Time Reversal/Reversão do Tempo escrita por LadyIce


Capítulo 7
Capítulo 7 - Réquiem para um amigo




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Agosto, Ano 796 do Calendário Universal

A grande invasão da Aliança estava para começar, Reinhard não pôde deixar de pensar no que Richard dissera, agora tinha uma noção melhor da proporção daquela batalha, era vida ou morte para o Império. Mas ele estava ciente de que venceriam. Era hora de pensar todos os detalhes daquele novo embate.

 

RETORNO DE AMRITSAR

Como prometido Reinhard havia ganho aquela batalha contra a Aliança. Estava agora preocupado com a movimentação dentro do Império. Tudo indicava que haveria um conflito interno em breve. Naquele dia ele tinha um compromisso que fora desmarcado. Breve um oficial chegou até ele e disse que uma mulher bonita solicitava uma audiência.

Reinhard estava intrigado com aquela jovem que pediu uma conversa com ele, a curiosidade o fez deixar que a filha do Conde Mariendorf viesse até onde estava.

Quando ele entrou na sala e a viu, Reinhard não pôde deixar de sentir um certo choque, ele reconheceu imediatamente a mulher idosa que vira na foto com Elizabeth e Richard.

“Seria ela? Ela será minha esposa? Se for mesmo vejamos o que ela tem de tão extraordinário para me fazer me interessar”.

A conversa entre os dois fluiu e Reinhard em pouco tempo sentiu a genialidade política por trás daquela jovem mulher. Ela era diferente das outras, não usava maquiagem, sua beleza era natural.  Além disso, era bem inteligente.

“Os tempos estão mudando”

Os dois são interrompidos por Oberstein que chegou a sala.

Reinhard agradeceu a vinda da Srta Mariendorf,  e a convidou para jantar qualquer dia, ele queria ter oportunidade de descobrir mais sobre ela.  Após resolver todas as questões daquele dia ele olhou pela janela a paisagem do lado de fora de seu escritório. Colocou o indicador dobrado sobre a boca perdido em pensamentos.

“Família, nunca tive uma, minha mãe morreu, meu pai um imprestável, só restou Annerose e Kircheis. Será que eu poderia ter uma família de verdade? – ele relembrou os sorrisos naquelas fotos, pareciam felizes – mas primeiro preciso conquistar o universo. “

No dia seguinte o aparelho comunicador de Reinhard começou a piscar, era uma chamada, ele foi até um local totalmente privado e ligou o dispositivo a um dos painéis. Logo a imagem de Elizabeth estava a sua frente. Ela parecia mais magra.

— Almirante bom dia - ela deu um leve sorriso - perdão queria entrar em contato antes, mas foi impossível com a batalha de Almritsar e a situação do Império. Eu gostaria muito de ter estado presente quando lhe foi revelado tudo, mas Nathan, Richard e os outros ajudaram, especialmente Siegfried.  Felizmente me recuperei - ela olhou para ele sem esperar uma resposta, sabia que não viria um agradecimento por palavras, só os olhos dele diziam.

— Foram fatos bem reveladores. Mas entendi bem a situação.

—Se aproxima a hora, teremos de fazer uma mudança maior nos acontecimentos futuros.  A guerra civil no Império já está aí, breve terá de travar uma batalha difícil, mas necessária. É importante que conversemos tão logo reencontre Siegfried após... - ela fez uma pausa, falar de Westerland lhe causava um mal-estar e nem sequer poderia mencionar aquilo - após um determinado fato que infelizmente não posso revelar.

— Como sempre Srta von...

— Lohengramm - ela sorriu - me chame de Elizabeth

— Elizabeth, é difícil me acostumar.

— Eu entendo, pra mim e Richard também é estranho. Almirante entrarei em contato no momento oportuno. Até breve e....acabe com esta nobreza desprezível.

Ele acenou com cabeça e desligou o dispositivo.

“E eu o farei. “- ele cerrou os punhos.

A guerra civil iniciou logo na sequência, Reinhard preparou sua armada para destruir a liga Lippstadt.

 

A bordo da Brunhild do futuro, Elizabeth não suportou olhar as imagens sendo retransmitidas para o Império do ataque nuclear.

