Four Sun — Caça aos Quatro Sóis escrita por Haru


Capítulo 3
3# - As estrelas estremecem: o verdadeiro poder de Santsuki!




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3# - As estrelas estremecem: o verdadeiro poder de Santsuki!

Arashi era precavido e esperto demais para confiar em Santsuki, por isso o seguia vários metros atrás com um plano de fuga em mente. Havia algo de diferente no vilão de terno. Mesmo Hiroishi que não o conhecia há tanto tempo quanto Arashi já tinha sentido isso. Transpirava uma calmaria muito estranha. Calmo ele sempre foi, mas... enfim, não sabia explicar o que era.

 Faíscas saltavam do corpo do moreno, uma pequena corrente elétrica se alimentava de sua energia e dançava em torno de seus braços. A feição de seu rosto não dizia, mas toda a sua atenção estava voltada para alguma coisa. Seu pensamento não se achava ali. Uma grande paz enchia seu coração, uma que só sentiu uma vez: enquanto enfrentava Yume.  

De repente, parou de saltar de asteroide em asteroide. Hiroishi e Arashi se entreolharam, depois, pouco mais a frente, pararam também.

— É aqui. — Avisou Santsuki, intrigado. 

Ele apontou para a colônia montada no asteroide em que pisavam, para a cabana verde. Arashi achou muito suspeito.

— Como sabe que ele está aí? — Perguntou, antes de mais nada. 

— Eu o venho seguindo. — Respondeu, dando de ombros. — Saber onde meus inimigos estão é minha especialidade. 

Um rapaz cuja descrição batia com aquela dada por Santsuki apareceu. A cara e o cabelo dele indicavam que estava dormindo, que acordou há poucos minutos, suas roupas, embora bem amarrotadas, eram as de um adolescente festeiro; jaqueta, camisa por baixo, calça jeans e tênis. Em suas orelhas, sobre os cabelos loiros desgrenhados, um par de fones.

— Aí, amigão — disse Toshinari — dá pra abaixar o chikara só um pouco? É que tá dando interferência no meu headfone e eu só consigo dormir ouvindo música.

 Santsuki sorriu. 

— Vou ver o que posso fazer por você... — Respondeu e fez o inverso do que ele pediu, aumentando a energia de tal modo que o aparelho explodiu na cabeça dele.

— Cara! Que vacilo, olha o que você fez! — Retirou rápido dos ouvidos, pois os dois lados começaram a pegar fogo. — Me deram isso de presente!

Aquilo tinha valor sentimental para o loiro, quem lhe deu foi o diretor da penitenciária da qual saiu há poucos dias, o mais perto que teve de um amigo nos últimos anos. Com cuidado, tentava apagar as chamas que faziam de tudo pra se alimentar do seu precioso presente, mas era tarde. 

Droga, repetia, abanando e soprando, preocupado.

— Tem certeza de que esse palhaço é tão forte assim? — Hiroishi já não estava mais tão certo.

— Estou começando a achar que eram apenas rumores mesmo... — Disse Santsuki.

— Quebra meu fone favorito, me subestima — Nunca se irritou tanto. — vai se arrepender de ter vindo aqui. Vocês três. 

Arashi deu um passo a frente, tinha uma pergunta a lhe fazer.

— É verdade que está a caminho da Terra de Áries? Quer os quatro sóis?

— É, por quê? Vai me levar até eles? — Analisou-o. — Você é de lá, né?

— Isso é o de menos... — Retrucou. — Só o que precisa saber é que nós somos inimigos, a partir de agora. 

Santsuki liberou e dispersou pelo corpo todo o poder que detinha, fez os astros tremerem, os planetas mais distantes escaparem das órbitas e afundou a Via láctea inteira em um grande fulgor. Seu poder atingiu os extremos mais ocultos da galáxia, excedeu as supernovas e formou distorções sobre os corpos celestes que a lotavam, ninguém entre os vivos se safou de temê-lo, de se ver prostrado. 

Arashi ficou paralisado, sem fala. Hiroishi perdeu todo o fôlego. Em pouco menos de um minuto sentiu como se tivesse explorado o universo de ponta a ponta, desvendado seus maiores mistérios e esquecido tudo, como se tivesse visto deus e dialogado com ele. Arashi queria saber como um só homem era capaz de guardar tanta força.

Que tipo de monstro é esse, Kin, mesmo da Terra, sentiu aquela energia, e por sorte não tinha Saori nos braços quando ela alcançou Áries porque até o copo que tinha nas mãos deixou cair. Todas as nações do mundo se calaram, o admiraram. 

— Nada mal. — Toshinari reconheceu. — Isso vai ser divertido. 

— É, eu espero que seja. — Santsuki tomou a liderança. — Faça ser. 

Arashi achou melhor se afastar.

