Coisas Que Odeio Amar Em Você escrita por Lady Anna


Capítulo 1
Como Tudo Começou


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Como vocês estão?
Bem, o Jilytober foi o primeiro projeto que eu participei na vida e por isso eu tenho um carinho enorme por esse mês♥ queria muito participar esse ano, então quando a ideia veio eu não pude deixar de participar hahaha muito obrigada às adms por organizar esse Jilytober, está tudo lindo e perfeito! (vão no tt conhecer o projeto: @jilytoberbr)
Muito obrigada à Morgan por fazer capas maravilhosas para a fic e sempre me socorrer na vida fanfiqueira haha você faz TUDO amiga♥
A fic é bem comédia romântica mesmo, mas o final é um pouco agridoce, já que escrever esse casal no canon pede isso haha
Espero que gostem!



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— Eu não acredito que te pedi ajuda para isso! – Gemeu Lily, abaixando a cabeça nos braços. – Onde que eu estava com a cabeça?

— Em cima do pescoço, eu imagino. – Respondeu Sirius, ascendendo um cigarro. Ao perceber o olhar mortal que ela lhe lançava ele deu de ombros. – Essa foi péssima, não é? Desculpe-me. Mas, vamos voltar ao que importa que é: como você vai conquistar o Prongs após dizer que nunca ficaria com ele.

— Eu nunca disse isso!

— Eu tenho certeza que você disse isso pelo menos meia dúzia de vezes. – Ele sorriu. – Não se sinta mal com isso, Red, nós éramos horríveis alguns anos atrás.

— Alguns de vocês ainda são. – Lily alfinetou.

A risada latida de Sirius ecoou por toda a biblioteca, fazendo com que várias cabeças se virassem na direção deles, incluindo James e Remus, os quais estavam sentados a algumas mesas de distância e os olhavam com o cenho franzido. Com as bochechas coradas, Lily acenou e, mais uma vez, olhou Sirius com uma expressão mortal.

— Você poderia ser mais discreto, por favor?

— Você é bem extrovertida, não é, Red? Quer dizer, depois que você negou a minha ideia de se declarar após um jogo de quadribol com letras mágicas flutuando sobre o campo, eu realmente imaginei que você não gostasse de tanta atenção para si mesma. Porém, olha aí você, toda corada só porque algumas pessoas estão olhando para nós.

Lily revirou os olhos, juntando seus livros. Ela não gostava mesmo de ter todos os olhos voltados para si. Talvez fosse por isso que negara tantas vezes sair com James, afinal os convites dele eram sempre em locais públicos e com várias pessoas os olhando em expectativa. Ela ficava constrangida e detestava isso, o que só tornava a sua reação pior, pedido após pedido. O Potter não insistira muito depois que percebeu que sempre receberia um alto “não!” e isso deixou Lily aliviada por muito tempo. A última vez que ele a chamara para sair foi no quinto ano e, desde então, havia entre eles um acordo silencioso de respeito mútuo. Não eram amigos e nem colegas próximos, apenas pessoas que dividiam um salão comunal e, recentemente, algumas rondas da monitoria.

Entretanto, desde o início do sexto ano, a Evans percebia o quanto James mudou e amadureceu com o passar dos anos. Já não aprontava pegadinhas idiotas o tempo todo – apenas algumas que até ela admitia serem engraçadas –, não implicava com sonserinos o tempo todo, era responsável com a monitoria, o time de quadribol e todas as outras obrigações que tinha. Além disso, era perfeitamente charmoso, engraçado, inteligente e inegavelmente leal aos amigos. Lily se sentia diferente em relação a ele e desejava que James a convidasse para um encontro em Hogsmeade.

Entretanto, quando as visitas foram permitidas após o turbulento início do sétimo ano – a guerra parecia se aproximar e não era algo que eles e a escola pudessem ignorar – James Potter não fez nenhum convite a ela. Na verdade, saíra com algumas outras garotas, porém, na maioria das vezes, apenas ia com os marotos que também não tinham encontros e ficava tomando cerveja amanteigada no Três Vassouras.

Lily até mesmo tentara dar indícios que queria sair com ele, mas após James a perguntar por que ela estava agindo estranho e se alguma coisa havia caído no olho dela, a desistência foi o caminho mais honrado a se seguir. Mas aquele sentimento não passara e a ruiva tomara a possível pior decisão da sua vida: pedir ajuda a Sirius Black. Era inegável a facilidade com flertes que ele tinha com garotos e garotas e ela pensou que, sendo ele o melhor amigo de James, seria o modo mais fácil de conquistar o maroto.

