A filha de Negan escrita por CM Winchester
A fechadura da porta ao meu lado explodiu voando pedaços para tudo que é lado, lancei um olhar para Daryl que puxou o gatilho de novo e a arma negou. Ele puxou mais uma vez, mas nada aconteceu.
— Você só tinha a droga de um tiro? - Resmungou jogando a arma no chão com raiva.
Gargalhei. E juntei a arma, abri a gaveta do armário da piá, peguei algumas balas e a chave reserva da porta. Coloquei as balas na arma e apontei para ele.
— Prove do seu veneno, prove do seu veneno. - Debochei infantilmente. - Foi tapeado. - Ele bufou. - Agora levante-se e coloque as mãos onde eu possa ver. Sempre quis dizer isso. - Ele revirou os olhos.
— Era policial?
— Ate parece. Fui presa umas 3 vezes. - Ele me encarou surpreso. - Levante-se Daryl.
— O que esta acontecendo aqui? - Negan bateu na porta.
— Não foi nada, papai. Estava brincando de atiro ao alvo com Daryl.
— Dentro do banheiro?
Mordi o dedo enquanto pensava, lancei um olhar ao cesto de roupa suja e vi minha camiseta. A vesti rapidamente e abri a porta. Negan arregalou os olhos quando viu os cacos de vidro e Daryl sangrando.
— O que aconteceu aqui? Ele veio espia-la tomando banho?
— Não. Nós discutimos e eu acabei jogando ele no box.
— E o tiro?
— Essa porcaria de porta emperrou e eu atirei para abrir, esqueci da chave reserva. - Menti.
— Vai ter que cuidar dos machucados dele. E se ele estiver espionando você, tem que contar para o papai, princesinha. Vou castra-lo.
— Se ele tivesse feito isso papai, eu mesmo tinha castrado. - Negan sorriu.
— Ótimo. E você. - Encarou Daryl. - Comporte-se ou vai voltar para a cela e ficar dois dias presos sem comida e agua. Tem sorte da minha princesinha quere-lo. - E saiu do banheiro.
Esperei ate ouvir a porta do quarto fechar então me virei para Daryl.
— Por que mentiu?
— Por que ao contrario do que você acha, estamos no mesmo lado Daryl.
— Do que esta falando?
— Não é da sua conta. Agora levante-se idiota. Vou ter que cuidar dos seus ferimentos. E você vai limpar essa bagunça.
Ele passou por mim e foi para o quarto, peguei a caixinha de primeiros socorros e fui sentar ao seu lado na cama.
Joguei a arma nos seus pés.
— Se quiser fugir daqui leve-a, tem três tiros. Você não vai chegar nem na porta da frente. Ja teriam baleado você e levado de volta a cela.
Ele ficou em silencio enquanto pegava sua mão e tirava os cacos de vidro com cuidado, limpei seu machucado e enfaixei. Depois fui para o machucado da sua cabeça. Não tinha cacos de vidro, mas estava feio. Fiz os pontos e coloquei um curativo.
— Era medica? - Ele quebrou o silencio.
— Não. Mas aprendi com a minha mãe. Ela vivia cuidando dos meus machucados.
— Era uma criança levada?
— Era. - Ele riu baixinho. - Gosto da sua risada. - Murmurei e ele ficou serio. - Ela é... Reservada. Como tudo em você. - Bufei. - Enfim fui uma criança levada e uma adolescente rebelde. - Dei de ombros.
— E o que aconteceu para chegar ate aqui. - Sorri.
— Não vou contar, contar minha historia seria contar a historia do Negan. E o inimigo não precisa saber do nosso passado
— Não somos inimigos.
— Fala o cara que apontou uma arma para mim e atirou.
— Atirei na porta.
— O segundo tiro era para mim. - Ele não negou. - Vou chamar alguém para leva-lo ate a cela.
— Você mandou que eu limpasse a bagunça.
— Deixa para lá. Va para a cela e veja como lá é pior que aqui.
— Depende do ponto de vista.
— Se acha que lá é melhor do que ficar comigo... Bom... Para mim é ótimo. Você não é a melhor companhia do mundo. - Levantei e fui ate a mesinha.
Peguei o radio e mandei alguém vir buscar o prisioneiro. Diwght apareceu e levou Daryl. Mandei ele voltar e limpar o meu banheiro. Normalmente não costumava tratar mal as pessoas, mas Dwight era um caso a parte. Eu tinha nojo dele. Era um idiota que usava o colete e a besta de um cara por que não tinha capacidade de ser ele mesmo. E um covarde por ter fugido e voltado para entregar sua mulher para meu pai e viver como seu subordinado.
Depois de tudo limpo fui tomar banho. E fiquei furiosa com o rumo que as coisas levaram. Mas ao mesmo tempo me sentia bem com Daryl.
