As memórias secretas de Elliot Thompson escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 3
2 Capitulo: Aventuras paternas


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos, a mais um capitulo de As memórias secretas de Elliot Thompson.
Espero que estejam gostando da história e se emocionando, com esses pequenos contos que nos fazem matar a saudade dessa família incrível.
Sem mais delongas, aproveitei o capitulo de hoje.
❤️❤️❤️❤️ ❤️❤️❤️❤️



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Respirei aliviado assim que assinei o ultimo documento que havia, entregando-o a minha secretária que saiu da sala, enquanto meus olhos paravam no porta-retrato estava em cima da minha mesa, no qual estávamos todos sentados no gramado do jardim da minha casa, eu, minha esposa e nossos filhos. Essa foto havia sido tirada em abril, no aniversário de cinco anos do nosso filho caçula, Ethan.

Olhei para o relógio e constatei que estava na hora de ir para casa, pois iriamos levar os meninos ao parque hoje, um programa em família que sempre fazíamos nos finais de semana e já podia imaginar o quanto estavam ansiosos para que chegássemos logo.

Desliguei meu computador, guardei alguns documentos que levaria para casa na minha maleta, peguei o casaco e o jaleco apagando as luzes em seguida, antes de sair da minha sala caminhando em direção ao elevador.

Assim que entrei no elevador, apertei o botão do térreo e esperei pacientemente que ele chegasse ao local desejado, quando as portas se abriram sai do mesmo e comecei a caminhar em direção a sala que minha esposa ocupava no setor de emergência, cumprimentando algumas pessoas pelo caminho, antes de bater na porta e esperar a autorização para que entrasse, o que não demorou muito para acontecer.

— Só um minuto, amor. - Leah me pediu suave assim que entrei em sua sala e concordei, enquanto ela voltava a falar com Bernardo, o médico que iria assumir o seu lugar no plantão noturno. -Os pacientes dos leitos de um a seis, terminarão a fase de observação daqui a meia hora e poderão voltar para a avaliação final, já os outros do leito sete ao dez, foram encaminhados agora para tomar a medicação. Tudo entendido?

—Sim, doutora Thompson, pode ir tranquila. E um bom final de semana para os dois. - Bernardo desejou e agradecemos, antes dele sair da sala e meu telefone começar a tocar, enquanto Leah arrumava as suas coisas para irmos.

Peguei meu celular na minha maleta e sorri, assim que reconheci o número da minha casa, já sabendo quem estava ligando para mim.

—Papai, irão demorar muito pra chegar? -Ethan e Benjamin disseram ao telefone juntos assim que atendi, não me dando se quer a chance de dizer alô.

—Já estamos saindo meus amores, logo estaremos em casa, mas vocês fizeram seus deveres? Porque se não, nada de passeio para os dois. - disse sério e sorri, enquanto ouvia ao longe os dois se questionarem se haviam feito o dever.

—Claro que fizemos, papai, pode até perguntar para o senhor urso, ele viu a gente fazendo. - Ethan jurou suave e sorri ao pensar no quanto ele e o senhor urso, seu bicho de pelúcia que havia sido presente dos meus falecidos avôs, eram unidos chegando ao ponto dele se tornar praticamente outro filho meu, já que meu caçula aprontava e colocava a culpa nele.

—Sei, espero mesmo que o senhor urso tenha feito suas atividades, pois da última vez ele não fez nenhuma delas.

—Isso é passado, papai, o senhor urso já aprendeu a sua lição. Não é senhor urso? - Ethan questionou e logo mudou a voz para dar a resposta do urso, me fazendo sorri do outro lado da linha.

—Acho bom mesmo ou nada de sorvete para você. Agora, coloque seu irmão mais velho na linha, senhor urso. - pedi a Ethan que concordou, passando o telefone para Benjamin.

—Ben, amor, já estamos saindo do hospital, você e seu irmão fizeram os deveres? -questionei para o meu filho, enquanto Leah desligava as luzes da sua sala e saímos.

—Sim, papai.

—Ótimo, agora subam para tomar banho, se arrumarem e fiquem nos esperando na sala com a Stella. -pedi a ele enquanto saímos do hospital e andávamos pelo estacionamento em direção ao meu carro.