— Vamos. — Chamou o Hiroishi.

Eles aterrissaram na mesma rocha espacial, a quinhentos metros dali.

— E eu pensando que tinha alguma chance contra ele. — Comentou com Arashi. — Lá se vão os meus sonhos de superá-lo. 

— E ele só está testando aquele rapaz, isso ainda não é tudo... — Arashi compartilhou sua certeza com Hiroishi. — Santsuki não faz o tipo que ataca os oponentes com tudo, ele gosta de brincar com as presas dele. Se houver uma só chance desse cara representar uma ameaça, eu tenho razão. 

Santsuki transmitiu energia para o pé esquerdo e infundiu nela parte da eletricidade que o seu corpo sobre-humano produzia com grande naturalidade, só isso bastou para despedaçar totalmente o asteroide que ia servir de arena para aquele confronto. Separados, os destroços flutuaram e Toshinari escolheu o mais espaçoso para pisar.

Pulando de pedra em pedra, Santsuki logo se aproximou dele e assim que conseguiu isso, o atacou com um soco carregado de raios. Seu adversário lhe provou que não era pouca coisa e esquivou, desviando-se depois de todos os que vieram em seguida. Toshinari parecia intocável, de tão rápido que era. E por mais forte e veloz que fosse, Santsuki não chegava nem perto de encostar nele, parecia uma criança brigando com o irmão mais velho. 

Se sentindo um otário, parou de desferir apenas socos e começou a dar chutes também, o seu plano era atacá-lo com todas as forças quando o loiro menos esperasse mas quando fez isso, o punho dele colidiu com o seu, criando uma explosão de impacto tão poderosa quanto uma supernova.

Hana salvou a vida dos dois únicos expectadores levando-os pra fora do raio de alcance da explosão com o seu teletransporte, mas os lutadores foram até eles e pausaram seu combate no asteroide em que os viram parados.

— Bom, não eram apenas boatos... — Falou, com dificuldades. Santsuki estava ofegante, exausto. — Eu estou em desvantagem e tenho a impressão de que ele não está nem fazendo esforço.

— Se esse cara é forte assim, a Terra de Áries não terá nenhuma chance. — Em outras palavras: precisava torcer pelo Santsuki. Jamais imaginou que tal dia chegaria. — Mas você ainda tem muito poder sobrando. 

— Olhe em volta... — Respirou com toda a força. — Estou em setenta por cento e já tem planetas voando por aí. Se eu chegar a cem, não sei nem se eu mesmo sobreviveria...

— Acha que a nossa ajuda fará diferença? — Perguntou Arashi.

Santsuki não conteve uma rápida risada.

— Preocupado comigo? — Provocou-o.

— Não exatamente. — Retrucou o guerreiro de elite. — Melhor o demônio conhecido do que o desconhecido. Eu tinha a esperança de que você vencesse ele por pouco para enfiar essa espada nesse seu coração gelado e escuro quando você voltasse de lá cansado, ou que os dois morressem.

— Ainda tem uma coisa que eu posso tentar, mas... — Entrou em base de combate e elevou o chikara novamente, dessa vez se cercando de raios que o circulavam e piscavam sem parar. — Eu não ficaria aqui se fosse você. 

Hana entendeu o recado e os tirou dali. Quando eles se foram, Santsuki cerrou os punhos com força, foi engolido por um trovão e teve o corpo inteiro convertido em puro poder. Uma chuva de raios caiu do alto, todos com uma única e clara direção: o rapaz loiro que os esperava pacientemente. Assim que eles chegaram, Toshinari simplesmente esquivou-se de todos.

 Alternando entre um raio e outro, Santsuki conseguiu ludibriar os olhos dele, alcançá-lo e aplicar, por fim, seu mais forte gancho de direita, que pegou bem no queixo. Toshinari sentiu o golpe, retribuiu o sorriso do seu agressor e revidou com o triplo da força. O retalhador de terno recuou com a cara cortada e cheia de sangue, afrouxou a gravata e voltou lá.

Teve início uma impassível troca de soco. Santsuki errou dois, desviou-se de cinco, tentou acertar dois, teve o punho segurado e levou um nas costelas, dois na cara, se agachou, escapou do terceiro, errou um chute, ganhou um na barriga e uma cotovelada no nariz. Deu dois socos na cara do Toshinari, errou o terceiro, recebeu uma cotovelada no topo da cabeça e caiu prostrado.

O loiro pisou a cabeça dele, esmagando seu rosto contra o chão. Pisou de novo, de novo e parou de pisar na quinta vez, para erguer-lhe pelo colarinho e verificar sua situação. Santsuki o eletrocutou, encheu a cara dele de murro e o chutou no estomago, arremessando-o longe. Pronto para finalizar, recheou as mãos de poder e condensou tudo em uma pequena esfera, mas a errou porque ele saiu da frente e sumiu.

