Contrato de Casamento escrita por Emmy Alden


Capítulo 8
Oito


Notas iniciais do capítulo

OLA OLHA O CAP NOVO AÍ GENTE



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"And your actions speak

louder than words

And you're about to break

from all you've heard

Don't be scared,

I ain't going no where."

(Gotta Be You)

 

OLIVIA

Iríamos chegar atrasados.

Não que tivesse um horário certo obrigatório para chegar na casa dos meus pais, mas eu tinha me comprometido a chegar no final da noite e, pelo ritmo das coisas, nós só chegaríamos no dia seguinte.

Já estava escuro e tínhamos percorrido mais da metade do caminho quando paramos num posto de gasolina para abastecer.

Sebastian se inclinou na janela da caminhonete e eu caminhei em sua direção:

— Estou cansado, Sartori. Não vou conseguir dirigir madrugada adentro.

—São oito horas da noite, estamos bem longe da madrugada. — contestei ajeitando a alça da minha jardineira.

Ouvi Sebastian bufar, e do nada, dedos seguraram meu rosto, levantando-o para que eu encarasse Ferrante.

Então eu me afastei bruscamente depois de ficar em choque tentando assimilar a situação nos primeiros 5 segundos.

— Qual o seu problema?

— Qual é problema? — ele retrucou.

— O que deu na sua cabeça para ir me tocando. Pensei que nosso contrato deixava cla...

— Faça-me o favor. Estou falando sério, tem algo de errado rolando e você não está me contando. Você está mais cansada do que eu e está agindo como se não chegasse em casa nos próximos cinco minutos todo nosso teatro vai ter sido vão.

Eu apenas o encarei até o frentista anunciar que o tanque da minha moto estava cheio.

Como explicar que eu estava uma pilha de nervos e que aquela ideia de fingir noivado foi a pior que eu tive na minha vida?

Que meus hormônios estavam tão embaralhados que era capaz de eu começar a chorar ou bater na primeira pessoa que me desse oi?

Então apenas desviei o assunto:

— Que seja. Tem um hotel a uns cinco quilômetros daqui, a gente para e passa a noite.

— Por que você é tão evasiva? — Sebastian praticamente gritou quando eu já estava a alguns passos de distância pronta para voltar a pilotar.

Por um instante minha mente louca queria acreditar que no fundo do olhar de Sebastian, quando ele segurou meu rosto, havia uma preocupação real, mas eu precisava lembrar que aquilo era um acordo. Que não éramos nada perto de amigos e que, muito provavelmente, ele usaria qualquer informação que eu deixasse escapar a seu favor.

Havia me hospedado naquele hotel algumas vezes. Geralmente acontecia quando eu estava indo visitar Max, ou quando usávamos o ponto como um meio termo entre nossos caminhos.

Não era nada extravagante, mas era aconchegante e limpo.

Uma combinação difícil de encontrar nos hotéis de beira de estrada.

A menina na recepção dessa vez era nova e fazia uma bola de chiclete do tamanho do mundo.

— Boa noite. Como posso ajudá-los? — ela disse depois de estourá-la praticamente na minha cara.

Sebastian parou às minhas costas e virou a cabeça analisando o local.

— Dois quartos para a pernoite.

— Para vocês dois? — ela olhou de mim para Ferrante e eu, então para a minha mão inquieta mexendo no anel de noivado e a de Sebastian, que ele casualmente apoiou sobre o balcão. — Então, estamos cheios hoje, só temos mais um quarto disponível.

Respirei fundo.

Claro que nada poderia sair do jeito que eu queria pelo menos uma vez na vida.

— Sem chances de ser duas camas de solteiro, né?

A garota fez uma cara de quem pedia desculpas.

Sebastian se inclinou por cima do meu ombro.

— Preferimos ficar em quartos separados para nosso próprio bem. As coisas ficam meio selvagens quando estamos dormindo no mesmo cômodo.

A recepcionista quase deixou o chiclete cair da boca e eu olhei para cara dele desacreditada.

— E-eu só peço que não façam muito barulho. As paredes... são finas.

Sebastian virou o rosto para me olhar com um sorriso açucarado, estávamos a centímetros de distância um do outro.

— Vou ver o que posso fazer. Talvez não seja capaz de impedir o pessoal de ouvir os gritos, mas garanto que não serão do tipo que você está pensando. — comentei, entredentes.

O rosto da menina ficou pálido, mas ela pegou a última chave restante, nos entregou e perguntou a forma de pagamento.

— Em dinheiro. — anunciei. — Para não deixar rastros.

Um risinho escapou de Sebastian e sua respiração bateu na minha pele.

