8:30.

Horário que ponho os pés na cidade em que nasci e vivo.

Sou Emmett McCarty Cullen, um dos mais conhecidos arquitetos do país. Tenho 26 anos, meus pais são Carlisle e Esme, médico e arquiteta, foi dela que herdei a paixão pela arquitetura.

Antes que eu respire, o celular toca e vejo pelo visor que é Kate, minha secretária.

— Kate. - Atendo-a.

— Senhor Cullen, bom dia! - Kate fala em um tom animado. - Liguei para repassar os seus compromissos. O senhor tem três reuniões na parte da manhã e duas à tarde. Logo depois tem a palestra para os formandos na NYU e mais uma reunião, com o senhor Williams.

— Ok, Kate.- Quando penso que posso desligar…

— Senhor Cullen, tem mais uma coisa. - Kate parece meio… apreensiva? - Chegou uma… encomenda para o senhor, e eu deixei na sua mesa. 

— Encomenda? Kate sempre abre tudo o que chega para mim, logo, eu não perco tempo com essas coisas. 

— Senhor Cullen? - Kate chama minha atenção.

— Que encomenda? Você sempre verifica tudo o que chega. - Respondo ríspido.

— É melhor o senhor mesmo abrir. - Kate responde. Logo eu desligo, entro no carro e sigo para a empresa.

Quando chego, sinto muitos olhares sobre mim. E olhares receosos. Vejo Edward de longe, e ele também parece ansioso por algo.

— Emmett! Que bom te ver. Como foram as coisas em San Diego? - Ele está estudando o meu humor? 

— Boas! Fechamos o contrato. - Respondo seco, todos parecem estar escondendo algo de mim. 

— Que bom! - Edward responde com falso entusiasmo e eu reviro os olhos. Conheço Edward desde a faculdade, junto com ele e Jasper abri uma empresa no ramo da arquitetura e paisagismo.

Sigo para minha sala e encontro uma caixa branca com um laço vermelho em cima da mesa, não tem nada que possa me antecipar o que possa ter dentro dela. Abro a caixa e vejo um envelope também branco e… uma algema? Penso que possa ser uma pegadinha de Edward e Jasper.

— Eu vou matar esses desgraçados! - Abro o envelope, leio em voz alta. - "Victoria Miller & James Smith, convidam-o para sua festa de noivado, que se realizará no dia…" - Desejo voltar no tempo e nunca ter aberto esse envelope. 

— KATE! - Grito e instantaneamente a porta se abre, como se ela já estivesse esperando que eu a chamasse.

— Pois não, senhor? - Kate está visivelmente nervosa, vejo Edward rondando lá fora, como se quisesse saber o meu estado. 

— Quem deixou isso aqui? - Sinto meu rosto queimar, sento e massageio minhas têmporas. 

— A própria senhorita Victoria. Ela deixou esse convite para quase toda a empresa. Mas só o do senhor veio nessa caixa. - Kate responde, estranhando a algema na minha mão. - O senhor deseja uma água, ou café? - Nego e peço para ela sair.

Victoria e eu namorávamos até cerca de quatro meses atrás, conheço-a a minha vida inteira, ela é publicitária daqui, os pais dela são sócios na empresa e são amigos de longa data dos meus pais. Quando ela percebeu que eu não iria pedi-la em casamento, perguntou se pelo menos eu vislumbrava um futuro com ela, tentei contornar a situação, mas me peguei sendo sincera com ela, dizendo que não. Ela nunca me olhou da forma que olhou naquele dia, magoada, muito magoada. Eu esperava que ela voltasse, já tínhamos tido outros términos, até por motivos mais sérios, e ela sempre voltava. Mas o que mudou dessa vez? Ela me amava, mas ela também não era burra, sabia que não era recíproco, porém éramos bons juntos, não havia amor da minha parte, mas havia cumplicidade entre nós dois. 

Tento me acalmar, mas sem sucesso. Levanto, pego minhas chaves, o celular, a bendita caixa e o envelope e rumo para fora da sala. 

— Kate, cancele todos os meus compromissos. - Digo a ela, que se assusta com o meu pedido.

— Até a palestra da NYU? - Merda, esqueci totalmente disso. - E o que eu digo se perguntarem o porquê?

— Não, isso não. E nem a reunião com o Williams, mas todo o resto sim. Não sei, diga que eu me senti mal e fui embora, inventa! - Respondo e saio. E novamente sinto olhares sobre minhas costas.

Chego em casa, e tento ligar para Victoria, milhares de vezes e… nada! Durante a manhã e tarde, deixo inúmeros recados em sua caixa de mensagens e em nenhuma das vezes ela me retornou. Não consigo de forma alguma acreditar que ela fez isso, óbvio que eu via as notícias sobre ela e sabia do suposto envolvimento com o James, mas mesmo assim, não tinha muito tempo que havíamos terminado. 

Vejo que está quase na hora da palestra na NYU, tomo um banho, visto um dos milhares ternos que tenho e vou dirigindo até a Universidade. Estaciono o meu carro. A professora Diane Wood está me esperando e me dá algumas instruções sobre como vai funcionar a palestra, visto que eu sou uma espécie de "palestrante surpresa" e segue para o palco. 

— Para essa tarde, convidamos um palestrante muito especial para trazer algumas palavras de incentivo, tirar dúvidas sobre o que esperam vocês no mercado de trabalho. Vamos receber o arquiteto e paisagista, CEO da CullenArt que concede bolsas de estudo para nossos alunos de diversos cursos aqui na NYU, Emmett McCarty Cullen! - Quando ouço meu nome e aplausos, saio da bolha de pensamentos em que estava envolvido e vou para onde a professora Diane está. 

— Boa tarde! Como fui apresentado pela querida professora Diane Wood, sou Emmett Cullen - Começo falando. - Hoje é um dia muito importante na vida de vocês, o dia que inicia toda a jornada que vocês têm pela frente. E eu fico muito feliz que a CullenArt, empresa que sou CEO, tenha possibilitado alguns de vocês chegarem aqui.

— Que piada! - Ouço uma voz feminina vindo da plateia, me interromper, seguido de uma risada bem sarcástica. Não consigo ver quem é por causa das luzes que estão direcionadas a mim. Resolvo seguir em frente.

— A CullenArt vem realizando o sonho de muitas pessoas, de cursar uma faculdade, através de bolsas de estudo. Eu mesmo fui o criador desse projeto e… 

— E quem é o responsável pelo corte das bolsas de estudo? - A mesma pessoa me interrompe novamente. Ouço outras vozes, parece que pedindo que essa pessoa pare de falar.. - Não, não consigo me calar, alguém tem que dizer as verdades.

— Perdão, você quer vir aqui e perguntar algo diretamente a mim? - Pergunto para a pessoa que incessantemente me interrompe. Quando vejo que a mulher está se levantando para vir até a frente, ouço novamente as mesmas vozes pedindo para que a pessoa sente no seu lugar. 

— Eu vou lá sim. - Disse ela enquanto desce as escadas do auditório. - Novamente, quem é o responsável pelo corte das bolsas de estudo? - Ela pergunta novamente, em um tom grosseiro.

As luzes se posicionam nela, quando a mesma chega a minha frente, e agora posso vê-la melhor. Com longos cabelos loiros, ela parece estar com bastante raiva, porque me olha como se pudesse me matar.

E puta merda, ela é muito linda!