Santsuki o procurou, mas quando achou já era tarde, foi acertado bem na nuca e caiu por terra novamente.

— Você é muito forte, eu tenho que reconhecer. Foi divertido. — Virou ele com o pé. — É um dos retalhadores mais poderosos que eu já conheci. 

— Só não sou melhor do que o Kaira, né? — Falou, querendo testar a sua reação. Foi como o esperado. 

— Conhece o Kaira? — Toshinari tremia só de ouvir esse nome.

— Quem não? — Retrucou o moreno, ajeitando-se no chão.

— Ele que me prendeu! Me prendeu por dez anos! — Exclamou. Sentia-se injustiçado, boa parte da sua vida foi-se embora. Seus pais foram mortos e ele não estava lá para ajudá-los. — Disse que eu era... uma ameaça pro universo por causa da minha força e me trancafiou.

— Como você escapou? — Santsuki ficou curioso, queria ouvir mais.

— Não escapei, ele.. — Quando ia responder, Arashi e Hiroishi resolveram intervir. Arashi atirou duas facas de gelo que vieram de lados diferentes com o fim de cercá-lo, ele saltou, elas se chocaram, se despedaçaram e o guerreiro de Áries surgiu dos restos flutuantes com uma espada na mão. Toshinari fugiu da morte por pouco, por tão pouco que ficou com um corte na bochecha. — Uou! — Suou frio. Recuou dois passos, passou o dedo na ferida e olhou o ariano nos olhos. — Você quase me matou, nem o Kaira chegou tão perto na primeira investida.

— Ele tem essa mania... — Falou Santsuki.

— Melhor eu acabar com você logo. — Concluiu. 

Arashi não teve tempo de falar, de olhar, de sequer pensar: ganhou uma porrada tão forte no peito que ficou com um rombo, rombo que deixou o seu coração exposto. Logo em seguida, caiu como um morto, com metade da face ensanguentada e as roupas enrubescidas. Hiroishi atacou, mas também caiu com um soco só. 

Santsuki era o único consciente, por isso Toshinari se dirigiu a ele:

— Pra que lado fica a Terra de Áries?

— Sabe que eu esqueci...? — Respondeu, sorridente. — Devo ter levado muito soco na cabeça.

— Esquece... — Deu de ombros. Iria encontrá-la, de qualquer maneira. Antes de seguir caminho, com intenção de matar, socou a cara dele. 

 ...

Kin estava em casa com Kyoko aprendendo a trocar uma fralda quando o telefone tocou.

— Segura aí, eu já volto. — A líder de torcidas foi pra sala atender. — Alô!

 Era do hospital, sobre Arashi. Hana o teletransportou pro primeiro em que pensou logo que Toshinari foi embora e ele estava entre a vida e a morte, a caminho da ala de pronto socorro. A expressão de Kyoko mudou.

— Olha! Eu consegui! — Kin ficou tão feliz por ter amarrado a fralda na bebê corretamente que correu pra sala para se exibir, mas o olhar de Kyoko ao telefone a preocupou, a fez fechar o sorriso imediatamente. — O que foi?

— Kin... — Não sabia por onde começar.

— Kyoko, fala. O que houve?

Quando ela arranjou coragem pra falar, as duas puseram a neném dentro do carrinho e foram para lá correndo. Os guardas, os enfermeiros e os médicos tentaram impedir a loira de passar e de chegar a ala para a qual o marido dela foi levado, mas ninguém era forte o bastante para contê-la, todo mundo que tentava ia parar no chão.

Kin chegou lá bem na hora em que o coração dele parou.

— Hora do óbito: vinte e um e trinta e quatro. — Ouviu o médico dizer, e em seguida não ouviu mais nada.

— NÃO! — Gritou, com o coração fatiado. — Não! Por favor, não pode ser verdade!

Embora legalmente morto, Arashi passou os seus últimos minutos de vida com o pouco de consciência que sobrou alucinando com seus pais.

— Filho — disse sua mãe, lhe fazendo perceber que havia voltado a ser o menino de oito anos da noite em que a viu morrer.

— Arashi — foi a vez de seu pai chamá-lo. — Lute.

— Que? — Ou ele não foi muito claro ou o tempo que tinha estava perto de acabar.

— Você precisa lutar! — Rogou sua mãe.

— Não posso — virou o rosto — a dor... é muito forte...

— Pode, sim. — Seu pai o contradisse. — Eu sei que pode. Pela sua filha.

— Ela precisa de você. Ela e a mãe dela! — Sua mãe tinha razão.

 Ouviu Kin chamar o seu nome. 

— Arashi! — Ela estava desesperada. 

Seu coração voltou a bater. Os cirurgiões o puseram na maca e o levaram para a sala de operações assim que se deram conta de que ele estava vivo.


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