— Westerland.  Ele deixou acontecer - disse ela num tom de tristeza. - Richard tem certeza que não tínhamos como salvar estas pessoas?

— Infelizmente não Liz, tentei todas as probabilidades e situações. As chances da linha do tempo mudar drasticamente seria muito alta.  

— Não quero mais ver isso. - Elizabeth saiu dali rapidamente para sua cabine, não queria ver ninguém apenas ficar sozinha. 

Passados alguns dias, ela recebeu uma chamada, era Siegfried. Ela resolveu atender em seu quarto.  Nunca vira o jovem ruivo tão alterado, ele sempre fora calmo e tranquilo.

— Por que não o impediram? Por que deixar milhões de inocentes morrerem? Porque...

— Siegfried calma, você deve ter acabado de discutir com Reinhard não? Não desconte em nós sua fúria. Não nos acuse de não fazer nada, nós estamos aqui para resolver justamente problemas de pessoas que querem alterar a linha temporal.  Se tivéssemos interferido causaríamos um dano muito grande.

Siegfried cerrou os punhos, mas parecia entender.

— Está próximo o momento não?

— Sim Siegfried. Estaremos indo a fortaleza Geiersburg para realizar a missão.  Não, não fique zangado com Reinhard, a dor e remorso que ele sentiu quando você morreu ficou marcado com ele pelo resto da vida. Ele nunca pode ser feliz e nunca se perdoou, esta é a verdade.  No fundo de tudo Siegfried ele só se abriu e amava duas pessoas na vida dele, você e Annerose.

— E a futura esposa dele?

— Não posso falar nada ainda perdão.  Aguente firme, tudo vai se resolver. Reinhard é uma criança imatura que precisa crescer. Precisaremos da sua ajuda para adentrar na Fortaleza. Não sei se podemos contar com Reinhard neste momento e ele vai ter que aceitar o que faremos.

Era estranho e incrível que ela estivesse falando do avô dela.

— Podem contar comigo. Desculpe Elizabeth.

— Não tem problema, você é um humano, sempre aguentando o que Reinhard faz, sempre o perdoando em qualquer situação.  Para o bem dele você entende o porquê você precisa deixá-lo? - o pior medo de Kircheis era esse, mas vinha refletindo muito e seria necessário, além do mais era temporário. Seria muito difícil, mas se era para um bem maior valeria o sacrifício.

— Sim entendo. Fico triste por ela.

— Annerose? Ela vai entender pode ter certeza.

— Boa noite Elizabeth, foi bom falar com você.

— Tudo bem Siegfried. Eu o considero da família também, de certa forma você é meu tio-avô - ela riu.

— Isso me soa velho demais - ele deu um leve sorriso.

— Durma bem.

— Obrigado - a tela então ficou negra. Elizabeth refletiu que agora o clima ia ficar tenso por lá.  Reinhard conseguiu machucá-lo bem. Apesar de tudo estava feliz pela chamada de Siegfried, seu coração estava acelerado.

“Não Elizabeth, ele é lindo, inteligente, gentil, mas pertence a sua tia-avó, entendeu Elizabeth?” - ela balançou a cabeça e suspirou.

 

 

8 de Setembro , Ano 797 do Calendário Universal

Estavam todos apostos para a operação na Fortaleza Geiersburg. Seria uma equipe grande, mas tudo estava montado para serem bem-sucedidos, mas ainda havia um obstáculo chamado Reinhard.  O dia fatídico seria no dia seguinte. Estavam todos meio apreensivos pois seria a grande mudança nos acontecimentos, mas a linha do tempo deveria se manter imutável. Elizabeth sabia que deveria tomar uma drástica medida dependendo da resposta de Reinhard.

Siegfried solicitou as mudanças no corpo médico da Fortaleza e seria por lá que entrariam. Ele conseguiu fazer isso discretamente sem Oberstein perceber e antes da perda de seus privilégios. Nathan já estava infiltrado como um dos oficiais militares, Siegfried o realocou junto com ele.

Elizabeth e Lena se disfarçaram de enfermeiras. Richard colocou uma peruca preta com cabelos mais compridos, usava lentes de contato negras e para completar colocou um bigode. Parecia mais um sósia de Mecklinger, ele estava vestido com roupas imperiais. Zimmermann estava disfarçado de médico e Dieter estava como mais um oficial militar.

