Casa da família Uchiha…

Sasuke entrou dentro do quarto altamente protegido, havia guardas na sacada e na porta do lado de fora também, observou os dois garotos com atenção e perguntou:

— Há quanto tempo vocês dois sabem?

Naruto e Gaara estavam sentados em poltronas uma do lado da outra, mas eles só trocaram um olhar entre si e permaneceram em silêncio.

Sasuke bufou frustrado.

Ainda custava a acreditar que a sereia que tanto procurava esteve ao seu lado o tempo inteiro, bem debaixo do seu nariz. Era por isso que Sakura acreditou nele quando disse que tinha visto uma sereia: ela era a sereia.

— Não faz essa cara – disse o ruivo com raiva. – Você não tem o direito.

— Foi tudo um plano? Me distrair para eu nunca descobrir? – tinha um certo amargor em sua boca ao dizer as palavras. A fala do irmão ainda batendo “Ela só estava com você para te distrair”. Mas todos aqueles momentos entre eles…

Naruto soltou um riso de escárnio e provocou:

— É mesmo um idiota se acredita nisso.

A campainha da mansão tocou.

Quem seria numa hora daquelas? Estava quase anoitecendo.

— As meninas devem estar com fome! – Naruto gritou.

— Elas não comem porque não querem – uma voz adentrou o quarto. Era o tio de Sasuke.

O pai estava no andar debaixo enquanto que o irmão mais velho estava na Ilha, de olho nas sereias.

— Como se elas fossem comer qualquer coisa oferecida por vocês! – Gaara gritou com raiva.

Mas o tio apenas sorriu de modo irônico.

— A terceira sereia está aqui – o homem informou. – Quem diria?

Sasuke empalideceu junto aos outros dois garotos, mas diferente deles, correu o mais rápido possível a interceptando pelo caminho. Era para ela ter fugido!

— O que tá fazendo aqui? Ficou maluca? Vai embora enquanto ainda tem chance – ele tentou puxar ela.

— Pode parar bem aí mesmo Sasuke – a voz de seu pai avisou. O tio estava logo atrás.

— Tá tudo bem – Sakura murmurou para ele. – Desculpa não ter te contado antes – pediu e então aumentou o tom de voz: – Eu quero fazer um acordo!

Sasuke reconheceu o tom altivo dela, de quem tentava não demonstrar medo.

— Por que acreditaríamos nisso? – Orochimaru tomou a frente. – Você fugiu ontem mesmo – ele apontou. 

— Ah claro – Sakura desdenhou. – Porque colocar homens armados atrás de mim não ia me assustar nem um pouco – revirou os olhos e cruzou os braços. 

— Você fez o quê? – Fugaku se virou revoltado para o irmão.

Sasuke segurou a mão da garota de cabelos rosa em proteção, sabia que o tio mandaria pessoas atrás dela, mas armas?

— Me desculpa por não ter te dado segurança o suficiente pra você me contar – Sasuke implorou a ela.

— Eu teria te contado se fosse só por mim, mas as meninas… – Sakura deu de ombros.

— Queria não ficar zangado com isso, mas elas contaram pros namorados delas e só eu não pude saber? – ele deu um sorriso amargurado. 

— Cadê eles? – ela perguntou com um temor na voz. 

— Em um dos quartos de hóspedes, estão seguros, não se preocupe – ele respondeu e apontou para o andar de cima.

Sakura olhou a direção em que ele apontou e viu que em uma das sacadas havia homens armados, pela janela dava para ver uma cabeleira ruiva e outra loira. Sakura acenou para os garotos que balançavam as cabeças e diziam coisas que não dava para ouvir através do vidro.

— Elas não contaram, eles descobriram – Sakura o informou. – Eu fui muito cuidadosa, sabe? – deu um sorriso orgulhoso com um misto de amargura. 

Então se virou de volta para Orochimaru. 

— Não é melhor uma sereia na sua mão, fazendo tudo o que você quiser, do que três sempre se rebelando? É o seguinte: deixa elas irem, viverem a vida delas, eu fico – propôs. – Naruto e Gaara também, deixa eles – acrescentou. – Tudo o que eu quero é fazer faculdade, vou ser uma espécie de voluntária na sua pesquisa – disse olhando para Orochimaru.

— Esse é o acordo? Não vai querer dinheiro? – ele arqueou a sobrancelha com um sorriso zombeteiro.

