Quinta-feira, lanchonete do Jiraya…

Havia uma pequena comoção do lado de fora da lanchonete quando Sakura e Ino chegaram para trabalhar. Muitas meninas se amontoavam do lado de fora e davam gritinhos para alguma coisa que acontecia dentro da lanchonete, ao que parecia.

— O que estão fazendo aqui fora? – Sakura perguntou quando se aproximaram.

— Admirando o novo gerente – disse uma das garotas animada.

— Ele é tão gato — afirmou Tenten, uma das funcionárias, suspirando sonhadora, antes de voltar a limpar as mesas no deque.

— Se você acha — disse Ino dando de ombros, um pouco incomodada.

Sakura ia provocar a amiga quando sentiu o celular vibrar em um dos bolsos da mochila. Era o mesmo número que a ligava há três dias. Começou a ficar preocupada, todos os números que precisava saber já estavam salvos em seu celular. Tinha medo de quem poderia estar do outro lado da linha caso atendesse, então deixou a chamada cair como das outras vezes e desligou o celular.

— Sakura? — Ino chamou preocupada.

— Tô indo — respondeu a garota de cabelos cor de rosa a seguindo para dentro.

. . .

Sakura viu quando Sasuke chegou e sentou numa das mesas do deque. Ela foi atendê-lo imediatamente.

— Olá, boa tarde, o que deseja? — ela perguntou com o sorriso de sempre para atender os clientes.

Normalmente Sasuke daria uma resposta engraçadinha para ela, mas não naquele dia.

— Aquele ruivo é o cara que pegou a Ino na festa — disse Sasuke, apontando para Gaara atrás do balcão.

— Já tô sabendo – Sakura acenou para ele.

— Ele drogou ela? – Sasuke perguntou sério, pegando o braço de Sakura.

— Não – Sakura respondeu igualmente séria. – Ele ajudou ela.

— E você acredita nele? – Sasuke perguntou com escárnio.

— Acredito – respondeu Sakura com uma sinceridade que pegou o garoto desprevenido. – Olha Sasuke, esquece essa história, já tá resolvida.

— Ino não parece que tá com história resolvida – ele comentou observando a garota.

Sakura suspirou. Sabia que Ino não estava agindo como ela mesma.

— Algum problema aqui? – Gaara se aproximou dos dois.

— Nenhum – Sakura respondeu soltando o braço das mãos de Sasuke. Às vezes se esquecia como era fácil ficar perto dele.

— A gente se fala depois – Sasuke se despediu dela.

Sakura só o observou.

— Tudo bem? – Gaara perguntou preocupado.

— Sim, por que não estaria? – Sakura estranhou o comportamento do gerente.

— Já fiquei sabendo sobre esse garoto, Sasuke Uchiha, né? – o olhar do ruivo voltou para Sasuke indo embora.

— Não acredite em tudo o que ouve, chefe, eu sei lidar com o Sasuke – Sakura deu um leve tapa no ombro do ruivo antes de voltar ao trabalho.

. . . 

Final do expediente…

— Não se esqueçam de hoje — avisou Hinata.

— Já está tudo acertado – disse Ino. – Meus pais vão jantar fora na casa de um tio meu e vão dormir lá. Hoje a gente fica na minha casa.

— Vai dar certo – Sakura sorriu às provocando. – Só precisam se controlar mais.

— Você não tá fora disso, sabia? – Ino ficou irritada com o comentário da garota.

— Tenho certeza que eu posso lidar com uma lua malvada – Sakura falou sem se preocupar.

— A gente vai conseguir lidar com a lua malvada dessa vez porque eu tô preparada – avisou Ino com um dedo em riste.

— É só evitar a luz da lua, quão difícil pode ser? – Sakura não se preocupou. Sentiu o celular vibrar no bolso e verificou, era o mesmo número de antes. Seus problemas de verdade estavam na terra e não na lua, por isso estava despreocupada quanto a isso. Resolveu desligar o celular mais uma vez, não iria precisar dele naquela noite de todo jeito.

. . .

Mais tarde, ao entardecer…

A casa de Ino estava mais para mansão, com direito a piscina e um enorme jardim. O pai de Ino era cirurgião plástico e era bem requisitado.

— Vamos ser só nós três? – Hinata perguntou quando entraram na casa de Ino.

— Não exatamente – Naruto apareceu atrás delas.

— Naruto? O que você está fazendo aqui? – Ino ficou surpresa com a aparição dele.

— Não é óbvio? Eu estou aqui para ajudar – respondeu ele mostrando os tecidos que carregava. – Nós podemos dormir tranquilos agora.

— Nós? – Hinata o questionou surpresa.

— Eu topo ter uma noite de meninas – ele sorriu animado.

— Sinto muito, mas prometi aos meus pais: nada de meninos! – Ino o informou.

— Uau, esse é o obrigado que eu recebo por tentar ajudar? – ele respondeu de forma irônica enquanto Ino o empurrava em direção a porta.

— Se a gente precisar, nós ligamos – falou Hinata erguendo o celular.

