Bons Momentos - ShinoKiba (Vol. 02) escrita por Kaline Bogard


Capítulo 12
Bons Momentos - de raras ocasiões


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura! ♥



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Um dia que todos guardavam com carinho na memória, foi um acontecido simples, sem grandes afetações. E, ao mesmo tempo, algo surpreendente e raríssimo de se ter.

Um churrasco.

Shino e Kiba faziam churrascos com os filhos sempre que possível. O Ômega era um fã devotado de carne, qualquer motivo para servi-la era um bom motivo!! Mas quem ofereceu a refeição àquela vez não foi o casal Inuzuka-Aburame.

Foi Uchiha Sasuke. Um homem que não gostava de socializar, muito menos de ocasiões barulhentas. Que sentiu necessidade de comemorar o aniversário de quarenta anos do companheiro com quem estava há mais da metade da própria vida.

Respeitando os limites da personalidade difícil, o casal convidou apenas a família de amigos: Shino, Kiba e os filhos. Sasuke até pensou em chamar mais algumas pessoas, porque Naruto amava movimento, barulho e amigos ao seu redor. Mudou de ideia fácil, Naruto tinha tantos amigos que não caberia na casa, incomodaria os vizinhos e ainda corriam o risco de esquecer alguém. Assim decidido, enviou uma mensagem breve e formal para Shino (jamais conseguiria fazer isso através de Kiba) e preparou o churrasco de aniversário.

— Espero que a carne não esteja envenenada! — Kiba resmungou pela infinitésima vez, sentado no banco do carona no carro da família — Ou que as bebidas não tenham purgante.

— Sasuke não faria isso. — Shino rebateu pela infinitésima e uma vez.

— Não confio em Ômegas mais altos do que eu!

Shino ergueu as sobrancelhas e deu uma espiadinha no marido. Aquela era nova! Olhou pelo retrovisor conferindo as crianças no banco de trás: Masako, com treze anos, a longa trança caindo pelo ombrinho ossudo, os óculos de sol redondos no rosto, não parecia animada, mas estava; Kaoru, com onze anos, uma versão mais jovem – e agora mais calma – de Kiba não disfarçava a empolgação, e Hikaru, mal chegada ao primeiro aninho, enrolada numa manta cor de rosa cheia de morangos graúdos, os olhinhos espertos atentos a tudo o que acontecia.

A ocasião era especial, não podia se lembrar de uma vez sequer que Sasuke organizou algo assim por livre vontade.

— Kiba...? — Shino chamou a atenção do marido, sem se descuidar do transito.

— Nani?

O Alpha pensou em fazer alguma recomendação para que a noite transcorresse em paz. Sempre que Sasuke e Kiba se juntavam sobrava alfinetadas e acides para todo lado. As personalidades eram muito opostas: Sasuke tachava Kiba de barulhento, chato e folgado. Kiba via Sasuke como arrogante, esnobe e rude. Foi antipatia a primeira vista por absolutamente motivo algum!

Acabou mudando de ideia. Por mais contrários que fossem à presença um do outro, nunca brigaram de verdade. Se toleravam pelo bem comum, assim como acontecia em qualquer família.

— Eu provo as bebidas antes por você. — Fez uma piada. Mas fez do jeito “Aburame” e a frase soou como tudo, menos uma chacota.

— OE! Acha que o Sasuke seria capaz de...

— Eu estava brincando! — Shino soou um tantinho amargurado. Seu senso de humor não era dos melhores.

Mas Kiba riu. Não uma risadinha qualquer, um som agradável que contagiou até as crianças.

— Shino, não sai do seu personagem, marido! Obrigado por se oferecer ao sacrifício, mas eu sei que o besta do Sasuke não faria essa maldade, não por mim. Mas pelas crianças.

Assim chegaram ao lar do casal amigo, estacionando em frente ao portão. Naruto morava em uma área mais urbana, diferente de Shino e Kiba que priorizavam o contato com a natureza.

— Ei, remelentos, atenção!! — O Ômega virou-se no banco do carro e passou as instruções. — Se comportem, nada de gracinhas. Kaoru, não seja esganado, tem comida suficiente pra todo mundo. Nada de mexer nas coisas do Sasuke, se quebrarem alguma porcelana... Eu dou mesada em dobro!! Brincadeirinha, nada de quebrar porcelanas!