Ledo engano. Sirius era péssimo em dar conselhos amorosos e todas as suas ideias eram mirabolantes demais e tinham uma alta chance de dar errado. Ela já estava um pouco frustrada com aquela situação, mas se tornara amiga dele e ainda queria sua ajuda, por mais improvável que fosse conseguir sair com James daquele jeito.

— Hey, você vai sair? Me espera, Red. – Lily assentiu, percebendo que não havia respondido nada a ele na última pergunta. Pulando por cima da mesa, Sirius colocou-se ao lado dela. – Onde estamos indo? Quer uma tragada?

— Para os jardins. – Ela olhou com nojo para o cigarro, pegando-o em sua mão. – Você sabe que isso é horrível para sua saúde, não sabe? Sério, Six, pode parar com essa porra.

Ele arregalou os olhos ao vê-la xingar.

— Calma, Red. Está tudo bem. Não sabia que você se importava tanto comigo.

— É óbvio que eu me importo. Você se tornou um tipo estranho de amigo nos últimos dias. – Ela franziu o cenho diante da encenação que ele fazia com a mão no peito, fingindo estar emocionado. – Vamos jogar esse cigarro no próximo lixo que encontramos, ok?

Sirius assentiu, conservando um sorriso no rosto. Não imaginava que Lily o considerava um amigo como ele a considerava. Ficara feliz em saber disso.

Porém, eles encontraram McGonagall antes de conseguirem jogar o cigarro fora. A professora cruzou os braços e olhou para eles com decepção clara nos olhos, os lábios eram uma linha fina de reprovação.

— Podem me explicar o que está acontecendo aqui, Sr Black e Srta. Evans?

Lily abriu a boca, mas nenhum som saiu, a surpresa a impedindo de se mover.

— Isso é meu, professora. – Sirius rapidamente puxou o cigarro da mão de Lily e o jogou fora. – Lily não estava fumando, apenas eu. Ela não tem nada a ver com isso.

— Embora eu queira acreditar em você, não posso ignorar o fato de que o cigarro estava nas mãos da Srta. Evans. – Minerva os olhou atentamente antes de decidir o que faria. – Vocês cumprirão detenção por três dias, as quais eu ainda decidirei e informarei aos senhores. Além disso, enviarei aos seus pais cartas expondo esse comportamento lamentável e, da próxima vez que pegá-los com qualquer substância ilícita, os expulsarei da escola. Estamos entendidos?

Lily assentiu enquanto dava uma cotovelada forte em Sirius. Não acreditava que sua primeira detenção seria devido a algo que ela nem fizera. Ele tentou consertar a situação, é claro, mas McGonagall estava resoluta em castigar a ambos.

A professora já estava voltando para uma sala de aula quando Sirius avistou James saindo da biblioteca. Lily franziu o cenho para o sorriso brilhante e maroto que ele abriu, prevendo que nada de bom poderia sair disso.

— Professora! Eu quero confessar algo. – McGonagall se voltou para ele e ao perceber a aproximação de James, Sirius continuou: – James também estava fumando conosco. Obviamente ele também deve ficar na detenção, que será algo educativo e impedirá que façamos isso de novo.

— Isso é verdade, Sr. Potter?

— O quê? – O maroto estava tão surpreso que nem conseguia formular uma frase e se defender da acusação indevida.

Diante do silêncio, Minerva deduziu que aquilo era verdade e suspirou, esfregando as têmporas.

— Sinceramente, eu esperava mais de todos vocês. Evans e Potter, vocês são monitores chefes da Grifinória, deveriam dar o exemplo. E você, Black, melhore o seu comportamento ou será suspenso do time de quadribol. – Sentenciou. – Tirarei 30 pontos de cada um e os espero amanhã à noite na minha sala.

Quando Minerva saiu, James e Lily voltaram-se para Sirius, ambos indignados.

— Que porra foi essa, Padfoot? – Perguntou James. – Eu não estava fumando nada! Não tinha nada a ver com o que você e a Evans estavam fazendo.

— Desculpe, Prongs, mas isso foi necessário. Eu nunca te meteria em uma confusão se não tivesse uma boa causa por trás. Você sabe disso e ainda vai me agradecer por isso. – Sirius aproveitou a confusão de James para piscar para Lily enquanto saía dali. – De nada, Red!

