Titanium Man escrita por Gabriel Lucena


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

O início de mais uma jornada! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803787/chapter/1

Cinco da manhã, os olhos fadigados e tristes, dominados pelas olheiras, expressavam os sentimentos do homem deitado na cama, o médico havia lhe prometido dar alta naquela manhã, e isso o deixava ansioso, queria sair logo dali, estava naquela cama de hospital há uma semana e isso estava o torturando. Não via a hora de voltar para casa, para sua empresa, tudo que havia conquistado até então, não tivera tempo de apreciar.

Estava tão perdido com os pensamentos que quase pulou da cama quando a porta se abriu.

— Bom dia Márcio. - disse o médico, entrando no quarto.

— Esqueceu do "senhor"? - rebateu ele, sarcasticamente.

— Não, não esqueci, é que estamos nos vendo todos os dias durante a semana, então já estamos íntimos o bastante para te chamar de "você".

— Discordo.

— Tanto faz, vim te liberar.

— Graças à Deus! - sorriu ele, pela primeira vez naquele dia.

Depois de descer da cama e resolver toda a papelada da liberação, Márcio estava saindo do hospital quando encontrou o médico mais uma vez.

— Até mais Márcio. - ele disse, estendendo a mão.

— Até "nunca mais". - corrigiu ele.

— Para isso precisa parar de se machucar. - rebateu o médico.

— Sabe que não dá, com esses ossos que parecem serem feitos de porcelana.

E saiu apressado do hospital, mesmo mancando e pegou um pequeno controle do bolso do paletó, apertando o botão do mesmo. Em dez segundos, um Koennisegg Agera apareceu na sua frente, parando rapidamente. Márcio sorriu e entrou no mesmo, dirigindo para sua empresa.

Quando estava na metade do caminho, seu telefone tocou.

— Alô? - disse ele, ao atender.

 Papai? - disse a voz do outro lado da linha. 

— Oi... Como você está? Se comportou direitinho?

— Com saudades papai. Sim, me comportei...

— Ok, já saí do hospital, estou indo buscar você.

— Tá bom papai! 

E desligou a ligação. Márcio então, pegou um caminho alternativo e dirigiu para um bairro mais moderno, bem ao lado do seu, com casas simples, algumas feitas de madeira, outras de cimento puro, com ruas que continham árvores bem conservadas e paralelas umas às outras, como um labirinto infinito. Como ainda era bem cedo, não havia trânsito pela cidade, então não demorou muito e ele logo estava chegando em Planaltina.

Em cinco minutos, estacionou em frente à casa de cor bege, de dois andares, então desceu do carro e foi até a porta.

— Olá Senhor Sterling, é um prazer vê-lo de novo. - disse um homem de uns trinta anos, com barba rala, não muito alto.

— Olá Lúcio, também é um prazer revê-lo. - respondeu ele, estendendo a mão para o homem.

— Como o senhor está? Se recuperou bem?

— Sim, apesar dessas placas de titânio nas minhas pernas estarem pesando muito e dificultando a caminhar, eu estou bem. 

— Relaxa, o senhor vai se recuperar. 

— Não enquanto estiver com essa doença incurável. - suspirou ele - Mas enfim, a Marina se comportou bem?

Lúcio sorriu.

— Muito bem, como um anjinho, não deu trabalho nenhum, brincou com a Lu o tempo todo. E foi bom o senhor chegar, o Gael não parava de implicar com as duas. - riu ele.

— Crianças... - revirou os olhos rindo.

Ambos assentiram, mas a conversa foi interrompido por uma garotinha de cabelos escuros e compridos, correndo na direção dos dois.

— Papai, o senhor voltou! - sorriu ela, abrindo os braços e correndo na direção de Márcio.

— Oi filha, cuidado com as pernas do papai! - avisou ele, retribuindo o abraço.

— Desculpe, a saudade estava muito grande. - sorriu ela.

Então, Márcio a pegou no colo e sorriu.

— Calma, papai terá todo o tempo do mundo para cuidar de você agora. - garantiu ele, beijando a bochecha da menina.

— Tá bom papai, vou cobrar! - riu ela fofa.

Márcio sorriu e então olhou Lúcio.

— Muito obrigado Lúcio, por cuidar da minha filha enquanto eu estava no hospital. - disse ele, estendendo a mão.

— Que isso Senhor Sterling, não precisa agradecer, a Marina é sempre bem-vinda aqui. - Lúcio respondeu retribuindo o cumprimento.

— Dá um beijo nas crianças.

— Dou sim, pode deixar.

Depois que Marina se despediu de Lúcio, Márcio a levou para o carro e ambos seguiram para o centro de Brasília.

— O senhor vai me deixar na escola papai? - perguntou Marina.

— Ainda dá tempo? - perguntou ele.

— Dá sim, o portão só abre às sete.