— Imagino que você vá me colocar em algum lugar pra morar sozinha enquanto isso, assim não tem perigo de alguém descobrir sobre mim – Sakura continuou a negociação.– Um apartamento ou uma casa no meu nome não seria nada mal – deu de ombros –, é uma segurança.

Ela só podia estar louca, mas Sasuke percebia o leve tremor na mão dela. Será que ela tinha algum plano ou só queria libertar as amigas?

— Parece justo – ponderou Fugaku olhando para ele, esperando por uma aprovação.

Sasuke sabia que seu pai não machucaria Sakura de forma alguma, mas não poderia dizer o mesmo do tio.

— Então, podemos começar – disse Orochimaru, com o olhar vidrado. – Como isso aconteceu? Você não nasceu sereia ou então seus pais teriam feito fortuna com isso ao invés de jogá-las em concurso de miss mirim.

— Hã-hã – Sakura negou cruzando os braços. – Não antes de eu ver com os meus próprios olhos as minhas amigas livres, eu sei que vocês estão mantendo elas na Ilha – avisou.

— Que seja – respondeu Orochimaru. – Quanto antes irmos, melhor, assim já começo com as minhas pesquisas.

Sasuke percebeu ela engolir em seco. Ela podia não querer demonstrar, mas ele sabia que ela estava com medo.

. . . 

Sasuke ficou ao lado da garota, segurando a mão dela o tempo inteiro, a protegendo de alguns dos homens a mando do tio. Mas Sakura permaneceu em silêncio durante a viagem até a Ilha, a cabeça longe.

A lua estava alta no céu, ainda por trás da Ilha, dava para ver o brilho prateado, mas não a forma completa e a garota de cabelos rosa, pela primeira vez, confiou plenamente no que quer que a Lua quisesse dela, apenas pedindo para que ela e as amigas ficassem em segurança. 

Não demoraram a chegar. Orochimaru comandava tudo, Fugaku se mantinha ao lado dele, mas Sakura não ouviu uma palavra sequer por parte dele. Seguiram o caminho das pedras que era familiar para Sakura, entrando pelas cavernas e por fim chegando à piscina da lua.

Sasuke não se esquecia do dia anterior quando trilhou o mesmo caminho que parecia mágico e tudo se desfez quando percebeu que as sereias que haviam capturado eram as amigas de sua namorada, Hinata e Ino estavam apavoradas.

Ele não sabia como, mas elas fizeram uma espécie de barreira de gelo entre eles, pôde escutar o bater na jaula do lado de fora da caverna, mas elas não conseguiram escapar. A garota de cabelos rosa se surpreendeu ao ver a cena. 

— O que… – murmurou.

— Suas amigas têm se mantido bem arredias – a voz de Itachi se fez presente.

O irmão parecia bem tranquilo, como aquilo não o horrorizava? Eles haviam crescido com Ino! 

— Finalmente pegaram a terceira sereia fujona? – ele sorriu ao perceber Sakura ao lado dele.

— Sakura? – a voz de Ino perguntou atrás do gelo, um tanto esganiçada.

— Ah, elas conseguem falar quando estão nessa forma? – Itachi gracejou. Sasuke se arrepiou com como o irmão se parecia com o tio. – Eu achava que não, já que não disseram uma palavra sequer.

A garota de cabelos rosa percebeu na hora o medo delas e não era para menos. 

— Liberte-as – Sakura mandou para Orochimaru.

Itachi riu atrás dela, Sasuke ficou no caminho dele.

— Como se fossemos tolos – disse o mais velho.

— As coisas mudaram, irmão – Sasuke retrucou nervoso.

— O trato – Sakura relembrou Orochimaru. 

— Veja bem, Sakura – disse o homem em um tom de voz que Sasuke odiou. – Essas duas aqui me mostraram poderes formidáveis e eu gostaria de saber qual é o seu. 

— Eu já disse antes – Sakura cruzou os braços, se soltando de Sasuke e reforçou o seu ponto. – Eu não vou te ajudar antes das minhas amigas estarem livres. 

— Você vai fazer o que? – Ino gritou do outro lado. 

— Você não pode! – suplicou Hinata.

— E quem vai me impedir? Vocês duas? – Sakura retrucou. – Sabem que sou mais forte.

Sasuke olhou abismado para ela: ela era mais forte?

Ino desfez uma parte do gelo, olhando aterrorizada para Sakura.

— Eles nos ameaçaram! Atiraram na gente! – gritou Hinata.

— Sabe o que podem fazer com você! – Ino também gritou.

— Você disse que elas estariam em segurança – Fugaku se virou contra o irmão pela primeira vez. 

