Retratos da família Inuzuka Aburame. escrita por Deby Costa


Capítulo 10
Capítulo 10 - uma nova estação.


Notas iniciais do capítulo

Desafio do mês de Abril
TEMA: “HANAMI”
* Linha: Primavera
Itens obrigatórios:
01 - o desenho feito pela #Rasqueria tem que aparecer como cena na história.
02 - Elemento: Perigo

Lembrando que essa história não está sendo betada.

Boa leitura.




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Sora e Himeko calçaram seus respectivos calçados e na sequência fecharam suas mochilas. Após jogarem as peças sobre os ombros e as ajeitarem nas costas, disseram em simultâneo: 

— Estamos prontos Kiba-tousan.

— Então, 'vambora cambada?

— Vamos! — Os irmãos falaram animados ao passar pelo Ômega no genkan.

A alegria dos três tinha motivo, pois era o primeiro dia do hanami e por tradição todo o país do fogo celebrava em unidade a chegada da primavera. Em dias festivos como aquele, às ruas e templos de toda a Vila da Folha exalavam vida e felicidade. Famílias inteiras lotavam os parques para contemplarem juntas o desabrochar das flores de cerejeira.

— Isso! — Kiba deu uma risadinha a lá Inuzuka antes de bater à porta e seguir no encalço dos filhos, que deram as mãos assim que pisaram na varanda. Aqueles dois pingos de gente estavam cada vez mais independentes e a vontade que tinha de apertá-los a todo instante, era imensa!

Assim que os gêmeos pisaram no gramado, Kiba revirou os olhos, pois ambas as crianças começaram a cantarolar uma canção infantil que se tornou viral em Konoha devido a insistente veiculação numa famosa plataforma de vídeos online, a qual Sora e Himeko adoravam assistir.

Saita, saita churippu no hana ga.

Naranda, naranda aka, shiro kiro

Dono hana mite mo kireidana…

Aquela bendita musiquinha há dias não dava trégua a sua mente. Virava e mexia, ele se ouvia cantando-a na faculdade e até mesmo no estágio de tanto que a ouvia.

Saita, saita churippu no hana ga

Naranda, naranda aka, shiro kiro

Dono…

 

No entanto…

A cantoria dos pequenos cessou subitamente e não surpreendeu nadinha Kiba, que esperava por aquela reação quando os dois encontrassem com o outro pai na calçada da casa deles.

— Shino-touchan! — Sora foi o primeiro a sair do transe. O garoto andava mais feliz e falante desde o episódio ocorrido com Akamaru. Sua borboletinha Ômega, que infelizmente não trazia mais no rosto as marcas do seu clã, aparentava ter tirado um grande peso dos ombros após sair de seu casulo e não ter mais que esconder os seus bichinhos, como Himeko chamava os insetos do irmão. 

Seu sogrão estava fazendo pesquisas sobre os insetos que o menino trazia sob a pele, mas não encontrou nenhum registro semelhante em toda história dos Aburame. Nem mesmo os besouros bikōchūs do patriarca Isao, Ômega que governou o clã durante os primeiros séculos após o pacto espiritual feito entre os membros do clã e a divindade Shinchū, sequer assemelhava-se aos insetos do seu filhote. Segundo Shibi, que há décadas estudava e catalogava espécies raras, o fato de Sora controlar às escondidas e com tamanha maestria insetos sem precedentes, como vinham fazendo há meses ou quem sabe há anos, demonstrava o quão forte seu pequerrucho se tornaria no futuro e com treinamento adequado. Por ora, Kiba nem queria pensar nisso, após causar tanto sofrimento a seu filhote, o Ômega só queria demonstrar o quanto o amava do jeitinho que ele era, nada mais.

— Uau! — A exclamação de Himeko acabou despertando Kiba. 

 Akamaru, totalmente recuperado do câncer, e Himaru aguardavam os pequenos do lado de fora juntamente com Shino. Os dois ninkens latiram, fazendo festa. 

— Uma bicicleta! — Sora soltou a mão da irmã e correu até o Aburame. 

— Sim. — O Aburame confirmou o óbvio e sorriu ao ver que Himeko não perdeu tempo, correndo para junto dele também. Mas aquela não era uma bicicleta comum, por isso aquela agitação toda dos gêmeos. — É uma quádrupla. — O Alpha explicou.

— E ela é nossa?! — Himeko perguntou sem acreditar no que via. 

Shino concordou com um movimento de cabeça, contudo Sora ainda duvidou e insistiu:

— Todinha nossa, Shino-touchan?

— Todinha nossa. — O Aburame confirmou. Há algumas semanas, eles tinham visto uma bicicleta de quatro lugares, igualzinha àquela com praticantes de mountain bike que passaram pela Vila da Folha em direção à região montanhosa de Kumogakure.

— Eba! — Sora e Himeko rodearam a quádrupla e passaram a bater palmas. A ação agitou os ninkens, a quem os gêmeos abraçaram em comemoração.

Kiba chegou perto de Shino e, colocando-se nas pontas dos pés, sussurrou ao pé de seu ouvido: 

“Mandou bem, marido. Ela é linda.” — O Ômega deixou um beijinho casto na bochecha do Alpha, fazendo o corar. 

— Cof, cof…— Tímido, o Alpha saiu pela tangente ao questionar aos  filhos: — Vocês estão prontos?

Sora e Himeko se desvencilharam de Himaru e Akamaru e agarraram as pernas do Alpha

— Não esqueceu nada? — Shino dirigiu-se ao Inuzuka, enquanto acariciava os cabelos dos filhos. Quando o assunto era os filhotes, seu esposo não era de esquecimentos, pelo contrário, geralmente pecava pelo excesso. 

— Não. ‘Tá tudo aqui. — Kiba indicou a cesta de piquenique entregando-a nas mãos do marido e Shino colocou-a no cestinho dianteiro da quádrupla.

Afastando-se dos filhos, o Aburame suspendeu o descanso da bicicleta e se sentou no primeiro assento. As pernas uma de cada lado da bicicleta para mantê-la equilibrada e então, segurou o guidão e esperou Kiba pegar Sora no colo e colocá-lo no banco seguido ao seu. Na sequência seu esposo fez o mesmo com Himeko, colocando a beta no banco seguinte ao do irmão. Após acomodar a filha, colocou Himaru no transporte que Shino havia preparado previamente no bagageiro da bike. Por último, o Inuzuka abaixou-se diante de Akamaru e fez um carinho no focinho do seu companheiro canino.

— Akamaru, me perdoe, dessa vez você não irá conosco, mas não se preocupe, você e o sogrão irão se divertir muito hoje.

Akamaru torceu o focinho. Tinha dúvidas quanto à afirmação do seu tutor. Ele se divertir longe do Ômega e das crianças? Impossível.  Todavia, ainda assim teve que se dirigir à casa de Shibi. 

Enquanto o cão partia cabisbaixo, Kiba sentiu pena. O ninken também amava o Hanami, contudo agora não era tão jovem para aguentar a energia dos pequerruchos querendo montar nele o dia inteiro, além disso, depois do susto que tiveram com ele, o melhor era não abusar, afinal, nenhum deles sabia se Sora conseguiria curá-lo de novo, muito menos o que poderia acontecer com o menino, caso tentasse.

— