Four Sun — Caça aos Quatro Sóis escrita por Haru


Capítulo 1
1# - Deus salve a rainha.




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1# - Deus salve a rainha.

Kin estava se sentindo a pior mãe da Terra, sua filha acabou de nascer e o assassino mais conhecido da galáxia já tinha posto as mãos nela — e continuava vivo, o que era pior. Totalmente frustrada, queria saber onde estava errando. Ela descobriu que, por mais poderosa que fosse, se não podia proteger a própria filha, se era incapaz de honrar uma tarefa dada pela própria natureza, tudo isso era inútil. Agora sabia exatamente como Yume se sentia. 

 Arashi, por outro lado, não estava muito melhor. Como pai e retalhador, ele teve o espírito e o orgulho despedaçados numa só tacada, no entanto, fazia o seu melhor para esconder isso e ser o porto seguro da mãe da sua filha. 

Era a hora de ser o indivíduo frio e racional que, segundo seus inimigos, conseguia driblar as situações mais difíceis e levar à lona os guerreiros mais letais só com a exerção do intelecto. 

Eles dois, Yue, Naomi, Kyoko e Sora se reuniram no gabinete do Azin pra discutir todos os eventos daquele dia, dia que deveria marcar suas vidas para sempre, data da qual se lembrariam com um sorriso no rosto pois uma família com pais que se amavam estava sendo consolidada. Tudo, mais uma vez, foi cruelmente desmontado por um capricho do Santsuki. 

Azin odiava concordar com o miserável, mas ele tinha razão quando disse que parecia até que havia voltado no tempo, direto para a época na qual, em nome dos anos de amizade que os três compartilharam, Yume o poupava com a esperança de que ele se arrependesse e pagasse por seus crimes, o que não aconteceu e nem aconteceria por bem. Infelizmente, eles demoraram para cair na real e muitos inocentes pagaram por isso com a vida, muitos amigos seus, pessoas importantes em suas vidas.

Mas, enquanto vivesse, nunca mais veria ou ouviria que Santsuki tocou em um só fio de cabelo da sua neta e sacrificaria o que fosse para manter essa promessa.

 — Sempre um passo a nossa frente... — Murmurou Arashi, sentado sério com as pernas cruzadas na cadeira de rodinhas e o olhar preso a um só ponto fixo no chão. — Não importa quem tenhamos ao nosso lado, quem sejamos ou quão preparados estejamos... ele vem, faz o que quer e depois sai como se nada tivesse acontecido. 

— Eu disse pra matá-lo na primeira chance... — Sora era o mais calmo ali dentro, por isso estava com a filha dele nos braços. 

— Você nem estava lá na hora! — Gritaram Yue e Naomi em uníssono. 

— Não podíamos matá-lo, precisávamos saber primeiro o que ele estava escondendo. — Azin não se conformava com o ocorrido, o infeliz literalmente escapou pelos seus dedos. 

— Bom, o que quer que ele estivesse escondendo teria sido mais fácil de encarar com ele morto. — Sora contra-argumentou. 

 — Ele me perguntou onde ficava a entrada da igreja, — disse Kyoko — e eu achei que fosse um convidado, não tinha ideia de quem era. Aí eu me virei e quando me dei por mim... já estava no chão, sem forças. Me perdoem. 

— Está tudo bem. — Kin não a culpava, já esteve no lugar dela antes. — Você não teve culpa... não havia nada que você pudesse fazer, que nenhum de nós pudesse, era o Santsuki querendo passar uma mensagem, e quando ele-

— Quando ele quer passar uma mensagem, ninguém consegue segurá-lo. — Na última vez que ouviu essa frase, Arashi tinha apenas catorze anos. Será que nada mudou desde então? Não evoluiu nada? Onde estão os resultados de todos os seus anos de treino e atuação como retalhador? — É. É isso o que me perturba. Precisamos fazer alguma coisa, ficar no controle. 

Kin não gostou nada, nada do tom que ele estava usando, se o conhecia tão bem quanto presumia, Arashi estava prestes a ficar obcecado. 

— Arashi-

— Não, não vem com essa! — Interrompeu, já sabendo exatamente o que ela ia falar. Não queria ouvir um "fique calmo" e muito menos um "vai ficar tudo bem", se é que tudo ia ficar bem, ele faria ficar. — É a nossa filha. 

— E você acha que eu não sei disso?! Eu sei o que está em jogo! Sei tão bem quanto você, se me permite dizer! Talvez até mais! Eu perdi os poderes, eu cheguei perto de surtar, eu dei luz a ela! Eu vi minha mãe passar por isso...

— Então me diz o que fazer!

— Eu vou te dizer o que não fazer: não jogue o jogo dele! Ele quer que a gente fique com medo, que nós nos desesperemos. É o que ele faz quando fica vulnerável. Santsuki sabe que estamos atrás dele e que poderá se considerar morto quando o localizarmos, por isso tentou fazer parecer que estamos nas mãos dele e não o contrário, para esquecermos que ele perdeu os poderes. 

Azin, que o conhecia mais do que qualquer um hoje vivo, achou brilhante aquela análise. 