—Tudo bem, papai. - meu filho disse e lhe mandei um beijo, entregando o telefone para a minha esposa, antes de desativar o alarme do carro assim que nos aproximamos dele.

—Filhote, é a mamãe, seu pai vai dirigir agora por isso não pode continuar falando com vocês, mas não se preocupem porque chegaremos logo. Dê um beijo no seu irmãozinho e no senhor urso, por mim. Eu também te amo, querido. - minha esposa disse carinhosa ao telefone e disse em alto e bom som um eu te amo para os meus filhos, enquanto manobrava o carro para sair do estacionamento do hospital.

Apesar de termos saindo antes do final do expediente, tentando assim evitar congestionamentos, acabamos pegando um pequeno engarrafamento no caminho de casa, indicando que as pessoas já estavam aproveitando o final de semana que se aproximava. Apesar do trânsito caótico, conseguimos chegar em casa por volta das cinco e meia, o que nos daria tempo de tomar um banho rápido e arrumar a bolsa das crianças, antes de sairmos com nossos filhos que já deveriam estar impacientes com a nossa demora.

—Ethan? Benjamin? Senhor urso? Já chegamos, filhotes. - Leah disse chamando nossos filhos, assim que entramos pela porta que ligava a garagem com o interior da casa. - Stella?

—Estranho...Nossa casa nunca foi silenciosa desse jeito. - disse preocupado deixando nossas coisas no sofá, antes de ouvir os gritos de Stella e Benjamin, nos fazendo correr em direção ao jardim de onde vinha o som.

—Papai, mamãe. - Benjamin disse aliviado assim que nos viu e se afastou da macieira que havia no jardim, correndo em nossa direção.

 Sem dizer uma palavra, minha esposa pegou o nosso filho no colo enquanto procurava com os olhos por Ethan, não encontrando-o em lugar algum do jardim, até que olhei para onde Stella, a nossa governanta, estava olhando e parei de respirar assim que vi meu filho de cinco anos em cima da árvore com seu inseparável companheiro, o senhor urso, no colo, enquanto balançava as pernas de forma distraída, alheio ao perigo que estava correndo.

—Mamãe, o Ethan subiu na árvore com o senhor urso e não quer descer. - Benjamin disse a minha esposa que desviou os olhos confusa do nosso filho mais velho, para olhar a árvore que ele apontava deixando-a desesperada.

—Elliot...- Leah sussurrou apavorada colocando Benjamin, sem desviar os olhos de Ethan que sorria enquanto balançava suas pernas no ar.

—Eu sei, amor...Vamos nos aproximar devagar, para não assustá-lo.

—Tudo bem. - ela concordou suave e caminhamos com cuidado até ficarmos perto da macieira ao lado de Stella, que tentava a todo custo convencer meu filho caçula a descer da árvore. -Ethan Harry, o que está fazendo em cima dessa árvore?

—Senhor urso e eu decidimos subir na árvore, para ver quando vocês estavam chegando...Só não sabíamos o quanto era legal ficar aqui balançando os pés, parece até que posso voar. - Ethan disse empolgado se inclinado para frente e começamos a implorar aflitos, para que ele parasse de fazer isso.

Sem pensar direito no risco que correria, estando apenas preocupado com a possibilidade de que meu caçula caísse daquela altura e se machucasse seriamente, tirei o casaco e o sapato que estava usando e subi na árvore, até alcançar o meu filho que sorria para a mãe enquanto balançava suas pernas, como se estivesse no melhor brinquedo do mundo.

—Filhote? - chamei atrás dele que virou para me ver sorrindo surpreso.

—Papai, você também veio se balançar na árvore? - ele questionou feliz por me ver ali e concordei, olhando para o tronco no qual meu filho estava sentado, avaliando se o mesmo iria aguentar o nosso peso e conclui que não.

—Vim, mas agora quero que você venha com cuidado até mim, amor. - pedi olhando em seus olhos escuros, tentando soar calmo para não assustá-lo, algo que não estava nem um pouco.