Lily sentiu um frio na barriga ao perceber que o olhar de James estava fixo nela. Com um aceno de cabeça e um sorriso de lado, ela o cumprimentou.

— Oi, Potter.

— Oi, Evans.

— Como vai?

— Bem. – Ele passou a mão pelos cabelos. – Eu não sabia que você fumava.

— Eu não fumo, apenas estava com o cigarro de Sirius na mão para jogá-lo fora quando McGonagall chegou.

— Que azar. – Ele riu. – Aparentemente temos uma detenção, sendo que nenhum de nós fez nada.

Lily arregalou os olhos, finalmente entendendo o “de nada” de Sirius. Ele pôs James no meio daquela confusão para que McGonagall os colocasse em detenção juntos. Arrependendo-se amargamente da decisão de pedir ajuda ao Black, ela assentiu enquanto pensava como sobreviveria a aquilo.

***

Por nunca ter ficado em detenção, Lily não sabia ao certo como aquilo funcionava. É claro que já colocara alguns alunos em detenção por suas infrações – era monitora e levava suas responsabilidades a sério –, mas depois de levá-los até a companhia da professora McGonagall não sabia o que acontecia. James e Sirius, entretanto, pareciam relaxados e familiarizados com aquela situação, o que não era nenhuma surpresa. Os Marotos eram famosos por aprontar pelos corredores e salas de Hogwarts e, em algumas das vezes, eram punidos por isso.

— Boa noite, senhores e senhorita. – McGonagall cumprimentou-os. – Vocês ficarão três noites em detenção, cada dia com uma atividade diferente que será informada a vocês. Hoje, sua tarefa será limpar duas alas da sala de troféus. Espero não receber nenhuma reclamação sobre vocês, certo?

Eles assentiram e Lily percebeu que os ombros de James haviam abaixado, o que a fez imaginar que aquela era uma punição típica e desanimadora. Enquanto andavam até a sala de troféus, Sirius aproximou-se e ficou ao seu lado, passando um braço pelos seus ombros e abrindo um grande sorriso.

— E aí, Red? Pronta para a sua primeira detenção?

— Você não deveria estar tão animado assim, Six. O propósito da detenção não é fazê-lo se arrepender do que fez?

— Depois de certa quantidade de detenções deixa de ser chato e passa a ser só normal. – Ele deu de ombros. – Mas eu estou feliz porque hoje é a sua chance de flertar com o Prongs e colocar em prática toda a sabedoria que eu lhe passei.

Lily gemeu, mas um pequeno sorriso curvou-se em seus lábios.

— E como eu faria isso enquanto tiro poeira de prateleiras velhas?

— Ora, você vai ficar a noite toda trancada naquela sala na companhia de James, com tempo e espaço o suficiente para conversar e... – Ele sorriu maliciosamente, recebendo uma cotovelada de Lily que ria. – Ok, Red. Eu com certeza vou dar o fora assim que possível. O que pode acontecer de pior comigo por isso? Detenção por fugir da detenção?

Lily balançou a cabeça, mas sorriu. De seu jeito estranho e torto, Sirius realmente estava tentando ajudá-la. Talvez não desse certo, porém ficava feliz de poder contar com a amizade dele. Percebendo que James os olhava com o cenho franzido, ela sorriu e perguntou:

— Tudo bem, Potter?

— Claro que sim, Evans. – Apesar da resposta ter soado um pouco seca, ele foi educado o suficiente para perguntar: – E com você?

— Bem também.

Eles ficaram calados e Lily percebeu que Sirius franzia o cenho para o amigo, o qual andava alguns passos à frente. Quando eles chegaram à sala de troféus, os dois garotos se reuniram em um canto e trocaram algumas palavras baixas o suficiente para que Lily ouvisse apenas sussurros inteligíveis. Limpar aquelas prateleiras era terrível, a poeira se acumulando em nuvens ao seu redor, entretanto, ela gostava de observar os nomes e as realizações daqueles jovens. Ela esperava algum dia fazer algo memorável, ajudar o mundo bruxo e torná-lo melhor.

