Juntando as peças escrita por Dani


Capítulo 1
Capítulo 1: Don't say




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O colegial de Lydia havia passado igual ao inferno.

Tá, okay, nem tudo foi ruim claro. O namoro com Jackson antes de ele virar uma besta assassina foi até que bem aproveitado, a popularidade e ser desejada pelo colégio inteiro também teve seus pontos positivos, ter amado e ter sido amada por Aiden foi algo que a mudou.

E a amizade com Allison é algo que ela vai levar pra sempre em seu coração.

Mas o que, ou melhor, quem ela não esperava levar por toda a sua vida – pelo menos até a faculdade, que é onde ela estava – seria Stiles Stilinski

Quando conheceu Stiles ele era só mais um na multidão, alguém tão apagado socialmente que ela nem se dava ao trabalho de lembrar seu nome. Já havia perdido as contas de quantas vezes o encontrava nos amplos corredores da escola e sempre tinha que se esforçar para lembrar que ele era da mesma sala que ela.

Ela sinceramente não se importava com ele ou quem ele era.

Até que tudo mudou.

Depois dos lobisomens, Onis, descobrir que era uma banshee e tantas outras criaturas sobrenaturais que haviam cruzado seu caminho, e no meio de toda essa bagunça, morte e medo, gradativamente e naturalmente, Stiles foi se tornando alguém que Lydia não sabia que precisava. Ele havia se tornado seu amigo, protetor e no final, amado. Ele a fazia rir, conseguia levar todas as situações com um bom humor e trazer esperança a todos, ele a ajudava e sempre a amou, até mesmo em seus piores momentos.

No entanto, depois de ser possuído por um espírito ancestral psicopata e ser sequestrado pela caçada selvagem, Lydia sabia que algo havia mudado, algo havia se quebrado.

E naquela manhã fria e chuvosa, enquanto ele encarava os pingos de chuva escorrerem pela janela do apartamento que dividiam, enquanto uma penumbra pesada tomava conta da vista lá fora e ele se aquecia apenas com uma já quase vazia xícara de chocolate quente, foi que ela percebeu o quão quebrado ele estava.

— Stiles — Lydia chamou, fazendo com que os olhos castanhos claros do namorado se cruzassem com os seus.

O garoto sorriu.

— Oi — Falou baixo, mas com um tom de carinho evidente, enquanto se levantava e ia para o sofá ainda sem tirar os olhos da garota.

Ele se acomodou no pequeno, porém confortável móvel, enquanto descansava o braço no assento ao seu lado, sinal que Lydia entendeu bem.

Rapidamente a ruiva se acomodou, deixando o corpo cair por cima do de Stiles, que a abraçou carinhosamente e começou uma sessão de cafuné com o braço livre. E ficaram daquela forma por um longo tempo, apenas aproveitando a companhia um do outro.

A única coisa que se escutava, era o impacto da chuva com os vidros que cercavam a pequena sala, o rangido da perna solta e quebrada do sofá sempre que se mexiam, e claro a respiração um do outro.

Mas o silêncio não durou muito mais tempo, quando Lydia se remexeu e soltou instintivamente.

— Você está bem?

Stiles apenas murmurou em resposta. O que incentivou a garota que agora se virava para olhá-lo novamente nos olhos e descansar sobre seu peito.

— Stiles, você está bem?

Ele sorriu.

— É claro, estou com a garota dos meus sonhos.

— Isso é muito fofo, mas você sabe o que quero dizer Stilinski.

O moreno franziu a sobrancelha ao escutar o próprio sobrenome.

— Sabe, nós nunca conversamos sobre como foi para você quando virou o Void Stiles ou sobre a caçada...

Ela se interrompeu, começando a notar o desconforto e tensão se instalar entre os dois.

— Isso é passado — Stiles forçou uma risada, enquanto descansava as mãos nas costas de Lydia — Já superei isso.

— Stiles... — Ameaçou.

— É sério, não é como se eu fosse responsável pela morte da melhor amiga da minha namorada e o amor da vida do meu melhor amigo, ou pela morte do Aiden e tantos outros. Não é como seu não tivesse tentado matar todo mundo, destruir toda a minha família e amigos. Não é como se eu tivesse sido um monstro.

Sua voz estava começando a ficar embargada, e escondeu o rosto por sob uma das mãos.

— Ás vezes eu acho que devia ter ficado com a caçada selvagem, esquecido por todo mundo, ou que eles poderiam ter chegado mais cedo e nada teria acontecido, Allison e Aiden estariam vivos, tudo estaria bem e...

— Para —Lydia o interrompeu.

— O quê?

— Para — A garota falou mais alto e com mais urgência.

— Lyd...

— Não fala mais isso, nunca mais, por favor — Sua voz embargada, demonstrava o quanto ela lutava contra suas próprias lágrimas — Nada disso foi culpa sua, nunca foi, você sofreu quase mais que todo o resto Stiles, você viu alguém usar o seu corpo e mente para machucar seus amigos, você nem conseguia pedir ajuda, e eu sinto muito não ter conseguido estar lá por você, e quando eu pensei que não ia ter perde novo, você foi levado de novo de mim e quase que da minha mente, eu me arrependi todos os dias por não ter dito de volta... Por não ter dito...

A voz sumia de sua garganta e as lágrimas começavam a jorrar. Sentiu os braços trêmulos de Stiles lhe alcançarem e a trazerem para o peito quente dele, ele a abraçava como se ali estivesse sua vida, e de certa forma estava.

— Está tudo bem — Ele sussurrava carinhosamente em seu ouvido — Não pre...

E então ela o interrompeu novamente.

— Eu te amo Stiles, eu te amo muito, eu nunca esqueci, eu sempre lembrei que você me amava, eu sempre soube — A blusa do garoto começava a ficar molhada e suja com a maquiagem borrada de lágrimas da namorada, mas ainda continuava a apertando carinhosamente — Me desculpe.

— Está tudo bem — A voz do garoto saiu como um fio.

E novamente o silêncio se instaurou entre eles, enquanto se abraçavam e sentiam o calor um do outro. Tristezas e arrependimentos guardados haviam finalmente sido jogados para fora.

Lydia sabia que Stiles estava quebrado, mas não tinha noção da própria dor.

Eles finalmente estavam juntos e em segurança, mas as cicatrizes pelo o que passaram vai viver eternamente com eles, isso não é de todo ruim, cicatrizes servem para nos lembrar de coisas que aprendemos e de momentos a não ser repetidos, mas eles tinham que decidir se estavam dispostos a verdadeiramente aprender com o seu passado ou revivê-lo.

Eles estavam quebrados, mas juntos poderiam catar as peças e ser inteiro novamente.


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