The Story of Us escrita por isabella_maries


Capítulo 1
Nossa história se parece com uma tragédia...


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!

Espero que vocês - dentro do possível - estejam bem.

Depois de muito tempo com essa história em processo - e diversos arquivamentos - tenho o prazer e muita alegria, de dividir essa história com vocês que surgiu num plot aleatório que criei na minha conta do Twitter.

Sim, gente,eu posto plot aletório para cct no tt, o povo lá inclusive - às vezes - quer me bater por isso hahaha.

E tomando esse assunto como gancho, não será a última vez que irão ver esse comentário que o plot surgiu de lá, pois, a meta é que neste ano desevolva boa parte deles.

Esse plot surgiu lá e foi inspirado na música da Taylor Swift que leva o nome da one. Particulamente, ela é bem diferente do que já escrevi.

Peço desculpas por qualquer erro, tentei ao máximo tirá-los. Mas às vezes escapa um e outros.


Espero que vocês gostem, e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805879/chapter/1

 

Ele era bom em construir coisas. E eu, em destruí-las e mudá-las. 

Porém, nenhum dos dois soube fazer nosso relacionamento dar certo, mesmo que amássemos ficar um ao lado do outro. 

Havíamos sido felizes, nos amando até quando tudo começou a ruir por tantos elementos que depois de algum tempo parei de enumerar. Mas apesar disso, apesar do tempo que aconteceu o fim, ainda desejava soltar o que estava preso na garganta. Palavras prontas para serem soltas na pequena oportunidade que aparecesse. 

 Algo que desacreditava que poderia acontecer, já que se eu evitava olhar na cara de Edward, ele evitava três vezes mais a minha. Era algo nítido para mim todos os dias quando cruzamos no campus ou quando entrávamos em nossos prédios que ficavam um ao lado do outro.

O que considerei que fosse destino quando ingressei na Vanderbilt University e a única pessoa que tinha conhecido era Edward. Ele estava perdido tanto quanto eu, tentando se localizar no grande campus da faculdade até nos esbarramos. Após risos e pedidos de desculpas, fomos procurar juntos os  prédios entre pequenas conversas de onde viemos e quais eram os nossos cursos. 

Edward era de uma pequena cidade de Louisiana, enquanto eu vinha do outro canto do país.  Forks, uma pequena cidade no estado de Washington que ficava embaixo de várias nuvens de chuva. E por sermos de cidades pequenas compartilhamos o mesmo sentimento de que estávamos perdidos e nos afogando num mar de gente. 

Apesar de fazermos cursos distintos, ele engenharia civil e eu, química, nós nos entendíamos bem, possuíamos gostos parecidos e fazíamos o máximo para compreender um ao outro. O que soava irônico quando lembrava do nosso início e do nosso fim. Pois, foi algo que pareceu diminuir quando engatamos num relacionamento sem rótulo após vários amassos em festas, e nos cantos mais escondidos da biblioteca ou da fraternidade em que ele havia tentado entrar mas logo caiu fora. 

Foi daí que as coisas começaram a desandar. 

Edward apesar de não permanecer na fraternidade, não parou de participar das festas que elas davam.  Algo que eu não ligava de ir no começo, porque sempre nós acabavámos nos divertindo e voltando juntos, até que ele simplesmente começou a me largar para ficar com os amigos dele, deixa-me sozinha para trás. A minha sorte é que por causa de Jasper – um garoto meio maconheiro que cursava psicologia – , minha melhor amiga e colega de quarto Alice acabava indo nessas festas, e acaba ficando no meu lado ao ver mais uma tentativa de flertar com o loiro ir por água abaixo quando via ele ficando com outra.  

No dia seguinte, Edward sempre aparecia com cara de ressaca questionando como havia dormido e eu, logo acabava engolindo as palavras quando ele me beijava. Era algo complicado de lidar, mas imaginava de alguma forma ele iria mudar e por isso era o melhor agir daquele jeito.

Porém, ele não mudou. Tampouco mudei a minha reação diante da situação, apesar daquilo me incomodar e me irritar ao ponto de parar de ir nas festas.

 Edward continuava me encontrando no dia seguinte e me enchendo de beijos, abraços e cócegas trazendo um calor e um amor ao meu peito. Porque apesar de tudo, amávamos ficar um ao lado do outro, completávamos-nos sendo quem éramos independentes do que achavam de nós. 

Era isso que pensava, até estar no corredor em hora errada. 

A turma dele de engenharia civil foi para o meu prédio para ter uma aula de compostos químicos e do qual eu tinha sido escolhida pelo professor para ser ajudante em algumas demonstrações.

—Cara, como você consegue beijar a Swan, com ela usando aqueles óculos e aquelas roupas? - questionou um cara incrédulo e divertido. O ruivo não respondeu. 

—Acho que a pergunta certa, é como ele fica com a Swan tendo Irina quase implorando para ser comida em toda festa que vamos. - outro comentou no mesmo tom.  Edward havia ficado visivelmente desconfortável, mas riu. 

—Isso é coisa da cabeça de vocês. - falou e sumiu, enquanto eu estava escondida na pilastra sem acreditar no que havia ouvido.  E sem acreditar que ele sequer havia me defendido. Depois disso ignorei Edward pelos três dias seguintes, ele me olhava tentando entender o motivo do meu silêncio, mas nunca questionava diretamente o porquê. 

  Depois disso, os momentos se tornaram poucos e conversas escassas. Quase nunca nos beijamos, quase nunca nos amávamos. E das poucas vezes que isso acontecia, o fogo, a química estava ali fervendo entre nós e em nossas veias. Naqueles pequenos momentos pareciamos a Bella e Edward que ficavam escondidos na biblioteca, se beijando entre sorrisos e sussurros.