— Kin tem razão. — Apesar de nunca tê-lo visto encurralado, Naomi não pensava diferente dela. — É como... se ele tivesse fugido do campo de batalha mas jogado uma granada de luz para tentar nos cegar. 

— Quer tempo até se livrar das algemas e não vamos dar isso a ele... — Arashi começava a ver as coisas com clareza. — Precisamos pegá-lo antes.

— Como? — Yue fez a pergunta de ouro. 

— Ele disse "teletransporte cronometrado", não disse? — Azin assentiu, o pai da neta dele, então, prosseguiu: — Isso quer dizer que, não importa o que  esteja fazendo ou quanto tempo isso demande, ele sempre voltará pro mesmo local quando o relógio atingir o minuto marcado. 

— É, se interpretar literalmente o que ele disse. — Sora não levava muita fé no que um Raikyuu dizia porque era o Raikyuu mais legal vivo e sabia muito bem que não prestava. 

— "Teletransporte cronometrado" foi a primeira versão da técnica que ele usa pra sumir quando a coisa fica feia.. — Esse nome tinha uma história e Azin era o mais apto a contá-la. — Ele a descobriu algumas horas antes da lendária "Batalha dos Três dias" e a usou para nos deixar, deve tê-la usado também pra fugir da cadeia. Arashi tem razão. Com ela, Santsuki pode ir para onde quiser mas uma única vez, e quando o cronômetro zera ele volta pro ponto de onde partiu. 

— Esse é o problema. Ele pode ter escolhido qualquer lugar do universo. — Bem apontou Naomi.

— Não exatamente qualquer um, todo esse tempo ele tem tentado ser sutil, se esconder de alguém. — O guerreiro glacial se recordou de um diálogo que teve com ele em Karkez. — De um retalhador que ele mesmo proclamou o mais forte de toda a Via Láctea, ainda me disse que foi esse cara quem matou Yume. 

— Você me contou isso quando estávamos voltando de Karkez, dentro da nave... — Ainda estava fresco na memória de Kin. — Disse até que ele falou o nome do tal retalhador... Kaira, né?

— Maldito. Então não era mentira, ele foi mesmo provocar o Kaira. — Sim, Azin sabia de quem eles estavam falando, só não pensou que voltaria a ouvir esse nome tão cedo. 

— Sabe quem ele é...? — Arashi achava estranho o dono desse nome ser tão impopular. 

— O rei do quadrante Alfa da via Láctea. No começo ela não era dividida, mas o Santsuki começou a destruir os planetas próximos do mundo onde Kaira morava e, como já era de se esperar, ele não gostou nada disso. Kaira tentou acalmar a população do quadro Alfa, mas eles encararam as ações do Santsuki como um chamado de guerra. Nós conseguimos evitá-la com um contrato que previa a separação da galáxia em duas partes e a morte do Santsuki, que foi o único insatisfeito com o acordo... não pela parte que envolvia matá-lo, mas a que falava em paz. Ele foi até lá, matou toda a família do Kaira e acabou com a vida no planeta dele assassinando um por um em uma só noite, a noite em que as doze Terras Gêmeas prenderam um impostor no lugar do Santsuki e o Kaira veio verificar. Ele enganou a todos nós. 

— O que houve depois? — Até Sora ficou curioso.

— Kaira culpou todo o quadrante Beta pelo ocorrido e nos deu vinte e quatro horas para entregar o cadáver do genocida. Yume começou a caçá-lo. O resto é história.

— Foi... a noite em que ela morreu... — Disso, Kin se lembrava. 

— E ele ainda acredita até hoje que o Santsuki está morto... — Arashi falou o que ouviu do Santsuki.  

— Ideia maluca. — Sora pediu licença pra falar. — E se chamarmos esse tal de Kaira... e deixarmos ele realizar o nosso sonho de ver o cadáver frio do meu querido priminho? Já que também é o sonho dele, não teremos problema.

— É muito provável que ele mate também a Kin e o Haru, já que odiava a minha esposa. — Respondeu Azin. 

— Bem lembrado. — Concordou que foi uma ideia mal pensada. 

— A lição que tiramos disso é que Santsuki não pode ter ido muito longe. — Disse Naomi. 

— Ele já foi antes, me disse que Karkez fica perto de onde o Kaira mora mas quando fez isso ainda tinha o Teletransporte Perfeito para sair de lá caso algo desse errado. Bom, resumindo: ele tem que estar no quadrante Beta porque se cronometrasse o teletransporte fora da Via Láctea não poderia ficar aqui tempo o suficiente para descobrir como remover as algemas e se fosse pro Alfa, seria pego pelo Kaira. — Reiterou Arashi, com a concordância de todos.

— Temos que ir atrás dele sem chamar atenção... — Disse o atual líder da Terra de Áries. 

— Eu vou. — Arashi se achava perfeito pro serviço.

Claro que convencer Kin disso não foi uma tarefa fácil, era uma missão arriscada e ela o amava demais para vê-lo colocar-se em perigo sem ao menos tentar convencê-lo a não fazer isso desacompanhado. Ele gastou meia hora e seus melhores argumentos, mas por fim a loira cedeu e aceitou ficar na Terra de Áries protegendo a indefesa Saori. 


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