Apenas percebeu que Sirius havia saído quando James se aproximou e começou a limpar alguns troféus ao seu lado. Havia uma tensão no ar, mas não aquela de expectativa sexual ou desejo, o que a deixou um pouco frustrada. Fazia muito tempo que sentia a tensão sexual entre eles quando estavam próximos demais ou sozinhos em uma ronda. Entretanto, ali, James estava nervoso, parecendo querer perguntar-lhe algo.

— O que foi, Potter?

— Como assim, Evans?

— Tem algo te incomodando?

James balançou a cabeça negativamente e por mais alguns segundos eles ficaram em silêncio. Lily o viu pegar uma pequena placa que ganhara no ano passado, por algum feito incrível no quadribol. Ela não entendia muito sobre o jogo, mas ficou muito feliz por ele e ainda conseguia ver o orgulho em seu olhar enquanto passava o polegar pelo objeto reluzente.

— É muito bonito.

— Não mais que você. – James arregalou os olhos, parecendo perceber apenas naquele momento o que havia dito. – Eu...me desculpe, eu não quis...

— Está tudo bem, James. – Ela sorriu, as bochechas rubras de satisfação.

James olhou nos olhos verdes e brilhantes de Lily e não conseguiu segurar sua língua, sentiu que precisava lhe perguntar o que o estava incomodando desde a tarde anterior:

— O que está acontecendo entre você e o Sirius? – Lily abriu a boca, surpresa. Não conseguia acreditar naquilo. – Quando eu perguntei ao Moony se ele sabia de algo, ele apenas me disse que eu era um idiotar lerdo que não enxergava o que estava na minha frente. Então, bem, se vocês estiverem saindo, tudo bem, não é como se nós...

Lily se aproximou, colocando as mãos no peito de James, o que o fez se calar e fitá-la atentamente.

— Você é realmente um idiota lerdo, James. – Ela revirou os olhos, sorrindo. – Não há nada romântico entre mim e Sirius, eu apenas pedi a ajuda dele por queria conquistar você.

Lily sentiu as bochechas vermelhas de vergonha diante da revelação, mas não abaixou a cabeça ou desviou o olhar. Queria ser sincera com James e estava cansada de usar os planos mirabolantes de Sirius para se aproximar dele. Queria ser sincera e saber como ele se sentia em relação a ela. Porém, o silêncio surpreso de James não estava ajudando em nada e sua coragem diminuía mais a cada segundo. Já estava se arrependendo de contar e iria pedi-lo para esquecer aquilo quando James disse:

— Você nunca precisou me conquistar, Lily. Eu sempre fui apaixonado por você e sempre vou ser. Posso parecer exagerado dizendo isso, mas... – Ele passou a mão pela nuca, desconcertado. – é a verdade.

Lily entrelaçou as mãos em volta do pescoço dele, o que fez James abaixar a cabeça. Quando estavam a poucos milímetros, ela sorriu, percebendo que toda a atenção do moreno estava em seus lábios e que suas mãos já seguravam sua cintura, aproximando-a ainda mais de si.

— Fico feliz em ouvir isso, Potter, porque assim você não vai ser arrastado para mais nenhuma detenção para ficarmos sozinhos.

James riu, escondendo o rosto no pescoço de Lily, o que arrepios percorrerem o seu corpo.

— Não acredito que essa foi a melhor ideia de você teve.

— Eu, não! Foi Sirius que arquitetou todo esse desastre.

— Eu não chamaria de desastre. – James colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha de Lily. – Afinal, estar prestes a te beijar foi o que eu sempre quis.

Não aguentando mais toda aquela proximidade sem realmente beijá-lo, Lily colou seus lábios nos de James e sentiu o sorriso satisfeito dele antes de aprofundarem o beijo. O maroto era muito mais alto do que ela, o que fez com que a ruiva ficasse na ponta dos pés para conseguir beijá-lo apropriadamente, mas ela não se importava. A sensação dos lábios macios percorrendo o seu pescoço e o seu rosto enquanto as mãos passeavam por sua cintura era tão boa que Lily duvidava que pudesse se importar com qualquer outra coisa pelas próximas horas.

— Beijar você é ainda melhor do que eu imaginava, Evans. – Ele sussurrou em seu ouvido, a voz rouca aumentando o calor que Lily sentia

— Você imaginou isso, Potter? – Provocou, mordiscando o lábio inferior dele.

— Você nem imagina o quanto.