—Mas papai, eu e o senhor urso gostamos daqui...Estamos pensando em morar nessa árvore. - Ethan disse empolgado e respirei fundo, tentando manter a minha calma porque se usasse uma voz autoritária meu filho não me obedeceria, pois ele havia herdado o gênio obstinado da mãe.

—Mas amor, se vocês morarem aqui na árvore não poderão brincar com os seus irmãos, ou comigo e mamãe. Vocês não irão sentir falta da sua família? -questionei suave torcendo para que Ethan concordasse.

Meu filho me olhou confuso, como se não tivesse pensado nessa possibilidade e virou o seu urso de pelúcia para ele, começando assim uma conversa baixa entre os dois que pareciam discutir a possibilidade de morar ou não na árvore.

Só esperava que o senhor urso ou Ethan, colocassem um pouco de razão na cabeça do outro.

—Vamos sentir saudades da nossa família, papai, por isso não quero mais morar na árvore. Além do mais, estou com fome e cansado de balançar os pés. - Ethan choramingou cansado coçando os olhos, demonstrando que havia realmente se entendido com a nova aventura.

—Então, vamos pra casa, querido. Quero que venha com cuidado para o papai. -pedi olhando ansioso para o meu pequeno, temendo que ele escorregasse do galho enquanto rastejava em minha direção, segurando o senhor urso em uma das mãos.

Assim que estava em segurança nos meus braços, coloquei Ethan nas minhas costas e pedi que ele segurasse firme em mim, antes de descer da árvore com cuidado temendo que meu filho se soltasse e acabasse caindo.

Só consegui respirar novamente, assim que estávamos no chão em segurança e abracei meu pequeno com força sentindo seu cheiro de crianças levada, tentando espantar o medo de perdê-lo que havia se apossado de mim.

 E foi impossível não me lembrar de cinco anos atrás, quando quase o perdi, antes mesmo de tê-lo pegado no colo.

 

Flashback on:

—Tem realmente certeza que quer me represar na reunião do conselho, amor? - questionei com a voz rouca e o nariz entupido deitado na cama entre as cobertas, enquanto via a minha esposa terminar de se arrumar para ir até a sede do Conglomerado Thompson, para a reunião do conselho.

Havia parado na cama por causa de uma gripe, provocada por uma chuva que tomei alguns dias atrás na madrugada, enquanto andava pelas ruas de Londres atrás do desejo da minha esposa que estava grávida de seis meses do nosso segundo filho.

Como meus avôs estavam fora a negócios e minha filha estava em lua de mel, coube a minha mulher representar a família Thompson na reunião mensal do Conglomerado, no qual os chefes de cada departamento apresentavam suas ações mensais e decidíamos onde os recursos da empresa deveriam ser empregados.

—Tenho amor, não precisa se preocupar. Além do mais, se não fosse por mim, você nem estaria nessa cama doente. - Leah disse me olhando com preocupação e cobri minha boca e nariz com um lenço de papel, antes de espirar.

—Pare de se culpar, amor, você estava com desejo de comer soverte de açaí e não podia deixá-la passando vontade. Além do mais, nem estou tão doente assim posso muito bem ir nessa...- disse com a voz rouca afastando as cobertas e me levantando, mas acabei ficando tonto e sendo amparado por Leah que me ajudou a voltar para cama.

—Nem ouse levantar dessa cama de novo Elliot Lucas Marshall Thompson, ou juro por Deus que te deixo amarrado nela até eu voltar. - minha mulher disse séria e fiz cara feia diante do meu segundo nome.

Afinal, nunca gostei muito dele e poucas pessoas sabiam da sua existência, só recentemente Carlisle me contou que havia me dado esse nome em homenagem ao meu padrinho e padroeiro da minha família, São Lucas, sendo assim outra pista sobre as minhas verdadeiras origens.

—Tudo bem, prometo não levantar daqui. Só por favor, meu amor, tenta não se estressar na reunião, lembre-se que você está grávida e precisa de tranquilidade. - pedi preocupado olhando em seus olhos, pois sabia muito bem que meu primo Silvestre estaria lá e os dois não se suportavam.