— Hora de irmos, temos muita coisa para preparar. Richard conseguiu o corpo? Está em perfeitas condições? - questionou Elizabeth.

— Sim ele foi criado sem problemas, o cérebro está morto, mantivemos o restante das funções vitais em pleno funcionamento.

— Excelente. Senhores chegou o momento. Dêem tudo de si. Caso sejam capturados, não digam absolutamente nada. As únicas pessoas que sabem de nós é Siegfried e Reinhard. Mesmo Reinhard pode não ser confiável no estado dele atual. Não digam nada sobre o futuro, é preferível morrermos. Entenderam?

— Sim. Então vamos.

Eles pegaram uma nave imperial que Siegfried conseguiu pra eles e entraram na Fortaleza sem grandes problemas. Lena conseguiu que todos tivessem com suas novas identidades em ordem. Ao desembarcarem, eles se reuniram levando equipamentos e o que haviam cuidadosamente trazido numa cápsula. Zimmermann chegou a ser parado por um soldado:

— Mais um ferido grave?

— Sim. Ele está sob cuidados intensivos. - A cápsula carregando o corpo com vários aparelhos estava praticamente toda fechada. Não era possível ver o rosto, apenas parte do tronco.

— Espero que ele se salve.

— Faremos o possível senhor.

Eles chegaram à ala médica, haviam outros médicos, mas estavam em outros locais. Para eles havia uma área reservada que era a mais isolada e bem discreta. O grupo permaneceu ali até o dia seguinte.

A movimentação era grande com a chegada do corpo do Príncipe Braunschweig.

— Nathan está na hora. Quando puderem vão até Reinhard e me avise- ordenou Elizabeth.

Passou uns minutos e ela ficou aguardando até Nathan dar o sinal.

Elizabeth pegou um carrinho e pegou umas medicações e um aparelho médico e fez sinal a Richard para acompanhá-la.

— Chegou a hora. Boa sorte a todos.

Ela seguiu pelos corredores de forma discreta com Richard ao seu lado. Siegfried havia passado o mapa de toda Fortaleza, sabiam exatamente quais corredores pegarem. Finalmente chegaram a porta do escritório de Reinhard. Nathan e Siegfried deviam estar lá dentro. Mas haviam dois guardas na entrada.

— O que deseja?

— Vossa Excelência está com dor de cabeça e pediu medicação. Apenas vim trazer e medir a pressão dele. - Elizabeth olhou de um lado e outro, não havia ninguém além deles. Ela olhou para Richard e fez um sinal com a cabeça. Imediatamente os dois em perfeita sincronia imobilizam os dois guardas e injetaram uma substância em suas gargantas.  A porta foi aberta e eles rapidamente entraram com os dois guardas.

— O que significa isso? - gritou Reinhard se levantando da cadeira.

— Fique do lado de fora Nathan, teremos uma conversa tumultuada aqui. Não deixe ninguém entrar principalmente  Oberstein, se ele insistir imobilize ele - ela olhou para Reinhard - Não fizemos nada com os guardas. Eles estão bem.  

— Mas porque isso? Eu não disse que colaboraria?

—  O que temos de fazer hoje aqui, acho que não gostará muito, mas será necessário. - Richard tirou a peruca e lentes de contato - faremos de qualquer forma, mesmo sem sua permissão. - Reinhard começou a compreender que usariam Richard para se passar por ele. Eles não seriam loucos de trazê-lo ali se não fosse algo desesperador.

— Acho que mereço uma explicação.

— Sim e terá Almirante.   Bom vamos aos fatos, na data de hoje, no grande salão em que estará com todos seus almirantes, todos desarmados, inclusive Siegfried, ocorreu um atentando contra Vossa Excelência.  Siegfried se interpôs para salvar sua vida, mas o acertaram e ele morreu. - ela faz uma pausa, a cara de espanto de Reinhard era evidente- a culpa da morte de Siegfried foi exclusivamente sua por tratá-lo apenas como mais um, quando na verdade ele é muita mais do um simples Almirante seu. Ele foi aquele que sempre se colocou a sua frente para lhe proteger - aquilo o atingiu como uma arma mortal, se tivesse sido esfaqueado não teria sentido tanto, ele apertou o peito. - O fato de não permitir o uso de uma arma causou tudo isso - ela o olhou para a facada final - Sua ambição extrapolou os limites e gerou a morte daquele que lhe é mais importante junto com Annerose, seu remorso ficou até a sua morte por causa disso. - Reinhard se apoiou na mesa. Siegfried ia fazer menção de ajudá-lo, mas preferiu ficar parado.

