Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard
Notas iniciais do capítulo
Será que o coração do Kiba aguenta?!!
Boa leitura!!
Dezesseis anos.
Essa idade se tornou um fenômeno na história da família Inuzuka-Aburame, marcando aquelas pessoas em um crescente inimaginável.
A primeira vez que aconteceu, claro, foi com Masako, a filha mais velha e a primeira dos três a completar essa idade. O aniversário os brindou em um sábado de sol, com as cerejeiras em flor dando um tom rosado ao cenário, como era padrão naquela estação do ano.
E por padrão, a família reuniu seus membros e foi para o parque comemorar. Um belo piquenique com Shino, Kiba, Masako, Kaoru, Hikaru, Naruto, Sasuke, Shibi, Tsume e Hana. Eles juntaram quatro toalhas coloridas e formaram um dos maiores e mais animados grupos daquela manhã. Ano após ano, deixou de ser apenas a chance de comemorar um data especial. Pois no dia nove de abril nasceu uma criança amada que transformou a vida daquelas pessoas. Festejavam que Masako se tornasse como as sakura: uma bela flor desabrochando. O novo corte (nem tão novo assim) era oficialmente renovado com constância, os fios negros pesados caiam junto às orelhas, curtinhos e lisos, negros como os olhos escondidos pelos óculos de sol. Linda e feliz.
Naruto levava o prato mais esperado: lamen. Simples e delicioso, que mostrava o sucesso do Alpha de cabelos loiros vindo do esforço, Naruto começou um arubaito lavando pratos e cresceu a ponto de ter seu próprio negócio, o sonhado restaurante. Apoiado sempre por Tsume, pelos amigos de infância, que incentivaram e deram todo tipo de apoio.
O lamen roubava a cena, mas os demais levavam sua contribuição! A refeição se tornava divertida e deliciosa. Todos terminando a manhã com a barriga bem cheia.
Pela tarde, voltavam às obrigações. Tsume e Hana iam para a clínica, Kiba não trabalhava aos sábados pra ficar mais tempo com a filhotinha caçula. Naruto, Sasuke e Shibi também tinham seus compromissos. Kaoru ia para o arubaito em uma konbini do bairro. Shino ia para o Colégio, cumprir com as obrigações. A promoção para o cargo de Coordenador rondava o Alpha, caso ele conseguisse esse grande mérito, a família teria uma ótima folga financeira a ponto de Kiba pensar seriamente em ficar em casa com Hikaru, embora o coração se dividisse: ele amava a clínica! Só sentia-se entristecido ao trabalhar e ter tantas lembranças do falecido Akamaru. O mascote viveu por longos anos, mais do que o normal, e partiu deixando saudades.
Masako costumava treinar aos sábados, mas naquele em especial ia ficar em casa, para curtir o dia do aniversário. A parte da tarde passou rápido, com Kiba e as filhas assistindo alguns desenhos, partilhando pipoca e outra guloseimas. Hikaru escolheu todos os filmes, embora cochilasse durante a maioria!
Tudo correria como sempre, sem nada de novo, não fosse pelo final da tarde. Shino chegou a casa, tomou um banho e reuniu-se com a família na sala. Eles ficaram conversando até batidas soarem na porta.
— Eu atendo! — Masako saltou do sofá. — Deve ser o Shinta!
Kiba e Shino se entreolharam. Era a primeira vez que ouviam aquele nome. Seria um novo amigo? A resposta logo foi dada, de um jeito inesperado e chocante (principalmente para Kiba). Masako voltou para a sala, trazendo um rapaz pela mão. Um jovem Ômega, que não deveria ter mais de dezoito anos, uns poucos centímetros mais baixo que Masako, exibindo uma orelha cheia de brincos e piercings, o cabelo tingido de azul era cortado em estilo moicano, com as laterais quase raspadas. As roupas eram simples: regata branca, calça folgada preta e várias correntes saindo dos bolsos até a cintura. Ele ergueu a mão livre e cumprimentou:
— Yo.