Para ele, Leah era uma aproveitadora que havia tirado a sorte grande, por se casar com o herdeiro de uma fortuna, a qual soube administrar muito bem ampliando os caixas da empresa, transformando-a em um Conglomerado empresarial, reconhecido mundialmente no mundo coorporativo. Mas sabia que podia contar com o Sebastian, meu amigo e chefe do setor jurídico da empresa que estaria presente na reunião, para proteger e defender minha mulher de possíveis difamações vindas do meu primo.

—Não se preocupe, eu e seu filho ficaremos bem. Vamos passar a reunião toda comendo chocolate, enquanto ouvimos a conversa monótona da cúpula administrativa. - Leah prometeu brincando, se sentando ao meu lado na cama e sorri da sua piada.

—É o que espero, mas se acontecer qualquer coisa, por favor me ligue. - pedi e ela concordou, antes de se inclinar para beijar a minha testa com carinho, afastando-se em seguida para colocar a mão esquerda no local em que havia me beijado.

—Você está ardendo em febre, meu bem. - ela disse preocupada, antes de tirar a mão da minha testa e pegar uma cartela de comprimidos, destacando um deles e entregando-o a mim com um copo de água que tomei sem protestar.

Depois que tomei o remédio, Leah pediu que me deitasse de forma confortável na cama começando a acariciar meus cabelos, enquanto lutava contra o cansaço e a dor no corpo, sintomas típicos de uma gripe, para me manter acordado, tendo a minha mão direita repousada em sua barriga, sentindo a movimentação do nosso filho caçula que não parava quieto, deixando claro que ele seria muito diferente do irmão.

—Eu te amo, meu amor. - ouvi Leah sussurrar com carinho acima da nevoa do sono que me envolvia, sentindo em seguida um beijo em minha testa e outro em minha mão direita, assim que ela a retirou de cima da sua barriga.

—Por favor, cuide dele. Se alguma coisa acontecer, não importa o que seja me ligue que venho correndo. - ouvi a minha esposa dizer a Meg, antes de mergulhar no sono profundo.

Estava no mais profundo sono quando me vi no meio de uma campina, muito parecida com as que existiam em La Push, antes que pudesse pensar na razão de estar ali vi uma loba de pelo cinza e olhos castanhos escuros saindo do lado fechado da mata e sorri ao reconhecê-la.

Ansioso, caminhei em sua direção desejando acariciar seus pelos matando assim a saudade que sentia de estar na presença do outro lado da minha esposa, já que com a gravidez Leah não poderia se transformar, mas antes que pudesse tocá-la minha fêmea desapareceu diante dos meus olhos me deixando apavorado, temendo que algo tivesse acontecido com ela.

—Leah...- acordei gritando, me sentando na cama atordoado em busca da minha esposa pelo quarto, mas ela não estava ali muito menos Meg.

Desesperado para saber notícias da minha mulher, peguei meu celular que estava na mesinha de cabeceira e liguei para ela que não atendeu, caindo todas as ligações na caixa postal me deixando alarmado. Tentei mais duas vezes, antes de jogar o celular em cima da cama e sair do meu quarto, em busca de alguém que pudesse me dar notícias de Leah.

—Eunice, vou para o hospital e você fique aqui com o Elliot, não o deixe sair da cama em hipótese alguma, muito menos atender o telefone ou ligar para alguém. Já conversei com a babá do Benjamin e pedi que ela passasse a noite aqui, afinal, não sabemos qual é a real condição da Leah. - ouvi Meg dizer a nossa cozinheira, enquanto descia as escadas sem fazer barulho.

—Tudo bem, Meg, não se preocupe, vou cuidar do Elliot. Deus, não quero nem imaginar se ele souber o que aconteceu com a esposa...- Eunice disse triste e senti meu coração errar uma batida, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas, imaginando que algo de ruim havia acontecido a minha mulher.

—Nem eu, Eunice. Aqueles dois se amam demais, nunca vi um amor tão forte e puro como o deles...Se algo acontecer a ela ou ao bebê, não quero nem pensar na reação do Elliot ou no pobre do Benjamin, que é apenas um bebê. -Meg disse preocupada a Eunice e desci as escadas rapidamente, deixando as duas surpresas ao me verem de pé.