Shino pegou a sacola da bebê e esperou todos descerem para trancar o carro. Kiba pegou a filhotinha mais nova e a aconchegou nos braços, depois analisou o casal de filhos mais velhos e aprovou, estavam todos muito bem.

Entraram sem bater, já se sabiam parte da família e dispensavam grandes formalidades. Foi fácil seguir o cheiro de carne assando e dar a volta para ir direto ao quintal dos fundos.

— Shitsurei! — Kiba anunciou-se, a boca enchendo de água no instante em que o olfato apurado captou o cheiro de carne suculenta.

— Demoraram, maldito! — Naruto devolveu sorrindo. Estava à frente de uma churrasqueira, vigiando bifes graúdos. Um pano de pratos pendurado no ombro sobre a camiseta estampada.

— Feliz aniversário, Naruto oji-san! — Masako e Kaoru falaram ao mesmo tempo.

— Obrigado! E bem-vindos!

— Guarde a bolsa lá dentro. — Sasuke vinha saindo da casa com uma bandeja cheia de petiscos deu a orientação para Shino, que a aceitou.

Ao aproximar-se da família, Masako deu um passo à frente e reclinou-se de leve.

— Obrigada pelo convite, Sasuke-nii.

O Ômega observou aquela menina pré-adolescente, elegante e esbelta, de traços fortes conquanto femininos e encantadores, que usava uma blusa branca com um grande morango na frente e shorts jeans curtos e desfiados nas pernas. Em seguida lançou um olhar agudo na direção de Kiba.

— Não acredito que essa graça de criança saiu daí. — Provocou.

— OE!

— Obrigado pelo convite, Sasuke-oji! — Kaoru se intrometeu, querendo mostrar-se educado igual à primogênita.

Sasuke olhou o menino de alto a baixo e torceu o nariz.

— Esse eu acredito.

— Sasuke! — Kiba rosnou, sentindo que havia algum tipo de ofensa ali. E envolvia seus filhos!

— Já se olhou no espelho, Inuzuka? — Sasuke indagou antes de vencer a curta distância, deixando a bandeja com petiscos na mão de Kaoru e pegando Hikaru para si. — Não acredito que tem um Kiba e um mini-Kiba no meu quintal...

Enquanto ia falando essa última parte, foi seguindo em direção ao companheiro, com a filhotinha nos braços. Kiba ia responder à altura quando resolveu seguir o conselho e deu uma boa olhada em si e no menino. Foi então que notou a coincidência: ele vestia uma camisa do Konoha’s Angels, seu time de basquete preferido e uma bermuda preta e larga cheia de bolsos. Nos pés o inseparável par de chinelos. Kaoru também escolheu a camisa de basquete, uma bermuda jeans escuro larga, num tom que parecia preto. E calçou chinelos confortáveis. Cabelos curtos bagunçados, castanhos semelhantes, pele queimada de sol, marcas do clã... Literalmente um Kiba e sua miniatura.

— Caralho!! — Exclamou pela coincidência engraçada.

Sasuke lançou um olhar de vitória esnobe, enquanto se sentava em uma cadeira à sombra para brincar com Hikaru. Kaoru ignorou o clima engraçado e foi servir os petiscos. Masako pegou um em cada mão e ofereceu um para alimentar a irmãzinha. Shino voltou e ficou junto a Naruto, os churrasqueiros oficiais da família.

Kiba saiu do estupor e foi buscar algumas latinhas de cerveja para engolir a provocação do outro Ômega. Ele nunca notou algo que para os outros era comum: ele e Kaoru combinavam as roupas, por pura coincidência, com certa frequência.

***

— Tsume-kaasa quase arrancou a nossa orelha! — A voz alta de Naruto roubava a atenção, principalmente quando ele estava mais “animado” pela cerveja. — Bons tempos!

— Ótimos tempos, que passaram rápido! Então tá quarentão, hein?! — Kiba provocou bebendo mais uma latinha. Na outra mão, dois espetinhos cobertos de pedaços de carne. — Diz qual é a sensação, Naruto-jiji?!

