirei Harry Potter da casa onde seus pais foram mortos. Ele estava vivo, ele sobreviveu. Esse menino tão pequeno estava sozinho e chorando, amedrontado. Eu o resgatei de lá e vou cuida-lo, Lorde. 

Apenas o som ruidoso das respirações era audível. Tudo parecia estar em câmera lenta. Aquela havia sido sua sentença de morte, pensou Narcissa, ainda segurando o pequeno em seu colo. Sirius e Lucius se aproximaram em posições de defesa, caso ocorresse um conflito. Andromeda deixou um riso de descrença soar e recebeu um pequeno olhar de aviso do cunhado, que parecia pronto para arrancar sua cabeça caso fosse preciso.

O que ninguém esperava, porém, era ouvir a risada de Voldemort, que parecia estar se divertindo com aquilo. 

— Ele sobreviveu? Ora, ora, que interessante... - estreitou os olhos e acenou com a mão para Nagini, que escorregou até o chão — Sobreviver a uma maldição da morte... Que peculiar.

— O que pode ter acontecido? - Severus perguntou, segurando a varinha de maneira firme por baixo do capote preto — Acha que ele estava com alguma proteção?

— Quase impossível saber - Evan retrucou, encarando o teto — O que vamos fazer com o moleque? 

— Eu vou cria-lo, Evan. Achei que você não tivesse problemas com audição - Narcissa soou na defensiva, o que alargou o sorriso nos lábios do primo e também nos do Lord das Trevas.

— Bem... ao que parece é o que irá acontecer - Voldemort concordou. Uma expressão estranha tomou conta de suas feições enquanto pensava — Mas não será você quem irá o criar, querida Narcissa.

— Meu lorde, o que? Quem irá cuidar dele? O menino precisará de cuidados especiais, ainda é um bebê e...

— Eu irei cuidar do pequeno Harry, Narcissa. Ele será como um filho, é claro. 

Nagini serpenteou pelo chão, se enrolando próxima aos pés de Malfoy. Os pequenos olhinhos pretos cravados no rosto da mulher, observando cada ação. Peter, que até então se encontrava calado, arregalou os olhos e comentou baixinho com Yaxley sobre aquela frase.

— Este menino será como... um pedaço meu.

O sorriso macabro ainda estava presente no rosto de Voldemort e mesmo que ele estivesse com a postura relaxada, ainda era possível notar o olhar aparentemente preocupado no rosto dele. Narcissa deu um passo para trás quando o homem se levantou com cuidado, caminhando até ela. 

— Se ele sobreviveu... talvez esteja reservado para algo grandioso futuramente - ele sibilou, acenando com a mão. A pele fina parecendo prestes a romper — Já pensou, Narcissa, no que este garoto poderá fazer se bem ensinado? 

A mulher engoliu em seco quando sentiu a mão do marido a puxando para perto de forma protetora.

— Lorde, nós podemos educa-lo juntamente de Draco. Serão inseparáveis e disciplinados.

— Não duvido de suas habilidades parentais, Lucius - o outro respondeu — Poderão ficar com ele por enquanto. Preciso pensar sobre o que faremos a seguir, quais lugares e quais pessoas estão em nosso caminho... 

— Eu tenho uma ideia - Sirius disse — Ele continua sendo meu afilhado - ressaltou, olhando para Voldemort — Posso ficar aqui e ajudar em sua criação, sempre o manteremos informado. E diremos ao garoto que... o pai dele é Tom Riddle.

— Excelente! - disse,  estendendo a mão para tocar na testa do garoto. Uma ligação estranha pareceu tirar Voldemort de foco por alguns instantes quando seu dedo entrou em contato com a cicatriz causada pela maldição, mas ele logo se recompôs — Era apenas isso? 

— Sim, Lorde. 

— Então está resolvido, vejo vocês no próximo final de semana. Fiquem atentos aos sangue ruim, as notícias já se espalharam pelo mundo mágico.

Aos poucos os comensais se dispersaram da mansão Malfoy, restando apenas os residentes. Lucius soltou uma respiração profunda após fechar a porta, sentindo sua cabeça arder. Narcissa estava observando todos sumirem de vista através da janela da sala, que mostrava o caminho até os portões de ferro fundido. 

— Isso foi fácil demais.

— Provavelmente porque não acabou ainda, querida. Isso foi apenas o começo.  

 


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