Sakura não estava ali, ela tinha ido até a cozinha beber água quando viu a luz da lua, mas sequer percebeu…

— Sakura, tá tudo bem? – Ino perguntou estranhando a garota parada no meio da cozinha encarando o copo d'água na mão.

— Sim, por que não estaria? – Sakura retrucou colocando o copo na pia, saindo do transe que não tinha reparado estar.

Hinata colocou um filme de romance para passar na televisão e noite adentro Sakura começou a se sentir acalorada.

— Aqui tá muito quente! — Sakura reclamou tirando a blusa de mangas que usava.

Ino e Hinata trocaram um olhar confuso observando a garota de cabelos rosa se abanar enquanto o suor escorria pelo rosto dela.

— Calma, tá tudo bem — disse Ino se levantando do sofá e tentando acalmar a garota.

— Não tá tudo bem! – Sakura exclamou indignada se levantando do sofá, o que surpreendeu as outras duas. – Não percebem? A gente fechou toda a ventilação e agora tá ficando muito quente aqui dentro – pegou um travesseiro para se abanar com mais força. – Eu não aguento esse calor, vocês não estão sentindo? – perguntou exasperada.

— Bom, sim – Hinata concordou, realmente estava começando a ficar muito quente dentro da sala.

— Eu vou ligar o ar condicionado – avisou Ino. – Não tá funcionando – percebeu sacudindo o controle e batendo de leve na mão algumas vezes.

— Vocês acham que a lua pode estar fazendo isso? – Hinata perguntou preocupada.

— Impossível – disse Ino olhando para Sakura e depois para Hinata.

— O que? – Sakura percebeu o olhar da loira. – Tá achando que a culpa é minha? – perguntou, ficando irritada.

— É você que tá com calor – Ino percebeu as bochechas de Sakura vermelhas enquanto as de Hinata permaneciam normais. – Vem, vamos pro banheiro, a gente vai resfriar você – mas quando Ino tocou no braço de Sakura, soltou imediatamente devido a temperatura da garota. – Ai, você me queimou – se queixou.

Sakura se afastou surpresa dela, respirando rápido, se sentindo sem fôlego e falta de ar.

— Você olhou para lua ou pro reflexo dela? – Hinata perguntou cautelosa.

Sakura acabou batendo na bancada da cozinha e todas as garrafas com líquidos explodiram.

— Vou interpretar isso como um talvez – disse Hinata, se sentindo amedrontada com os líquidos que voavam.

— Sakura, se acalma e respira – pediu Ino.

Mas Sakura não conseguia, se sentia sufocada, precisava de ar, precisava de água.

— Eu não sei o que tá acontecendo comigo! — colocou a mão em cima da garganta.

Então correu para a porta e saiu, batendo com toda a força que tinha.

— Sakura, não! – Ino gritou atrás dela.

Hinata tentou abrir a porta, mas queimou a mão na maçaneta.

— Ai, que quente – se queixou e massageou a mão.

— Para trás – Ino mandou estirando a mão e congelando a maçaneta.

— Ei, meninas, não saiam! – mandou Naruto entrando na casa.

— Cadê a Sakura? – Ino perguntou.

— Eu não sei, mas eu vou atrás dela e enquanto isso vocês ficam aqui! – disse ele.

— Mas – Hinata tentou argumentar.

— Só consigo lidar com uma sereia de cada vez – avisou Naruto.

— Você não entende, a Tsunade disse que devíamos ficar juntas na lua cheia, não importa o que aconteça – disse Ino, preocupada com o que poderia acontecer com Sakura.

— Além disso, a Sakura tem os poderes mais perigosos de nós três – apontou Hinata – a Tsunade nos avisou, esqueceram?

. . .

Pouco tempo depois, não muito longe da Ilha Mako…

Sasuke estava em seu bote no meio do mar, sabia que já tinha passado da hora do jantar em sua casa, mas por alguma razão, sentia que tinha que estar ali. Foi quando viu a Ilha Mako.

— Fogo? – murmurou.

Então seguiu em direção a Ilha sem pensar duas vezes.

Quando atracou o bote, correu em direção a mata e viu uma garota agachada ali.

— Sakura? — Sasuke chamou surpreso ao reconhecer a garota. — O que aconteceu aqui? — ele perguntou olhando alguns pontos da mata pegando fogo. — Você tá mal – ele se sentou ao lado dela e percebeu que o rosto dela estava febril.

— Eu não aguento mais — disse Sakura, como se estivesse em transe.

— Não aguenta o que? — ele murmurou.

— Isso, tudo! — desabafou. – É muito difícil e ninguém entende – respondeu ela.

— Eu sei bem como é isso – ele assentiu.

Sakura virou o rosto para ele, olhou bem dentro dos olhos dos olhos dele, e seja lá o que viu, resolveu o beijou.

Sasuke aceitou o beijo sem pestanejar, sabia dos momentos em que precisava de distração, no início foi bom, mas depois ele se sentiu queimar de dentro para fora e sequer percebeu quando desmaiou.