— Foram só alguns tranquilizantes – Orochimaru respondeu como se não fosse nada demais. 

— Eu fiz um acordo com eles – Sakura disse para as garotas.

— Ficou maluca? Eles não falaram nem onde tá o Naruto! – Hinata chorava.

Sasuke reparou quando um brilho prateado começou a entrar pela caverna. Por um segundo fugaz, ele reparou como Sakura olhou com esperança para aquele brilho, mas logo em seguida ela se sentou no chão.

— O Naruto tá bem, o Gaara também – tentou acalmá-las. – Eu fiz um acordo, vou ser uma voluntária, eu pesquisei na internet, sabem?! Eles fazem muito isso na indústria de cosméticos. Não é diferente – assegurou. – Vocês nem queriam ser sereias, lembram? 

Ino e Hinata tentaram pegar a mão da amiga, mas Sakura evitou o contato.

Sasuke se lembrou de todas as vezes em que ela evitou andar de barco com ele, ou quando ela pegava algo molhado ou quando… ela tinha medo de chuva, então não era da chuva em si que ela tinha medo. Bastava só entrar em contato com a água?

— Com essa pesquisa, vão descobrir o que houve com a gente e então podemos voltar ao normal, viver uma vida normal – Sakura continuou o discurso. – Além disso, o que me espera no futuro? Viver fugindo dos meus pais? Com esse acordo eu vou ter um lugar só pra mim, vou poder fazer a faculdade que eu quiser, é justo. 

Sasuke reparou em como o tio preparava a equipe, prontos para amostras e o que mais quisessem dela. Ele percebeu o olhar maníaco no olhar do tio e percebeu: ele jamais a soltaria e com as amigas sendo barganha, Sakura não teria outra escolha a não ser obedecer tudo o que ele ordenasse.

— Eles estão mentindo, você sabe – Ino suplicou. Sasuke concordou mentalmente.

Se ela era a mais forte, ainda podia fugir, certo? Mas bastou olhar para toda a equipe a mando do tio para perceber que as chances eram mínimas.

— Eu vou assinar um contrato – Sakura disse como se fosse óbvio –, acham mesmo que eu me deixaria ser enganada assim? Além disso, o Sasuke não vai deixar nada de ruim acontecer comigo. Eu confio nele – aquela parte não era mentira.

— Não vou mesmo – Sasuke apertou a mão dela, se mantendo bem perto tentando protegê-la.

O brilho da lua tocou a água em que as meninas estavam.

— Liberte-as! – Sakura mandou mais uma vez para Orochimaru. – Deixe elas irem!

— Eu estou mais interessado em saber como você é mais forte do que as duas? – Orochimaru continuou a enrolar.

Sasuke temeu não só por Sakura, mas por Ino e Hinata também, mesmo que as libertasse agora seu tio as deixaria livres algum dia?

— Dá pra você libertar elas primeiro? – a garota de cabelos rosa se irritou.

— Por que a pressa? – ele sorriu daquele jeito nojento. 

— Porque eu tô achando que você não vai cumprir a sua parte no acordo – Sakura respondeu com raiva se levantando de onde estava sentada, Sasuke a acompanhou.

Foi Fugaku quem pegou um walkie talkie e deu a ordem para tirarem a grade.

Sakura respirou mais aliviada.

— Sabe que eu não gosto que passe por cima de mim – avisou o tio. 

— E eu tô cansado dessa palhaçada – retrucou o pai de Sasuke.

Sakura balançou a mão em um gesto apontando para cima, para a… lua.

— Sabe, eu só tenho uma última pergunta, Orochimaru – falou Sakura, o tom de voz brando. 

— Diga, minha querida – ele sorriu irônico.

Sakura olhava com uma intensidade para o tio que arrepiou Sasuke. Era o mesmo olhar que ela tinha quando ele a encontrou na Ilha tempos atrás e… havia fogo por toda a parte. Ele se lembrou. Claro, fazia sentido com estados da água, se Ino era sólido e Hinata era líquido, o poder de Sakura só podia ser gasoso, ou seja… fogo.

Sasuke conseguiu ouvir quando a grade caiu, mas nada o preparou para a fala de Sakura:

— Onde você escondeu o corpo da Mikoto depois de matá-la?

Por um momento todos ficaram paralisados.

— O que? – a voz de Fugaku estalou.

Orochimaru tinha o olhar incrédulo.

— Como? – Sasuke sussurrou ao lado de Sakura.