— Olá. — Shino respondeu. Kiba não encontrou voz. Seus olhos estavam fixos nas mãos entrelaçadas. Aquele punk com porte marginal estava mesmo segurando nos dedinhos preciosos de sua querida filhote?
— Pensei que ele não conseguiria vir. — Masako meneou a cabeça, um sorriso feliz como raramente se via em seus lábios.
— Que tipo de namorado eu seria se perdesse esse dia?! — O rapaz devolveu ligeiro.
— NA! — a pequena silaba escapou solitária da boca de Kiba, como se de repente tivesse entalado na garganta do pobre coitado.
Masako ergueu as mãos unidas.
— Shino-tou, Kiba-tou, esse é o Shinta. A gente está namorando, hoje vim apresentá-lo a vocês. Ele pode ficar para o jantar?
— Yoroshiku. — A palavra soou um tanto eloquente, com um sotaque bem usado por garotos de gangue.
— NA!! — Kiba repetiu, os olhos arregalados como se não conseguisse assimilar o que via e o que ouvia.
— Claro! — Shino concordou com o pedido. — Fiquem à vontade.
— Shinta, vem provar o bolo. Eu guardei um pedaço pra você. É de morango...
— Bolo, Masako-nee! — Hikaru desceu do sofá e correu para a cozinha.
Enquanto o jovem casal saia do cômodo, Kiba virou-se para Shino sentado ao seu lado e gesticulou um tanto confuso.
— NA!! NA?!! — Kiba apontava repetidas vezes na direção da cozinha, engasgado com a palavra.
Shino divertiu-se com a reação, embora estivesse tão chocado quanto ele. Sequer desconfiou que a filha pudesse estar namorando. Por sua vez, Kiba respirou fundo duas vezes e recostou-se contra o estofado macio.
— É impressão minha ou um delinquente acabou de entrar na nossa cozinha?
— Bom...
— Acho que estou tendo um surto!
— Não julgue o rapaz, Kiba.
— Claro que julgo! É a minha filha, caralho! Você viu aquele moicano azul?! E os piercings? E ele segurando na mão? Eu demorei meses pra... — O rompante diminuiu um pouco. — Quanto tempo eles estão nesse namoro?!
— Boa pergunta. — Shino franziu as sobrancelhas.
Kiba inflou:
— Ele nem pediu permissão! Acha que minha filha é bagunça? Eu te disse: nunca confiei em Omegas altos!
Shino voltou a se divertir com o comportamento indignado, analisou o bico mal humorado do companheiro, um charminho que nem a idade havia diminuído, antes de devolver com uma bela carga de sensatez:
— Você pediu a minha mão em casamento, lembra? Sem nem falar com meu pai.
O Ômega corou um pouco, tentando pensar em uma resposta à altura sem conseguir.
— Mas é um moicano! — Soou sem muita ênfase. A frase terminou com um longo olhar na direção do marido. Shino olhava de volta, com leve expectativa e conseguiu derrubar todas as barreiras do rapaz.
— Kiba...
Se havia alguém no mundo depreendido de qualquer preconceito, eram os Inuzuka. Aquela família nunca julgou as pessoas por sua aparência. Prova maior disso era a relação do Alpha e do Ômega sentados na sala naquele instante. Shino nunca se sentiu avaliado apenas por usar roupas pesadas e longas, óculos que escondiam os olhos escuros.
— Ser pai me deixou preconceituoso? — Kiba indagou baixinho.
— Não. — Shino segurou nas mãos do companheiro. — Ser pai nos deixou mais protetores. Eu entendo sua reação, também fiquei surpreso. Só não tive tempo de reagir...
— Porque fui mais rápido! Shino, eu ainda estou em surto! Caralho, Vida, de novo?!!
— Vamos até a cozinha conversar com os garotos. Pense por esse lado: Masako é nossa filha, ela escolheria um bom rapaz, não acha?