Quando estávamos prestes a seguir em direção ao quarto, a recepcionista chamou a atenção de Ferrante não tão discretamente assim.

— Se você precisar de alguma ajuda...

Olhei para ela incrédula e Sebastian apenas deu de ombros.

 

SEBASTIAN

— Qual a chance de acordarmos com a polícia esperando do lado de fora? — perguntei tirando os sapatos.

— Se você ficar quietinho enquanto eu te mato, eu diria que são bem baixas.

Assoviei.

— Não sabia que você tinha um humor tão sombrio, Sartori.

— Achei que tínhamos entrado num consenso de que você não sabe nada sobre mim, Ferrante.

Dei um muxoxo.

— Incrível como você consegue fazer meu sobrenome soar tão ofensivo saindo da sua boca.

— É porque geralmente não tenho permissão de te chamar de coisas piores, então a gente se vira com o que dá.

Sério, era um mistério para mim como alguém, algum dia aguentaria o cinismo daquela mulher.

Ela era extremamente irritante, com sua expressão neutra de quem não ligava para nada, mas com uma sobrancelha sempre levemente mais arqueada que a outra, os olhares mortais...

— Como vamos fazer com a cama? — questionei tentando abafar os pensamentos de que provavelmente eu deveria fazer vigília a noite toda.

Não que eu achasse que Olivia tentaria me matar durante meu sono, mas também não dava para ter cem porcento de certeza com ela.

A mulher era louca.

— Vou tomar um banho para relaxar e quando eu terminar discutimos isso, que tal?

— Tenho outra escolha, ó mestra?

— Não, não tem. E fico feliz que esteja assimilando as dinâmicas da nossa relação.

Olivia não demorou muito no banho e, assim que ela saiu, eu fui tomar o meu.

A ducha não era lá essas coisas, mas a temperatura era agradável e relaxou um pouco meus músculos tensos da viagem.

Foi no meio do banho que comecei a entender um pouco da ansiedade de Sartori.

Estávamos a menos de vinte e quatro horas de conhecermos a família um do outro enquanto estávamos com aquele plano maluco.

Por que achamos que daria certo?

Não conseguimos ficar sem tratar o outro com hostilidade por cinco segundos.

Nenhum dos dois fazia o tipo do outro.

Se eu me lembrava bem o ex-namorado de Olivia, que eu vi umas três vezes na vida, era loiro com uma aparência meio bruta e selvagem enquanto eu era um poço de elegância.

Ri comigo mesmo só de me imaginar falando aquilo em voz alta para ela. A careta de desgosto que ela me lançaria.

Sai do box e vesti minha camisa e minha calça moletom.

Normalmente eu ficaria apenas de cueca, mas já poderia imaginar o surto que Olivia teria se eu tentasse insistir naquilo.

Era inevitável que minha mente acabasse voltando a pensar em toda aquela situação.

Aquele contrato tinha tudo para dar errado. Éramos incompatíveis demais. Diferentes demais.

Eu tinha que ficar me lembrando que aquilo duraria no máximo um mês e meio e depois nós seguiríamos as nossas vidas.

Abri a porta do banheiro apenas para encontrar Olivia deitada torta no pequeno sofá acoplado à parede.

Pela posição parecia que ela simplesmente tinha caído no sono do nada, o que só confirmava que ela era teimosa e eu estava certo quando disse que ela estava bem mais cansada do que eu.

Olhei para a cama de casal me esperando. Olhei para Olivia, que acordaria com um ótimo torcicolo. Olhei para o chão que acabaria com minhas costas já desgastadas pela viagem.

— Que se dane. — praguejei e peguei todos os travesseiros e almofadas que encontrei, posicionando-os no meio da cama. Depois de eles formarem uma separação firme, fui em direção a Olivia. Ela havia prendido o cabelo com um dos seus coques, mas naquele momento centenas de fios escapavam do penteado. Alguns até caiam sobre seu rosto.

Suspirei e pensei no melhor jeito de carregá-la.

Passei um braço sobre suas pernas e segurei firme seu tronco.

Olivia pareceu perceber a mobilização, porém não ligou. Simplesmente voltou a dormir.

Funguei e então percebi o detalhe diferente. Apesar de ter lavado e secado o cabelo, não tinha nenhum aroma do shampoo que eu havia notado em seu cabelo dias atrás.

Levei alguns segundos a mais para assimilar aquele detalhe.

Mesmo dormindo, Olivia conseguia manter a expressão de que estava sempre preocupada com algo em seu subconsciente.

Carreguei seu corpo até um dos lados da cama e a ajeitei com uma manta.