Depois do banho fiquei o resto do dia no quarto. Li um livro para distrair a cabeça. E muitas vezes me perdi nas lembranças de Daryl me segurando, ou apontando a arma para mim.
Ele iria atirar? Era obvio que atiraria se fosse preciso, mas tinha algo. Uma leve tremura na mão, não era dor. Era hesitação. E se ele hesitou antes de puxar o gatilho é por que no fundo sabe que posso ajuda-lo.
No outro dia levantei cedo, vesti um body rosa sem mangas e decote fechado, um short jeans. Calcei uma rasteirinha depois prendi meus cabelos em um rabo de cavalo. Tomei café e segui para a garagem. Queria arrumar meu carro. Ele estava com problema, mas tive sorte em achar uma loja de peças.
Dwight deixou Daryl e saiu nos deixando sozinhos. Ele observou o lugar e o carro.
— Entende de arrumar carro? - Perguntou me observando mexer.
— Sim. - Mordi o lábio ocupada.
Ouvi um resmungo e levantei o olhar, Daryl estava me encarando. Vi algo no seu olhar, mas não consegui identificar.
Fiz a volta e entrei no carro, o ligando. Daryl se aproximou e observou enquanto o carro não pegava, sai e retornei ao lugar que estava antes, agora ao lado dele.
— Posso ajudar. Eu fazia alguns bicos de mecânico.
— A moto que Dwight usa, você a montou?
— Sim. - Resmungou começando a mexer no carro. - Moto, besta, colete. - Soltei uma risadinha.
— Ele não sabe o que é amor próprio. E é um grande idiota. Não só por isso. Gostou da marca que Negan fez? O babaca estava livre, mas não tinha habilidade para sobreviver e ajudar a mulher. Voltou e entregou Sherry de bandeja para Negan. - Bufei. - Idiota. Não honra as calças que veste. - Resmunguei me debruçando no carro e voltando a mexer no motor. - Sherry é uma garota legal, das esposas do meu pai, acho que ela é a melhor.
— Então gostou da nova madrasta? - Daryl debochou.
— Não odeio elas, sinto pena. Preferem servi-lo sexualmente do que ter uma vida e enfrentar os zumbis. E gosto da Sherry por que ela queria ter uma vida, só que o covarde do marido dela não é homem ao bastante para ir junto.
Me afastei e voltei para o carro, desta vez para o lado do passageiro. Abri o porta luvas e peguei um cigarro, precisava me distrair. Fazia tempo que eu não fumava e isso estava me deixando inquieta. Fui ate a porta e observei as pessoas trabalhando.
Quando olhei por cima do ombro Daryl estava me encarando.
— O que?
— Você é diferente do que eu pensava.
— Nunca liguei muito para o que pensam de mim. - Retruquei me aproximando dele e estendi o cigarro.
Ele não pensou duas vezes antes de pegar e o coloca-lo na boca.
— Obrigado. - Murmurou.
— Não é nada. - Fui ate o balcão com as peças.
Antes do meio dia Daryl ja tinha concertado o carro.
— Obrigada. - Falei quando o carro ligou me fazendo sorrir.
— Não é nada. - Murmurou minhas palavras, mas deu um pequeno sorriso.
Peguei outro cigarro e entreguei para ele que fumou um pouco depois me devolveu. Fiquei sentada no banco com um pé apoiado no painel enquanto Daryl estava encostado no carro com os braços cruzados.
— Você era mecânica? - Gargalhei sem tirar os olhos da fumaça que subia pelo ar.
— Esta bem curioso para saber ao meu respeito.
— Estou tentando te entender. - Deu de ombros sem me encarar.
— Ok. Bom, eu jogava Base ball. Corria de carro em corridas ilegais. Apostava no pôquer. E lutava em lutas clandestinas. - Seus olhos encontraram os meus.
— Isso é mentira.
— Se não quiser acreditar, não acredite.
— Você não tem cara que faz isso. - Sorri e o encarei.
— Que cara eu tenho Daryl? De patricinha como ja me chamou? - Ele assentiu. - Tenho sorte por não ter muitas cicatrizes. Mas vivia com a sobrancelha ou o lábio cortado, olho roxo. Sei lá, parte da minha adolescência passei aprontando, a outra parte minha mãe passou me remendando. Tenho uma cicatriz na cabeça de quando bati o carro. Sobrevivi por milagre. Minha mãe quase teve um ataque cardíaco. - Sorri lembrando e sem querer girei a pulseira em meu pulso.
A pulseira era simples com pingentes diversos. Coisas que gostávamos, lugares que visitamos juntas.
— Você fala muito dela, mas não fala muito dele. Ele não fazia parte da sua vida?
— Acho que acabamos por hoje Daryl.
Queria poder contar a ele. Mas não podia.
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