Professor escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 10
Distancia




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Eu realmente tentei dar um ponto final em tudo.

 

 Passou uma semana inteira desde o beijo na biblioteca. Eu me martirizava diariamente por ter feito aquilo... Contudo, no momento seguinte a culpa, eu me deixava reviver a sensação, desejando fazer de novo.

Aquilo estava me consumindo de tal forma que eu mal conseguia me concentrar ou dormir.

E eu ainda não tinha me desculpado com Hinata... Não dava nem para pronunciar o nome dela em sala de aula sem sentir o corpo reagir, como eu ia me encontrar com ela para me explicar, sem correr o risco de ceder? 

Eu não queria ter aquela conversa, eu só queria fugir. Ainda assim, eu sei que não podia simplesmente fazer isso, ela merecia minhas desculpas...

Sem contar que Sasuke não parava de me cobrar uma resolução.

Finalmente, uma oportunidade surgiu de maneira aleatória, em um dia que eu achei que não veria, pois não tinha aula na minha turma.

Acabava de sair de uma sala, quando a enfermeira da escola me abordou.

— Com licença, Professor Uzumaki, você tem um minuto?

— Claro, Shizune, do que precisa?

— Você é o responsável pela “3-A”, não é? Uma aluna passou mal. Você poderia se responsabilizar pela saída dela?

— Posso. Quer que eu entre em contato com os pais dela? – Respondi de prontidão, passando a segui-la em direção a enfermaria.

— Não, só preciso que você assine a saída dela. Uma representante da família Hyuuga já está a caminho

Meu corpo reagiu automaticamente, quando percebi que quem ela falava.

— É a Hinata? – Não sei se foi meu tom de voz, ou por chamá-la pelo primeiro nome, mas ela me olhou diretamente com um vinco na testa, afirmando com a cabeça, então me recompus – O que aconteceu com ela?

— Ao que parece, é exaustão. Ela só precisa descansar e ficará bem.

Chegando a enfermaria, Shizune entrou primeiro e eu a acompanhei. Hinata estava sentada em uma cadeira e corou, assim que me viu.

— Já está de pé, mocinha? – Shizune se aproximou e a analisou, de perto – A cor do seu rosto voltou, isso é ótimo.

— S-sim... – Percebi que ela se retraiu.

— Professor Uzumaki, assine aqui, por favor. Nas duas folhas – Eu me aproximei e peguei a caneta que me era oferecida – Eu não a mediquei, apenas...

O celular de Shizune tocou em cima da mesa, e pelo olhar dela, parecia importante. Ela pediu licença e saiu da sala.

Eu assinei as duas folhas que ela pediu e me voltei para Hinata, que permanecia de cabeça baixa.

— Você está bem? – Percebi que ela se arrepiou e confirmou com a cabeça, ainda fitando o chão.

Meu corpo também reagiu, como sempre acontecia quando ela estava por perto, e deixei um suspiro escapar. Puxei uma cadeira e sentei próximo o bastante para ela me ouvir.

— Hyuuga, olha pra mim, por favor – Pedi baixo e notei que ela hesitou, antes de levantar o olhar. Engoli em seco, mas me deixei fitá-la longamente, só dessa vez – Você está mesmo bem?

— S-sim...

— O que aconteceu?

— E-eu só tenho estudado muito... E não tenho d-dormido direito, esses dias – Pronunciou com dificuldade.

Eu também não estava dormindo... A culpa era minha.

Olhei em direção à porta e ponderei por um minuto, se eu devia aproveitar esse momento... Permaneci com o olhar fixo lá

— Eu sinto muito... Pelo que eu fiz na biblioteca – Disse cauteloso – Foi um erro terrível que eu não sei como reparar... – Eu abaixei a cabeça e o tom de voz – Nunca deveria ter acontecido e não vai se repetir, eu garanto... Eu realmente estou arrependido...

A jovem ficou em silêncio e eu voltei a olhar para a porta.

— Eu não me arrependo... – Ela murmurou depois de um tempo.

— Hyuuga...