Se eu pensasse numa cena dessas há uma semana, provavelmente estaria internado num hospício, mas ali estava eu.

Sebastian Ferrante colocando Olivia Sartori para dormir confortavelmente enquanto esperava o momento de conhecer meus futuros sogros de mentira.

Dei a volta na cama, depois de desligar as luzes, e deitei do meu lado do forte de travesseiros e almofadas.

Não demorou muito para eu pegar no sono e ser bombardeado com sonhos.

Naquela noite, sonhei que eu e Olivia estávamos a um dia do nosso casamento falso e quando eu acordava na manhã seguinte, ela tinha amarelado e deixado um bilhete dizendo que foi embora.

 

OLIVIA

Acordei com uma respiração no meu rosto e quase dei um pulo da cama.

Sebastian dormia ao meu lado na cama de casal e eu não estava entendendo como aquilo foi acontecer.

Nem mesmo lembrava de ter deitado na cama propriamente dita.

Me afastei quase como se os lençóis estivessem pegando fogo e ele se remexeu na cama.

— Bom dia. — Ferrante disse piscando rapidamente para tentar ajustar os olhos com a claridade do quarto.

— Como paramos na mesma cama?

Sebastian esfregou os olhos e bocejou.

— Da mesma forma que duas pessoas normais fariam: você dormiu de um lado, eu dormi de outro.

— Não lembro de ter saído do sofazinho. — retruquei com um tom acusatório, apontando para onde eu lembrava de ter pego no sono.

O homem irritante apenas sentou na cama, se espreguiçou e deu de ombros.

— Às vezes, eu também não lembro de algumas coisas quando estou com sono.

Não tinha porque mentir sobre aquilo. Além disso, havia uma separação muito bem marcada separando a cama no meio.

Se eu tivesse feito aquilo, com certeza lembraria.

Sebastian então se levantou do nada como se não estivesse babando há cinco minutos.

— Melhor eu me apressar se não quiser passar o resto do dia ouvindo você reclamar da minha falta de responsabilidade. — Pude perceber algo estranho na sua voz, mas Sebastian era estranho, então não dei muita atenção.

— Eu acho melhor a gente prender sua moto na parte de trás da caminhonete antes de chegarmos lá. — Sebastian disse quando nós saímos do quarto.

Olhei para ele esperando uma explicação.

— Quer dizer, creio que tem menos risco de alguém achar que estamos chegando separados.

Pensando por aquele lado, a observação de Sebastian fazia sentido.

Eu tinha certeza que meu pai estava no modo super alerta e não só porque meu noivado com Sebastian foi uma notícia repentina, mas justamente pelo seu ego ferido de não ter sido consultado sobre a minha mão.

O senhor Sartori era um cara bem legal, mas ele gostava que as coisas funcionassem de determinado modo, caso contrário ele se tornava rabugento ao extremo.

— Tem razão. — declarei por fim enquanto acertava a conta do hotel. A menina da noite anterior não estava mais na recepção e agora era um homem de meia idade usando uns óculos imundos e que mal olhou para nós enquanto passávamos.

— Eu?? Tenho razão?? — Sebastian parou na minha frente e colocou a mão no peito, fazendo cena. — Uau, nunca pensei que ouviria essas palavras saindo da sua boca.

Suspirei dando a volta pelo seu corpo e continuei andando na direção do carro:

— E não se acostume. Provavelmente foi a primeira e última vez.

— Droga. — Sebastian praguejou enquanto voltava a me acompanhar. — Eu deveria ter gravado.

Ferrante dispensou minha ajuda para colocar a moto na carroceria, o que era um feito e tanto considerando o tamanho da moto, e em menos de dez minutos já estávamos prontos para partir.

Eu estava prestes a abrir a porta do carona quando seu braço passou na frente do meu e me impediu.

— O que...?

— Respire fundo.

Olhei para Sebastian como se ele tivesse ficado louco. Ele apenas levantou uma sobrancelha para mim.

— Eu não vou entrar em um carro com você surtando do meu lado.

Soltei o ar pelo nariz impaciente e respirei fundo.

Ele gesticulou para que eu repetisse.

— Relaxe, está bem. Isso aqui não vai funcionar se você ficar uma pilha de nervos. Somos um casal que descobriu o amor em um lugar inimaginável e misterioso e estamos perdidamente apaixonados. Vamos nos casar porque não aguentamos ficar cinco segundos longe um do outro. Todo mundo vai conseguir ver isso.

Uma risada nervosa escapou da minha boca:

— Estamos muito ferrados.

