a canção do caubói e a vaqueira solitários escrita por Finholdt


Capítulo 1
the broken hearts club




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i was a lonesome cowboy

Os dias no parquinho eram sempre diferentes e de alguma forma sempre iguais. Woody sabia que já havia perdido a noção do tempo há muitos anos. As crianças vinham de dia, a feira vinha à noite e Woody passava os dias pulando de uma aventura para a outra, só ele e Betty. Não é como se tivesse intimidade com os outros brinquedos também.

É claro que ele sentia falta do Buzz, Jessie e os outros. Toda vez que o sol raiava, ele mal conseguia acreditar que os amigos não estavam mais ali com ele. Era um sentimento insistente esse, a saudade. Constantemente embolado com várias outras coisas que Woody não conseguia nomear toda vez que ele pensava nos amigos, mas principalmente entre esses três: Andy, Buzz e Jessie.

Então Woody decidiu que era mais fácil evitar pensar demais neles e focar no presente. Isso não significava que ele esqueceu dos amigos ou algo assim, mas algumas coisas eram melhores deixar guardadas na memória, principalmente quando você não conseguia articular com todas as palavras a confusão de sentimentos misturado ali.

Para ser mais específico, no entanto, é válido dizer que Woody consegue nomear as coisas que passa pela sua cabeça quando pensa em Andy (saudade, carinho, saudade, amor, nostalgia, felicidade, saudade), e Buzz (saudade, amizade, parceria, exasperação carinhosa). Mas Jessie, por algum motivo, sempre foi mais difícil de catalogar. Woody imaginava que era por causa do histórico deles e justamente por isso evitava pensar demais no assunto. Certas coisas eram melhores permanecer enterradas. Afinal, não foi assim que ele passou os dias depois que Betty foi embora? Evitando pensar demais no assunto?

É um bom sistema, oras! Um xerife tem que saber delegar os momentos apropriados para ficar contemplativo e considerando a vida agitada de um brinquedo perdido, não é como se ele pudesse se dar ao luxo de ter vários desses.

Mas é claro que o mundo decidiu explodir na cara de Woody logo depois que ele enfim se encontrou e sossegou.

O dia começou como qualquer outro, os brinquedos na caixa de areia já em posições estratégicas para quando as crianças chegarem eles serem imediatamente encontrados. Woody estava tranquilo, contente em observar Betty comandar os outros brinquedos em posição e ela própria se enfiar dentro do escorregador. Por algum motivo, não estava com pressa para brincar com as crianças naquele dia. Ele só queria observar, contente, essa nova vida que ele escolheu para si.

Os barulhos de gritos e risadas estouraram como uma pistola dando largada e logo todo o parquinho estava lotado de crianças. Era engraçado, Woody pensou de forma distante, o quão parecido e ao mesmo tempo diferente aqui era da creche. 

Bem, para começar não tinha um tirano em forma de ursinho de pelúcia. As crianças eram mais velhas também, então bem menos brinquedos sendo mutilados e engolidos, o que é sempre bom.

Então Woody avistou um chapéu de um tom brilhante de vermelho e ele esqueceu o que estava pensando antes.

Ele nem sequer registrou o que estava fazendo, só correu. Driblou crianças, brinquedos, e outros objetos não identificados na pressa em que estava para alcançá-la. Olhou em volta, tentando avistar os outros, mas não viu ninguém além dela. Talvez Bonnie tenha trazido apenas Jessie, o que não era ideal, mas tudo bem. De qualquer forma, o foco aqui era Jessie e Woody não sabia quanta saudade sentia dela até a avistar escorregando no escorregador no colo de outra criança.

Isso era bastante comum no parquinho (e na creche, sua mente sussurrou de forma injusta), as crianças vivem dividindo os brinquedos entre si e às vezes até trocando de vez mesmo. Woody tinha que tomar muito cuidado para não se deixar muito visível quando chegava a hora das crianças irem embora e não ser surrupiado. Achado não é roubado, etc.

Se escondeu debaixo do escorregador e esperou a boneca descer para então segurar sua perna e a puxar para debaixo do escorregador também.

Ignorando os “para onde ela foi?” que a criança começou a indagar acima dele, Woody passou a agarrar o braço de Jessie e então a puxar para o canto mais escondido do parquinho, onde nenhuma criança poderia vê-los.

— O qu–

Ele mal deu tempo dela reagir, logo agarrando-a pela cintura – como ela sempre fazia com ele— e a rodopiando no lugar.

— Jessie! Nem acredito que você está aqui! 

— Opa, caubói! — a voz animada de Jessie soava risonha — Calma aí, bonitão. Eu sei que temos uma história, mas acho que o meu Woody vai sentir ciúmes.

Hã?

Ele estava olhando para Jessie. Tudo nela era Jessie, desde o chapéu de vaqueira, os olhos verdes e as botas vermelhas. E mesmo assim, por algum motivo, Woody sentia que aquela Jessie parecia errada.

