Amethyst no Hana - A Flor de Ametista Reimaginada escrita por YuukiHisashi
“Aonde você está…”
No outro dia, a chuva havia cessado, e o sol deu o esplendor de seu raiar. O som do despertador incessantemente tocava, acordando os dois garotos que se levantavam, se cumprimentavam e espreguiçavam-se. Se arrumaram após um banho e saíram. Yuuki havia lembrado do caminho que Satomi havia lhe ensinado do colégio até o dormitório. Este foi o mesmo caminho ao qual ele e Suzuki tomaram de volta ao prédio escolar.
Pouco mais a frente, já na escola, encontraram as duas meninas, Shizue e a jovem de cabelos roxos, e ambas perceberam a ele chegar de alguma maneira. A mais velha os cumprimentou, todavia, a mais nova se manteve calada.
— Emi-chi, não vai cumprimentar seu colega de classe agorinha que chegou?
Ela se avermelhou e nada respondeu por puro nervosismo. Para ela, não era possível mover um músculo sequer de seu corpo.
— Está tudo bem?
— Ah, está sim… ela é meio esquisitinha assim mesmo.
Imediatamente, esta se virou e a agarrou pela gola como fez da última vez, a sacudindo.
— Quem que é esquisita, sua…
Reclamou. Só que sua voz saiu tão baixa de tão nervosa que estava, quase como um sussurro. Ainda assim, Yuuki conseguiu escutar o sibilo, ao qual achou certamente adorável de sua parte.
— Você sabe que ele não é surdo, não é? Agora não fique parada aí e vá cumprimentá-lo!
Exclamou ela, de forma ousada, empurrando a garota a frente, a deixando ainda mais nervosa. Agora ela estava face a face com Yuuki. Seu coração estava a bater mais rápido, uma sensação de ansiedade lhe preenchia. Não obstante, havia de superar aquele medo.
— Bo… Bo… Bo…
— Bo?
Ela estava nervosa demais. Mal conseguia formar uma palavra, era um obstáculo enorme em sua frente. Até que respirou fundo e…
— Bom dia...
Disse, de forma bem quieta, deixando sua verdadeira voz sair.
— Bom dia… uh… qual o seu nome mesmo?
— Ah é… você não se apresentou… Que tal deixarmos isso para a hora do interva--
— Emiko... I-Ikehara Emiko...
— É um prazer conhecê-la… Emiko-san...
— Un… Também é um prazer conhecê-lo…
— Viu? Não foi tão difícil assim.
— Você não tá no meu lugar, então não tem o direito de falar isso!
…
Ikehara mal podia acreditar no que acontecera por aquela manhã. Não somente falou com alguém totalmente desconhecido, mas sim com o novato daquela escola, ao qual havia se encantado. Hora ou outra, seu olhar se desviava em sua direção. Sua mente não parava de pensar a respeito, de tal forma que quase não percebeu o sinal haver tocado.
Era o início do intervalo, e ao Hisashi se levantar, Shizue chamou sua atenção.
— Para onde vai?
— Eh? Bem, para o refeitório da escola…
Ele então olhou para Emiko, que rapidamente desviou o olhar.
— Emiko-san, não quer vir junto?
— N-Não…
— Eh, por que não?
— É, por que não, hein? Aproveita, já que ele está convidando.
A mais velha então se aproximou da mais nova e sussurrou em seu ouvido.
— Isso pode ser uma oportunidade única, viu? Amanhã ele pode não te convidar mais…
E tendo hesitado por um momento, ela se levantou e decidiu acompanhá-lo até o refeitório. Durante o caminho, nada ela disse, assim como ele. Por mais que o som do colégio os rodeavam, aquele silêncio estava constrangedor para ambos, e se manteve até o refeitório, aonde após terem pego algo, se assentaram em uma das carteiras daquele local.
— Emiko-san, não precisa ter medo de mim…
— Ah… não…
— Parando para pensar… como eu cheguei aqui ontem, você é praticamente minha senpai, não é?
— Eh?! Não, não. Por favor, não me chame assim.
— Prefere que eu continue te chamando de Emiko-san?
— T-Também não precisa pra tanto… Pode me chamar somente de Emiko, sem o honorífico.
— Está nervosa?
— Eh? Não, não é isso… é que eu sou tímida, além de introvertida…
— Não fala com ninguém?
— Se a pessoa não vier falar comigo… não.
Ambos por um momento, focaram-se em lanchar e aproveitar a presença um do outro ali. Uma troca de olhares aqui, um sorriso ali, e rapidamente tudo se tornou muito mais confortável. Ao se levantar dali depois de terem terminado, Emiko chamou sua atenção.
— A gente… pode ter mais momentos assim?
— Claro que podemos.
Retornaram para a classe, mantendo entre si o silêncio. Porém, algo em Ikehara havia mudado: ao invés de um rosto preocupado, portava em seu semblante um sorriso doce, ao qual chamou a atenção de Shizue. Tentou esconder, mas já era tarde, pois a alaranjada já lhe provocava. No final dos quatro últimos períodos após o intervalo, cada um foi para seu armário para poder trocar seus sapatos.
O tempo estava nublado, porém, não aparentava que fosse chover. Emiko se sentiu um pouco mais confiante após aquela conversa, a ponto de se despedir do garoto no portão da escola, já que ambos haviam de tomar caminhos diferentes. Durante o seu percurso, o menino esbarrou com sua mãe no meio do caminho, que carregava uma bolsa.
— Aqui parece um lugar bem agradável também… talvez sdevêssemos ter mudado para cá?
— Não sabíamos que lá não teria escolas de ensino médio…
— O que é raro de se acontecer… Ah é. Ontem mesmo, depois de você ter ligado, sabe quem me ligou?
— Quem?
— Quem mais poderia ser, bobo? A Akane-chan, é claro.
— Akane?
Ao ouvir o nome da garota, Yuuki sentiu algo dentro de si que era difícil de explicar em palavras. Era ansiedade? Saudade? Não o sabia, somente sabia que seu coração bateu um pouco mais rápido.
— Sim, ela mesma. A voz dela parecia diferente de quando vocês eram crianças, não lembrava nada aquela menininha que brincava com você. Realmente deve estar uma moça bem bonita.
— O que ela disse?
— Ela comentou sobre quanto tempo havia se passado desde a última vez que viu você, e perguntou se a gente ainda morava na mesma casa de antes.
— E ela, aonde ela está morando?
— Disse ela que estava em Asake, mas que estaria se mudando para Kasai daqui a alguns dias, por conta de problemas familiares. É bem capaz que ela seja transferida para o seu colégio.
— Então…
— Sim, você vai poder vê-la de novo, assim como você queria.
Após sua mãe ter entregue suas roupas, e também o pôster ao qual ele havia escrito, ela então se despediu e dali saiu até a estação de metro. Não era a toa que ela julgava aquilo especial para o filho, já que um pedaço de sua memória estava imortalizado ali.
Durante a noite, enquanto fitava o lado de fora através da janela, ele imaginava como seria o tão aguardado e ansioso dia de seu reencontro com a garota. Memórias de seu passado inundaram sua mente, trazendo as imagens suas e dela juntos durante sua infância, o que pôs um sorriso em seu rosto em meio a aquela nostalgia a qual sentia.
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