Terraria: out of plans escrita por Allen Isolet


Capítulo 1
Capítulo 1: novos ares




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Um novo dia se inicia na floresta. Tendo o canto dos pássaros como despertador, uma jovem que pernoitara numa gruta a fim de se esconder dos zumbis, finalmente abre seus olhos.

Uma garota alta, de longos e lisos cabelos loiros presos num rabo-de-cavalo, franja e suíças, pele parda e olhos azuis claros, além das orelhas pontudas. Uma elfa viajando sozinha ruma à cidade mais próxima. Ela está vestindo uma blusa branca de mangas até o cotovelo e capuz feita de algodão, e por cima um colete de couro. Para as pernas uma simples saia vermelha de pregas feita de lã, meias pretas até as coxas e botas longas de couro. Um cinto grosso de couro na cintura por cima do colete, prendendo uma bolsa de mesmo material que está voltada para trás. E por último a aljava nas costas presa por uma alça fina cruzando seu peito.

Assim que recobra a consciência ela se levanta num pulo, entrando em guarda com seu arco e flecha apontando para todos os lados, tensa com qualquer barulho. Mas vendo que está totalmente só, relaxa o corpo. “Essa noite foi ridícula!” pensa, abaixando o arco e devolvendo a flecha para a aljava. E mesmo assim, ainda sai cautelosa de dentro da pequena caverna, cuja entrada não passa de uma fenda larga o suficiente para que ela passasse e os monstros não conseguissem.

O ambiente a sua volta está tão calmo e cheio de vida que parece loucura que tenha estado aterrorizante noite passada. Acostumada com a tranquilidade de uma vila, ainda não aprendeu a lidar com os perigos de uma noite sem abrigo.

Ela caminha alguns minutos até chegar nas redondezas da cidade Greenroud, conhecida por possuir uma guilda de aventureiros. Seu objetivo.

— Eeei, me ajuda! — Grita uma menina correndo na direção da elfa.

E sem pensar duas vezes, ela apenas prepara seu arco e uma flecha e atira na geleia roxa que perseguia a criança. Eliminando-a num só tiro.

— Você está bem?

— Estou... ei, você... você é uma elfa?! — Pergunta assim que nota as orelhas.

— T-talvez! Quem quer saber? — Puxa o capuz para esconder sua raça.

— Sou Nadine. Você está indo visitar a cidade, né? Quer que eu te mostre o lugar?

— Uhun, irei aceitar a oferta! — Solta o capuz, revelando novamente suas orelhas. — Ah, e eu me chamo Zoey.

A menina recolhe a cesta onde guardava os cogumelos e algumas frutinhas que colhia pelo local até acidentalmente incomodar a geleia, para em seguida acompanhar a forasteira para dentro da cidade. Nadine tem pouco mais de um metro e meio de altura, magra, pele clara e olhos castanhos. Mas o que mais chama atenção é o seu cabelo cor-de-rosa preso em maria chiquinhas rebaixadas e bem pequenas, com uma franja cobrindo metade da testa. De vestes está usando uma camisa de moletom com capuz e mangas longas na cor rosa, short de malha azul marinho por cima de uma legging preta cobrindo as coxas, meias listradas rosa e branca, e tênis de tecido verde e cano longo.

Em poucos passos já estão com os pés sobre a calçada de tijolos duros e cinzentos de Greenroud, onde o contraste desse chão é a sua linha verde de tijolos centrais. As construções possuem um visual colorido e de tamanhos e formas variadas, combinando com as pessoas de todo tipo que vivem por ali. Nos poucos minutos que Zoey visualizou do lugar, já bateu os olhos em outras raças além dos famigerados humanos. Ela só não sabe dizer quais.

— E então, você está aqui por causa da guilda?

— Ué? Como sabe? — Zoey por um momento a olha boquiaberta.

— É que quando vem alguém sozinho assim, com armas e tudo mais, está vindo para se tornar membro.

— Ah, entendi, faz sentido. — Volta sua atenção para a cidade.

Durante a caminhada Nadine vai apresentando o lugar, apontando para casas e prédios que possam ser do interesse de Zoey, como a confeitaria ou loja de presentes. A menina é pega algumas vezes observando a elfa, ainda surpresa.

— Err... algum problema? Reparei que me encara as vezes.

— Não, nada! É só que achei você bem bonita. — Os olhos de Nadine brilham. — Poxa vida, uma elfa! Você tem namorado?

— Quê?! N-não, não tenho nenhum!

— Oh, mas com certeza terá uma fila atrás de você logo logo. — A menina solta uma risadinha e para de andar depois disso. — Aqui... — ela aponta a estrada até uma construção grande no final — você seguindo esse caminho retinho chega na guilda, e se não tiver onde ficar, tem a pensão da minha vozinha onde poderá ficar à vontade.

— Tudo bem, muito obrigada!

