Like a Vampire Extra: Untold Tales escrita por NicNight


Capítulo 9
Caminhos sangrentos




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2014

Algumas pessoas não tem tanta oportunidade de ir embora, por mais que queiram.

Esse era o caso de uma pequena casa numa cidade do interior, meio afastada de boa parte da civilização. Ou melhor, de suas moradoras.

Uma menina baixinha, de cabelo preto até a cintura e os olhos da mesma cor, com calça e blusas bem mais largos do que ela precisava, havia acabado de pegar a chave da casa de sua bolsa.

Destrancou a casa, achando estranho o silêncio e vazio da humilde sala de estar.

Se derrubou no sofá, parecendo claramente cansada.

Pouco tempo depois, uma figura surgiu da lavandeira. Poucos centímetros mais alta que a primeira, tinha os cabelos loiros e os olhos azuis. Usava uma blusa branca e uma jardineira, e estava descalça:

—Voltou do médico tão cedo?

A primeira se virou, meio assustada. Quando viu quem era, relaxou.

—O que demora não é o médico, é a caminhada de ida e volta.

A loira se sentou ao lado da morena, e as duas trocaram um olhar meio cansado.

—Como foi no grupo de apoio?- A morena perguntou.

—Legal, até. 15 dias sem beber nem fumar nada.- Brunna deu de ombros, apesar de um sorriso meio triste se formar no seu rosto- Engordei uns 2 quilos pelo tanto de chocolate que eu comi, mas acho que vale a pena. Só não é muito legal eu ser a mais nova de lá.

—Tanta diferença de idade assim?- Perguntou.

—Tem pessoas que tem idade pra ser meu vô lá. Também, não acho que seja muito normal ter uma menina da minha idade com esse problema.

Priya concordou com a cabeça.

—E como foi na ginecologista?- Brunna perguntou, tentando mudar de assunto.

—Mesma coisa de sempre.- Priya respondeu, meio indiferente.- Não é lá uma… doença muito legal. Mas dá pra viver.

—Eu sei que a Tia Yoko já te falou isso, mas talvez seja legal você considerar a cirurgia.- Brunna sugeriu- Seja pra consertar ou pra tirar, tendeu?

—Mas eu com certeza não vou conseguir fazer isso por agora. Talvez só depois dos dezoito anos. Acho que nenhum médico vai querer arrancar fora o útero de uma adolescente.

—Ou talvez por você ser adolescente que queiram arrancar.- Brunna cogitou, meio em tom de brincadeira.- Você sabe se sobrou suco de melancia de ontem?

—Se a Daay não tomou tudo, sim.- Priya respondeu enquanto sua irmã mais nova levantava do sofá e ia até a cozinha, abrindo a geladeira.

—Se eu não tomei o que?- Daayene abriu o portão na mesma hora, assustando sua irmã mais velha.

Usava uma blusa cor de rosa, um casaco preto e uma calça larga, além de sandálias que mostravam seus pés. Seu cabelo castanho claro estava preso por uma tiara, e seus olhos da mesma cor estavam expostos com a falta da franja, grandes e sem brilho.

—Ah, ela chegou!- Brunna surgiu da cozinha- Daay, você bebeu o resto de suco de melancia?

—Bebi, ué. Você mesma falou que já tava até amargando.- Daayene pareceu confusa.

—Eu?- Brunna questionou.

—Tenho quase certeza que fui eu que falei isso.- Priya retrucou- Mas o que você tá fazendo aqui? Não ia voltar com a tia e a Anna?

—Ah, a mãe da Sakura tava pegando ela do vôlei e me deu uma carona.- Daayene respondeu, jogando sua pequena bolsa do lado da irmã mais velha.

Priya concordou com a cabeça, ao mesmo tempo que Brunna voltava com um copo de água gelada:

—E como foi a consulta?

Daayene pareceu incomodada com a pergunta:

—Ah… normal. Pelo menos essa não falou que eu tava possuída por um espírito do mal.

Priya revirou os olhos.