— Vai se foder, Kiba! — Naruto provocou, sentado na grama ao lado dele. — Ano que vem é você.

A essa altura Shino estava sozinho na churrasqueira, vigiando a carne. Sasuke havia se apossado da filhotinha e enviava olhares feios na direção de Kaoru que volta e meia vinha cutucar as covinhas da irmã, enquanto devorava os sanduiches de frango que adorava. O Ômega de cabelos pretos nunca admitiria, mas fazia aqueles lanches por saber que o danadinho gostava. Masako estava deitada na grama, com um pratinho sobre a barriga, cheio de pedacinhos de carne picada. Era uma Inuzuka afinal de contas. O clima ameno de começo de outubro deixava a todos preguiçosos.

— Ano que vem. Mas o Shino vira quarentão em janeiro. Eu só em julho. Sou quase um bebê.

— Um bebê bem crescido! — Naruto debochou, então parou de rir com um suspiro nostálgico. — A sensação de chegar aos quarenta? Incrível. Sempre sonhei com uma família, mas não pensei que seria tão perfeita.

Lançou a frase emotiva à queima roupa. Ele perdeu os pais quando era um bebê, teria crescido sem afeto em um Orfanato não fosse os Inuzuka entrar em seu caminho. Com Tsume aprendeu o que era calor de mãe, com Hana descobriu o carinho de irmã mais velha, com Kiba soube o que era ter um parceiro de travessuras, irmão em quem sempre podia confiar. Até mesmo com Shigure teve importantes lições: nada é perfeito, obstáculos surgem, vínculos são testados e alguns não são fortes o bastante, enquanto outros são tão poderosos que dificuldade nenhuma os quebraria.

— Caralho, Naruto! — Kiba notou a emoção do amigo, contagiando-se com ela. Disfarçou abocanhando alguns pedaços de carne.

— Vão deixar as crianças aqui hoje, né? — o Alpha indagou com um olhar pidão, mirando de Kiba para Shino.

Kiba saboreou o momento, lançando a Sasuke seu mais ácido olhar:

— Talvez as meninas. Mas o “mini Kiba”... Tem certeza que quer?

— Você é ridículo, Inuzuka. — Sasuke nem se abalou, continuando a alimentar Hikaru com pedaços de maçã, ato que interrompeu em seguida. Levantou-se em silêncio e foi para dentro de casa trocar as fraldas da bebê.

Kifa-bou! — Kaoru correu até o pai, as bochechas estavam cheias de sanduiche que enfiou depressa, temendo que não pudesse ficar. Todas as vezes que dormiam na casa dos tios era uma festa! Comida gostosa, muitos doces, filmes divertidos e brincadeiras. Iam dormir tarde e acordavam mais tarde ainda no dia seguinte.

— Pode ficar, moleque. Só tava zoando o Sasuke.

— EBA!! — Engoliu com dificuldade e correu até Shino para ganhar mais carne quentinha.

— Obrigado! — Naruto falou suave. Um sonho que nunca realizaria era ter seus próprios filhos. Sasuke foi muito honesto desde o começo da relação e o Alpha aceitou os termos. Achava impressionante como o companheiro podia ter esse jeito carinhoso com as três crianças, mas sentisse quase pânico quando o assunto era sobre ele gerar um filho.

— Eu crio meus filhos na rédea curta, então tudo bem vocês estragarem de vez em quando né, marido?

Shino ajeitou os óculos no rosto, parecendo nada confortável em pensar nos filhos estragados. E disse soturno:

— Pode estragá-los um pouco.

Kiba quase engasgou com a cerveja:

— Isso foi outra piada?! Marido, volta pro personagem. Nós não estamos prontos para seu lado comediante! — E riu divertido.

Logo Sasuke voltou, ele não apenas trocou as fraldas sujas, mas também agasalhou melhor a filhotinha. Vendo isso, Kiba se deu conta da queda de temperatura e arrepiou-se.

— Caralho, tá esfriando rápido...

— Quer uma blusa? — Naruto ofereceu prestativo.