— Se isso é tudo verdade como terá uma arma no salão?

— Estará dentro do corpo do Príncipe o único local que não irão revistar e Ansbach vai usá-la - Reinhard abriu a boca surpreso. - Almirante, você sabe que sabemos exatamente o que deve ocorrer, já demos provas. Quando falamos que será assim vai ser. Nossa missão aqui é salvar Siegfried e  o senhor.

— Mas neste caso é só eu pedir uma revista de armas.

— Não. Dissemos que iríamos manter a linha do tempo, e ela permanecerá inalterada. Tudo vai acontecer como deve. Siegfried deverá morrer.

— Como? -ele arregalou os olhos.

— Forjaremos a morte de Siegfried para todos, exceto você.

— Mas...mas...Kircheis deve ficar ao meu lado.  Não aceito isso.

— Hora de vocês se separarem e será para seu próprio bem Almirante, se Siegfried ficar receio que não consiga o que almeja.

— Está dizendo que não conquistarei o universo se Kircheis estiver comigo.

— Sim. Este é o sacrifico que lhe foi pedido.

Reinhard dá um murro na mesa.

— Eu não aceito isso. Não aceito dizerem o que devo fazer.

Elizabeth pegou uma arma, se aproximou de Siegfried e apontou para a cabeça dele.

— O que está fazendo? - questionou Reinhard.

— Eu devo cumprir meu dever, não podemos mudar a linha do tempo, assim como tomou uma decisão com Westerland, estou tomando a minha agora, decida Almirante como Siegfried deve morrer de forma verdadeira ou forjada.

— Não irei me mover, Vossa Excelência decide minha vida - disse Siegfried.

— Kircheis - falou rispidamente Reinhard. Ele fez menção de pegar a arma, mas Elizabeth sacudiu a cabeça em negativa e disse:

— Não faça isso, não queremos machucá-lo Almirante, estamos em vantagem aqui.

— Maldição- ele esmurrou a mesa e baixou a cabeça e disse, após uma longa pausa- Isso é para me punir Kircheis?

Apenas o silêncio. Reinhard mantém a cabeça baixa.

— Você retornará Kircheis? - ele levantou os olhos e eram de uma criança pedinte.

Siegfried deu uma olhada para Elizabeth e se aproximou de Reinhard.

—  Reinhard eu voltarei quando conquistar o universo - ele falou gentilmente, Reinhard o encarou.

— Eu prometo que o farei. - Ele passou o olhar de Siegfried para Elizabeth.

— Você teve que tomar decisões difíceis sozinho, eu também estou tomando as minhas, este é o caminho de um Lohengramm - ela respondeu. - Não queremos te dizer o que fazer, mas sabemos o futuro, seria irresponsabilidade nossa deixá-lo cair no abismo.

Reinhard entendeu, o mundo real era implacável.

“Eu mereço esta punição pelo que fiz em Westerland e por quase perder Kircheis” - pensou Reinhard.

— Onde Kircheis ficará?

— Conosco senhor, ele nos ajudará em nossa missão. Quando tudo acabar ele retornará é uma promessa.

Ele suspirou.

— Então que seja. O que vocês farão?

— Richard trocará de lugar com o senhor, não queremos que corra qualquer risco. Ele portará uma arma e irá matar Ansbach, assim que ele sacar a arma.  O mandante de Ansbach deixe nas mãos de Reuenthal, é importante que seja ele, mande os outros Almirantes irem junto cuidar de tudo em Odin.

— E quem seria esta pessoa?

— O primeiro ministro - Reinhard só lembrou da carta de Hilda alertando sobre isso. - Na verdade, Oberstein vai propor que seja isso para livrar todo o caminho pra você ter o poder completo. Mittermeyer deve pegar o selo imperial, deixe as estrelas gêmeas cuidarem de tudo em Odin. Em relação ao que vai acontecer aqui, Nathan vai estar no salão e tentará acertar Richard, mas Siegfried irá intervir e Nathan o acertará.