A garota respondeu:

— Sua mãe era uma sereia como eu. Os seus sonhos… não acho que sejam só sonhos e sim lembranças. Me desculpa por isso – Sasuke começou a sentir o corpo pegar fogo por dentro.

Todos os que estavam na caverna gritaram junto com ele.

— Você queria saber qual é o meu poder – Sakura comentou como se estivesse enfeitiçada.

Imediatamente o corpo de Sasuke passou de queimando para frio extremo, havia gelo por toda parte prendendo ele e todos que estavam na caverna, Hinata e Ino erguiam as mãos. Em um instante todos estavam presos. 

Sakura se aproximou de Orochimaru até estar a um passo dele.

— O meu poder é o fogo – ela disse antes de encostar a palma da mão no rosto dele e queimá-lo. – A lua sabe de tudo e jamais vai te perdoar pela perda de uma de suas filhas – sentenciou.

Então ela foi até o lago e mergulhou.

Sasuke ficou paralisado junto aos outros, apenas a cabeça descoberta e olhou Sakura emergir em sua forma de sereia. Ela segurou a mão de cada uma das amigas. A água borbulhava em torno delas em um vermelho que parecia um caldeirão. Era lindo e ao mesmo tempo horrível de ver.

— Essa lua vermelha que nos banha é a lua de sangue, aqui foi onde tudo começou e onde tudo vai terminar – falou para elas.

— Foi assim que a Tsunade perdeu os poderes… – Ino percebeu.

Sakura acenou. 

— E agora que eles sabem, jamais estaríamos seguras – Hinata entendeu.

Sakura concordou mais uma vez. 

— Última chance, prontas? – perguntou para as duas que responderam “Sim” juntas e segurando as mãos uma da outra, olharam para a lua acima delas e choraram pela perda da magia.

Sasuke olhou em direção ao pai que também observava a cena ainda em choque com a informação anterior.

A mãe de Sasuke, uma sereia! Seu tio havia dito que tinha capturado uma, mas que ela… Ele a matou, o desgraçado, o assassino de sua mãe, o tempo inteiro, ao lado deles, mentindo e fingindo…

— Em nome da lua, eu abro mão da minha cauda – entoou Sakura.

Ino e Hinata repetiram logo após ela.

— Não! – Orochimaru gritou preso no gelo, o rosto deformado.

Sem as caudas, os poderes também se foram e o gelo que prendia a todos derreteu no mesmo instante.

As garotas saíram do lago com as roupas encharcadas pela água, o cabelo de Sakura, antes na cor rosa, agora estava de volta ao loiro natural, apenas as pontas tinham um leve resquício da cor, fazia meses que havia pintado.

— Acabou – constatou Ino.

— Sei que eu reclamei muito, mas eu vou sentir falta – Hinata chorou.

— Todas vamos sentir – Sakura a consolou.

— Prendam-nas – Orochimaru mandou. Muitos apontaram as armas para as três, Sasuke se colocou na frente delas enquanto o pai avançava contra o irmão.

— Seu desgraçado – deu um soco –, o tempo todo… – o pai soluçou. – O que fez com a minha esposa?

Então o lugar todo começou a tremer.

— Senhor, os túneis estão desmoronando – disse uma voz pelo walkie talkie.

— O vulcão – Ino murmurou.

Sakura olhou alarmada para as meninas.

— Pro lago, rápido – nem Ino nem Hinata a questionaram.

Sasuke puxou o pai e o irmão, pulando logo atrás delas.

Elas nadaram como da primeira vez em que haviam se perdido pela caverna. Um último nado na piscina da lua, já que aparentemente o lugar deixaria de existir. Algumas pedras caíram ao redor antes delas passarem pelo túnel e subirem ao nível do mar.

— Esqueci como é difícil nadar apenas com as pernas – Ino falou assim que emergiram.

— Hã – Hinata ofegou. – E os tubarões? A gente não é mais sereia!

Então uma luz piscou na direção delas as cegando por um momento, piscando mais algumas vezes.

— É o barco da Tsunade, vamos – Sakura chamou.

— Por aqui! – Jiraya acenou o jogou boias para elas e para quem mais viesse atrás.

Sasuke e Itachi, Fugaku também e alguns dos homens e das mulheres que trabalhavam para eles. 

— Como? – Ino perguntou assim que estavam seguras.

— Eu tive um pressentimento e liguei assim que pude, Sakura me contou tudo – respondeu Tsunade. – Cadê aquele assassino? – perguntou para Fugaku.

