Eu não sabia o que esperar de minha vida daqui para a frente.

Desde que mamãe morreu, sete dias atrás, eu estava mergulhada na dor. Eu não sabia o que seria de mim, para onde eu iria.

Eu pensava que não tinha ninguém além de mamãe.

Mas foi aí que tudo mudou.

A juíza da infância e da juventude conseguiu localizar o homem que a quem eu deveria chamar de pai, mas que nunca me conheceu, porque mamãe ficou com medo e fugiu de sua cidade natal, tão logo descobriu que estava me esperando.

 E agora, estou arrumando minhas malas para ir morar com este pai que acabou de me eencontrar.

E se ele não gostar de mim?

A juíza também disse que eu tenho um irmão. Será que ele vai ficar feliz em me conhecer? Será que ele algum dia quis ter uma irmãzinha?

Estou no meu quarto no abrigo para menores, terminando de arrumar minhas malas, me despeço das outras crianças e deixo o quarto, indo para a sala a diretora do abrigo, que está me esperando.

Assim que eu adentro a sala, vejo dois homens me esperando, um mais velho e um mais novo.

Ao me ver, o homem mais velho se abaixa e abre os seus braços, e, ninguém precisa me dizer que este homem é o meu pai.

Dou alguns tímidos passos em direção a ele e, quando enfim o abraço, ele me abraça com força e me enche de beijos. O rapaz que está com ele também me abraça e eu me sinto amada e acolhida.

Tão amada como há muito eu não me sentia.

Um abraço foi capaz de demonstrar muito mais do que palavras seriam capazes de dizer.

E, pela primeira vez, penso que as mudanças podem sim me fazer bem.