— O amor deixa as pessoas burras. Olha só o Naruto! — Ele resmungou. — Mas a Masako é mais esperta. Como que ela encontrou um Ômega alto?
Shino não estranhou a pontuação que revivia uma antiga antipatia.
— Não é como se não houvesse Ômegas altos. O Sasuke...
— O Sasuke nem é gente! — Kiba cortou, logo se levantando. — Me recuperei um pouco. Vamos lá tirar essa história de namoro a limpo!
O casal seguiu para a cozinha, encontrando os jovens a partilhar o bolo. Hikaru estava sentadinha sobre a mesa, com as perninhas balançando no ar e a boquinha aberta. As covinhas exibidas salientavam a alegria expectante de receber um bocadinho de bolo preso no garfo que o tal Shinta balançou no ar até que a menina abocanhasse.
Masako estava sentada na outra cabeceira, também comendo um pedaço do bolo que sobrou do piquenique.
— Então estão namorando...? — Kiba jogou no ar assim que se acomodou em uma cadeira. Shino ficou em pé, de frente para o marido, apoiado no balcão — Desde quando?
— Desde hoje, tousan. — Shinta respondeu e Kiba teve o impulso de saltar da cadeira e grudar no pescoço do rapaz. Como ele tinha a ousadia de chamá-lo de “tousan”?! — Venho pedindo desde o ano passado, mas a Masako é dura na queda!
— Ano passado eu era iniciante no time de basquete do colegial. Não queria relaxar nos treinos até ser titular.
— Como se conheceram? — Shino indagou.
— De vez em quando Shinta trabalha na konbini perto da escola. Fui lá alguns dias...
— Mas a gente se conheceu antes, a Masako salvou minha bunda numa briga.
Kiba levou a mão ao peito em um gesto de extremo drama. Masako já era acostumada com isso, pensou em como apresentar o namorado à família, e decidiu que ser natural e agregá-lo sem grandes firulas era melhor para o perfil de seus pais e do próprio Shinta.
— Shinta estava apanhando de uns Betas. — A jovem provocou.
— Eu não tava apanhando! — Ele resmungou servindo mais um pedaço de bolo à Hikaru. — Mas tava em evidente e complicada desvantagem.
Kiba analisou o rapaz em silêncio por alguns segundos, só então notando a cicatriz sobre a sobrancelha. Um fato que parecia se fortalecer: Shinta era brigão?
— Quantos anos têm? Em que ano está?
— Dezoito, senhor. — Shinta respondeu para Shino e deixou Kiba ainda mais indignado. Como que Shino virava o “senhor” e ele era o “tousan”? — Eu abandoei a escola depois do Fundamental.
Okay, aparentemente não existiam limites nos impactos reservados para o coração de certo pai Ômega. Até mesmo Shino ficou um tanto incomodado. Como professor, valorizava demais a escola. Se Shinta não concluísse os estudos, a chance de arrumar um bom emprego eram pequenas. O próprio Naruto se formou ao menos no Colegial para gerir bem os negócios.
Shinta deu de ombros:
— Não consegui conciliar as coisas. Meu pai deu o fora e abandonou a gente, tive que largar a escola e ganhar nosso sustento. Minha irmã Reiko era um bebê na época, pouco depois que a mamãe morreu.
Kiba moveu-se desconfortável na cadeira, trocando um rápido olhar com Shino.
— Você cuida sozinho da sua irmã?
— Desde que ela tinha três anos! Nossos vizinhos ajudam um pouco, mas não posso abusar. — A informação foi dada em um tom de voz carinhoso demais para um “punk”.
Masako e Shino assistiram as barreiras de Kiba baixando uma a uma até que o homem pareceu sair da defensiva quase completamente.
— Queremos saber mais sobre você, Shinta, porque Masako nunca nos disse nada sobre um possível relacionamento. Você chegou de surpresa.