Beijar James era viciante, fazia com que todo o seu corpo formigasse e implorasse por mais contato. Em algum momento ele a pressionara contra a prateleira, fazendo com que as pernas de Lily se envolvessem na cintura dele e a proximidade entre eles diminuísse ainda mais. Ela gemeu ao sentir as mãos de James acariciarem suas coxas por baixo da saia, indo até sua bunda e a apertando.

Não sabia como aquela noite terminaria, mas não se importava contanto que James Potter continuasse a beijando daquela forma.

***

Na tarde seguinte, assim que entrou na sala de poções, trocou um sorriso com James, sentindo suas bochechas quentes enquanto mordia o lábio inferior.

— Parece que alguém aproveitou a detenção. – Disse Marlene, um sorriso malicioso estampado no rosto enquanto suas sobrancelhas subiam e desciam sugestivamente.

— Pare com isso, Lene.

— Você não negou.

Lily deu de ombros, sabendo que não conseguiria esconder nada de Marlene. Ela era sua melhor amiga e confidente. Já sabia de toda a confusão envolvendo a ajuda de Sirius e, apesar de parecer cética em relação ao funcionamento daquilo, torcia para que desse tudo certo entre Lily e James.

Durante a aula, ela se pegou olhando para James diversas vezes, encantada pela expressão concentrada dele, os lábios franzidos e a mão passeando pelos cabelos e os bagunçando – o que ela já sabia ser uma mania. Quando ele percebia, lhe lançava uma piscada e sorria, fazendo com que uma pequena covinha aparecesse do lado direito do seu rosto. Era apaixonante.

O dia passou rápido demais e antes que percebesse já estava na sala de McGonagall, com James e Sirius ao seu lado. Nunca pensara que detenções poderiam ser interessantes, mas estava realmente curiosa com o que aconteceria hoje. Não conversara com James desde a noite anterior e não sabia como as coisas estavam entre eles. Ele deixara bem claro como se sentia, mas Lily não lhe dissera a profundidade de seus sentimentos e sentia-se ansiosa por isso, um nó instalando-se na boca de seu estômago.

Após McGonagall os informa que nesta noite iriam com Hagrid checar alguma árvore importante na floresta proibida, eles saíram do castelo e encontraram o gigante esperando-os com uma luminária na mão. Lily gostava muito de Hagrid e já passara horas tomando chá com ele em sua cabana. Normalmente, Lene ia junto e, na última vez, havia conseguido arrastar Dorcas, a nova namorada da McKinnon, com elas, o que deixara Hagrid exultante por ter mais visitas. Entretanto, ele não parecia feliz em vê-la ali.

— Lily? O que você está fazendo aqui? – Hagrid olhou para Sirius e James, os quais conservavam um sorriso no rosto. – Garanto que é culpa de vocês Lily estar aqui.

— Surpreendentemente, nem eu tenho culpa de estar aqui dessa vez. – Disse James, levantando as mãos.

— Não acredito que estão me culpando! Eles são ingratos demais! – Sirius colocou a mão no peito, exageradamente ofendido. – Vamos na frente, Hagrid, eu vou lhe contar como eu fui injustiçado em toda essa história.

Lily riu, percebendo o talento teatral de Sirius se manifestar mais uma vez. Enquanto ele e Hagrid andavam alguns passos a frente, James e ela iam lado a lado, com as mãos entrelaçadas e as varinhas em punho. Ela não sabia como tinham chegado naquilo, mas estava satisfeita com a situação e não queria interromper aquele silêncio confortável que os envolvia. Com certeza seria melhor se não estivessem em uma floresta escura e assustadora, rodeados por criaturas perigosas, mas nada era perfeito.

Ela não saberia dizer o que acontecera em seguida, apenas se lembrava de ouvir um barulho que fez arrepios desconfortáveis percorrem seu corpo. Aproximou-se mais de James, o que o fez franzir o cenho.

— Está tudo bem?

— Você ouviu isso? – Seus olhos verdes procuravam ao redor, o coração já disparado. Um pressentimento ruim tomou conta de seu corpo e o frio que a envolvia fazia a sensação aumentar ainda mais. – Tem alguma coisa aqui.