— Não sei se ele saiu, vim logo atrás dos meus filhos – o homem respondeu.

— Eu vou ajudar todos que eu puder até a guarda aparecer, ele é um assassino e vai pagar pelos crimes que cometeu – prometeu Tsunade.

Hinata segurou a manga de Jiraya quando este passou por ela.

— Eles não falaram onde está o Naruto.

— Não se preocupe – ele acariciou a cabeça dela, tentando acalmá-la. – Ele está no meu restaurante, junto com Gaara – olhou para Ino.

— Gaara também? – Ino se desesperou.

— Longa história – disse Sakura enquanto se aquecia com um cobertor. Ia sentir falta da magia.

. . . 

Três dias depois…

“As autoridades dizem que a área é de risco, faz séculos que o vulcão está desativado e a causa dos tremores ainda estão sendo averiguadas. O biólogo Orochimaru Uchiha foi preso, junto a alguns de seus funcionários, pelo crime ambiental. Nem todos conseguiram escapar da explosão a tempo…”

O jornal passava pela televisão da lanchonete.

Tinham colocado a culpa dos tremores em explosões que Orochimaru havia orquestrado. Afinal, como explicar para as autoridades que havia sido magia a causa de tudo? E o biólogo não era burro, com tantos fundos movidos em seu nome, sua equipe foi toda considerada culpada.

Devido ao crime, o processo que corria em justiça acelerou e não demoraria muito para a Ilha Mako ser considerada patrimônio cultural. 

Sakura estava conversando com Sasuke, em uma das mesas do deque…

— E a gente? Como fica? – o garoto perguntou esperançoso.

— A gente não fica – respondeu ela.

— Entendo – disse. – Mas eu ainda queria… 

— Não – Sakura o interrompeu. – Sou grata por qualquer coisa que tenha feito por mim, para assistente social me deixar ficar aqui e terminar o ensino médio, sou grata por você ter sido bom pra mim enquanto namoramos Sasuke, de verdade, mas… 

— Eu sei – o garoto suspirou.

— Eu não vou conseguir esquecer o terror que a sua família me fez passar e por me tirar a coisa mais incrível que já aconteceu na minha vida – Sakura derramou uma lágrima.

— Era uma relação com data para acabar – o garoto concordou e se levantou. – Me perdoa mais uma vez – pediu. – Viva a sua vida, seja feliz, você merece – e partiu antes que também desmoronasse.

Sakura deixou mais algumas lágrimas caírem, pela perda não só de alguém que havia sim sido muito bom para ela, mas também pela magia, antes de se levantar e se arrumar para trabalhar. 

— Parece que foi doloroso – Tsunade comentou quando a garota passou por ela sentada no balcão.

— Estamos aqui com você, tá? – Hinata e Ino a abraçaram.

— Obrigada – Sakura as agradeceu. – Mas eu tenho mais com o que me preocupar do que um garoto na minha vida – enxugou o rosto antes de ir para o vestiário.

— Espero que ela fique bem logo – desejou Hinata.

— Ela vai ficar bem – disse Ino. – Ela é a Sakura – e foi atender uma mesa.

— Tudo bem? – Jiraya a abraçou por trás.

— Isso ainda não acabou – falou Tsunade, o olhar longe. – Eles ainda vão se encontrar de novo e viver esse amor. Todos estão destinados. A lua é certeira em sua escolha, mas o que importa não é o fim e sim a jornada – Jiraya apenas beijou a bochecha dela, acostumado às previsões dela. Não havia contado algo, mas elas descobririam…

. . .

Dias depois… 

Era meio de semana, havia acabado seu expediente, mas Sakura decidiu que ainda não queria voltar para o trailer, queria nadar, sendo sereia ou não. Tinha aprendido a amar o mar.

Tirou a roupa assim que chegou no lugar de sempre e escondeu a mochila atrás das pedras, foi calmamente andando pela areia até chegar ao mar.

Entrou aos poucos, sentindo a temperatura, a água costumava ficar morna à noite devido ao calor do dia. Nadou por alguns minutos, a água na altura de sua barriga, de repente o desejo de se tornar sereia veio forte, com uma saudade imensa, até que a água ao seu redor começou a borbulhar e se transformou.

Sakura soltou um riso incrédula. Estava sonhando? 

— Se for um sonho, por favor, não me deixe acordar – murmurou olhando para a lua.

A luz não estava cheia, estava mais para minguante, mas ainda assim… 

— Obrigada – agradeceu.

Sakura mergulhou.

Fim…