— Eu não me arrependo por que... – Ela disse rápido, sem gaguejar – Tem muitas coisas na minha vida que eu quero e sei que nunca vou ter. Já aceitei isso... – Quando eu finalmente tomei coragem de olhá-la, tudo o que encontrei foi o mesmo sorriso triste de tempos atrás – Não me arrependo de conseguir... Uma delas...

Minhas mãos tremeram e eu acabei fechando os punhos para me conter.

— Me desculpa, professor Uzumaki – Shizune novamente entrou na sala, e eu percebi que ela estava acompanhada – Encontrei a responsável autorizada a levar a Hyuuga.

Eu levantei e me apresentei.

— Eu sou o professor Naruto Uzumaki, coordenador da turma dela – Falei com cuidado, pois sentia o coração bater descompassado.

— Prazer, eu sou a governanta da casa Hyuuga, me chamo Chiyo.

Shizune apareceu com a folha que eu assinei e passou a dar instruções para a governanta, explicando a situação para ela. Não prestei muita atenção... Meu olhar alternava entre a folha e Hinata, que não levantou o olhar em momento algum.

— O professor já assinou a saída dela. Quer dizer alguma coisa? – Shizune me deu a oportunidade, enquanto a governanta assinava. Quando Chiyo terminou, me fitou esperando que eu dissesse algo, mas eu não queria falar nada... Nem queria continuar ali...

— Cuide dela, por favor – Pronunciei simplesmente.

— Farei isso. Agradeço pelos cuidados – A governanta se abaixou e pegou no braço da morena – Vamos querida...

Ela se deixou apoiar e as duas saíram...

— Tudo bem, professor Uzumaki? – Shizune me olhou, com o mesmo olhar interrogatório de antes.

— Sim... – Eu menti – Sim...

Eu não me recuperei daquele dia.

Não importava quanto tempo passasse, eu ainda segurava o impulso de olhar para ela, e a vontade de estar com ela... Cada aula que eu dava naquela sala me corroía internamente, porque era como se eu apenas a visse, e a mais ninguém.

Não conseguia tirar aquela menina da cabeça.

Meus dias seguintes se resumiram a trabalhar muito para ocupar minha mente.

— Naruto... – Sasuke me chamou

— Sim – O fitei desinteressado.

— Você não anda eficiente demais?

— Eficiente demais é ótimo... – Ironizei – O que é agora?

— Nada... Só que você tem trabalhado bastante.

— E isso é ruim?

Ele deixou um longo suspiro escapar e olhou em volta. Não estávamos sozinhos, alguns professores estavam ocupados em suas atividades.

— O que você esta lendo atualmente?

— Você quer mesmo saber? – Perguntei de modo debochado, já que ele nunca foi interessado nisso. Porém ele me olhou seriamente.

— Sim, eu quero mesmo saber.

A verdade é que eu parei de ler. Não sei qual foi o ultimo livro que li inteiro... Eu até tentava, mas não conseguia me concentrar. Ler me fazia pensar ainda mais na Hinata, então apenas desistia. Preferi não responder... Ele provavelmente sabia a resposta.

— Sasuke, está tudo bem...

— Eu sei que não está... E outros professores perceberam também.

— Te falaram alguma coisa? – Perguntei curioso.

— Que você está muito distante.

Dei de ombros. Não que eu não me importasse com ninguém ali, mas não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eu estava lidando com a situação da melhor forma que eu podia... E ninguém pode me ajudar.

— Já que você está tão disposto a se manter ocupado, deveria se voluntariar para coordenar o festival desse ano... Com certeza vai consumir todo o seu tempo.

Não achei a ideia ruim. Precisava ocupar minha mente, então fiz exatamente o que ele disse.

E ele não brincou quando falou que meu tempo seria consumido. Praticamente não conseguia pensar em mais nada, além do festival.

Cheguei a considerar que finalmente superaria esse momento da minha vida...

Eu não podia estar mais errado.


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Notas finais do capítulo

O festival vai abalar as estruturas do nosso jovem professor



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