Arregalou os olhos, chocado, e a largou no ar. Ela soltou um grito de susto e então resmungou enquanto se levantava do chão.

— Viu só, o meu Woody não seria tão grosso.

Woody não estava com presença de espírito para pedir desculpas, ainda chocado demais. Em mais de 30 anos ele nunca viu outro brinquedo do Rodeio do Woody, até onde ele sabia, Jessie, Bala no Alvo (e Pete Fedido, aquele desgraçado) e ele eram os últimos. Sua cabeça estava explodindo com inúmeras perguntas implorando para serem respondidas, tantas que ele nem sabia por onde começar.

Abriu a boca e a voz que saiu era a dele, mas não era ele.

— Jessie? Cadê você?

— Woody! — ela balançou os braços, praticamente saltitando enquanto o chamava.

Perplexo e levemente horrorizado, Woody se virou para ver ele mesmo.

— Ei, sumida. Você desapareceu do nada, fiquei preocupado.

— Woody, olha! Ele me confundiu com a Jessie dele.

Só agora o outro Woody notou sua presença. Woody tentou não se sentir ofendido com isso.

Ele não sabia bem o que esperava. Que o outro Woody tenha a cabeça explodida de choque, como ele está agora? Que faça inúmeras perguntas e diga que ele achava que era o único que existia? Qualquer coisa além de um levantar de sobrancelhas:

— Ah, e aí, xerife?

Ah, e aí, xerife?!

— Tá, foi mal, mas você não tá nem um pouco chocado?! — não se aguentou.

O outro Woody pareceu surpreso e genuinamente confuso com a explosão dele.

— Ué, acontece, né. Só me admira que você tenha se confundido assim, mas suponho que no calor do momento foi meio automático — ele piscou — É difícil resistir a Jessie.

Woody resistiu a tentação de socá-lo.

Não sabia o que estava o deixando mais maluco: encontrar outros brinquedos do Rodeio do Woody ou o jeito que esse cara agia com a Jessie. De repente, sentiu uma onda de simpatia pelo coitado do Buzz que tem mais de milhares versões dele mesmo correndo por aí.

— Faz décadas desde que despertei e eu nunca vi outro brinquedo do Rodeio do Woody, até onde eu sabia era só eu e a minha Jessie.

Os dois outros brinquedos arregalaram os olhos, pela primeira vez desde que tudo começou parecendo genuinamente perplexos. Woody se sentiu estranhamente vingado.

— Espera, você é um dos originais? — a outra Jessie guinchou.

— Caaara, que incrível! Eu achei que vocês estavam todos extintos de vez!

Era incrível. Quanto mais eles falavam, mais confuso Woody ficava. E mais queria estrangulá-los.

— Como assim “originais”? — perguntou ao invés.

— Sabe, os que vieram antes do revival! — a outra Jessie respondeu — Faz uns meses já, você não ficou sabendo?

— Não tenho muito acesso a TV à cabo aqui — respondeu secamente.

O outro Woody não gostou disso, pela primeira vez olhando torto para ele. Woody queria questionar qual o relacionamento dos dois mas tinha medo da resposta. Ficou em silêncio no lugar.

— Enfim — ela continuou, imperturbável —, os produtores do Rodeio do Woody decidiram soltar os scripts finais dos próximos episódios antes do show ter sido cancelado em comemoração dos 75 anos de Rodeio do Woody.

Woody se sentiu tonto. Finalmente ia descobrir se ele conseguiu salvar Jessie e o Pete Fedido da mina coberta de dinamite?! Se Bala no Alvo e ele conseguiram atravessar o Grand Canyon?!– 

Mas antes dele conseguir fazer qualquer uma dessas perguntas, ela continuou falando.

— Aí isso desencadeou um monte de fuzuê na internet, né? Um monte de petição apareceu exigindo um revival para não deixar a série simplesmente morrer assim, principalmente agora que tinham os roteiros públicos. Um monte de hashtag apareceu no twitter também.

— #SalveRodeioDoWoody — o outro Woody adicionou —, então a empresa que tinha os direitos da série lançou uma linha nova de brinquedos – somos nós caso você não tenha sacado – e todo o dinheiro das vendas era destinado para o revival da série. Foram feitos mais de cem mil de nós e eles esgotaram nos primeiros dois dias.

— Depois disso a Cowboy Crunchies decidiu continuar fabricando mercadoria do Rodeio do Woody e até voltaram a fazer o cereal que originou a série. Contrataram uma equipe de animação para fazer o remake do show. Agora os personagens são de computação gráfica ao invés de brinquedos bancando marionetes. O revival foi lançado faz uns meses já e foi um estouro! — ela riu — Um dos desenhos mais assistidos de todos os streamings.

— A sua Jessie não comentou nada? Ela também é uma original?