— Mas...

— Não se preocupe, em todo o Império, Nathan é um atirador de elite, o melhor de todos. Ele vai acertar Siegfried numa área não fatal - ela descreveu em detalhes todos os passos.  A engenhosidade dela era impressionante.

— Mais uma coisa Excelência, Annerose para segurança dela é melhor que fique longe de você neste período, deixa-a viver tranquilamente no campo, será o local mais seguro - ela relatou como tudo deveria ter acontecido, Reinhard ficou extremamente mal ao saber as atitudes que Annerose tomaria se Siegfried morresse pra valer. - Você pode falar sobre nós a ela, afinal você não consegue mentir para Siegfried, Annerose e minha avó, vai ser bem difícil guardar isso.

— Vou perder os dois?

— Apenas temporário, e Annerose desta vez não ficará chateada. Ela vai esperar como sempre os esperou. Outra questão são os atentados contra você, eles vão aparecer e com uma pessoa não prevista no cenário vai ser extremamente perigoso. Não podemos correr este risco, precisamos seguir nosso trabalho pelo lado da Aliança, não poderemos vigiá-la. Autorizamos que conte tudo a ela, se ela acreditar.

Reinhard odiava ser mandado, mas não podia fazer Annerose correr qualquer tipo de perigo.

— Hora de trocarem de roupa - ela se virou de costas, enquanto Richard e Reinhard trocavam os uniformes, ela continuou falando - você ficará aqui Almirante, colocaremos um fone em seu ouvido para acompanhar tudo que se desenrola no salão, poderá dar instruções a Richard. Farenheit deve aparecer para pedir para servi-lo, já aviso que será fortemente recomendado tê-lo ao seu lado, ele será um valoroso Almirante.

— Pronto Liz - disse Richard.

Ao se virar Reinhard estava olhando para Richard.

— Está perfeito - Elizabeth se aproximou de Reinhard e pediu para ele se sentar.

— Com licença senhor - ela afastou as madeixas loiras do cabelo e colocou os fones e fez uns testes e tudo estava certo.

— Precisamos ir.

Siegfried se aproximou do jovem loiro.

— Reinhard - ele estendeu a mão para ele. Reinhard retribuiu - cuide-se.

Quando Siegfried estava quase saindo, Reinhard ainda o chamou:

— Kircheis....- não precisava dizer mais nada, Siegfried entendeu e acenou com cabeça.

— Está tudo bem, conquiste o universo para que eu retorne para vocês - ele se referia a Reinhard e Annerose.

Os guardas ficariam ainda um longo tempo desacordados, seria o suficiente para que tudo acontecesse, a desculpa seria o ataque que estavam sofrendo, Reinhard daria um jeito de resolver tudo.

 

SALÃO

Siegfried passou pela revista e entrou no salão. Ele se posicionou junto com os outros Almirantes. Nathan adentrou como um dos oficiais de segurança, ele portava uma arma feita de material indetectável aos escâneres deles.  Logo foi a vez Richard chegar no salão e se dirigir a poltrona designada para ele. Todo o processo seguiu normalmente como previsto, inclusive Farenheit. Finalmente Asbach chegou com o caixão do Príncipe.

Por um momento Richard sabia que mataria alguém, ele foi treinado para isso, mas ele estava longe de ser o soldado ideal. Se ele tivesse a capacidade de Nathan poderia alvejar Asbach desarmando-o, mas não era. Para não correr riscos teria que sujar as mãos. Não havia saída sua própria vida estaria em risco.

“Preciso fazer isso por mim e por todos nós, eu sou um Lohengramm e não posso fugir disso” - pensou Richard que já estava alerta para o grande momento, ele puxou discretamente a arma do uniforme e deixou a capa cobrindo. Siegfried olhou para Richard e compreendeu que estava pra acontecer.

Ansbach abriu o caixão e de lá tirou a arma, neste momento Richard se levantou e seus olhos brilharam, por um momento Siegfried estava vendo Reinhard ali. Richard sacou a arma e sem piscar atirou na cabeça de Ansbach. O corpo caiu com a arma.

— Maldito - ele esbravejou.