Kiba sorriu de lado. Pelo canto do olho notou a postura corporal de Sasuke mudando, um tanto tenso. Ficou tentado a aceitar só para provocar, porém sentiu que outra pessoa se incomodou. Shino era um parceiro excelente, nunca deixava seus sentimentos prejudicarem a liberdade de Kiba, mas era um Alpha em essência e não podia controlar o ciúmes de ter seu marido com o cheiro de outro Alpha. E Kiba não seguiria aborrecendo Sasuke, pois magoaria alguém importante por tabela.

 — Dispenso, Shino tem blusas extra, se ficar muito frio pego no carro. Eu vou atrás é de mais cerveja. Alguém quer? Naruto está proibido de beber! Vai ficar com meus tesouros, seja responsável.

— Está dizendo isso só pra beber mais!! — O Alpha em questão reclamou. Sequer notou os segundos quase tensos que decorreram após sua oferta inocente.

— Vou tomar um porre e deixar o maridão cuidar de mim. — O sorriso enorme de Kiba não revelava cada “cuidado” que desfilava em sua mente.

— Aff! — Naruto fingiu estar ofendido, rindo baixinho enquanto o amigo ia angariar novas latinhas de cerveja.

— Feliz aniversário! — Shino ofertou os votos ao outro Alpha. Desde que começaram a comemoração, a dividir comida e bebidas, não conseguiu falar nada. Naruto e Kiba roubaram e dominaram todos os tópicos da conversa.

— Obrigado, Shino!! — Ergueu os braços pedindo Hikaru. Sasuke hesitou um pouco, mas aceitou entregar a menina, que foi abraçada com carinho e cuidado. — Esse é o melhor presente! Ganho todos os anos.

Mal Sasuke se acomodou em uma cadeira e Kaoru pediu o celular emprestado para jogar. Ainda não podia ter um, seus pais diziam que era muito jovem. E Masako aproximou-se ofertando petiscos. O Ômega captou a sensação de aconchego do companheiro, dividindo-a também. Naruto estava mais do que certo, nada no mundo era melhor do que ter bons momentos em família.

— CARALHO, NARUTO!! ACHEI UM VINHO GRÃO FINO AQUI, TAVA ESCONDENDO, MALDITO?!!

Naruto riu ao ouvir o berro vindo da cozinha. Shino animou-se em silêncio, aquela noite ia render. A sobrancelha de Sasuke tremeu um pouco, chegando a um tiquinho assim de refazer a reflexão sobre momentos em família. Seu precioso vinho!!

E as crianças entenderam foi é nada!

CENA EXTRA

Kiba saiu da cozinha com uma garrafa de vinho na mão. Parou próximo a porta, tentando sentir o ar frio da noite sem conseguir. Dando de ombros, levou a garrafa aos lábios e deu um belo gole, deixando deslizar tanto líquido quanto possível antes que ficasse sem folego.

Notou um movimento à sua direita. Virou-se e estreitou os olhos tentando compreender o que via e a careta veio automaticamente ao seu rosto quando entendeu que Naruto e Sasuke estavam dando um amasso bem ali no quintal.

Um amasso! A ficha caiu e foi a primeira vez que ele pensou a sério sobre o casal de amigos fazendo esse tipo de coisa!!

— Caralho!! — Kiba sentou-se na cama, completamente desorientado — Caralho?

— Kiba? — Shino sentou-se também — Foi um pesadelo?

Aos poucos o rapaz notou que estava em casa, deitado na própria cama. Lembrou-se que tinham voltado tarde da churrasco, onde permitiram que os três filhos passassem a noite. No lar, tiveram um bom momento de chamego no banho e outro melhor ainda sobre aquele mesmo colchão antes de dormirem cansados.

— Dos piores! — Kiba respondeu horrorizado. Que os céus o protegessem de sonhar com amassos entre Naruto e Sasuke.

Suspirando, voltou a se deitar de lado, moveu os lábios tentando captar resquícios do vinho ingerido em excesso, só notou um leve gosto de pasta de dente. E mal percebeu quando Shino passou a mão por sua cintura e o trouxe de encontro ao peito, para se aconchegar. Dormiu no mesmo instante, como se não tivesse tido aquele “sonho horroroso” do qual esqueceu na manhã seguinte. E Shino adormeceu em seguida, tendo nos cabelos castanhos um aroma aconchegante.


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Notas finais do capítulo

Huahsauhs esses dois Ômegas ♥



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