Por que? escrita por MT


Capítulo 1
1° - Os sinos do breu eterno e as íris lilases


Notas iniciais do capítulo

Hoje morre o amor
Sob o prazer da carne
O ruído final do moribundo
Pode ouvi-lo?
Como o breu eterno vindo sob a vigília
das íris lilases
Hoje morre o amor
Pode ouvi-lo?



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Segurou sua mão, encarou o lilás das íris e o sorriso na face branca manchada com o líquido de sua vida.

´´Por favor…`` gemeu, nenhuma voz. Os dedos dela pressionaram os seus. E o outro punho puxou um pedaço de algum órgão dentro de si.

O devorou. Não por inteiro. Um naco marrom e marcado por rubro pairava entre seu anelar e indicador. A mulher melada de sangue, branca, cabelos negros. Riu e esticou aquilo ao resto da pessoa deitada com a barriga aberta, tudo abaixo dos joelhos desaparecido e olhos cercados por lágrimas.

Amava aquela mulher. Ela dissera que o amava.

A figura feminina levou um naco da carne do homem a pressionar contra os lábios do próprio. Ela ruborizava. Tinha dois longos chifres com manchas escarlates no topo. Estava nua e matando. E comendo.

Demônio. Aquela mulher o dissera no começo e então o lembrou logo depois de dizer que amava-o.

Riu, caçaram um roedor gigante que roubara uma mochila, participaram do festival primaveril. Concursos de quem come mais, tiro ao alvo, charadas.

Foram até um quarto na pousada mais distante do ruído das festividades. Tocaram e beijaram um ao outro até o toque do demônio ir fundo demais e estivesse ali.

Morto. Prestes a morrer. Os sinos do breu eterno contando que o mundo seria apagado de seus olhos, ouvidos, tato, paladar.

Mal sentia dor. Gritara alto quando tivera o estômago atravessado, gemera até que um líquido espalhou-se por seu corpo e o tornara difícil de mover. Fraco até para sentir dor. Mas não conseguia dormir. Forçado a ver tudo e contorcer-se violentamente até que movesse tenuemente a mão. E segurasse a de sua algoz.

Aquele fragmento de si atravessou para dentro da boca. Os dedos pálidos da mulher que amava fazendo com que os dentes o despedaçassem. Horrendo, detestável, assustador.

A dor voltou. Piscou em um clarão. E então acabou.

Súbito. Silencioso. Final.

Por que?

 


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Notas finais do capítulo

Eu não sou poeta
mas se fosse
precisaria dar uma treinada... que é o caso.
Bom, na verdade nem acho que o poema das notas iniciais esteja ruim. Tem seu charme.


Leu até o final?! Quem é você?! Deus? Goku? Um pote de sorvete no congelador que de fato tem sorvete?!
Comenta o que achou. Confia, até um ´´like``, ´´great``, ´´cool`` vai trazer um calor bacana ao peito do autor que só pode ser depressivo pra escrever um negócio tão tenso.
Obrigado por ler!



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