Eu caminhava com passos pesados para a sala dos professores.

Tinha acabado de sair de uma aula de revisão a pedido de alguns alunos, visando às provas finais, que seriam na próxima semana. E como estamos no final do ano, ainda tem o fechamento das notas, o baile... Enfim, é agitado e muito cansativo.

Entrei na sala dos professores e fui direto para minha mesa, onde coloquei o meu material.

— Estou esgotado, preciso das minhas férias, Shikamaru – Comentei.

— Se ficar reclamando, vai demorar ainda mais – Ele respondeu, sem nem se dar ao trabalho de me olhar.

Revirei os olhos, enquanto me espreguiçava todo, tentando espantar o cansaço do corpo. Dei uma olhada pela sala e senti falta de uma pessoa em especifico.

— Onde está a Hina?

— Onde mais? – Temari surgiu atrás de mim, trazendo uma folha para Shikamaru – Na biblioteca... Já que vocês são duas traças de livros...

— Sabia que foi isso que nos aproximou?

— Não brinca! – Temari rebateu irônica, me fitando com um sorriso – Alias, preciso dizer que não achei que viveria pra ver você tão apaixonado por alguém.

— Eu que não achei que viveria essa paixão – Rebati feliz – Já tinha perdido qualquer esperança, há muito tempo... Eu acho que nunca experimentei tanta felicidade nesse mundo.

Falei completamente sincero. Eu estava namorando a Hinata há seis meses e quanto mais eu a conhecia, mais eu a amava. Nem sabia que dava para amar uma mesma pessoa, de tantas formas.

— É, você deixa isso bem claro – Temari falou desdenhosa – Se bem que, é mesmo impressionante o rolo de vocês. Desculpa Shikamaru, mas eu não sei se eu te esperaria por tanto tempo – Disse de forma ácida.

— Me deixa fora disso – Ele murmurou, ainda concentrado no trabalho.

— Acontece, minha cara amiga, que a distancia faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo – Rebati e ela me fitou, curiosa – Apaga o pequeno e inflama o grande.

— Ai, menos Uzumaki... A felicidade te deixou meloso demais... Minha glicose sobe toda vez que eu falo com você.

Shikamaru, que até o momento parecia apenas concentrado no que fazia, acabou dando risada, sendo acompanhado da namorada.

— Culpado. Agora se me dão licença, eu vou lá na biblioteca – Dei dois passos em direção a porta, ansioso e com um sorriso no rosto.

— Não se esqueça de que você está em uma escola – Ouvi Shikamaru dizer e me voltei para ele.

— Que isso rapaz, acha que eu vou fazer o que? Não responda – Sorri travesso, saindo sem esperar uma resposta.

Meu cansaço parecia ter simplesmente sumido enquanto eu dava passos rápidos até a biblioteca, da qual eu já estava tão habituado. Claro que essa tinha menos da metade do tamanho, se comparada a da instituição, na capital. E uma parte dos livros fui eu mesmo que providenciei, mas ainda assim, eu gostava dela.

E agora, eu não era o único.

Assim que entrei, pude ver a estante de livros onde Hinata devia estar e me aproximei devagar.

Como esperado, a morena estava lá, com um livro conhecido na mão. Completamente absorta e simplesmente linda demais para minha sanidade.

Meu peito se aqueceu ao lembrar da primeira vez que a vi em uma biblioteca, pouco depois de ser transferida...  Sentada no chão, rodeada de livros.

Quando passei a ter sentimentos pela Hinata, eu tentei resistir o máximo que pude. Mas a cada contato que eu tinha com ela, mais ela me ganhava.

Ninguém além dessa menina tinha a capacidade de me deixar tão impaciente ou ansioso... E agora que eu a tenho, sei que nunca tive a menor chance de resistir a ela.

Ainda estava perdido no momento, quando a morena me percebeu e teve um leve sobressalto, me arrancando um sorriso.

— Você precisa parar de fazer isso, Naruto – Fechou o livro e se voltou para mim.