Foi aí que Márcio reparou que Marina estava com o uniforme da escola, até então, só havia reparado na tiara que ela usava na cabeça. Suspirou, nunca reparava nos detalhes mais importantes, por mais que para ele não fosse, para sua filha poderia significar muito ele ser mais atento, mas ele não conseguia e isso o frustrava.

— Sim filha, vou levar você - ele disse.

— Tá bom papai! - sorriu ela, animada.

Márcio olhou o painel do carro e viu que no relógio davam 06:45, então acelerou um pouco o veículo na avenida, precisava aproveitar para chegar o mais cedo possível para não pegar trânsito mais tarde.

Às sete em ponto, ambos estavam estacionados em frente ao portão.

— Filha, segue o que eu te falei, se continuarem implicando com você porque ser filha de um empresário bem-sucedido e chegando na escola com um carro esportivo e bem chamativo, ignore. Brigar não resolve nada. - pediu ele, a olhando.

— Mamãe dizia o contrário pra mim... - Marina lamentou, pegando sua mochila.

— Mas agora é o papai quem está cuidando de você. 

— Está bem papai, vou fazer isso! 

— Ótimo. Boa aula filha! - sorriu ele, de canto.

Marina então sorriu e deu um beijo estalado na bochecha do pai, logo abrindo a porta e sair saltitando até o portão recém-aberto com crianças do maternal sendo conduzidas pela zeladora.

Assim que Márcio viu a filha desaparecer entre as crianças, arrancou com o carro e seguiu em direção à Corporação Sterling. Quando estacionou seu carro, saiu do mesmo, ajeitando o paletó e a gravata, começando a caminhar com certa dificuldade para a entrada.

— Bem-vindo de volta Senhor Sterling. - disse a recepcionista.

— Obrigado Ana. - ele respondeu, com um sorriso.

— Aceita um café? 

— Sim, por favor.

Ana entregou-lhe uma xícara de café e, enquanto tomava, Márcio observou Adamastor, seu assistente pessoal, chegar no local.

— Bom dia Adamastor. - disse ele, se levantando e estendendo a mão.

— Bom dia Senhor Sterling, bem vindo de volta! - falou Adamastor, com um sorriso aceitando o cumprimento.

— Como estão as coisas por aqui?

— Estão ótimas. Sabe que sempre dou conta do recado! - riu ele, piscando o olho.

— Sim, mas quero ver o quanto subiu os negócios. - suspirou ele.

— Ok, me acompanhe por favor.  

Márcio terminou sua xícara a deixando na mesinha de centro e ambos seguiram pelo extenso corredor, onde pessoas iam e vinham, todas cumprimentando Márcio com um aceno de mão, outros de cabeça, que Márcio simpaticamente retribuía com um "bom dia". 

Chegando perto da sala, Márcio observou uma jovem mulher de cabelos longos, negros e olhos verdes, em uma mesa logo na entrada.

— Quem é aquela? - perguntou Márcio.

— Ah, ela é a Karen Lellis. - respondeu Adamastor - O senhor disse, antes de se ausentar, que queria uma secretária, então contratei ela. 

— Mas sem me avisar? E outra, eu queria fazer isso quando voltasse, o senhor não podia ter feito isso sem me contatar antes. - repreendeu Márcio.

— Eu sei Senhor Sterling, mas eu não ia contratar assim, de repente. Só estava checando os currículos que os candidatos mandavam, só que quando vi o dela fiquei tão comovido que decidi adiantar isso logo.

O empresário franziu a testa, curioso.

— O que tinha de tão especial no currículo dela? - quis saber ele.

— Bom, nada de mais, porém... - ele deu uma ligeira pausa - Fiquei sabendo, através de meus contatos, que ela se envolveu com um professor da escola dela, apenas aos dezesseis anos, com o objetivo de aumentar a nota na matéria dele e não repetir de ano. Só que deu ruim, o professor ficou obcecado com ela, acabaram repetindo o processo por uma semana, mas pararam com medo das pessoas desconfiarem. E foi aí que ela descobriu estar grávida dele.

Márcio arqueou as sobrancelhas, surpreso.

— E daí? - insistiu ele.

— Daí os pais dela denunciaram o cara para a polícia. Eles o prenderam por pedofilia, pois o ato foi feito com o consentimento dela. E quando a criança nasceu, acabou morrendo. E os pais dela a enviaram para um colégio militar perto daqui. O que aconteceu depois, é um mistério. - finalizou ele.

Chocado, Márcio suspirou.

— Está bem, é uma história comovente mesmo, talvez os pais dela tenham a expulsado de casa e ela esteja mesmo precisando desse emprego. - concluiu ele. 

— Com certeza.

— Ok então, vamos continuar.

Assim, ambos seguiram o corredor em direção à sala de Márcio, que estava temporariamente sendo ocupada por Adamastor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por enquanto é só, até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Titanium Man" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.