As duas se separam, onde a garotinha segue para a pensão de sua avó, e a elfa continua em linha reta. E como esperado, agora que está sozinha, nota que realmente tem chamado bastante atenção por onde passa, roubando olhares de todos que notam sua presença. Ela acena para alguns e sorri para outros, pois assim espera fazer amizades mais facilmente no novo lugar.

— Olá, moça bonita. Vejo que é nova por aqui, precisa de ajuda?

Um rapaz alto e bastante jovem pula para o lado de Zoey, talvez tentando surpreendê-la.

— Uau, err... isso foi realmente rápido.

— O que foi rápido?

— Nada não, coisa minha. — Ela dá de ombros.

— Bom... presumo que esteja indo para a guilda também?

— Diz isso por causa de meu arco? — O rapaz concorda. — Então sim. Ei, espera aí... “também”? Ah, então poderemos ir juntos!

— Opa! Aí sim. E caso seu interesse seja em se tornar membro, seremos colegas. — Pisca um dos olhos para ela.

 

* * *

 

 Chegando na tal guilda, a garota se surpreende com a construção, que se mostra sólido e imponente por fora, mas por dentro logo em seu térreo um lugar aconchegante e bastante caseiro. Só não imagina como seja nos andares seguintes. Talvez siga o mesmo raciocínio do primeiro andar? Ou talvez um ambiente de tom mais agressivo.

— Para se inscrever você precisa ir até a sala do líder, fica no segundo andar.

— Ok, obrigada.

O rapaz a deixa de lado despedindo-se com um aceno, seguindo para um canto onde tem um quadro na parede.

Dando atenção para a entrada da guilda se encontra um salão amplo com mesas e bancos longos, onde a maioria dos membros se encontra e passa o tempo, seja apenas para socializar ou organizar suas próximas aventuras.

E mais a frente depois do salão fica as escadas, onde subindo Zoey visualiza a única porta existente nele. Todo o resto do andar abriga uma larga sala de espera com algumas estantes de livros e lareira. Batendo à porta, ouve-se uma voz grave do outro lado.

— Pode entrar.

— Olá... — ela entra, observando seu interior com atenção.

É uma sala grande com prateleiras e quadros de família nas paredes, uma janela entreabertas com cortinas vermelhas e uma longa escrivaninha feita de madeira de mogno, com a superfície toda abarrotada de papéis, mas de forma organizada, onde um senhor de cabelos já brancos está sentado do outro lado.

O senhor apesar da idade avançada, ainda parece estar em boa forma para lutar, sua postura entregando o cuidado com o físico. Possui cabelos de comprimento médio preso num pequeno rabo-de-cavalo, pele clara com algumas sardas no rosto, olhos azuis e um bigode. Suas roupas são formais, camisa azul escura de linho, cuja as mangas estão dobradas até os cotovelos, revelando braços robustos, calça oxford cinza escuro e botas longas de couro numa cor bem escura.

— Oh, uma novata! E... elfa? Perdão se for de outra raça.

— Nah, sou uma elfa, sim. Incrível como ser diferente sempre chama bastante atenção.

— Eu que o diga. — Percebe  o olhar confuso da moça. — Quer dizer, não estou falando por mim, mas que já vi bastante disso com os outros membros.

— Ah, bom, verdade, né? Desculpa a confusão, é tudo meio novo para mim.

— Entendo, mas bem... vamos dar atenção ao que te trouxe aqui. — Com a mão, ele aponta uma cadeira para ela. — Eu me chamo Augusto, e você, senhorita?

— Me chamo Zoey. — Senta-se na cadeira, a arredando um pouco mais para a frente.

— Nome diferente para uma elfa, achei que só usassem nomes nativos.

— A grande maioria prefere.

— Entendo. E então, deseja entrar para a guilda? — Enquanto fala abre uma das gavetas de sua mesa à procura de uma pasta.

— Isso mesmo. — Sorri, ansiosa.

— Bom, sendo assim, preciso que preencha isso e logo fará parte do grupo. — Lhe entrega uma folha de papel e caneta.

Ela faz tudo rápido sem se ater a tantos detalhes, escreva apenas  o básico necessário sobre si mesma. E assim que devolve a folha, recebe um broche retirado de um estojo grande e preto, lembrando um mostruário. O broche que ela ganhou é feito de bronze, de formato estrelado por conta das armas que se cruzam. Uma espada na vertical, uma flecha na horizontal, e os cajados mago e do invocador formando um X com uma brilhante pedra de ametista no meio.

— Uau, que bonito. — Zoey depois de admirá-la por um certo tempo, a prende em seu colete e se põe de pé, sorridente. — Obrigada por me aceitar na guilda! Espero me dar bem com todos.

— Garanto que conseguirá. — Sorri, levantando-se  para  acompanhá-la até a porta. — Bom, nos vemos por aí.

A garota sai do lugar quase saltitando de tão empolgada com o andamento de seu dia, que mal começara.


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