—O que aconteceu com a minha mulher e o meu filho, Meg? -questionei entre lágrimas olhando para ela que virou para Eunice, como se buscasse algum tipo de ajuda sobre o que falar.

—Elliot, querido, você deveria estar na cama descansando para se recuperar, afinal passou a manhã toda dando febre. Vamos, vou leva-lo para a cama e logo Eunice subirá com uma canja para você. - Meg disse amorosa segurando em meu braço, tentando me conduzir para o segundo andar e me soltei dela, enquanto a olhava sério.

—Não me trate como uma criança, Meg, se não percebeu já sou um adulto...Um adulto, que odeia quando lhe escondem algo. Não quero ser grosseiro com você, mas exijo que me diga agora o que aconteceu com a minha mulher. - disse severo e ela olhou nervosa para Eunice que balançou a cabeça concordando.

—Durante a reunião do conselho, Leah acabou passando mal e a levaram para o hospital, pelo que nos informaram o caso é muito sério, Elliot...Ela e o bebê estão correndo risco de vida.- Meg disse devagar e senti o chão sumir diante dos meus pés, como se estivesse caindo em um buraco sem fundo por horas.

Em choque diante da notícia que havia recebido acabei perdendo as forças, só não cai no chão porque Meg e Eunice me apararam, me levando em direção ao sofá enquanto ainda tentava processar que a vida da mulher que amava e do nosso filhote não nascido, estavam em risco.

—Eu...Preciso ir para o hospital...- disse atordoado me separando das duas que tentaram me manter sentado o que foi em vão, pois me levantei e segui em direção a mesa que havia na sala onde as chaves dos carros ficavam.

Sai da sala feito um louco em direção a garagem onde meu carro estava, sob os protestos das duas que me pedia para não dirigir nervoso daquela forma, mas não conseguia ouvir os seus apelos, tudo o que me importava agora era estar com a minha esposa e meu filho.

Estacionei na minha vaga em frente ao hospital de qualquer jeito, antes de correr para o interior do prédio em direção ao setor da maternidade, onde provavelmente Leah deve ter sido atendida depois que passou mal.

—Elliot? - Sebastian questionou confuso, assim que me viu caminhar em direção ao balcão da recepção em busca de notícias sobre a minha esposa.

—Sebastian...Graças a Deus, você está aqui. Como a Leah está? E o meu filho? - questionei desesperado assim que me aproximei dele.

—Você nem deveria estar aqui, Elliot, devia estar na cama. Meg me contou que passou a manhã toda com febre...- meu amigo começou a dizer e rosnei furioso, segurando-o pelo paletó o que lhe deixou surpreso.

—Que se dane a minha febre...Tudo que quero saber agora Sebastian, é como a minha mulher e meu filho estão, ou juro por Deus que vou revirar esse hospital de cabeça para baixo até encontrar a Leah.- disse furioso olhando para o meu amigo que ficou surpreso pelo meu acesso de raiva.

—Elliot? - ouvi o obstetra da minha esposa me chamar e soltei Sebastian, antes de caminhar até ele.

—Como a Leah está, Daniel? - questionei preocupado e ele me olhou de cima a baixo levantando uma sobrancelha, provavelmente se interrogando o motivo de estar usando uma camisa de algodão, uma calça de moletom e está descalço no meio do hospital que administrava, mas em minha defesa não pensei direito em como estava vestido, tudo que queria era estar ao lado da minha esposa e ver com meus próprios olhos o seu estado.

—Certo...Elliot, a sua esposa teve uma complicação na gravidez...Ocorreu um deslocamento da placenta que por pouco não provocou um aborto espontâneo, mas graças ao socorro imediato conseguimos evitar o aborto. - Daniel disse assim que se recuperou do choque da minha vestimenta e respirei aliviado, mas havia algo em seus olhos que me dizia que a angustia ainda não havia acabado.

—Mas? - questionei sério sabendo que havia algo a mais para ser dito.

— A partir de agora todo cuidado é pouco, estamos tratando-a com a medicação indicada para o caso, mas precisamos esperar que seu corpo reaja, por isso vou mantê-la internada no hospital para que tenha todo a atenção necessária, pois a situação é delicada, Elliot. - ele explicou e agradeci sua sinceridade, antes de nos despedíamos.