Mas em meio a confusão um tiro passou perto de Richard, Siegfried se aproximou encenando proteger Richard e se escutou mais dois tiros. Um acertou perto da clavícula e o outro passou de raspão junto ao pescoço. Siegfried levou a mão rapidamente ao pescoço apertando a saída do sangue falso, teria de ter muito sangue, mesmo a ferida em seu pescoço ter sido leve.

Reuenthal olhou e apontou para Nathan que estava disfarçado, com cabelos longos escuros, cavanhaque e bigode negros.

— Peguem ele- ordenou aos guardas - Chamem os médicos.

Richard fingiu atirar errando todas. Rapidamente Zimmermann e a enfermeira Lena entraram, com ajuda de Dieter colocaram Siegfried numa maca e saíram rapidamente, tudo foi rápido demais para não dar tempo dos almirantes ali presentes perceberem a real situação de Kircheis, além disso muitos estavam com a atenção voltada para o atirador. Nathan deu seu show particular, ele ativou cabos ao teto e escalou para o alto. Num dos pontos da estrutura havia uma área mais frágil, preparada na noite passada por eles. Ele chutou e a parede se abriu e entrou, em seguida começou a sair pelos condutores da Fortaleza.

— Fechem todas as saídas da Fortaleza, não permitam que ele fuja - gritou Richard - Kempf  monitore o fugitivo.

Por dentro da estrutura Nathan correu em direção a um determinado ponto. Nele havia uma mochila. Ele tirou o disfarce e jogou tudo dentro da mochila que largou por ali mesmo e se dirigiu a uma saída dos condutores. Havia alguns guardas ele esperou saírem para que ele pudesse sair do seu esconderijo.  Feito isso ele então começou a caminhar normalmente em direção a ala médica. Um outro guarda o parou e questionou:

— Temos um fugitivo porque não está atrás?

— Me chamaram para a ala médica com urgência para prevenir novos atentados naquela área.

— Entendo boa sorte. - o guarda entendeu que seria para dar segurança ao Almirante Kircheis que foi ferido.

Zimmermann na ala médica pediu para Dieter não deixar ninguém aparecer. Lena aplicou uma medicação numa pistola injetável em Siegfried e então aplicou um spray que imediatamente agiu nas feridas dele parando o sangramento.

— Por enquanto não sentirá dor até chegarmos a nave para tratar melhor. Troque de roupa. - Lena e Elizabeth foram para outro canto para deixá-lo a vontade.

Zimmermann abriu a cápsula e desligou os aparelhos que mantinham aquele corpo ainda com o coração e pulmões funcionando, dali pouco tempo iriam parar por completo. Ele o colocou sobre a mesa, pegou uma arma especial que não emitiu som e aplicou dois tiros naquele corpo inerte nos mesmos locais onde Siegfried fora atingido, mas acertando uma das veias principais no pescoço. Pouco tempo depois o sangue começou a inundar a mesa. Zimmermann pegou um dispositivo e parou o sangramento. Neste momento, Nathan chegou ao local para auxiliar. Eles colocaram o corpo numa cápsula refrigerada com a roupa que Kircheis estava usando.

Siegfried deu uma olhada e se sentiu mal, aquele corpo era um clone dele projetado para aquela ocasião.

“Esta seria minha morte”.

— Siegfried, você está oficialmente morto - disse Elizabeth. - Entre na outra cápsula, iremos dar a má notícia ao nosso Reinhard - ela se referia a Richard.

Zimmermann se dirigiu até o grande salão e entrou indo até Richard, Oberstein estava ali do lado sem sair do lugar.

— Excelência lamento trazer más notícias, mas o Almirante Kircheis não resistiu.

Começou o teatro de Richard.

— Kircheis não está morto, é mentira! - ele gritou - alguns Almirantes presentes ali, como Mittermeyer, Reuenthal, Lutz, Mecklinger ficaram chocados.

Obertein fez sinal para Zimmermann sair e ele obedeceu.

Richard ficou com a cabeça baixa sentado na poltrona.

— Não pode ser, não pode ser...-ele murmurou e a seguir se levantou para sair do salão.

— Excelência? -perguntou Oberstein.

— Vou para minha sala, preciso de um tempo para assimilar, não quero ver ninguém Oberstein entendeu? - ele se virou com a cabeça baixa - Tragam Kircheis e tirem todos deste salão, somente eu ficarei com ele.