—Eu juro que se encontro essa mulher na rua eu mato a vagab…

—Mas você gostou dela?- Brunna interrompeu a irmã mais velha- Você sabe que pode contar pra tia e pra gente se não gostou. É muito importante se sentir confortável com a terapeuta!

Daayene deu um pequeno sorriso.

—Eu sei! Eu sei… ela parece legal. Me deu um pirulito no final da sessão. Mas me tratou como gente grande mesmo, sabe?

As duas irmãs mais velhas concordaram com a cabeça.

—Ah, já vi que todo mundo já chegou!- Tia Yoko abriu mais a porta- Pri, Bru, vem me ajudar com as compras?

Tia Yoko tinha o cabelo bem preto e era bem alta, meio magra demais. Os olhos eram pretos e pequenos, mas era bronzeada pelo sol. Usava sempre roupas pelo menos duas vezes maiores do que ela deveria.

Tinha as duas mãos cheias de sacolas,e  Priya e Brunna foram rápidas em ajudá-la.

Daayene abriu mais a porta pra ajudar as três mulheres a passarem, e foi pra varanda de sua casa, achando sua irmã mais nova tentando pegar os produtos de uma sacola que havia caído.

Anna era a menor das irmãs, com o cabelo castanho escuro curto e a franja quase cobrindo seus olhos da mesma cor. Usava um moletom grosso cinza mesmo com o sol que fazia, mas pelo menos sua calça jeans parecia mais fina e usava um chinelo.

—Você quer que eu te ajude?- Daay ofereceu meio rindo.

—E..eu consigo sozinha!- Anna ficou meio vermelha.

Daayene mesmo assim se abaixou e pegou as últimas duas frutas que haviam sobrado do chão, jogando na sacola na mão de Anna:

—Não precisa ter vergonha, Aninha. A gente sempre pode pedir ajuda se precisar!

Anna concordou com a cabeça. Daayene achou melhor deixar ela quieta, porque ouvir a voz dela depois de tantos meses onde ela só havia escolhido não falar nada era uma benção.

As duas correram pra dentro, onde a tia e as duas irmãs mais velhas já estavam colocando todas as compras na pia.

—Hoje eu trouxe pizza e refri pro jantar!- Yoko avisou, animada- Também trouxe suco, pra quem quiser!

Brunna pareceu animada.

—Pizza numa segunda?- Priya perguntou- Desde quando?

—Bem, hoje é um dia especial pra todas nós!- A tia pareceu bem feliz.- É o dia onde vocês estão começando a curar a alma de vocês! E o corpo!

As quatro garotas olharam curiosas pra tia.

—Hoje vai fazer quase 6 meses que vocês estão comigo.- A tia ficou mais séria- E hoje eu decidi celebrar que começamos a jornada pra vocês… buscarem ajuda! Viramos uma família, e estou aqui pra apoiar cada segundo da vida de vocês!

As quatro irmãs sorriram.

—São garotas muito fortes e prestativas, e eu não poderia ter mais orgulho de ter vocês como minhas sobrinhas e ter a honra de cuidar de vocês!- Yoko sorriu- Por isso, dia de pizza!

Daayene e Anna comemoraram.

—Eu vou pôr a mesa!- Brunna avisou.

—Mas são 3 da tard…- Priya foi ignorada- É, vamos de jantar ás 3 da tarde então. Eu ajudo a assar a pizza.

As 3 irmãs mais novas ficaram ajudando na sala de jantae, enquanto Priya ficava na cozinha com a Tia.

—Pri.- Yoko sussurrou- A Brunna e a Daay falaram alguma coisa sobre hoje?

—Parece que gostaram do grupo de apoio e a terapeuta.- Pri se aproximou pra sussurrar- Foi uma boa ter mandado a Daay pra terapeuta da Anna.

—Eu sabia. Aquela última não prestava. Agora podemos começar de novo.

Priya sorriu.

Depois das pizzas serem assadas e servidas, Brunna serviu refrigerante pras 4 e suco pra si mesma.

—Um brinde!- Yoko pediu- A sempre ficarem juntas e defenderem uma á outra, não importa o que aconteça!

Anna não entendeu bem o que a tia significava com aquelas palavras, mas brindou mesmo assim:

—Um brinde!


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