Até que tudo ruiu de vez. 

Na última festa antes do final das aulas, Alice estava animada porque finalmente ela e Jasper estavam engatando um namoro, após meses de amassos e por eu estar vestindo uma de suas criações que era um vestido prateado com alças em amarelo e detalhes roxos que marcavam e acentua as minhas curvas. A única coisa que ela não estava muito feliz era que estivesse um tênis all-star e não scarpin, mas ela logo esqueceu quando viu Jasper na porta da fraternidade esperando por ela.

Edward – como já imaginava - não esperava por mim, ele estava lá dentro já bebendo com os seus amigos do curso. Mas ele pareceu me ver quando cheguei e  chamei atenção por finalmente usar algo a mais que calça jeans, camiseta e camisa de flanela.  Pude sentir o olhar dele em mim durante o tempo todo, mas ele não se aproximou, exceto para me beijar após um garoto chegar em mim e logo percebi que era apenas uma marcação típica de território.  O que me fez chorar no banheiro ignorando várias garotas bêbadas, e duas que pareciam se pegar dentro  de uma cabine.

Quando sai do banheiro, comecei a beber várias doses de tequila e vodca sem me importar com a ressaca no dia seguinte, o que fez Alice ter um choque e uma crise de riso em Jasper que acabou me oferecendo um dos seus baseados e aceitei.

—Bella, você irá se arrepender. - a pequena fada me dizia, sem saber que já me arrependia. Me arrependia de várias coisas, mas simplesmente não consegui falar quando vi Edward dançando uma loira, ambos não se tocavam, mas riam.  Para então eles irem na direção da mesa de outros caras que logo foram conversar com ela cheia de interesse e risos. 

—E qual é o curso que irá fazer? - questionou Josh, um cara babaca que não suportava. 

—Matemática. - respondeu ela e logo todos eles, evidentemente bêbados, seguram o riso - Qual é o motivo do riso?

—É que temos meio que pirâmide de cursos, quanto mais baixo a categoria dos cursos, mais a função e seu destino é fracassado. - explicou Edward meio trôpego. - Como por exemplo, letras, matemática, química e biologia. A gente sabe que metade da turma  vai trabalhar em escola dando aula pra alguma turma de crianças idiotas do Junior ou fracassadas em emprego que não é da área.

A dor veio funda e paralisante.  A garota o olhou puta.

—E engenharia civil está aonde no topo? - indagou ácida. Edward virou um gole da cerveja e a encarou sorrindo presunçoso. 

—Claro, baby. Quem mais poderia estar além de quem construiu a pirâmide? - respondeu, a garota ficou vermelha e saiu fazendo todos rirem. Aproximei – me da mesa a pisadas duras e encarei Edward que pareceu colocar bebida pra fora ao me ver.

—Então é isso que você acha que vou ser Edward? - cuspi ríspida. Ele me encarava em choque.- Uma professora da turma de criança idiota do Junior ou uma fracassada em emprego que não é da minha área?  

—Ele acha. - respondeu Victor debochado, o fuzilei.

—Não lembro de ter pedido pra você responder. - alfinetei, o mesmo fechou a cara.

—Pouco me importa, garota. Você é só uma estudante caloura de curso de merda de química, que vai acabar sendo igual a minha professora chata do nono ano. -  disse arrogante ficando de pé  e erguer sobre mim. -  E eu serei aquele que irá pagar o seu maldito salário de professorinha. 

Olhei para Edward, e ele olhava a situação com os olhos verdes demonstrando uma angústia. Mas sequer havia tirado os dedos em volta da caneca de chopp. E foi onde entendi que apesar de não gostar do que estava sendo feito comigo, ele concordava com aquilo.  Engoli o bolo e o choro, deixando os presos na minha garganta ao mesmo tempo em que encarava os olhos negros de Victor. E sorri o mais debochada que pude, como se não tivesse sentido nada.

—É o que veremos no futuro.  - respondi e sai deixando Edward para trás.   

Depois daquela festa Edward, tentou falar comigo, várias e várias vezes. Porém em todas elas neguei e o deixei falando sozinho, até que em uma das tantas ligações Alice tomou a frente e ele nunca mais ligou. 

Um dia antes da minha viagem para Forks, com o quarto semestre fechado e azul, Emmett – colega de quarto de Edward – me encontrou para entregar a chave do apartamento deles para conseguir entrar e pegar as minhas coisas. Entre lembranças e lágrimas arrumei as minhas coisas o mais rápido que pude, mas não fora o rápido o bastante para que não evitasse encontrar com ele na saída.

Segurando a minha mala pesada em uma das minhas mãos, Edward chegou e me encarou surpreso ao me ver ali. Nós nos olhávamos cientes que tínhamos algo a falar, assuntos para resolver, erros a assumir, porém nenhum dos dois falou algo.

Entretanto, nós dois sabíamos que no instante que bati a porta, rompendo o silêncio pesado que inundou a sala, tudo tinha acabado de vez.  E a culpa era nossa.




Next Caphter 

 

Meses haviam se passado desde então. Mas ainda era impossível esquecer daquele mês de férias que havia sido tão dolorido para mim. 

Minha mãe - Renée - como imaginava apontaram não somente o erro de Edward, mas também todos os meus de maneira tão dolorida que me fizeram chorar durante horas antes de finalmente descer para o jantar tentando fingir normalidade e controle da situação.  Algo que não possuía. 