—Como a Leah está? - Sebastian questionou preocupado se aproximando de mim, enquanto tentava entender o que havia provocado o deslocamento de placenta da minha esposa.

—Por hora está estável, mas Daniel acha melhor mantê-la no hospital para receber os cuidados necessários...Sebastian, você deve saber o que aconteceu com a Leah e quero que me conte a verdade.

—Elliot, acho melhor esquecer isso. Afinal, o que importa é a saúde da Leah e do bebê. - meu amigo desconversou e estreitei os olhos, sabendo que estava me escondendo alguma coisa.

—Sebastian, em nome da nossa amizade de anos, acho melhor me contar o que aconteceu naquela reunião. - disse sério e meu amigo ficou nervoso, como se não quisesse me contar o que havia acontecido.

—Pra que, Elliot? Você já está nervoso demais e não vou colocar mais lenha na fogueira, fazendo com que cometa uma loucura e acabe na cadeia ou pior, mate seus avôs de desgosto. - meu amigo disse preocupado e rosnei furioso entendendo o que havia acontecido naquela reunião, antes de sair feito um louco do hospital sendo seguido por meu amigo.

Parei o carro de qualquer jeito na entrada da casa do meu primo, que apesar de todos os meus esforços para nos darmos bem, sempre fazia questão de se manter longe o que para mim estava tudo bem, afinal não podia forçar ninguém a gostar de mim.

Até que isso mudou, quando ele passou a acusar a minha esposa de se casar comigo por interesse, iniciando assim uma espécie de “guerra fria” entre nós que desagradava nossos avôs.

—Elliot, meu Deus, isso lá é jeito entrar na casa dos outros? - Susana, esposa do meu primo Silvestre, disse assustada assim que entrei feito um louco na sua casa, mas não respondi a sua pergunta, pois assim que vi meu primo sentado em uma poltrona na sala lendo um jornal, caminhei em sua direção e o segurei pela camisa que estava usando, deixando sua esposa desesperada.

—O que foi que você fez com a minha mulher, Silvestre? - questionei furioso olhando em seus olhos azuis claros, iguais ao do nosso avô, enquanto meu primo ficava surpreso com a minha atitude.

—Eu não fiz nada. Não me diga que aquela aproveitadora, que você tem a audácia de chamar de esposa, fez alguma queixa sobre mim? - meu primo questionou se fazendo de desentendido e apertei ainda mais a sua camisa, tentando controlar a vontade que sentia de bater nele.

—Minha mulher não é do tipo que se queixa, Silvestre. Ela resolve tudo antes que eu saiba e com certeza foi o que aconteceu, não foi? O que foi que você disse para Leah? - exigi severo e meu primo revirou os olhos se soltando de mim, antes de arrumar a sua roupa e me olhar de forma reprovadora.

—Olhe só para você, Elliot?! Está parecendo um louco vestido desse jeito e com esse olhar raivoso, se não sabe a nossa família tem um nome a zelar e anos de tradição, algo que caiu por terra a partir do momento em que nossos avôs o encontraram. Desde então, viramos motivo de piada por toda Londres.- Silvestre disse severo e sorri sem humor, porque sempre soube o quanto meu primo não me suportava, afinal ele seria o único herdeiro da empresa se não tivesse aparecido.

—O nome da nossa família já estava na lama, antes mesmo de eu chegar Silvestre, e tudo isso graças ao seu pai que matou o meu por dinheiro.  Por culpa dele, não tive a chance de crescer com meus pais, cresci em um orfanato sem saber das minhas origens, enquanto você desfrutava de tudo o que era meu de direito.- disse severo e ele me olhou furioso, enquanto se aproximava de mim apontando o dedo no meu rosto.