. . . 

Ao amanhecer…

— Fiquem com os olhos fechados e com a cabeça baixa – avisou Naruto quando atracaram na praia da Ilha e ajudava as duas a descerem do barco.Tanto Ino quanto Hinat a usavam casacos com capuz e óculos escuros.

Tinham demorado muito para chegar até a Ilha, as ondas pareciam querer impedir a chegada deles até Sakura.

— Esse não é o bote do Sasuke? – Ino apontou o reconhecendo.

— Eu não falei para fecharem os olhos? – Naruto disse exasperado.

— Eu não quero nem pensar no que a Sakura é capaz de fazer com o Sasuke sob influência da lua cheia – disse Hinata preocupada.

— Talvez fosse tostar ele de dentro para fora – falou Naruto sentindo o corpo arrepiar. – Por aqui – ele puxou os braços das duas indo em direção a mata queimada.

Eles começaram a tossir devido a fumaça.

— É a Sakura – disse Naruto ao ver a garota sentada de costas. – E o Sasuke – empalideceu ao ver o garoto estatelado no chão ao lado dela. Ele estava imóvel.

— Sakura – Ino se agachou em frente a garota de cabelos rosa. – O que fez com o Sasuke?

— A gente tem que levar ela para a lagoa – disse Hinata, percebendo que o estado dela era muito mais sério do que esperavam.

— Como? – Naruto perguntou exasperado.

— Deixa com a gente – disse Ino.

— Eu tenho que levar o Sasuke de volta, ele tá respirando, mas tá muito quente e muito fraco, eu tô vendo sinais de desidratação nele – disse Naruto tentando arrastar Sasuke para o bote.

— Há quanto tempo será que ele inalou toda essa fumaça? – Hinata perguntou preocupada.

— Vai saber… – Naruto respondeu antes de partir.

— Sakura, você tem que vir com a gente – Ino tentou tocar nela, mas Sakura se afastou.

— Não – respondeu Sakura, o tom de voz vazio.

— Por favor, Sakura – Hinata pediu. – Vem com a gente, é pro seu próprio bem.

— Eu tô sozinha pro meu próprio bem – nem Ino nem Hinata gostaram do olhar que Sakura tinha no rosto. – Eu nasci pra ficar só. É assim que as coisas são e isso nunca vai mudar. Me deixem sozinha – se afastou das duas, se embrenhando na mata e reacendendo o fogo apagado com isso.

— Escuta, Sakura, você não tá sozinha! – disse Ino, congelando os lugares onde o fogo começou a queimar. – Fazemos parte de uma coisa que não podemos impedir ou controlar. Se a gente for pra algum lugar, vamos juntas — estendeu a mão.

Isso fez Sakura aceitar a mão estendida e seguir elas.

. . . 

Elas fizeram o caminho das cavernas, de quando tudo aconteceu da primeira vez, para o lago da lua. Entraram com Sakura, para que a garota não ficasse sozinha. Mas a água começou a borbulhar imediatamente após Sakura entrar e se transformar em sereia.

— Sakura? – Hinata chamava, mas a garota de cabelos rosa não respondia. – Tá ficando quente muito rápido – percebeu.

— Sai da água – Ino mandou.

As duas se apoiaram nas pedras, como faziam quando esperavam os corpos secarem, e observaram a forma de sereia de Sakura estirada na água borbulhando ao redor e soltando vapor, olhando para cima naquele mesmo olhar vazio que dava arrepios nas duas.

— Quanto tempo mais? – Hinata perguntou preocupada.

— Espero que não muito – disse Ino esperançosa.

Nunca tinham visto Sakura daquele jeito e isso as assustava.

— Por que é diferente? – Hinata murmurou.

— Lembra que Tsunade nos disse que a lua mexe com os nossos sentidos e que às vezes só quer apenas brincar – Ino pensou.

— É, mas isso não parece a lua querendo brincar – Hinata apontou.

O que queria dizer que aqueles eram os sentimentos mais profundos de Sakura no ápice, assim como Ino se sentou em sua lua…

Mais alguns minutos se passaram, então Sakura fechou os olhos e a água parou de borbulhar, Ino tocou na água testando a temperatura.

— Tá esfriando – avisou para Hinata.

Aos poucos Sakura abriu os olhos e piscou algumas vezes, como se saindo de um transe, então ela estirou as mãos, nadando.

— O que… – murmurou olhando ao redor e reparando nas duas. – O que a gente tá fazendo aqui? – perguntou para Ino e Hinata.

— Ufa – Hinata respirou aliviada. — Você voltou ao normal.

Ino não falou nada, mas respirou tão aliviada quanto.

— Eu fiquei muito sob o efeito da lua ontem? – Sakura perguntou cautelosa, percebendo o que devia ter acontecido.

Ino balançou a cabeça.

— Sim, mas você tá bem agora e é o que importa – respondeu a loira.

— O que foi que eu fiz? – Sakura as questionou preocupada.