E tampouco comecei a ter quando voltei para Nashville, onde tive a surpresa de não encontrar somente Alice e Jasper nos amassos, mas Edward e Irina também. Fazendo toda a minha motivação de acertar os pontos ir por água abaixo e continuou após perceber que se o ignorava, Edward me ignorava ainda mais.

—Bella. - Alice me chamou num tom baixo, fazendo-me desviar a atenção do livro que estava nas minhas mãos. - Você deveria falar com ele. 

Apesar da frase ser algo que ouvia tão frequentemente quanto sobre como Jasper era simplesmente maravilhoso e beijava bem, foi impossível não a olhar de maneira confusa por ela ter levantado o assunto do nada. A baixinha indicou com a cabeça o ruivo entrando na biblioteca com seus costumeiros fones de ouvido e sua mochila verde militar que estava por um triz de arrebentar.

— Mas nem fodendo. - sussurrei voltando a minha atenção para o livro, ela suspirou.

—Você deveria parar de fugir e falar com ele logo de uma vez.  - replicou. - Nós já estamos no fim de mais um semestre e você continua enrolando.

—Não estou enrolando, só tenho assuntos mais importantes para cuidar. - rebati, olhando para ela que bufou. 

—Quando vai parar de mentir para você mesma? - questionou no mesmo tom que antes, ao mesmo tempo em que via Edward sentar a algumas mesas longe de nós, porém ainda na minha linha de visão.

—E até quando você vai continuar dizendo que estou mentindo para mim mesma? - revidei irritada, a fazendo piscar.  Suspirei. - Por mais que queira colocar os pingos nos I's,  Edward seguiu a vida dele Alice e devo fazer a mesma com a minha.

—Ele não está mais com Irina. - disse segurando a minha mão enquanto guardava as coisas dentro da bolsa. - Você precisa falar com ele, Bella. 

—Pelo ao contrário, preciso ver se acho outro livro para terminar o meu trabalho. - falei pegando as minhas coisas e o livro que estava lendo. - Até mais tarde Alice.

—Até. - resmungou.  Andei em direção a seção reservada para livros antigos que ficava quase nos fundos da bicicleta e entrei na rua de prateleira onde provavelmente encontraria os livros de química, bufei jogando a minha mochila no chão e logo encarei um garoto no corredor encarando-me assustado. Provavelmente um calouro.

— Que foi? – questionei raivosa, fazendo ele andar com pressa e sumir. Voltei a minha atenção aos títulos dos livros. Odiava quando Alice tocava naquele assunto, bem como odiei a sensação de sentir os olhos dele sobre mim enquanto me afastava da sala principal, encostei a cabeça nos livros sentindo meu coração apertado e dolorido.  

Apesar de tudo, eu ainda o amava, ainda me lembrava com carinho de como havia nos beijado em uma dessas seções, até nas quais não era permitido entrar.  Afastei-me da prateleira e sentei-me no chão encostada deixando as lágrimas rolarem, junto com as lembranças que ainda insistiam em me atormentar.  Afugentei as lembranças  e decidi focar no que deveria fazer, mesmo que o cansaço tivesse me pegado após as lágrimas cessarem, aumentando a minha vontade de ir para o dormitório. 

— Você precisa terminar esse trabalho hoje, Isabella. – sussurrei limpando meus óculos que ficaram embaçados  Suspirei e comecei a ler o texto sobre elementos que estavam tão tedioso quanto o outro livro.

Um som forte me fez abrir os olhos com rapidez e perceber que tudo estava escuro. Olhei desesperada para as prateleiras de livros ao notar que estava na biblioteca, ainda. 

— Eu só posso estar sonhando.  – cochichei, mas logo o livro que estava nas minhas pernas caiu quando coloquei senti as minhas mãos frias no rosto.  – Puta que pariu.

O som forte repetiu fazendo-me notar que era um trovão, apurei meus ouvidos e notei que estava chovendo.  Talvez só tenha caído a força, pensei e logo esse pensamento me impulsionou a buscar a minha bolsa e achar meu celular que logo indicou as horas, e fazendo-me perceber que estava muito mais que fodida. Estava presa na biblioteca.

— Eu não acredito. – sussurrei vendo que era oito horas da noite. Não havia dormido, havia praticamente hibernado por quatro horas. –  Puta que pariu. Por que caralhos ninguém veio ver? – questionei e logo tive a lembrança mental de onde estava.  Ninguém permanecia muito tempo na seção reserva de livros antigos, exceto eu. — Merda. – xinguei vendo que estava sem sinal, mas tinha algumas mensagens anteriores de Alice questionando onde estava.  

Peguei a minha bolsa e liguei a lanterna do celular e andei com rapidez para a sala principal onde todas as mesas estavam vazias, pela janela dava para ver a tempestade fodida que acontecia do lado de fora.  Definitivamente sem chance de alguém me tirar dali aquelas horas, provavelmente só iria conseguir a minha liberdade no dia seguinte.  

— Mas que porra é essa?  - a voz conhecida  soou atrás de mim, fazendo-me dar um grito de susto até que encarei sem acreditar enquanto o mesmo, com a cara amassada de sono, me olhava da mesma forma.  

— Edward? – murmurei desacreditava enquanto sentia meu coração acelerado. 

— Isabella? – disse e depois olhou para nosso ao redor e seu olhar parou em algo na porta e pela sua cara de desespero provavelmente foi o relógio da biblioteca. – Puta que pariu.  – soltou e depois me olhou, para olhar meu celular na minha mão.  – Já ligou pedindo ajuda?

O olhei cética.

— Você acha que com uma tempestade dessa tem sinal? – respondi ácida. Ele me fuzilou. 