— Ok, primeiro! — Woody levantou o dedo, mordaz — Ela não é minha coisa alguma, é só minha amiga — aumentou o tom de voz quando os outros dois abriram a boca, os cortando — Segundo! Ela não mora aqui, eu achei que ela tinha voltado para me visitar. Claramente foi um engano. E terceiro! Não é como se eu tivesse acesso a qualquer uma dessas coisas por aqui, óbvio que eu não sabia de nada então podem parar de me olhar desse jeito!

Só agora que Woody pode realmente olhar para eles, notando as sutis diferenças. Enquanto o amarelo da camisa de Woody já estava começando a desbotar, o do outro era novinho em folha. A cordinha também estava nas costas dele, mas não parecia muito funcional. Na verdade, olhando bem, a estrela de xerife do outro parecia mais um botão… E a outra Jessie também tinha o cabelo de lã vermelho, mas era mais cheio e um pouco mais longo do que a da verdadeira Jessie.

O sorriso era o mesmo, no entanto. Woody evitou pensar demais nisso.

Os outros dois estavam trocando olhares, o que estava honestamente o irritando.

— Então você não está sabendo? — perguntou a outra Jessie — O último episódio da série original…

— Não! — pela primeira vez desde que Woody viu que essa era outra Jessie, ele sorriu, animado. — Por favor me conta, faz anos que eu me pergunto que fim deu aquilo!

Por algum motivo o outro Woody não parava de sorrir como se estivesse zombando dele. Woody o ignorou.

— Bem… — ela começou, cautelosa — Woody consegue chegar do outro lado, mas por pouco. Bala no Alvo e ele quase caíram e como havia toda a questão do tempo por causa da dinamite, Woody tem que confiar que o Bala no Alvo vai conseguir se salvar sozinho e sai correndo até a mina. Ele consegue chegar bem a tempo de tirar o Pete e a Jessie de lá e a coisa toda explode. — a voz dela morreu.

— Agora continua. — o outro Woody debochou. Ela olhou feio para ele.

Woody também não gostou nada disso, mas estava entretido demais com o desfecho de sua série para questionar qual o problema dela.

— Então no final do episódio a Jessie… Ela…

— Ela se machucou?! — se o desenho voltou apenas para machucar Jessie, então que continue no limbo!

— Não! Argh, é tão mais fácil quando vocês já sabem disso — ela resmungou para si mesma — A Jessie beija o Woody em agradecimento por ter salvo a vida dela. 

Quê.

Ela continuou falando:

— Saiu só mais dois roteiros depois disso, e era basicamente eles se entendendo e começando a namorar além das aventuras normais de cada episódio. Pete aprova, aliás.

Quê.

— Jessie e eu?! Mas mas mas… — Woody gaguejou, tão em choque que ignorou o sorriso zombeteiro do outro xerife — Nunca teve nada disso! Em todos os episódios, nunca deu qualquer indício de que tinha algo ali!

O outro Woody resolveu se manifestar:

— Porque o show queria fazer eles começarem como amigos, pra Jessie se vender sozinha ao invés de “namorada do Woody”. No revival tá a mesma coisa, mas dessa vez o roteiro tá tomando o cuidado de dar mais dicas de que a Jessie tem sentimentos pelo Woody mesmo que nenhum faça nada a respeito.

Era demais. Woody queria se sentar, mas não havia nada ali para ele se apoiar.

— É por isso que eu sempre me senti conectada com todos os Woodys. Bem, não todos, exatamente, esse aqui — ela apontou para o Woody que o botão era a estrela — é o meu Woody. Mas até eu achar ele, eu sempre senti esse anseio inexplicável por algo. Ficava ainda pior quando eu assistia os episódios com a minha antiga dona e eu via outros Woodys na escola. E foi só quando ela me vendeu pra criança dele que eu descobri o que era exatamente.

Nossa criança, Jessie — o outro Woody disse antes de entrelaçar a mão na dela. — Inclusive, devíamos voltar pra ela. — ele olhou para Woody — Então… Prazer te conhecer, original. Tomara que você consiga encontrar a sua Jessie aí.

Isso só podia ser um engano.

Mas enquanto Woody observava aqueles dois brinquedos se afastando de mãos dadas, tudo o que ele pensava era que as coisas enfim pareciam certas.

Woody ama a Betty. Ele sempre amou ela, desde a primeira vez que ela apareceu no quarto do Andy e eles brincaram que ele salvava as ovelhas dela e ela o beijava como agradecimento. Parando para pensar, por muitos anos essa foi toda a dinâmica deles. Woody sabe que ama Betty. Ele sabe.

No entanto.

No entanto, agora que Woody possuía novas informações, tanta coisa agora fazia sentido.

Aqueles sentimentos inexplicáveis de que faltava algo, que ele precisava fazer algo sempre que ele olhava para Jessie. Woody julgou que era apenas instinto protetor. Ele era o xerife, afinal. Salvar pessoas era seu dia-a-dia e Jessie com seus grandes olhos verdes pareciam implorar por um salvamento do escuro e mais anos de abandono. 