—Não ouse dizer o que não sabe. Você nunca saberá como foi crescer, vendo a magoa nos olhos dos seus avôs, por saber que meu pai havia tirado a vida do filho deles...Tive que enfrentar o inferno, enquanto você vivia a sua vidinha perfeita na América bancando o órfão que sonhava em conhecer a família. Até o maldito dia, em que conheceu aquela aproveitadora chama de esposa, o convencer a vir atrás do dinheiro da minha família. Aposto que ela já sabia quem éramos, por isso se casou com você. Quer um conselho, priminho? Se eu fosse você, faria um teste de DNA no Benjamin e nesse bebê que ela está esperando, porque aposto que nenhum dos dois deve ser seu.- Silvestre disse maldoso e não pensei em mais nada, só fechei a mão direita em punho e acertei em cheio o olho direito do meu primo que caiu em cima do sofá, sendo amparado pela esposa que me olhava assustada temendo pelo marido, mas antes que pudesse partir novamente para cima dele alguém me segurou, me afastou do meu primo .

—Você quer ir preso, Elliot? Ou quer matar seus avôs de desgosto? -Sebastian questionou sério assim que me soltei dele, depois que meu amigo me arrastou para fora da casa de Silvestre, enquanto prometia aos berros que voltaria para acertas as minhas contas com ele.

—Iria preso com preso, depois de tirar aquela posse sarcástica da cara daquele cretino. Você também me daria razão, se ouvisse os absurdos que ele disse da minha mulher. - expliquei furioso e logo a minha mente se iluminou, me fazendo perceber o que realmente havia acontecido na reunião do conselho para levar a minha esposa para o hospital, permitindo que visse a verdade nos olhos do meu amigo, o que me deixou com mais raiva.

— Não acredito que aquele cretino do Silvestre, teve a audácia de colocar em dúvida a fidelidade da minha mulher e a paternidade dos meus filhos, diante do conselho da empresa. E onde é que você estava Sebastian, que deixou aquele covarde ofender a minha esposa grávida? Achei que defenderia a minha mulher, assim como me defendi. - o acusei furioso e meu amigo respirei fundo, tentando manter a calma diante da situação.

—E você acha que não fiz isso?! Eu e todos do conselho defendemos a sua esposa, mas Leah não aguentou calada as provocações do Silvestre e foi tomar satisfações com ele. Não tiro a sua razão de estar furioso e de querer bater no seu primo, mas essa não é a hora pra isso Elliot, a sua esposa precisa de você e não poderá fazer nada, se estiver atrás das grades acusado de agressão por seu primo. Além do mais, não acha que já teve tragédia demais nessa família? - meu amigo questionou severo e respirei fundo passando a mão no meu cabelo, tentando controlar a minha raiva.

—Odeio quando tem razão, mas você vai abrir um processo administrativo contra o Silvestre, quero que ele passe um bom tempo sem participar das reuniões do conselho ou não respondo por mim.

—Vou fazer o que me pede, mas vamos voltar para o hospital porque sei que quer ver a sua esposa e você precisa falar com a Meg, ela está preocupada depois que saiu feito um louco de carro da mansão. -meu amigo disse me levando em direção ao meu carro.

Assim que chegamos ao hospital, encontrei Meg sentada na recepção da ala da maternidade segurando um terço nas mãos enquanto rezava, no instante em que me viu ela se levantou da cadeira e correu para me abraçar apertado, chorando sem parar. Após tranquiliza-la pedi a Daniel para ver a minha esposa, porque precisava saber se ela estava bem.

Entrei no quarto em silêncio temendo acordá-la e caminhei em sua direção, me sentando na cama em que ela estava deitada e segurando a sua mão nas minhas, antes de olhar para o monitor ao qual Leah estava conectada, respirando aliviado ao perceber que apesar do susto seus batimentos e do nosso bebê estavam normais.

—Me perdoa amor, não devia tê-la deixado ir a essa reunião...Não quero nem pensar no que faria se algo de ruim tivesse acontecido a você ou ao nosso bebê...- sussurrei angustiado antes de começar a chorar, olhando para o rosto pálido adormecido da minha esposa.  

—Elliot...Amor, porque está chorando? - Leah questionou sonolenta abrindo os olhos para me ver sentando ao seu lado e logo seus olhos se arregalar de horror, enquanto suas mãos iam automaticamente para a sua barriga. -Não me diga que o nosso filhotinho...