— Você poderia ser mais delicada, só te fiz uma pergunta. 

— E você poderia ser menos estúpido Cullen, porque eu só respondi a sua pergunta. -  revidei. – Agora se me der licença.

— Hey, para onde você pensa que vai? – questionou ao me vendo entrar no corredor.

— Não te interessa. – revidei, ele bufou.

— Estamos só nós dois nessa... 

— Um motivo a mais para ficar longe de você Cullen. – interrompi e logo senti sua mão segurar o meu pulso, o que me fez encará-lo.

— Será que dá parar e me ouvir? – indagou e não deixou que respondesse. – Estamos nós presos aqui até amanhã, e mesmo que a situação me incomode tanto quanto você, a gente vai precisar da ajuda de um do outro para passar a noite aqui.

Cruzei os meus braços ao notar que ele estava certo.

— No que você está sugerindo? 

— Irmos para cozinha – sugeriu em dúvida e mexeu em seus cabelos, uma mania que ele tinha. Correção: nós tínhamos em comum. – Talvez tenha alguma coisa lá, vela talvez, daí não gastamos a bateria do seu celular, ainda mais caso o sinal volte. 

— E o seu celular? 

—  Não vem o caso. 

—  Você sabe pelo menos onde fica a cozinha? – perguntei após respirar fundo, ele negou. – Que ótimo. – esbravejei e comecei a andar para o salão principal depois de pensar onde poderia ser.

— Hey, para onde você está indo? – indagou acelerando o passo atrás de mim. 

— Cozinha, ou acho que ela possa estar. 

— E por que não estaria lá? 

— Porque  pra lá fica a parte das seções reservadas e banheiros dos alunos.– expliquei e logo coloquei a bolsa no balcão para impulso e se sentar no mesmo. – Mas aqui, só as bibliotecárias têm acesso. – emendei depois de erguer as minhas pernas e parar no outro lado. Desci encarando-o. – Vai ficar aí?

Ele negou e logo fez o mesmo, seguimos em silêncio pelas prateleiras enormes até encontrar um pequeno corredor que tinha quatro portas, com um bebedouro perto de uma delas. Ergui a luz para a porta vendo que a placa que indicava que era cozinha, tentei abrir, mas estava trancada.

— Droga. Por que trancam essa merda?

— Ladrões? 

— Seriam idiotas demais assaltarem a biblioteca. 

— Não tanto, assim como eu acho que existe uma alternativa para isso. Me empresta o seu celular?

 O olhei desconfiada.

— Pra quê? 

Ele revirou os olhos.

— Preciso de clips para dar um jeito de abrir essa porta. – explicou, ainda o encarei desconfiada, até que ele bufou e eu estendi.

—Seja rápido. – determinei, ele pegou e sumiu sem antes revirar os olhos. Vi ele andar pelas prateleiras e logo se inclinar nas mesas, e fuçar nas gavetas para então voltar com algo na mão, ele me devolveu o celular e logo se inclinou na fechadura que logo iluminei para então ouvir um trec.  – Não me diga que a ponta do clipe quebrou. 

Ele sorriu presunçoso. 

— Digo que abri a porta. – falou girando a maçaneta, revirei os olhos e  iluminei a cozinha simples. Entrei já deixando o celular  na mesa, encostado na parede iluminando tudo. – Genial. 

Foi a minha vez de sorrir presunçosa.

— Eu sei. – afirmei, ele revirou os olhos. Ignorei e logo abri a gaveta mais próxima que ficava abaixo de um micro-ondas vendo alguns panos, para abrir a segunda e ver algumas coisas aleatórias. E na terceira, enfim, duas velas e uma caixa de fósforo. 

— Encontrou alguma coisa? – questionou, e logo mostrei o pacote de vela vendo que ele segurava alguns pacotes de salgadinho e doce que eram colocados na máquina na entrada. Ele deu um meio sorriso.

— Ótimo, só precisamos achar um candelabro agora.  – disse e sentou na mesa. – Vai querer comer o que?

— Você está louco de comer aqui? – indaguei pegando o pacote de vela e de fósforo. Ele me olhou confuso, balancei a cabeça negativamente. – Deixa quieto.

— Acha melhor irmos para a seção reservada dos fundos? – perguntou provavelmente percebendo o que quis dizer. Apenas assenti e logo vi ele pegando tudo e arrumando a cadeira como antes. 

Edward pegou o celular e tomou a frente. Sai da cozinha em seguida fechando a porta, para logo estar passamos pelas prateleiras em silêncio ouvindo a tempestade do lado de fora, para então repassar pelo balcão. Ele passou primeiro já pegando tudo e colocando numa mesa perto e logo voltou para me ajudar a descer. Minha respiração acelerou ao notar o quanto perto estávamos, ao ponto de conseguir ver detalhes em seus olhos mesmo com pouca luz. Um estrondo nos fez afastar e sair daquela bolha, deixando o clima constrangedor. 

— Bella... – ele me chamou, mas já estava na outra ponta da sala pegando dois candelabros sobre a mesa perto do balcão e logo cheguei perto dele.

— Vamos para a seção reservada. – determinei, ele apenas assentiu, pegamos as coisas e logo andamos em silêncio até chegarmos na seção reservada que os professores usavam, e que tinha dois belíssimos sofás de couros, além das mesas atrás onde deixamos as coisas.  Em silêncio, arrancamos folhas de caderno colocando os candelabros em cima para não pingar parafina na mesa de mogno e acendemos as velas.  Bloqueei o celular e o guardei no bolso de trás da calça para depois colocar sobre uma pequena mesinha perto do sofá -  professores e seus privilégios.

