Late for Life escrita por Mr Mandias


Capítulo 3
Capítulo 3 - Contos de Exílio




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Em suas mãos um cutelo enorme, quase do tamanho dele próprio, sem guarda ou adornos, negro como a noite. A única característica que o distinguia de um pedaço de aço cru era a faixa enrolada em seu cabo que caia por todo seu cumprimento como uma espécie de marca peculiar.

Familiar em suas mãos de uma forma que a lâmina antiga nunca foi.

“Terminamos por agora.”

Comentou Urahara satisfeito, deixando sua zanpakutou voltar para a forma original.

“Ótimo.”

Comentou Ichigo por entre os dentes, antes de cair para frente desacordado e exausto.

Ao seu lado, Zangetsu recuou lentamente para sua forma selada, uma katana enorme e com o cabo negro, muito parecida com a que o garoto costumava usar quando era um shinigami substituto.

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Quando acordou, dois dias depois, Ichigo estava deitado em um futon nos fundos de um dos quartos da loja. A lâmina selada enorme, que ele percebeu imediatamente se tratar de Zangetsu em sua forma selada, jazia ao seu lado, inerte.

“Eu acho que consegui.”

Murmurou ele alertando o mundo sobre a sua recém-adquirida consciência.

“Você finalmente acordou, filho.”

Ichigo percebeu, chocado, a presença do seu pai, sentado ao chão no outro extremo da sala.

“Velho...” Gaguejou o garoto surpreso. “O que faz aqui?” Só então ele percebeu um outro detalhe. “Como você está me vendo?”

“Sim, eu posso vê-lo.” Esclareceu o homem com feição séria. “De onde acha que herdou sua habilidade?” O homem suspirou diante da feição surpresa de seu filho. “E quanto a razão de eu estar aqui... Kisuke me avisou sobre você, que tipo de pai não viria correndo ao saber da morte do próprio filho?”

“Kisuke... Vocês se conhecem?”

A pergunta do garoto era pertinente.

“Sim...” Confirmou o homem. “Eu o conheço há muito, muito tempo.”

“Eu não entendo.” Resmungou Ichigo levantando do futon onde antes jazia desacordado. “O que, exatamente, você é, velho?”

O homem também levantou.

“Caminhe comigo, Ichigo.” Pediu ele abrindo a porta de correr e apontando para o corredor. “Há muito que você precisa saber.”

O sol estava nascendo, era o início de uma manhã calma e limpa.

O mais novo shinigami e seu pai caminharam pelas ruas calmas de Karakura até chegarem aos arredores do rio onde a mãe do garoto, e esposa do homem, morreu.

“Esse lugar...” Começou Isshin em tom moderado. “É doloroso...”

Ichigo assentiu, ainda muito confuso com tudo que estava acontecendo.

“Eu costumava ser um Shinigami antes de conhecer a sua mãe.”

A informação adentrou os ouvidos do mais jovem Kurosaki de um jeito estranho.

Era difícil de acreditar, embora fizesse sentido de um jeito esquisito.

“Eu deveria estar mais surpreso.” Disse o mais jovem encarando o chão. “Acho que isso explica algumas coisas.”

Isshin assentiu, ainda sério.

“Em algum momento, precisei vir até aqui, nesta cidade e...” O homem fez uma pausa coçando a própria cabeça, um sorriso sincero surgiu em seu rosto. “Eu conheci sua mãe...”

Ichigo assentiu aturdido.

“Isso não deve ter funcionado muito bem.” Murmurou ele. “Um shinigami e uma humana...”

O mais velho riu com gosto.

“Funcionou para você, não é?”

A provocação do pai atingiu o filho em cheio, que corou fortemente.

“Isso é diferente.” Argumentou ele de forma fraca. “Eu sou um caso especial, considerando tudo...”

O homem assentiu concordando.

“Você tem razão.” Disse ele simplesmente. “Mas assim era a sua mão, um caso especial, como você.” Revelou com um sorriso conhecedor. “Ela também podia ver espíritos.”

Ichigo franziu a testa incomodado, mas continuou ouvindo.

“Coisas aconteceram.” Falou o homem em termos gerais. “Complicado demais para explicar agora e, honestamente, não vem ao caso no momento, mas eu perdi meus poderes, ou melhor, abri mão deles, e acabei ficando por aqui.” Completou ele sorrindo. “O resto é história... Eu, Masaki, você e as gêmeas.”

“Você disse que perdeu os poderes.” Apontou o mais jovem. “Como estamos conversando agora? Você não deveria poder me ver.”

O homem hesitou por um instante.

“Meus poderes não se perderam para sempre.” Revelou ele finalmente. “Eles começaram a voltar, aos poucos.”

Ichigo assentiu.

“O que vai fazer quando eles voltarem por completo?”

O mais velho levantou a sobrancelha.

“Está perguntando se pretendo voltar para Soul Society?”

O adolescente assentiu.

“Não, ao menos enquanto suas irmãs estiverem aqui.” Descartou ele facilmente. “Essa vida humana... É um presente maravilhoso que eu nunca quis e nem pedi...” O homem sorriu. “Mas eu não os trocaria por nada... Você e suas irmãs...”

Ichigo sorriu tristemente.

“Eu estou morto, embora.”

“Isso é outro assunto importante.” Recomeçou o homem voltando a feição séria de antes. “Kisuke comentou sobre o processo... Uma máscara hollow, Ichigo?”

Por alguma razão, o garoto sentiu que o seu pai não estava contando tudo, mas isso podia esperar, pelo menos por agora.

“Eu não sei o que isso significa.”

Revelou o jovem, perdido como estava.

“Nem eu...” Disse o homem olhando para o céu. “Mas eu posso pensar em algumas pessoas que podem saber.”

O adolescente encarou curioso.

“Quem?”

“Alguns velhos conhecidos.” Revelou simplesmente. “Kisuke deve ser capaz de entrar em contato com um deles.”

O garoto assentiu incerto.

“Eu já sei sobre o seu plano de salvar a garota.” Continuou o velho demonstrando estar, pelo menos parcialmente, a par sobre toda a situação. “Não posso impedi-lo, sobretudo agora que seu espírito não está mais preso ao mundo dos vivos... Procure pela família Shiba quando chegar lá... Mande lembranças e diga que é meu filho, eles vão ajudá-lo no que puderem, ao menos assim eu espero.”

O mais jovem assentiu grato, acompanhando o raciocínio de seu pai.

“Eu iria com você, se pudesse...” Disse o homem. “Escute, Ichigo...” Alertou o homem. “Eu não sei o que vai acontecer, mas tenho fé em você.” Ele sorriu novamente. “Há uma razão para você ser meu filho.”

O garoto se surpreendeu diante da rara demonstração de afeto séria.

“Talvez você hesite em voltar.” Ponderou o homem. “Eu e suas irmãs entenderemos...” O homem interrompeu antes que Ichigo pudesse começar a protestar. “Entretanto, lembre-se da máscara, isso pode ser importante.” Alertou o mais velho com seriedade. “Você precisa voltar e conhecer as pessoas que citei.”

Ichigo assentiu, mesmo não achando que isso seria um problema.

Isshin voltou a sorrir de forma despreocupada.

“Não se apresse, no entanto.” Orientou ele com descompromisso. “Isso pode muito bem esperar... O que não pode esperar é o amor jovem!” A risada do homem envergonhou o garoto ainda mais do que deveria. “Eu quero netos o mais rápido que você conseguir!”


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