E daí que ele se preocupava com ela um pouco mais do que os outros? Que ele se desdobrou todo para salvá-la do avião, que ele a abraçou uns segundos extras quando ela pulou nos seus braços, sentindo que tudo ia dar certo enquanto eles estivessem juntos? Nada disso valia a pena ponderar demais, ainda mais quando eles iam voltar juntos para a mesma casa e Woody já tinha alguém esperando por ele lá.

É totalmente possível brinquedos vindo de cânones diferentes terem relacionamentos e sentimentos profundos e reais pelo outro. É claro que sim, todos os seus amigos do Quarto do Andy eram a maior prova disso. Slinky, Cabeça de Batata, Betty, Buzz. E mesmo assim, quando você encontra um brinquedo do seu próprio cânone, há aquela ligação instantânea.

Woody reparou isso quando a Sra. Cabeça de Batata chegou no quarto do Andy e ela imediatamente se casou com o Cabeça de Batata, os dois tão ligados que só os humanos para tirar um de perto do outro.

Depois de novo quando aquele outro Buzz do cinto brilhante mal descobriu que Zurg era seu pai e imediatamente se conectou com ele. Ambos já tinham a ligação de rivalidade, mas essa reviravolta só serviu para aprofundar o relacionamento deles.

E então a Barbie, que mal conheceu Ken e já estava completamente apaixonada. Dizendo que com ele as coisas pareciam certas.

Woody sentiu que as coisas pareciam certas quando ele estava com os outros do Rodeio do Woody. Por dois dias ele nem se ligou muito dos outros, esquecendo até mesmo do Andy, simplesmente porque estar ali com eles parecia certo. Ele se desdobrou para trazer Jessie consigo até o quarto do Andy porque ela continuar ao seu lado parecia ser o certo.

Só que ele já tinha a Betty, então não pensou demais nas ramificações desses sentimentos. E agora ele sabia, não é mesmo? O porquê disso tudo.

Mesmo assim, por mais certo que parecesse ficar com Jessie, o sentimento não foi tão intenso como pareceu ter sido com os outros. Na verdade, a coisa toda soava mais como um poderia ter sido do que precisa ser. E era como se algo estivesse certo e ao mesmo tempo faltando. Algo que precisava de muita reflexão para começar a entender o que ele estava sentindo por um só brinquedo. Se encontrar um brinquedo que é seu par cânone trás essa ligação instantânea, então porque com Jessie e ele foi diferente?

Porque o show foi cancelado antes de vocês canonizarem como um casal.

Maravilha, agora ele faz o quê com essa informação?!

when somebody loved me

Toda vez que Jessie abre os olhos e encontra luz, ela sorri, mal acreditando na sua sorte.

Bonnie brincava com ela todos os dias e as duas até dormiam juntas. Finalmente, desde que a Emily cresceu, Jessie enfim tem uma criança que a adora. 

Sem mais escuro, sem mais solidão.

Buzz e ela sempre brincam juntos. Bonnie aparece com cada história de cowgirl espacial que faz Jessie questionar se a menina não está sendo desperdiçada no quarto de brinquedo ao invés de se jogar em Hollywood, mas pode ser apenas Jessie sendo tendenciosa.

De qualquer forma, se o dia fosse particularmente bom e Jessie se esforçasse de verdade, ela podia até fingir que não estava morrendo de saudades do Woody.

Seu maior consolo era que Buzz entendia como ela se sentia, também sentindo muita falta do parceiro. Era diferente para os dois, ela sabia. Buzz conhecia Woody a mais tempo, foi Woody quem o ajudou a despertar de vez e ambos tinham uma conexão de melhores amigos invejável. Do mesmo jeito que Jessie se sentia triste sempre que lembrava que Woody não estava ali com eles, Buzz também ficava com um olhar distante e melancólico quando eles viam qualquer coisa que lembrasse Woody.

Dito isso, Jessie não tem certeza se o que ela sente chega a comparar.

Agora que Woody não estava mais entre eles, o trio que se tornou dupla parecia… vazio. Quando Buzz dizia algo alheio, Woody não estava mais ali para trocar um olhar com ela antes de rirem.

Pelo menos o Bala no Alvo ainda estava ali também, o último brinquedo do Rodeio do Woody além dela. A sensação de perda, de algo faltando desde que Woody foi embora, chegava a ser insuportável. Era tão estranho, porque a última vez que ela sentiu algo parecido com isso foi quando Emily a abandonou debaixo da cama. Como se uma parte dela, que ela nem sabia que tinha, havia sido arrancada.

Era mais fácil ignorar isso quando Bonnie brincava com ela. Os dias difíceis viam quando Bonnie tinha escola o dia inteiro e não podia brincar com ela. Na verdade, já fazia meses que Bonnie brincava cada vez menos com eles, mas Jessie evitava pensar demais nisso. Não queria desencadear memórias indesejadas e acabar tendo um ataque de pânico simplesmente porque a dona parecia estar dando mais preferência ao tablet do que aos brinquedos.