— De ficar perdido em pensamentos ou te olhando sem avisar?

— De me assustar... – Ela corou e deu risada – Como foi a aula de reforço?

— Ótima. Acho que agora eles pegaram bem o conteúdo – A jovem se virou para colocar o livro no lugar e aproveitei para me aproximar, abraçando-a por trás – A culpa é sua por estar tão distraída... Quantas vezes você já leu esse livro?

— Você sabe bem como é – Ela apoiou a cabeça em meu peito, receptiva ao abraço. Aproveitei a chance para descer os lábios até seu pescoço, onde depositei um beijo leve — Você estava ali há muito tempo?

— Alguns minutos, eu acho... – Respondi, subindo os lábios por sua pele. Em uma sequencia de beijos suaves.

— E no que estava pensando? – Ela murmurou baixo.

— Em você... – Mordisquei levemente sua orelha – Sabe quantas vezes eu me imaginei com você, em uma biblioteca?

A morena arrepiou e se virou para mim.

— Para c-com isso, ainda estamos na escola – Falou corada.

Meu coração disparou e eu a apertei ainda mais em meus braços.

— Mas eu nem disse como era – Sorri travesso, a fitando profundamente.

— Nem precisava... Pelo seu tom de voz – Falou, ainda mais vermelha.

— Sabe... Eu dispensei os últimos alunos... – Falei me aproximando de seu rosto – E basicamente todo mundo já foi embora...

— Naruto...

— Me deixa só beijar você...

Meus dedos se perderam nos fios macios em sua nuca, enquanto a trazia para mim. A vontade de beijar essa mulher só aumentava então pressionei meus lábios nos dela com vontade.

Sem perder tempo, deslizei a língua para dentro de sua boca, que também se moveu ávida sobre a minha, me arrancando um ruído grave do fundo da garganta.

Ver que ela também compartilhava da mesma ansiedade que eu, deixava todo meu interior em êxtase.

Alias, contrariando sua personalidade tímida, Hinata sempre brigava pelo controle comigo, me surpreendendo todas as vezes.

E esse lado dela me domina por inteiro.

— Desculpa interromper... – Ouvimos a voz próxima e paramos bruscamente.

Era Shikamaru, que nos observava com uma expressão séria, no inicio do corredor de estantes. Hinata escondeu o rosto no meu abraço, envergonhada.

— Por favor, Shikamari, era só um beijo e acabamos de começar... – Falei, com um sorriso irônico no rosto, mas logo percebi que ele não tinha vindo aqui falar disso – O que foi?

— Seu celular está tocando insistentemente, Hyuuga – Ele falou e eu senti a morena ficar tensa em meus braços – E alguém chamada Chiyo também ligou aqui na escola.

— Ele sabe... – A jovem me dirigiu um olhar preocupado.

— Calma. Está tudo bem... – Coloquei as duas mãos em seu rosto – Está tudo bem, querida, nós esperávamos por isso. Vai lá e atende... Eu estou com você agora.

Ela concordou com a cabeça e respirou fundo. Depositei um beijo em sua testa, antes de soltá-la, e então ela saiu rapidamente da sala.

— É o pai dela, não é? – Shikamaru perguntou quando me aproximei.

— É – Rebati, colocando as mãos no bolso – Ela ainda não contou sobre nós, porque temos certeza que ele vai se lembrar do meu nome... E as coisas podem se complicar.

— E o que vai fazer dessa vez? Enfrentá-lo?

— Se for preciso... – Suspirei – Tudo o que eu menos quero é uma briga com a família dela, mas eu sei que não dá pra fugir pra sempre...

— Extremamente problemático... – Ele murmurou, caminhando em direção à porta. Eu concordei em silêncio, enquanto o seguia.

Hinata tentou adiar ao máximo essa conversa, mas não importa o que a gente faça, não dá pra mudar o que aconteceu. E de maneira nenhuma eu vou deixar que a tirem de mim, então, no fim, o melhor que podemos fazer é encontrá-lo de uma vez.

E colocar um ponto final definitivo nessa história.