Mas meu olhar parou ao notar as coisas de Edward jogadas na lateral do sofá.

— Você dormiu aqui. – deduzi, ele assentiu sentando no mesmo. 

— Acabei vindo para cá depois que não estava me concentrando com o amontoado de gente na sala principal e acabei dormindo. – comentou, e me olhou. – E você estava onde?

— Seção de livros antigos.  – respondi e vi sua expressão vacilar. Sabia que ele tinha se lembrado dos nossos beijos naquela maldita seção enquanto procurava elementos químicos ou ele procurava sobre edificações. Das mãos bobas que rolavam antes de alguma bibliotecária passar. Exatamente as mesmas coisas que havia lembrado enquanto estava chorando.

O clima desconfortável permaneceu junto com o silêncio, mordi os lábios.  

— Vou ao banheiro. – disse pegando o candelabro e sai sem ao menos esperar uma resposta. Soltei o ar tomando cuidado para não apagar a vela e por um momento me senti no século 18.

Empurrei a porta do banheiro tendo cuidado com o candelabro e logo bateu um arrepio ao lembrar dos filmes de terror ao encarar a minha imagem no espelho com banheiro sendo iluminado a vela.  Andei com certa rapidez até a pia onde deixei o candelabro e me enfiei numa das cabines do banheiro, coloquei o celular no chão e sentei após abaixar as calças com rapidez sentindo-me aliviada. 

— Deveria ter pegado água. - murmurei sozinha dando descarga. Até que levei um susto meu celular tocar do nada, peguei ele com pressa vendo que era Alice que me ligava - Alice?

— Bella? Bella é você?  - questionou, um alívio caiu sobre os meus ombros. 

— Sim, sou eu Alice, graças a Deus. – soltei em alívio saindo da cabine.

— Graças a Deus digo eu, onde você está que não atende a porra desse celular? Sabia que está temporal fodido? – berrou histérica, afastei o celular. Juro que a entendia, mas...

— Alice, você quer parar porra? Você acha que não teria ligado antes se pudesse? – revidei grossa, e pude ouvir ela ficar em silêncio. Respirei fundo. – Não liguei  porque estou presa na biblioteca, acabei dormindo na seção reservada...

Fui interrompida por uma risada dela, que me irritou.

— Sempre te avisei que se não tomasse cuidado, iria ficar presa na biblioteca do tanto que vive nela. – caçoou. Definitivamente Alice era bipolar, e amava tirar onda com a minha cara.

— É só que não fui a única que acabou dormindo em alguma seção reservada. – disse entre dentes e suspirei  encostando na cabine. – Edward está aqui também, e já me deixando irritada até os nervos.

—Espera, Edward está preso aí com você? – indagou incrédula, e soltou um riso ao ouvir minha resposta afirmativa. – Bella, isso é um sinal.

— Do que? Que vou morrer de raiva? 

— Não, que já está mais que na hora de se resolverem. 

—  Alice, para de besteira, chama o reitor, sei lá, alguém da biblioteca.

— Sabe que se fizer isso, pode arranjar problemas. Conversar com ele, vai ser menos pior do que ser expulsa. – me lembrou quase cantarolando. – Prometo estar aí de manhã, na hora que a biblioteca abrir para te levar para casa. Boa sorte e converse com ele.

— Alice. – a chamei, e baixinha tinha desligado.  – Filha da puta. – a xinguei, e coloquei o celular no bolso, sabendo que ela não iria me atender se eu ligasse. Lavei as minhas mãos e sai debatendo comigo mesma se era o melhor a se fazer, ou não.  Acho que poderia passar muito bem a noite sem falarmos nisso, nos ignorando como fazíamos diariamente. 

— Isabella. – ele me chamou e notei que ele já segurava outro candelabro perto da saída. Dei um sorriso amarelo o porquê daquilo.

— Desculpa, fui tomar água. – menti, suas sobrancelhas ergueram. Mas logo assentiu antes de deixar o candelabro no meio da mesa para em seguida se sentar na ponta da mesa, e eu me sentar na outra ponta após deixar o meu candelabro sobre a mesa de centro.  Nos ignorando furtivamente, começamos a comer os salgadinhos que tínhamos pegado, ouvindo a tempestade cair no lado de fora. Apesar de nos olharmos em alguns momentos, nós não falávamos nada, continuávamos quietos e no meu caso me incomodando com o fato de Edward lamber os dedos sujos em cada oportunidade que tinha.

—Será que dá para você parar com isso? É nojento. - soltei o encarando. Ele me olhou surpreso. 

— O que?

— Lamber os dedos dessa forma, quase os chupando.  Sendo que tem uma porrada de papel na sua frente.

Ele revirou os olhos.

—Eu não acredito que está enchendo o saco por isso. Qual é o seu problema?

Foi a minha vez de encará-lo.

—Meu problema? Isso que você está fazendo, isso me dá gastura.

— Quando algo não te dava gastura quando namorávamos? Ah, já sei, quando você chupava a colher e estalava a língua depois.

— Eu parei de fazer isso, tá legal? Não tenho culpa que antes de terminarmos você passava tanto tempo longe que sequer notou. - rebati o vendo limpar a mão nos papéis que tinha molhado com um garrafa de água que sequer sabia da onde tinha tirado.  Edward soltou uma risada olhando para o lado, desacreditado. 

— Vou fingir que não ouvi isso. 