E sem Bonnie para distraí-la, Jessie foi ficando cada vez mais inquieta. A sensação de vazio aumentando cada vez mais.

E Buzz notou isso, é claro.

— Você não vai acreditar.

Jessie sorriu.

— O quê?

Bonnie havia acabado de entrar no carro com a mãe, onde elas iam passar o dia inteiro na piscina. Bonnie queria carregar Jessie e Buzz junto, mas a mãe dela não permitiu, dizendo que a água ia estragar eles. A garota resmungou, mas resolveu carregar Rex no lugar.

— Ontem na escola, ouvi algumas crianças conversando e parece que fizeram um remake do Rodeio do Woody.

Jessie sentiu como se o chão tivesse sumido debaixo de suas botas.

— MENTIRA! Sério?! Minha nossa, não acredito!

— Eu disse que você não ia acreditar. — Buzz riu.

— É em preto e branco?! São marionetes feitas de brinquedos?

— Er… não. O original era assim? Woody tentou me mostrar uma vez mas acabei não prestando atenção e depois nunca mais achamos as fitas — Buzz balançou a cabeça, como se espantando as memórias — Enfim, não. Não sei se o roteiro vai ser diferente também, só sei que fizeram em formato de animação. As crianças adoram, só falam disso na escola. Bonnie ia começar a assistir hoje, mas elas foram pra piscina no lugar, então achei que nós… sabe… podíamos assistir. Só nós dois.

Era incrível que mesmo depois de anos juntos, Buzz ainda ficava com vergonha quando insinuava qualquer coisa romântica entre eles.

— Só se for agora!

Jessie já assistiu todos os episódios do Rodeio do Woody original de cabo a rabo. Sem crianças para brincar com ela, tudo o que Jessie fazia era assistir as fitas de novo e de novo quando Al ia dormir.

Então mesmo que nada jamais houvesse sido confirmado no show, depois de assistir tudo tantas vezes, Jessie tinha uma suspeita. E ela não tem certeza se gostava dela, ainda mais depois que conheceu o próprio Woody. Era fácil suspirar e se sentir balançada por uma imagem, mas conhecer o brinquedo por trás da série já era outra coisa completamente diferente.

É você! É você, é você, é você!

Olha só pra nós, formamos um conjunto completo!

Eu não vou pra museu nenhum!

E eu não vou voltar para aquela caixa!

Tá me chamando de mentirosa?

Se a carapuça serve!

Ah, é? Repete.

Se a cara-puça ser-ve.

De alguma forma, conhecer o verdadeiro Woody fez aquela sensação difícil de definir ainda mais latente, tanto para o pior quanto para melhor. Não importava o quanto eles brigassem, o quanto ele a enfurecia e a decepcionava, ainda assim o que Jessie sentia por Woody ia numa escala diferente de qualquer outra. Depois que ele a convenceu a fugir com ele, Jessie estava mais preocupada em ser separada dele de novo, caso Andy não gostasse dela, e foi apenas a garantia que ele tinha uma irmãzinha que a fez se arriscar.

Porém, se Jessie se desse o trabalho de ser sincera consigo mesma, ela já sabia no minuto que Woody a chamou para fugirem juntos que ela iria para qualquer lugar que ele fosse.

Eram sentimentos perigosos, esses.

Principalmente porque Woody já tinha uma namorada.

Namorada essa que fez Woody abandoná-los para se tornar um brinquedo perdido.

— Obrigada de novo, xerife Woody! — disse a Jessie animada na televisão.

Eles já estavam no décimo quinto episódio e Jessie estava ficando cada vez mais incomodada enquanto assistia o desenho junto de Buzz.

Ele não falou nada desde que comentou que ela estava bonita em versão animada na abertura do piloto. Principalmente porque logo depois da abertura a primeira coisa que tem no desenho é a Jessie suspirando que o Woody estava demorando demais a aparecer. Ela, a brinquedo no caso, imediatamente ficou tensa. De repente, ficou desconfiada de que isso não era uma boa ideia.

Buzz não dizia nada além de ocasionais risadas e isso seria completamente comum se Jessie não soubesse exatamente o que estava acontecendo no programa.

Era como assistir um acidente de carro, você não consegue desviar o olhar. E a pior parte é que o programa nem sequer mudou as falas ou acontecimentos. Tudo continuava a mesma coisa, apenas com a diferença de que a Jessie do desenho ficava vermelha sempre que pensava ou falava no Woody, algumas vezes olhando diretamente para ele por uns segundos extras que deixava Jessie querendo gritar e desligar a televisão.

Marionetes não ficam coradas, ainda mais em preto e branco.

De repente, enquanto assistia o remake do seu desenho original do lado de seu namorado, Jessie lembrou de todas as vezes que ela assistiu o programa e pensou se não tinha algo a mais entre ela e Woody. Se não deveria ter.

E o quanto ela fingiu não sentir nada disso ao ver que não era recíproco.