Hagrid e Sirius pararam também, atentos ao redor. James ainda a olhava e Lily percebeu o momento exato que os olhos dele se arregalaram, o medo estampado nas íris castanhas. A próxima coisa que sentiu foi ele a empurrando, colocando seu corpo na frente do dela e um brilho estranho atingindo-o no peito. O grito de James cortou o ar e partiu algo dentro dela, a dor que dele tão evidente que Lily se desesperou, levantando e lançando feitiços não verbais na direção do intruso. Ela provavelmente acertou um dos intrusos, afinal James parou de ser atacado e agora alguns feitiços eram disparados em sua direção. Ela se defendeu o melhor que pôde e, quando percebeu que a situação estava controlada com Sirius e Hagrid duelando com um dos invasores enquanto o outro estava caído no chão, foi até James ver como ele estava.

O maroto gemia de dor e quando Lily colocou sua cabeça no colo, ele abriu relutantemente os olhos, algumas lágrimas marcando o rosto contorcido de angústia.

— Você está bem, Lily?

Ela soltou uma fraca e triste risada, aconchegando-o ainda mais.

— Não acredito que você está me perguntando isso quando claramente sou eu que deveria fazer essa pergunta. – Ela tirou os cabelos da testa dele. – Você não deveria ter se jogado na minha frente, eles poderiam ter te matado, James.

— Eu não podia deixar você se machucar. – Ele respondeu antes de fechar os olhos.

O coração de Lily se quebrou em milhões de pedacinhos e ela só percebeu que chorava quando Remus a abraçou na enfermaria, murmurando que tudo ficaria bem. Lily sentia-se culpada pelo que acontecera com James e apenas quando Sirius resmungou que toda aquela autoflagelação não ajudaria em nada e que James não a culparia nem por um minuto, chamando-a de idiota por pensar isso, foi que ela percebeu a seriedade da situação.

Eles haviam sido atacados por comensais da morte, James quase foi morto e uma guerra se aproximava cada vez mais. Lily já sabia que queria lutar, mas, mais do que isso, queria lutar com James ao seu lado e saber que ele estava naquela cama em seu lugar fazia com que as lágrimas voltassem aos seus olhos.

Quando a curandeira expulsou a Evans e os Marotos da enfermaria, alegando que James precisava descansar e que seria melhor eles irem dormir e voltarem de manhã, Lily não protestou. Sabia que era mais lógico ir para seu dormitório e voltar no dia seguinte, quando James provavelmente já estaria acordado e poderia conversar com eles. Porém, ela não conseguiu dormir e, após passar algumas horas rolando pela cama e andando pelo quarto, Lily decidiu sentar-se em sua escrivaninha e escrever. O barulho da pena no pergaminho sempre a acalmava e antes mesmo que percebesse as palavras já fluíam através dela.

Coisas que odeio amar em você

1. Suas pegadinhas e a forma como você vira essa escola de cabeça para baixo apenas para se divertir.

2. Sua arrogância e autoconfiança totalmente fundamentadas

3. Sua inteligência e dedicação com as aulas, as tarefas da monitoria e os jogos de quadribol. Como você consegue??

4. Sua covinha que sempre aparece quando você sorri e me faz querer beijá-lo

5. Seu beijo apaixonante e seu charme inigualável

6. Sua maldita lealdade com os amigos. Você não se importa de se sacrificar pelos outros e isso me faz te admirar e gostar de você cada vez mais.

Por favor, fique bom logo, eu não sei se conseguiria viver sem você nesse momento (completamente emocionada, mas isso tudo é culpa sua, Potter!)

De: Lily Evans                      Para: James Potter

 

Com um feitiço simples, ela colocou o pequeno bilhete em um envelope e o fez flutuar até a cabeceira da cama de James. Não era boa com declarações, mas esperava que aquilo deixasse bem claro o quanto se importava e gostava dele.

No fim, James era melhor com declarações do que ela e assim que saiu da enfermaria a pediu em namoro. Mesmo com a guerra se aproximando e o mundo desmoronando a sua volta, eles ainda tinham um ao outro e se amavam. Enfrentariam tudo juntos e não teriam medo de lutar pelo que acreditavam e pela família que construíram.

Foi por isso que quando Voldemort entrou na casa dos Potter’s na fatídica noite de 31 de Outubro, James, mesmo desarmado e ciente da morte, gritou para que Lily corresse com Harry enquanto ele enfrentava com coragem o seu fim. Se sacrificava pela família porque os amava e era leal a eles. Lily não odiava amar essa característica em seu marido mais; ela o amava com todo o seu coração e amou até a última batida.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Eu não imaginava terminar a fic assim, mas parece que ela ganhou vida sozinha e quando vi era isso haha me digam o que acharam nos comentários e até a próxima!
Beijoos



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