—Assim como fingiu não ouvir o que seus amigos disseram quando fui auxiliar do professor Werber e do qual você sequer me defendeu? - soltei alto ficando de pé num ímpeto, ele me encarou em choque. - Fiquei três dias achando que iria perguntar no mínimo o que tinha acontecido, mas você sequer perguntou Edward. Aliás, você nunca fez nada. Nunca me defendeu, nunca questionou, em nenhuma das vezes que aconteceram antes e da situação que levou o nosso namorou ao fim. 

 - Pare de dizer nas entrelinhas que a culpa é minha. -  explodiu Edward e seu olhar raivoso  encontrou o meu, fazendo-me recuar.  – Você queria que eu fizesse o que? Sentar ao lado de Alice com carta de tarot para descobrir o motivo que ficou sem olhar na minha cara?

— Eu... 

— Você - interrompeu vindo na minha direção. Em reação, andei para trás encostando na parede. – errou em não me contar.  Você errou, Isabella, tanto quanto eu nesse relacionamento.  – acrescentou ríspido. As palavras me acertaram como tapa ao mesmo tempo em que sentia meu coração apertado e as lágrimas presas na minha garganta.  Uma risada seca saiu dos seus lábios e  ele se afastou de mim com a face de dor enquanto estava assustada e machucada com a verdade sendo exposta. -  Eu fiquei três malditos dias pensando o que tinha acontecido para você nem olhar na minha cara, recuar os meus beijos ou até mesmo meus carinhos. Pensei em questionar, mas ao mesmo tempo tive a certeza que contaria que tivesse algo errado. Nunca sequer imaginei que você poderia ter ouvido aquela maldita conversa.

Ele se sentou na cadeira e passou a mão em seus cabelos, com um sorriso triste em seus lábios.  Seu olhar encontrou o meu, e pude ver a dor em seus olhos.

— Esse foi o meu maior erro. -  disparou fazendo as lágrimas caírem. O silêncio entre nós permaneceu enquanto a chuva caia de maneira furiosa do lado de fora, mas sentia tão forte dentro de mim.  

— Não. – quebrei o silêncio entre nós, Edward que agora encarava a vela sobre a mesa desolado me olhou. Engoli o choro. – Esse não foi o seu erro, esse foi o meu. – disse. Nós sustentamos nossos olhares até desviar para enxugar as lágrimas ao mesmo tempo em que um filme passava na minha cabeça. Cruzei os braços e o encarei. – Sempre achei que era melhor assim porque em algum momento, iria perceber. Sem brigas, sem desgaste.

— E olha como nós estamos, dois anos depois. – soltou amargo. Sustentei o olhar enquanto a dor aumentava em meu peito.

— Sim, e olha como nós estamos. – repeti concordando. Suspirei. – Naquelas férias, minha mãe me disse que a culpa era minha. – acrescentei quebrando o silêncio mais um vez, dei um meio sorriso vendo uma mancha no carpete. – Que se tivesse sido a mesma garota tagarela que tinha sido na adolescência, muitas coisas teriam sido evitadas e explicadas.  Ela disse que talvez houvesse ainda esperança, que talvez não houvesse um fim para nós. 

— E porque você não...- começou, levantei a minha cabeça o vendo incrédulo, até que pareceu se lembrar de algo que o deixou sério. -  Irina.  

Assenti, dei de ombros segurando o choro que ameaçava vim novamente. Ao lembrar do quão rápido ele havia superado o término. 

—Mas fora apenas erro meu de não contar para você o que se passava dentro de mim, em todas as situações,  inclusive a que levou ao nosso fim.

— A festa da irmandade. -  concluiu, assenti. Seus ombros se curvaram para frente, num tom sinal claro de vergonha. -  Bella, sobre esse dia...

—Você foi um babaca. –  acusei. Ele suspirou.

— Eu sei.  Emmett ficou puto comigo quando questionou o motivo de estar desesperado atrás de você, se não fosse por Rosalie ele teria me batido. -  contou, mas não fiquei surpresa. Lembrava-me perfeitamente que quando fui pegar a chave do quarto com Emmett, ele tinha me contado que estava furioso com Edward. – Sinto muito por não ter a defendido.

— Não precisa sentir, já passaram anos suficientes para isso. – revidei.

— Qual é a porra do seu problema? Estou me desculpando e você...

— Não, você não está. – o interrompi. – Você  diz que sente muito, porque realmente sentiu. Sentiu ao me ver ser humilhada por Victor, sendo humilhada pelas suas próprias palavras. Mas foi só isso que você fez: só sentiu. – acrescentei mais alto. -   No corredor, disse que não soube o que responder. Mas o que fez Edward? Ficou puto com os seus amigos? Não. Você só se sentiu incomodado, exatamente como eu me senti chateada com o que aconteceu. – devolvi. – Você cometeu o mesmo erro que eu.  Só que ao contrário de você, não te julguei, não te humilhei. Pelo contrário, sempre o defendi de Alice mesmo quando estava errado porque achei que iria mudar.  E o que adiantou?

— A culpa novamente veio para mim. – murmurou. Aquilo me irritou. 

— Não, a culpa não está indo de novo para você Cullen. –  revidei quase que gritando– Será que você não ouviu sequer uma palavra do que eu disse? Nós erramos, nós não falamos, nós não nos importamos com a merda que estava acontecendo e nem com nós mesmos. Nós fomos imaturos, errados, nós fizemos isso.  Que droga, Edward, o mundo não gira em torno de você. 

Ele  me encarava sério. Entre o choque e a aceitação, entre o silêncio e a revolta.  Eu podia ver tudo aquilo em seus olhos e sabia que ele podia ver nos meus a dor de tocar naquele assunto.