Quando chegaram no final da primeira temporada, A Hora da Verdade do Woody, Jessie mal conseguiu se aguentar de ansiedade. Finalmente, depois de décadas ela enfim veria o desfecho do episódio.

E então, enquanto Jessie encarava sua contraparte animada agarrar o rosto do xerife e plantar um beijo apaixonado na boca dele, ficou pensando se certas coisas era melhor continuar sem desfecho.

Os créditos subiram, anunciando que a segunda temporada em breve seria lançada. Jessie se sentia tão mortificada que ela não conseguia olhar para o Buzz.

— É um desenho muito bom — foi a primeira coisa que Buzz disse desde que começaram a maratona —, não entendo porque foi cancelado.

— Depois que o homem foi pro espaço, as crianças só queriam saber de brinquedos espaciais — repetiu o que Pete dizia mecanicamente, no automático.

Foi só quando viu a careta de Buzz que ela percebeu como isso soava.

— Ei, tá tranquilo! Eu gosto de brinquedos espaciais — ela piscou, sorrindo.

Infelizmente, ela ainda estava abalada demais pelo desenho e as revelações que se sucederam com ele para a ação parecer sincera. Buzz reparou, mas não disse nada.

— As meninas da escola disseram que você era incrível no desenho, e não estavam erradas. Isso significa que logo devemos ver várias outras Jessies por aí, né?

Jessie hesitou.

— Você não… tá incomodado?

— Ué, por que estaria? — ele parecia genuinamente confuso.

— Por causa do desenho… O Woody e eu…

— Ah, isso — Buzz parecia desconfortável, mas deu de ombros —, bem, é um pouco estranho mesmo, mas é só um desenho. Não é como se você fosse a personagem, é só um brinquedo dela.

E Jessie viu que ele realmente não entendia. De alguma forma, isso deixava as coisas ainda piores.

— Você é só um brinquedo, Jessie. Woody quem me ensinou isso, então não ache que ele vai pensar diferente de mim! — ele levantou os braços, exasperado — Você não é a Jessie do desenho então eu não entendo porque sequer estamos discutindo sobre isso!

— Por que não é tão simples assim, Buzz…

Como não?

— Você não entende. O seu filme era de aventura!

— De fato, não entendo! Achei que você ia gostar de ver o desenho, desculpe se isso te incomodou tanto assim.

— Não peça desculpas, isso só deixa tudo pior.

— Mas por quê?

Porque o desenho não mostrou nada novo! Por que os sentimentos do meu cânone são os mesmos que os meus. Eu fui feita assim, Buzz!

A cara de Buzz era tão confusa, tão frustrada, que se Jessie pudesse, começaria a chorar.

— Todos nós acordamos com o cânone em mente, isso é normal. Depois nós superamos ele e passamos a viver de verdade como brinquedos.

— Isso não– olha, não consigo continuar essa conversa com você. Não dá. Só… Me desculpa.

— Jessie…

Mas ela já estava se afastando, o chapéu estrategicamente baixo para que ele não visse a expressão arrasada em seu rosto.

As únicas bonecas que poderiam entender o que ela estava sentindo eram a Barbie e a Sra. Cabeça de Batata. Jessie escolheu falar com a Barbie primeiro, só as duas.

Infelizmente, a boneca não ajudou muito.

— Sei do que você está falando — ela cruzou os braços, ficando pensativa —, mas o seu problema é um pouco diferente do que o meu era.

— Como assim?

— Bem… Eu sempre soube que o Ken era o meu par, mesmo quando eu nem sequer sabia o nome dele. Mas como eu nunca tinha visto ele antes de Sunnyside, o sentimento era só de espera e anseio. E quando enfim nos conhecemos foi como se tudo enfim tivesse se encaixado.

— E o Woody…

— Você já o conheceu, então a ligação já estava ali… Mas se o cânone de vocês foi cancelado antes de confirmar qualquer coisa, então dá pra entender porque você não sentiu isso de forma tão forte até o revival. 

— E o que eu faço agora? É como se… Como se eu estivesse debaixo d'água esse tempo todo e só agora eu consegui respirar de novo. Como se eu finalmente soubesse o que deveria ser. Mas… Mas e o Buzz? Eu gosto dele, eu sei disso. Gosto de verdade!

Barbie olhava-a com pena por trás de seus olhos azuis. Ainda assim, suas próximas palavras foram sem misericórdia:

— Sabe por quantos anos eu fiquei me sentindo no limbo, esperando, até eu enfim achar o Ken? Você vai continuar se sentindo assim, independente de quanto tempo passe, independente de seu relacionamento com o Buzz.

Mas Jessie não queria ouvir isso, ela queria uma solução, não um maldito decreto. Ela tapou as orelhas com as mãos e fechou os olhos, e mesmo assim não conseguiu deixar de ouvir as próximas palavras da Barbie:

— Não dá pra fugir do que você é feita, não importa o quanto mude.

