— Melhor loirinha? – Sasori perguntou quando estavam longe da lanchonete.

— Sim – Ino mentiu.

Estava melhor longe de toda a situação, mas não queria dizer que seus sentimentos não estavam um rebuliço dentro de si. Queria chorar, desesperadamente.

— Onde é sua casa? Eu te levo até lá – Sasori ofereceu.

Ino fungou.

— Melhor não – a voz estava embargada.

— Tá – ele concordou, percebendo que a garota ia começar a chorar a qualquer momento. – Eu tô na Pousada do Pôr do Sol, aqui perto – ele a informou. – Se você precisar de alguma coisa, qualquer coisa, pode me chamar, eu vou estar por aqui esses dias, e, sei lá, às vezes alguém novo e diferente pode ajudar ou te distrair – ele ofereceu um sorriso. – Vou indo, fica bem loirinha – ele se despediu.

Ino esperou ele sumir de vista antes de correr para o mar, seguindo o caminho da Ilha.

. . . 

Segunda-feira…

Já se faziam três dias que Ino evitava as meninas sempre que podia e ela não havia ido trabalhar naquele dia.

Além do mais, preocupava Sakura o fato da amiga estar próxima do irmão.

Não conseguia confiar em Sasori.

E se irritava com Gaara que só sabia se lamentar ao invés de tomar alguma atitude.

Só Sasuke conseguia distraí-la das preocupações.

Se arrepiou quando sentiu um beijo dele em sua nuca e, em seguida, o sopro da risada dele em seu ouvido.

— Do que é que você tá rindo? – se virou para ele irritada.

Estavam na casa dele, mais precisamente no quarto dele, o pai estava fora em algum jantar de negócios e o irmão estava fora de vista. Então Sasuke havia lhe chamado para assistir um filme e passar um tempo juntos.

— Você tem um ponto fraco, só isso – ele sorriu de leve para ela.

— Ponto fraco? – ela ecoou sem entender e ofegou quando ele beijou seu pescoço novamente. 

— Ponto fraco – ele concordou rindo. – Seu pescoço é o ponto fraco do seu corpo, gosto disso – ele sorriu safado.

Sakura ia dar uma resposta atravessada quando ouviu risadas no andar de baixo. Parecia que muitas pessoas estavam entrando na mansão.

— O que foi isso? – ela perguntou.

— Sasuke! – um grito seguido de uma batida na porta do quarto foi ouvido.

— Droga – Sasuke murmurou se levantando.

— É o seu primo? – Sakura se levantou junto com ele reconhecendo a voz.

— Abre a porta Sasuke, hoje é dia de festa! – o primo mexeu na maçaneta da porta tentando abri-la, mas sem sucesso.

— O próprio – Sasuke revirou os olhos. – É melhor eu parar ele antes que alguém quebre alguma coisa.

Sakura o observou sair e pausou o filme que assistiam pela tela do notebook.

. . . 

Sasuke observou a zona que rapidamente o andar de baixo de sua casa estava se tornando.

— Obito! – chamou a atenção dele. – Ficou doido? Se queria dar uma festa devia ter feito na sua casa, se meu pai descobre ele me mata.

— Relaxa priminho – Obito passou um dos braços por cima do ombro de Sasuke, o garoto tinha uma garrafa de bebida na mão. – A ideia foi toda do Itachi.

— Como é que é? – Sasuke se espantou.

Então Obito apontou para um direção e Sasuke viu o irmão bebendo de uma garrafa.

Sasuke se afastou do primo indo em direção ao irmão.

— Ficou maluco Itachi? – Sasuke pegou no braço do irmão. – Que festa é essa?

— Olha se não é o caçula – ele se soltou do aperto de Sasuke e o olhou de cima para baixo como se o menosprezasse.

Sasuke ficou irritado com a fala do irmão.

— Que porra é éssa? – Sasuke retrucou. – Deu vontade de ser rebelde agora?

— Relaxa – o mais velho deu de ombros. – É só uma pequena comemoraçãozinha.

