Severus Snape observava atentamente a cena que se desenrolava diante de seus olhos. Um menino de cabelos negros segurava um papel de carta, que havia acabado de ser entregue por uma coruja. Sua mãe estava ao seu lado e sorria.

— É sua carta de Hogwarts, Severus.

A cena então mudou, o menino estava chegando a Hogwarts, estava maravilhado com a imagem do castelo, que se tornava maior a cada centímetro que os barquinhos aproximavam-se.

Logo uma nova cena apresentou-se, o menino estava sentado em um banquinho, aguardando para ser selecionado para uma das casas da escola.

— Sonserina. — Disse o Chapéu Seletor de forma convicta.

A visão seguinte feriu Severus, tanto o menino, quanto o homem que assistia. Lily virava as costas para ele e saia andando, logo após dizer que nunca mais falaria com ele. Lily desapareceu em uma nuvem de fumaça e agora Dumbledore estava a sua frente, com um jovem Snape lhe implorando ajuda. Prometendo-lhe que faria qualquer coisa se ele os salvasse.

Depois disso apenas trevas e escuridão cruzaram por seu campo de visão. Gritos de terror, pedidos de socorro, pedidos de clemencia eram as únicas coisas que conseguiam ser distinguidas em meio aquele caos nebuloso e escuro.

Então veio Nagini, sua pior lembrança. Ele sentiu mais uma vez a mordida da cobra em seu pescoço, a dor e a agonia tomando conta de seu ser. Ele fechou seus olhos, sabia que depois disso seria seu fim. Mas tanto o Severus que estava nas lembranças, quanto o Severus que assistia a tudo, não tinham mais medo. Ambos haviam aceitado que aquele era um fim “justo” para sua existência.

Quando Severus achou que tudo se tornaria escuro outra vez, teve uma surpresa. As imagens ficaram mais claras, mais alegres e coloridas. Os sons agora pareciam-se a sorrisos e gargalhadas, faziam Snape sentir-se...feliz.

Ele viu uma mulher segurando sua mão, pedindo que ficasse com ela, pedindo que não a abandonasse. Ela dizia de forma doce:

— Fique comigo, Severus.

Snape viu sua própria imagem responder:

— Eu ficarei, minha querida, quanto tempo você desejar.

Ele viu aquela mulher aproximar-se mais e beijar sua imagem. Mais uma vez ele sabia que estava compartilhando o sentimento com o Snape da visão, ele sabia que estava apaixonado. E esse sentimento lhe aquecia o peito, era algo tão bom.

No entanto tudo começou a desaparecer, todas aquelas visões e todos os sentimentos, tanto os bons quanto os ruins. Então ele escutou alguém chamar seu nome, de forma delicada e carinhosa. A única coisa sensata a fazer era seguir aquela voz. Logo a claridade atingiu seus olhos. Severus olhou ao seu redor e viu-se em sua cama.

— Severus, meu amor, você está bem? — Hermione estava ao lado dele na cama, o olhando com um ar preocupado. — Você parecia estar tendo um pesadelo.

Severus respirou fundo e direcionou um leve sorriso para a esposa.

— Agora eu estou bem. Foi apenas um pesadelo. — Ele deu um beijo na testa da esposa. — Fico feliz que esteja aqui, minha querida.