—Apesar do susto ele está bem amor, é só olhar para o monitor que se sentirá mais tranquila. -expliquei e ela concordou virando para o monitor, respirando aliviada ao comprovar que estava falando a verdade.

—Graças a Deus, fiquei tão preocupada depois de toda aquela dor e sangue...- ela disse perdida em pensamentos, acariciando a sua barriga de leve, piscando em seguida e voltando a sua atenção a mim. - Então, porque estava chorando, meu amor?

—Porque fiquei apavorado, só de imaginar que pudesse ter acontecido algo com você ou nosso bebê. - sussurrei angustiado e minha esposa me olhou com carinho, antes de acariciar a minha bochecha.

—Me desculpe por te assustar, jamais quis fazer isso, mas apesar do susto estamos bem. - ela me assegurou suave e franziu a testa em sinal de preocupação, enquanto tirava a mão da minha bochecha para colocá-la em minha testa. - Meu amor, você está ardendo em febre, devia estar na cama embaixo das cobertas e não aqui, Elliot.

—Não vou a lugar algum, nem que tenha que ficar internado com você. - disse sério e Leah suspirou, aceitando que não a deixaria sozinha até que pudesse voltar comigo para a nossa casa.

Graças a Deus, depois de duas semanas em observação Leah pode voltar para casa, com recomendações medicas de que evitasse qualquer tipo de esforço ou movimentações brusca, por causa do deslocamento da placenta.

Não vou dizer que foram os três melhores meses da minha vida, afinal vivíamos sob uma constante apreensão com medo de que pudesse haver outra complicação durante a gravidez. Apesar de tudo minha esposa foi uma verdadeira guerreira, que não se abatia por nada e assim que nosso filho possuía condições de nascer sem qualquer complicação, foi realizado a cesariana que o trouxe de forma segura ao mundo.

Flashback off:

—Graças a Deus, vocês estão bem. - Leah disse aliviada me trazendo de volta ao presente pegando Ethan do meu colo e abraçando-o apertado, como se quisesse escondê-lo do mundo por alguns minutos, antes de afastar nosso caçula do seu peito para olhá-lo de forma séria. -Nunca mais faça uma coisa dessas, Ethan Harry, você me ouviu?!

—Ouvi mamãe, mas a culpa foi do senhor urso, foi ele que subiu na árvore e me levou junto. - Ethan se defendeu e sorri com pena do urso de pelúcia, porque meu filho jamais deixaria de apontar e colocar a culpa no seu bichinho de pelúcia.

—Então, o aviso é para os dois...Se voltarem a apontar algo assim novamente, deixo os dois sem sobremesa por três semanas. - Leah disse séria e nosso caçula junto com o senhor urso, prometeram que jamais iriam fazer algo assim novamente, algo que duvidava.

Com cuidado, Leah colocou Ethan no chão que logo correu em direção ao irmão mais velho que o abraçou apertado, sob seus protestos de que estava amassando o senhor urso, me fazendo rir.

—E você, Elliot, que ideia foi essa de subir em uma árvore? Meu coração quase parou ao vê-los lá em cima. Meu Deus, não quero nem imaginar se um de vocês...- Leah sussurrou apavorada com a possibilidade e a puxei para os meus braços abraçando-a com força, espantando assim nossos temores.

—Não pense mais nisso, meu amor, o importante é que ninguém se machucou e que nosso filho já está pronto para outra travessura. - segredei sorrindo vendo Ethan brincar de pega com o irmão mais velho.

—A capacidade de uma criança se recuperar de um susto é realmente invejável, ainda estou me tremendo só de lembrar o susto que levei, ao vê-los em cima daquela árvore. - minha mulher comentou e sorri concordando, antes de lhe dar um beijo carinhoso.

—Esse lobinho caçula de vocês, ainda dará muitos cabelos brancos aos dois. - Stella segredou interrompendo nosso beijo e sorrimos concordando, antes de chamarmos as crianças para entramos, pois ainda tínhamos um parque para ir.


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Notas finais do capítulo

Ethan e senhor urso, já mostrando ao mundo para o que vieram.
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Quem ai gostou dessa dupla dinâmica?
Beijos e até amanhã.



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