— Você tem noção de como fiquei naquela noite, ao ter que ouvir aquilo do cara que amava e tinha um relacionamento íntimo para você dizer hoje que sente muito? Ou ter ideia de como fiquei quando mostrou não ter um pingo de consideração pelo o que tivemos, para assim voltar das férias ter o encontrado aos beijos com Irina? -  soltei exasperada.  - Isso me matou, Edward, me matou muito mais que os seus silêncios que soavam altos nos meses antes do fim. 

Os olhos de Edward antes inundados por um misto de emoções,foram tomados por uma dor que nunca vi antes. Nem mesmo quando terminamos. Encolhi-me, cruzando os braços e puxando o ar. 

—Esse foi o seu maior erro, Cullen.

Enxuguei as lágrimas que caíam e desviei o meu olhar da sua face de choque, para o espaço que estávamos, em especial para o sofá. Andei até ele ouvindo o temporal cair forte do lado de fora, sem sinais de trégua e sentei no chão encostada, sentindo exausta.

—Sim, de todos os erros que cometi, esse foi o maior de todos eles. - disse após minutos em silêncio. - Depois que você partiu, me senti tão perdido, tão sem saber o que fazer, você não saia da minha cabeça, assim como a culpa não saia dos meus ombros. Nos meus sonhos não havia mais nós, apenas você e seu olhar dolorido depois de eu ter dito aquelas palavras. - contou olhando para parede onde estava encostada. - Demorei meses para aceitar a merda que tinha feito, e sobretudo como havia me tornado alguém diferente de algum dia fui, alguém que era feliz e amava você.  Por isso, pouco a pouco me afastei de todos aqueles “amigos” após ter terminado com Irina.

Ele me olhou e seus olhos verdes pareciam brilhar na escuridão.

—E quando pensei em falar com você, percebi que estávamos tão longe um do outros, ignorando como se o outro não existisse, que pensei e me obriguei a acreditar que era melhor assim.

— Melhor para quem? - murmurei chorosa.

— Para você. - disse e se sentou ao meu lado, mas não o olhei.  Continuei encarando a cadeira vazia. 

—Pensei que você não me merecia, e nunca estive errado sobre isso. Eu fui alguém que a humilhou e não fez nada quando fizeram isso, alguém que a deixou partir e sequer tentou consertar as coisas,  nem esperei você voltar para conversarmos, pelo ao contrário, me permiti ser levado pela sugestão idiota desses “amigos”. Bella -  o olhei e a dor ainda era nítida em seus olhos, com lágrimas, que eram presentes na minha face e na sua. -  não existe nenhuma justificativa no mundo que irá apagar toda a dor que lhe causei, a humilhação que lhe fiz passar naquela festa. Mas acredite quando digo que sinto muito por ter infringido tanta dor a você, que sinto por ter feito o que fiz depois que terminamos, por não ter corrido para você implorando o seu perdão e dizer que a amava, e  ter feito ao  contrário.  - sussurrou enquanto as lágrimas caiam tanto ao ponto de embasar a minha visão.  - Bella…

— Edward - sussurrei numa súplica.

— Você me perdoa?

Assenti.

—Eu te perdoo - afirmei e num ato impulsivo, ele encostou a sua testa na minha com o meu rosto em suas mãos. - Edward. - seus olhos me encaram. - Você me perdoa?

— Eu te perdoo. - sussurrou, fazendo-me sentir um bálsamo em meu peito, me libertando a culpa que carregava. Os braços de Edward me envolveram num abraço e do qual retribui o apertando forte.

Ficamos assim por incontáveis minutos, até nos afastar e nos olharmos um segurando o rosto do outro, como quiséssemos gravar as nossas mentes, as nossas faces livre de qualquer linha e resquício de culpa, e palavras.

A chuva que antes tinha diminuído havia voltado com força ocupando o silêncio que havia entre nós, para os sons dos trovões serem a música de fundos dos nossos beijos ávidos numa tentativa de aplacar a saudades que do qual estavamos submersos, e do qual nós nos afogavamos há mais de um ano.

Os dedos dele me apertaram ao mesmo tempo que meus dedos puxavam seus cabelos. Nos separamos ofegantes encarando um ao outro para nos beijamos novamente, mas ao sentir ser movida para o seu colo e ouvir os  gemidos que sairam de nossos lábios, afastei -me de Edward ofegante. Ele me olhou confuso e tão ofegante quanto eu. 

—Bella?

—Edward, nós não podemos. Não agora, não depois de tudo.

— Mas nós nos perdoamos. Nós nos..  - murmurou num tom quase desesperado.

— Isso não apaga o passado, Edward. Perdoar não é esquecer. - disse o interrompendo, e segurei o seu rosto. - Eu amo você, mas não posso voltar com você agora. 

Seus olhos me olharam desolados, e cheios de dor, enquanto me sentava ao seu lado.

—Quer dizer que isso é o fim?

—Quero dizer que isso é apenas o começo, e eu não desejo começar assim. Não de novo. 

—Eu…-  ele puxou o ar, enquanto abraçava minhas pernas após sentar do seu lado. - Compreendo, e entendo. - murmurou e me olhou. - Irei respeitar o seu tempo, Bella. 

Segurei a sua mão.

—Obrigada. 

— Não por isso. - sussurrou beijando as costas de minha mão, para então entrelaçar seus dedos nos meus.

Não sabia que horas eram, quando senti algo embaixo de se mexer, fazendo-me despertar do sono bom que estava mergulhada. Porém, ao ouvir de longe, portas serem abertas e conversas altas serem ditas, para então gargalhadas femininas serem ouvidas, trouxe a certeza que já era de manhã e o melhor, dali algum tempo a biblioteca iria abrir. 