Sasuke sabia que o irmão tinha vencido a primeira competição do campeonato daquele dia, tinha sido pela manhã, no horário em que estava na escola, então Sasuke não pode comparecer.

— Uma partida não é o campeonato – avisou Sasuke antes de se afastar indo em direção ao quarto no andar de cima.

Precisava sair de casa.

. . .

— E então? – Sakura perguntou quando ele entrou e se levantou da cama.

Sasuke desligou o notebook e o colocou numa das gavetas da escrivaninha.

— Sasuke? – Sakura perguntou preocupada.

— Vamos dar o fora daqui – ele pediu.

— O que houve?

— É o meu irmão quem tá dando a festa – suspirou, mexendo no cabelo, frustrado. – Não quero estar aqui quando meu pai chegar – pegou a chave para trancar a porta do quarto, sabia bem como uma festa daquelas podia terminar.

— Só porque ele ganhou hoje? – ela perguntou confusa, pegando a mão que ele estendeu.

— Meu irmão consegue ser bem soberbo e arrogante – Sasuke deu de ombros.

— Bom saber disso – disse uma voz um tanto familiar demais para os dois.

— Sasori? – Sakura questionou incerta.

— Achei que tinha reconhecido seu namoradinho quando o vi, tirou a sorte grande maninha – o ruivo observava a mansão ao redor.

Sasuke sentiu o corpo de Sakura ficar tenso e segurou a mão dela com mais força.

— Não imaginava que o playboyzinho da competição era seu cunhado maninha, espero que seu namorado não seja como ele – direcionou o olhar para Sasuke e arqueou uma das sobrancelhas do jeitinho que Sakura fazia. Aquilo pegou Sasuke desprevenido.

— Acha mesmo que eu namoraria um cara que me tratasse mal? – a voz de Sakura saiu alta e esganiçada.

— Só me certificando – o ruivo levantou os braços para o alto. – Aliás, sua amiga loirinha veio comigo, não quer cumprimentar ela para que não se sinta tão só? 

— A Ino veio com você? – Sakura questionou surpresa. E então seguiu o olhar do irmão: Ino estava na varanda da casa, parecendo deslocada.

Sakura não pensou duas vezes antes de ir até a amiga.

— Ino, o que você tá fazendo aqui? Ainda mais com o meu irmão?

— Aquele cara ruivo é seu irmão? – Obito apareceu do nada surpreendendo Sakura. A garrafa que ele tinha na mão pingava, Sakura deu um passo para trás e trocou um olhar preocupado com Ino.

— Não é nada demais – Ino puxou Sakura para longe de Obito e da garrafa molhada nas mãos dele. – Só estamos nos vendo, nos conhecendo melhor, nos divertindo – Ino respondeu dando de ombros. – Eu nem vou ficar muito tempo, a gente tem aula amanhã – a loira tentou desviar o assunto.

Sakura sabia que aquele não era o melhor lugar para conversar com a amiga sobre sentimentos.

— Olha – tentou avisar –, só toma cuidado com o meu irmão, tá?

— Ele não fez nada que eu não quisesse – Ino o defendeu.

Sakura tinha certeza que não, mas como é que explicava para a amiga que ela estava em um momento de fragilidade e que as decisões que ela tomaria daquele jeito poderiam fazer com que se arrependesse no futuro? Tendo convivido com o irmão por tanto tempo, sabia como ele podia ser manipulador. Aquilo preocupava e muito Sakura.

Uma comoção se formou ao pé da escada e rapidamente as pessoas começaram a gritar:

— Briga! Briga! Briga!

— Ah não, briga não – Obito correu em direção a aglomeração, tentando entrar no círculo que haviam feito.

Sakura viu Sasuke acenar para ela da escada e apontando para fora.

— Eu vou indo, tá? – se despediu de Ino. – Se cuida.

Ino somente acenou.

Sakura caminhou em direção a saída, ainda tentando ver Sasuke e reconheceu o cabelo ruivo do irmão, de frente para ele estava o irmão de Sasuke, com uma careta irritada.

Sakura se surpreendeu quando entendeu: eram Sasori e Itachi que estavam brigando?