A jovem Alpha rapou o restinho de bolo do pratinho e sorriu daquele jeito ocasional que pontuava o sangue Inuzuka em si:
— São muitos pretendentes, Shino-tou — ela explicou como se não fosse grande coisa — Nem perco tempo contando de cada um deles. Não levei o Shinta a sério até...
Ela hesitou um pouco, o rosto corando de leve, como raramente acontecia.
— Até? — Kiba indagou rouco, todas as barreiras erguendo-se como se nem tivesse se comovido com a história de vida sofrida.
— Pêssegos! — Masako jogou a bomba. — Meu companheiro tem cheiro de pêssegos.
E naquele instante todos olharam para o Ômega que servia bocadinhos para Hikaru, e que coçou a bochecha quando se notou o centro das atenções.
— Quem diria? — Shinta resmungou. — Uma fruta doce demais!
Kiba compreendeu bem a explicação. Alphas sentiam um cheiro especial e único que identificava o companheiro Ômega perfeito. A grande maioria das pessoas passava pela vida sem a chance de encontrar a cara metade. Os poucos que recebiam a grande honra eram felizardos abençoados pelo destino.
Ele olhou para Shino, sua Alma Gêmea trazida pela vida. A melhor combinação que poderia existir para si, que se firmou um companheiro digno, decente, carinhoso, protetor. Um pilar forte com o qual podia contar em todas as situações. Seu norte.
Se confiou que a vida lhe traria o melhor, então confiaria que seria assim para aqueles dois também. E Shino compreendeu tudo o que ia em sua mente.
— Se reconhecem como companheiros? — O Alpha ajeitou os óculos no rosto.
— Sim. — Masako e Shinta falaram ao mesmo tempo. A surpresa de encontrar a Alma Gemea pegou ambos de surpresa. Masako precisou de um tempo para entender e ponderar todas as implicações, o sangue Aburame falando mais alto na tomada da importante decisão. Shinta insistiu em lutar pelo vínculo trazido pelo destino.
— Masako é nossa filha querida. A criamos bem, com valores. Ela tem dezesseis anos e maturidade para decidir entrar em um relacionamento. Mas esperamos que você também tenha maturidade, Shinta. E que um não magoe o coração do outro.
— Ela pode magoar meu coração, senhor. Mas eu juro que nunca farei a Masako chorar.
— Não, ela não pode. — Kiba suspirou por fim. — Minha filha não é esse tipo de Alpha, eu nunca permitiria que fosse. Shino falou bem. Que surpresa de aniversário tivemos hoje!! Se acreditam no futuro dessa relação, terão a nossa benção.
Kiba até pensou em um sermão contundente como o que Tsume fez para Shino (inclusive ameaçando certas bolas), mas desistiu. Ainda estava abalado pelos acontecimentos. E nem deveria ter se surpreendido tanto. Quando a filha cortou os cabelos sem qualquer aviso prévio, já deu um belo sinal sobre independência e firmeza de decisão. No papel de pai, lhe cabia desejar o melhor e estar por perto, claro.
— Obrigado pela confiança, tousan!! — Shinta gracejou feliz, usando um guardanapo de papel para limpar a boquinha de Hikaru, no fim ele nem comeu o bolo. Kiba sentiu o rosto queimar, pronto para soltar um de seus famosos resmungos. Quem aquele punk achava que era para tratá-lo com tanta intimidade? Só porque segurou na mão de Masako e... Okay. Eram pensamentos demais. Ele resolveu apenas aceitar.
E que o futuro mostrasse o quão certo aquela relação seria.
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E aí, pessoal? O que acharam do Shinta?
Ele vai aparecer mais vezes, aguardem!! Esse menino é uma criação em conjunto: eu fui dizendo como seriam as atitudes dele, mais ou menos com imaginava e a Rasqueria desenhou!! Temos muita expectativa sobre a opinião de vocês, esperamos um feedback sobre o namoradinho da Masako ♥
Até sexta!!