— Sim excelência.

Richard se encaminhou para onde estava Reinhard, eles teriam de inverter os papéis.

Enquanto isso nos painéis da Fortaleza, Kempf acompanhou a caça ao fugitivo. Lena havia ligado um dispositivo num dos caças valkyrie do império via sensor remoto. Ela via tudo de seu aparelho e manipulava todo os movimentos da nave. Um dos portões de saída não tinha sido fechado complemente por causa de uma falha de fechamento numa das portas. Novamente a equipe de Elizabeth havia sabotado ali. O caça levantou voo e saiu rapidamente em direção ao espaço.

Os oficiais informaram a Kempf:

— Um caça valkyrie deixou o hangar.

— Mas como? - reclamou Kempf.

— Portões defeituosos do hangar senhor.

— Droga. Mandem os caças interceptarem já.

Imediatamente outros caças vão atrás. Lena continuou a movimentação da nave fazendo movimentos de evasão. Até que a nave foi acertada e destruída pelas outros caças imperiais.

— Caça abatido senhor. - informou o oficial

Kempf  olhou satisfeito, até ouvirem a notícia sobre a morte de Siegfried. Por toda Fortaleza era um ar de abatimento.

Reinhard acompanhou tudo de sua sala.

“Eles fizeram. Perdi Siegfried, eu fui um tolo. Por pouco não o perdi pra valer” - seus pensamentos foram interrompidos pela chegada de Richard.

— Você poderia comandar em meu lugar.

— Não, meu senhor, não fui feito para isto. Acho que teremos de trocar novamente de roupa.

Ambos se trocaram. Richard recolocou seu disfarce e olhou para Reinhard:

— Elizabeth é dura, mas é uma boa pessoa e tenha certeza de que estamos fazendo o melhor por todos, incluindo o senhor.

Reinhard estendeu a mão e pousou no ombro do rapaz, ele era apenas uns 3 centímetros mais alto que ele.

— Aqui em cima Richard temos que tomar decisões drásticas. Vá agora.

— O senhor precisa liberar a saídas das naves da Fortaleza, precisamos partir.

— Farei isso. Vamos nos ver de novo?

— Não temos certeza, mas estaremos todos em Phezzan - ele se virou e partiu.

Reinhard ainda não compreendia aquelas palavras, mas breve descobriria.

Desta vez, foi Reinhard que retornou ao salão, a cápsula com o corpo inerte do clone de Kircheis estava ali. Aquilo lhe passou um sentimento de profunda tristeza.  Ele ao ver como tudo poderia ter terminado, ficou realmente deprimido. E então ele cumpriu o papel como Elizabeth indicou. Mandou seus Almirantes para Odin e designou Reuenthal para resolver a questão com o primeiro ministro e seus familiares.

O jovem de cabelos loiros pediu a Oberstein para chamar Annerose e falar em particular com ela.

— Annerose - ele tinha um olhar aflito e ela o conhecia bem demais pra saber que algo estava errado.

— O que foi Reinhard?Aconteceu algo..- de repente ela arregalou os olhos - Sieg...

— Preste atenção ao que vou dizer, Siegfried foi dado como morto, mas a morte dele foi forjada. Terei de ficar longe dele temporariamente até tudo se resolver.

— Chegou a tal ponto Reinhard?

— Não Annerose, foi necessário. Eu vou explicar tudo, mas por favor isso tem que ficar em sigilo absoluto. Me prometa não dizer nada sobre Siegfried até que ele retorne.

Annerose o olhou e consentiu com a cabeça.

— Eu preciso fazer mais um pedido. Para sua segurança eu preciso que fique longe de mim até acabar tudo. Não quero colocar sua vida em risco.  Me perdoe Annerose, prometo que será temporário.

Ela sorriu.

— Se o deixará mais tranquilo eu irei para outra casa.

— Vou buscá-la quando terminar tudo. Eu prometo. - Eles ainda conversaram mais um pouco e combinaram de se ver para ele explicar com detalhes os acontecimentos.

— Reinhard não se perca. Você ficará sozinho tome muito cuidado.

“Preciso conquistar o universo para tê-los ao meu lado de novo. É uma promessa Kircheis e  Annerose.”


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