Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 21
Capítulo 21




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Helena ficou um dia todo praticamente sem falar com os pais. Teve tempo o suficiente para refletor que, por mais que a reação esperada fosse raiva e se sentir traída, ela só sentia espanto e talvez, se achava mais ingênua do que pensava ser agora.

Espanto porque não esperava que os seus pais, tão reservados e esquivos da sociedade, apesar de se dedicarem à caridade, não pareciam em nada ter aptidão para vigilância, pelo menos na visão dela. E ingenuidade, porque ela nunca desconfiou de nada esses anos todos, somente quando viu o Batman de perto. Isso Helena tinha que admitir, eles eram bons espiões. E eram corajosos por decidirem fazer isso, mas agora, ela não sabia como se encaixava nessa história toda. Certamente os pais dela não deixariam esse trabalho para trás e Helena não tinha motivos reais para pedir que eles parassem. A não ser pela segurança deles é claro, se algo de pior acontecesse e ela ficasse órfã... não, não queria nem pensar.

Depois de um tempo, admitiu a si mesma que eles eram boas pessoas, fazendo algo bom e significativo, sendo mais que dois ricaços de braços cruzados e aparência midiática. Isso sim era admirável, ela só não queria que eles esquecessem dela, que continuassem presentes. Talvez uma conversa franca sobre isso era o que precisavam no momento.

Ela saiu disposta a encontrar os pais e dizer a verdade sobre o que pensava.

—Pai? - ela o encontrou justamente primeiro, o que a deixou um pouco apreensiva, mas decidiu seguir em frente.

—Sim, Helena - ele olhou pra ela de forma significativa, esperando que ela o houvesse perdoado e o compreendido.

—Pai, eu... não sabia o que pensar direito sobre você e a mamãe serem vigilantes - ela iniciou a conversa - eu não fiquei com raiva, só meio espantada, e querendo ou não, o que vocês estão fazendo é uma coisa muito boa.

—Obrigado, filha, isso é bom de ouvir de você... - Bruce suspirou aliviado - pra ser sincero, achei que ficaria com raiva por muito tempo, e você teria todo direito a isso, afinal, são os seus pais se arriscando.

—Eu pensei nisso, se algo de ruim acontecesse com vocês - a menina confessou - mas ao mesmo tempo, compreendo porque fazem isso e talvez não parariam se eu pedisse.

—Se você pedisse, eu pensaria em parar, filha, você tem sido a coisa mais importante da minha vida desde que nasceu, você e sua mãe - Bruce contou de todo coração - ao mesmo tempo, eu tenho uma missão para com Gotham importantíssima, como eu te disse antes, talvez se eu não fizesse nada, ninguém mais faria e as coisas seriam muito piores do que já são.

—É, isso eu entendi, então, está tudo bem por mim - Helena acabou decidindo, e num ato de impulso, acabou abraçando seu pai, sem muitos avisos prévios.

O gesto de carinho pegou Bruce de surpresa, mas ele a abraçou de volta na mesma intensidade. Era claro o quanto estava aliviado por ter resolvido um dilema que sempre tinha rondado seus pensamentos.

Selina veio checar como eles estavam um tempo depois, vendo que tudo estava bem, expressando a sua própria alegria e alívio por isso.

—Então não está magoada por termos escondido um segredo desse tamanho de você? Realmente não duvida que confiamos em você? - a mãe de Helena sentiu que precisava questionar.

—Não, eu fiquei mais pra espantada, mãe - a menina teve que rir - não consegui dar uma de adolescente rebelde e revoltada, no fim, acho que entendi porque fazem o que fazem.

—Selina, não dificulta as coisas, só aceite que foi mais fácil do que pensamos - Bruce comentou.

—Está bem, só estava checando - ela se justificou - não se preocupe, Helena, mesmo com essa parte da nossa vida, nunca vamos deixar de cuidar de você e te manter segura.

—Eu acredito nisso, mãe, afinal é o que vocês fizeram nos últimos 14 anos - a menina apontou.

Ela ganhou mais um abraço de sua mãe, o que era uma confirmação de tudo o que eles tinham falado e prometido. 

Eventualmente, a curiosidade de Helena sobre o lado vigilante da vida dos seus pais cresceu e ela perguntou uma porção de coisas sobre isso, como por exemplo, seus primeiros vilões, a emoção de dirigir o famoso Bat-Móvel em uma perseguição emocionante e até mesmo como era trabalhar com a polícia. Bruce tentou manter as partes ruins e violentas de fora da conversa, mas sem muito sucesso em deixar a conversa alegre ou divertida, certamente era algo que não combinava com o que estavam falando.

Helena acabou conhecendo a Bat-Caverna, observando de perto os apetrechos de seu pai e se empolgando tanto que até se ofereceu em construir alguma coisa para ajudá-lo. Bruce ponderou a ideia, talvez essa fosse a opção mais acertada se Helena quisesse participar de tudo aquilo também.

—Onde foi que você aprendeu a lutar tão bem? - ela perguntou de repente, depois de observar tudo.

—Ah eu andei por vários lugares do mundo, vendo um pouco de tudo, isso sem contar com o Alfred, ele me ensinou muito do que eu sei - seu pai contou.

—Alfred? Ele também sabe do seu... esquema? - Helena fez aspas no ar ao mencionar a última palavra.

—Ele é o meu escudeiro nisso, digamos assim, e ele nem sempre foi um mordomo - Bruce explicou - ele foi um agente secreto em outra vida.

—Tá de brincadeira! Sério? - a história empolgou Helena.

—É, pode perguntar tudo pra ele - seu pai sugeriu.

Ver Helena compreensiva e empolgada com o trabalho que ele fazia trouxe a Bruce uma satisfação inesperada. Sua família era o que mais importava para ele e ver que ela entendia seu dever para com a cidade, era mais um motivador para continuar fazendo a coisa certa. Sua missão tinha verdadeiros sentido e significado.


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