Chacoalhei Edward que acordou aturdido para logo ficar atento às mesmas coisas que eu. Em silêncio e com rapidez, limpamos a mesa, tiramos as velas que logo foram parar em algumcanto da nossa mochila.  A passos silenciosos e ouvindo as bibliotecárias longe do salão, entramos nos banheiros esperando ouvi-las para checarem as seções reservadas. Quando isso aconteceu, saímos da biblioteca às pressas sem olharmos para trás. 

—Bella. - Edward me chamou, o que me fez parar de correr e olhar para ele, percebendo que tinha feito o mesmo. Antes que pudesse dizer algo seus lábios estavam nos meus e se afastou, deixando-me sem fôlego. - Isso não é o fim. É apenas o começo. 

Sorri tocando o seu rosto.

—Apenas o começo. - concordei, antes de beijá-lo novamente e partir. 

 

***

Chapéus de formatura voavam para o alto enquanto tentava inutilmente manter meus braços erguidos para tentar pegar o meu de volta. Mas apesar da tentativa, o capelo foi entregue por Edward, belíssimo num terno simples preto e gravata azul que combinava com a cor do meu vestido, feito por Alice.  Que após semanas de insistência - ao ponto de me deixar louca - a  permitir fazê-lo. 

— Parabéns, meu amor. - ele sussurrou perto dos meus lábios colocando o capelo na minha cabeça, fazendo-me sorrir mais antes de beijá-lo com nossos dedos entrelaçados. Ouvimos um pigarro que nos fez separar e encaramos meu pai que nos olhava bravo, enquanto a minha mãe estava ao seu lado toda sorridente para as nossas mãos unidas.

Ela sabia  - assim como Alice - como tinha sido a nossa conversa quando ficamos trancados na biblioteca, e a minha decisão de irmos devagar após algumas semanas depois.  Ela sabia que o amava demais para negá-lo uma segunda chance a ele, a nós. Renée me apoiou, junto com Alice, e os meses que vieram a seguir me fez perceber que tomei a escolha certa.

Edward, ao contrário de antes, deixava tudo tão claro, tão nítido, que fora impossível não acreditar quando ele disse que me amava quando fazíamos piquenique num sábado à tarde após a primeira semana de prova.  Como foi impossível não aceitar  o seu pedido de namoro dias depois de comentar que confiava nela e estava pronta para seguirmos o próximo passo. Que só viera semanas depois do pedido,num quarto de hotel depois de jantarmos no meu restaurante favorito.

Charlie tirou a carranca depois de termos os convidado para o almoço que Alice e eu tínhamos montado, e no qual os pais de Edward estavam presentes por ele se formar dali alguns dias em engenharia.  

Meus pais e os seus  - apesar do nosso receio inicial - se deram muito bem. Renée e Esme pareciam amigas de longa data, assim como Charlie e Carlisle que falam de suas profissões com orgulho. Ao passar do dia, com as mudanças das horas, com as mudanças de roupas, nós estávamos apenas nós, olhando para o crepúsculo sobre o campus do Vanderbilt University com a certeza que a nossa história não pararia ali, como um dia poderia ter parado, se não tivéssemos ficados presos na biblioteca. Talvez, Alice estivesse certa afinal.  Talvez fosse um sinal, talvez fosse o destino, o universo, para que nos acertamos. 

Mas seja por qual fosse motivo, não me arrependia de ter dormido e ter deixado tudo para trás naquela seção reserva. Até mesmo, nosso trágico fim.











—Ok! - inspirei tentando controlar o riso que dominou meu estado de espírito, segurando a minha barriga enorme, como Charlotte fosse capaz de sair antes da horas devido as minha intensa gargalhada. Edward me olhava divertido segurando Anthony no colo que me olhava curioso. - Você está me dizendo que o Victor, aquele babaca que zombou de mim, na época de faculdade e que era da sua turma, é inspetor da escola da filha de Alice?

Edward assentiu, e foi impossível não segurar o riso. 

—Jasper me contou que Alice quase surtou quando descobriu que era o mesmo. - disse e longo emendou: - Disse que teve que convencê-la a não apenas não tirar a Eliza da escola, como não partir para cima dele, quando o visse. 

— Mas espera, como é que ele chegou a esse ponto? Ele não tinha se graduado em engenharia civil como você e os outros? 

—Tinha, mas acabei descobrindo recentemente por Benjamin que ele teve a licença cassada após descobrirem algumas falcatruas dele não apenas na empresa que ele trabalhava, mas também nas obras que era responsável. - contou, colocando Anthony no chão, perto de alguns de seus brinquedos de lego. O olhei chocada e indignada. 

— Por que você não me contou? 

— Achei melhor te poupar da lembrança inútil que o babaca lhe deu, da última vez que se viram. - respondeu, e concordei com seu ponto ao me lembrar de tal  situação.  

—Você fez certo. Mas qual foi a decisão de Alice?

— Eliza fica na escola, mas no primeiro desaforo que ele tentar obriga-lá ouvir, ela desce o sapato de salto na cabeça dele. - contou divertido, fazendo-me rir ao imaginar a situação. - Bella. - ele me chamou, assim que parei de rir. - Esqueci de te dizer algo.

—O que?

— Amo você.

Sorri envolvendo meus braços no seu pescoço.

—Também amo você Edward. 


The End


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não deixe de não comentar e contar sobre o que achou, do que não gostou. Seu feedback é importante para mim :)

Tenham um ótimo final de semana!

E até a próxima :)

isabella_maries
@humaanqueen