Só que não é tão simples assim, não é mesmo? Porque Woody continua lá e Jessie continua aqui. Porque ela finalmente conseguiu o que queria depois de décadas de escuro e solidão, porque ele enfim reencontrou a boneca que mais gostava e essa não era ela. Porque Jessie não pode simplesmente ir até o parquinho e perguntar e aí, você também sente o mesmo que eu ou é defeito de fábrica mesmo?.

E porque independente de todos os mil obstáculos para Jessie conseguir qualquer desfecho, ela ainda assim sentia que só ficaria completa de novo se estivesse ao lado do Woody.

Maravilha, agora ela faz o quê com essa informação?!

and i will go sailing no more

A coisa mais irritante nessa situação inteira era que Buzz realmente não entendia o que estava acontecendo. 

Em um dia tudo estava bem e no outro Jessie mal conseguia olhá-lo nos olhos. Meses depois, desde que assistiram o desenho, o relacionamento deles parecia ficar cada vez mais tenso. Até mesmo brincar com Bonnie não tinha o mesmo brilho de antes.

A acusação de Jessie sobre ele não entender, por mais verdadeira que seja, o incomodou o suficiente para Buzz resolver maratonar o filme de 1995 “Lightyear” que o originou assim como a série animada que se seguiu disso e os jogos. Todo o cânone sobre Buzz Lightyear que ele pudesse encontrar, ele consumiu.

Infelizmente isso não ajudou em nada, porque como Jessie sabiamente apontou, todas as suas histórias eram de aventura apenas. Nenhum interesse amoroso a vista, ninguém que fizesse Buzz (da tela ou brinquedo) se sentir balançado. Nada que pudesse comparar com o que ele sentia por Jessie, por exemplo.

E é claro que ele gostou de Jessie assim que a viu. Como não? Ela era descolada, fazia o que queria quando queria e era a única que inventava movimentos tão extras quanto ele para resolver coisas simples (coisa que Woody gostava de zombar sobre os dois incansávelmente).

Pensar no Woody era difícil.

Já fazia vários anos desde que ele decidiu ficar no parquinho, os deixar, e os dias não ficaram mais fáceis com a perda dele. Tudo lembrava o melhor amigo, e Buzz constantemente se via virando para comentar sobre algo apenas para ver o ar.

Jessie ajudava nisso, em várias áreas ela lembrava-o de Woody, principalmente porque ambos vieram do mesmo desenho. Ajudava que ela devia sentir tanta falta dele quanto Buzz. Ou talvez não da mesma forma, se a nova atitude de Jessie indicava alguma coisa.

A coisa toda era tão absurda, tão frustrante, que Buzz queria brigar com Woody, aquele grande hipócrita. Para onde foi aquele papo de você é só um brinquedo e que era só isso que importava?!

Pior ainda, enquanto toda essa crise eclodia, Woody nem sequer estava ali com eles, então era praticamente o mesmo de ficar bravo com um fantasma. Buzz se sentia tentado a pegar um ônibus e viajar até aquele parquinho no fim do mundo só para sacudir o caubói e mandá-lo arrumar a própria bagunça.

Felizmente, Buzz tinha outras coisas com que se preocupar além da própria vida amorosa.

— Muito bem, pessoal, a Bonnie vai começar o último ano do fundamental hoje! É possível que ela leve apenas um de nós então vamos nos deixar bem visíveis para a escolha ser justa.

— Preciso mesmo fazer isso também?  — perguntou Garfinho, já exausto.

— Nah, você pode se esconder.

O alívio de Garfinho era tanto que Buzz ficou se sentindo culpado. Por mais que o… lixo… brinquedo… seja lá o que ele seja… decidiu ser um brinquedo de Bonnie, ele não tinha a mesma disposição que os outros. Além disso, e isso Buzz não ousava dizer em voz alta, a própria Bonnie já havia se cansado de Garfinho e o mantinha puramente por memória afetiva. Ia pegar mal para uma criança de 13 anos carregar Garfinho para escola, por mais que goste dele.

— Buzz, não consigo achar a Trixie! — chamou Dolly.

— Ela não tava jogando damas com o Rex embaixo da cama? — olhou ao redor — Me faça um favor e repasse o recado pra eles e quem mais encontrar. A Bonnie deve vir buscar a mochila a qualquer minuto.

Ele olhou para o lado e viu Jessie conversando com Barbie e a Sra. Cabeça de Batata. Ela andava fazendo muito isso desde que eles assistiram o Rodeio do Woody animado, ainda mais depois que eles brigaram quando ele a confrontou sobre estar o evitando.

— Jessie, é bem provável que a Bonnie te leve para a escola hoje, então é melhor você ficar do lado da mochila dela, em cima da cama. Você e Dolly se deixem bem a vista, eu também vou ficar na escrivania.

Jessie hesitou e então concordou com a cabeça. Pelo menos ela estava olhando-o nos olhos agora, Buzz supôs que isso devia ser um progresso.

Previsivelmente Bonnie escolheu levar Jessie para a escola. Ela se despediu dos outros brinquedos, prometendo para si mesma em voz alta que iria levar um de cada vez.