Ele tinha razão, de novo, mas eu não repetiria aquelas palavras para ele dentro de um intervalo de um ano. Então apenas relaxei os ombros e assenti com a cabeça.

Qualquer que fosse a "confiança" que ele viu no meu rosto, foi o suficiente para ele puxar a maçaneta e gesticular para que eu entrasse.

O interior do carro dele era surpreendentemente organizado e cheiroso. Tinha o cheiro de carro lavado, misturado com seu perfume suave.

Sebastian deu a volta e entrou do lado do motorista. Colocamos o cinto de segurança e ele ligou o rádio.

Ele havia trocado apenas a camiseta do dia anterior. Agora ele usava uma camiseta azul clara que se assentava perfeitamente no seu torso.

Suas mãos foram para o volante e só naquele momento eu havia notado a aliança no seu dedo da mão direita.

Eu engoli a seco com a realidade de tudo aquilo. Estávamos mesmo a caminho da casa dos meus pais prontos para passar as próximas duas semanas mentindo.

A voz de Sebastian soou de novo na minha mente dessa vez.

"Relaxe."

Ok, eu era capaz de fazer isso.

Tinha que ser.

Foi só depois de cinco minutos que reparei que a música que tocava no som era, nada mais nada menos que One Direction.

— Sério mesmo? — disse apontando para o rádio enquanto ele batucava os dedos no volante.

— Algum problema? — Sebastian perguntou assimilando minhas palavras.

— Boyband? Sério?

— Você tem alguma coisa contra boybands? — ele me olhou como se eu tivesse ofendido sua mãe.

Dei de ombros e o encarei:

— Não...? Só não imaginava que você tinha alguma coisa a favor. — comecei a rir.

O olhar de Sebastian alternava entre meu rosto e a estrada.

— Pois saiba que eles mudaram o cenário das boybands dos últimos anos, ok?

Arqueei uma sobrancelha, mas ainda estava tentando conter a risada.

—Você realmente não se utiliza deles para conseguir conquistar as garotas?

Ferrante fez uma careta:

— Por acaso está funcionando com você? — ele disse super sério e eu não consegui não gargalhar.

Sebastian parecia que tinha acabado de ver um assassinato, interrompi a risada imediatamente.

— O que você gosta de ouvir então, ó curadora musical?

— O choro dos meus concorrentes. Não há melodia melhor. — Sebastian bufou. — Mas não estou te julgando, só achei curioso...e um pouquinho engraçado.

Peguei seu celular e aproximei do seu rosto para desbloquear, ele pareceu atordoado por um instante.

— Eles cantam sobre amor. O amor é engraçado para você? — Juro que estava tentando, mas a seriedade com que ele estava levando aquele assunto não me fazia querer rir cada vez mais.

Abri o GPS e coloquei o endereço da casa dos meus pais.

— Me surpreende o amor não ser engraçado para você. A pessoa que já deve ter dormido com metade da cidade.

— Não sabia que você estava tão antenada com a minha vida sexual, Sartori. — Sebastian rebateu e eu rolei os olhos. — Além disso, exatamente por não achar o amor engraçado, eu não prometo nada que eu não possa cumprir para quem passa por minha cama.

— Parabéns por ter descoberto o que é caráter. E confie em mim, a última coisa em que eu estou antenada é em algo sobre a sua vida.

O carro ficou em silêncio exceto por um dos One Direction que uivava dizendo algo como "Tem que ser você, somente você" ou alguma merda do tipo.

— Ótimo, já tivemos nossa primeira discussão oficialmente como noivos. — Sebastian disse mal humorado.

— Na verdade, tivemos pelo menos meia dúzia de micro-discussões no caminho até aqui. — comentei e ele me lançou um olhar frio. — O que aconteceu? Você está mais insuportável do que o normal.

Sebastian não respondeu imediatamente, a mulher do GPS avisou que ele deveria pegar a próxima saída.

—Tive um sonho ridículo.

Olhei para ele esperando que se explicasse, mas Sebastian apenas focou na estrada e não falou mais nada até sairmos da rodovia.

 

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Notas finais do capítulo

Heeyyy, meus amores! AAAAAAAAAAAAA..... AAAAAAAAAAA (vcs estão ouvindo os meus gritos?)

Traumas do passado, uma cama só, começando toques físicos, A PREOCUPAÇÃO, UMA CAMA SÓ AAAAAARGH morro com eles

Não se esqueçam de comentar o que estão achando, deixar aquele votinho básico e compartilhar a história com os amigos ♥

Para quem tá aqui desde "A Madrinha", em breve terei novidades sobre benchelly viu ;) ♥ bjinhos

ainda não me segue? absurdo!

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