Buzz duvidava um pouco dessa promessa, considerando a idade dela. Andy carregou Buzz e Woody para a escola só até os 10, depois era só um dia ou outro e apenas para ficarem escondidos na mochila. 

— Você anda preocupado com alguma coisa.

Buzz levantou a cabeça e viu que Dolly havia escalado a escrivaninha para falar com ele. Se endireitou, atento.

— Não, não é nada. Só estava pensando.

— Aham… Sabe, a Jessie não está aqui agora. Você pode falar o que tá te incomodando.

Buzz sorriu sem humor. O único brinquedo com quem Buzz gostaria de ter essa conversa não estava ali fazia anos.

— Tá tudo bem, Dolly, não precisa se preocupar comigo.

Dolly não pareceu convencida.

— É sobre o desenho da Jessie, né?

Não respondeu.

— Imaginei. Sabe, eu já reparei que você é bem diferente dos outros Buzz. É como se você tivesse horror de lembrar do seu cânone.

Memórias dele tentando saltar de uma escada apenas para perder o braço. A Sra. Marocas. Como ele quis desistir de tudo ao ver que tudo que ele pensava era uma mentira.

— Somos brinquedos, nosso cânone não tem nada a ver com nada sobre nós.

Dolly aquiesceu, concordando. Sua expressão calma e cuidadosamente neutra não entregava nada.

— Sim, mas ele ajuda a nos moldar. A moldar nossa personalidade e ações. Ou você acha que o Rex conseguiria bancar o líder? Ou você mesmo, cê ia conseguir largar tudo e deixar as coisas pra lá, sem tentar ajudar ninguém?

Buzz abriu a boca, mas nada saiu de lá. Ela tinha razão, e ele não estava gostando do rumo dessa conversa.

— Não estou dizendo que é justo, só estou dizendo que é o que é.

As palavras não eram reconfortantes, mas de alguma forma ajudaram. Buzz se afastou da boneca de pano, pensativo. Talvez, ao invés de ter passado tanto tempo pesquisando sobre o próprio cânone, ele devia ter pesquisado o de Jessie.

Se aproveitou que não havia ninguém em casa e discretamente foi até o notebook de Bonnie. Digitou “Rodeio do Woody” e ficou surpreso com a quantidade de artigos que apareceram. Clicou no mais recente.

Exposição Rodeio do Woody em comemoração dos 75 anos desde o lançamento.

Como você é velho, parceiro, pensou Buzz para si mesmo.

A exposição conta toda a história do programa assim como a popularidade começou e acabou. Os roteiros originais serão expostos assim como todo o merchandising feito na época. Conte com a presença de nossos queridos personagens e exposições individuais sobre a história e trajetória de cada um!

Por três semanas a exposição continuará na galeria, até o final deste mês. Aproveite!

Buzz olhou para o calendário. Já estavam no final da terceira semana do mês.

Olhou o endereço mais uma vez e mordeu o lábio, hesitando. Era longe o suficiente para Buzz saber que seria impossível os dois saírem e voltarem sem serem notados. Por mais que a Bonnie tenha parado de brincar com eles de vez quando começou o novo ano escolar, ela ainda os deixa espalhados pelo quarto. Jessie ficava decepcionada com isso, mas constantemente repetia para os outros que assim era melhor do que ser encaixotado ou abandonado debaixo da cama.

Ele queria entender mais sobre o cânone de Jessie, mas era bem provável que ela precisava ver isso mais do que ele.

Quando Bonnie e ela voltarem da escola, Buzz vai conversar com ela sobre a exposição. Talvez ela nem queira ir. Talvez ela nunca mais volte.

De qualquer forma, eles precisavam conversar. Porque independente da decisão dela quanto a ir ou não na exposição, Buzz sabia que eles não poderiam continuar juntos.

O grande amor do xerife Woody que nunca chegou a ser.

Jessie, a linda vaqueira! O ídolo das garotas nos anos 50! O interesse amoroso que se tornou muito mais que isso!

Buzz não podia competir contra isso. E pra falar bem a verdade, ele nem quer. É como Jessie disse, ele não entendia. Talvez ele seja divergente demais dos outros brinquedos, o trauma na casa do Sid o fazendo querer se afastar de todo cânone que puder.

Seja o que for, Buzz concluiu que merece mais do que ficar se sentindo insuficiente num relacionamento. Ele sabia que Jessie gostava dele, e ele gostava dela. Podia ficar em paz com isso, deles sendo apenas amigos.

Buzz estimou que demoraria pelo menos quatro dias se Bala no Alvo e ela saírem hoje a noite e pegarem o ônibus das 23h. Anotou tudo o que podia sobre a exposição e desenhou um mapa para que Jessie e o cavalo consigam chegar lá a tempo, assim como as indicações de ônibus e dicas para passar despercebida com os cones de trânsito.

Olhando para todas as informações que coletou, Buzz concluiu que sabia exatamente o que fazer com elas.


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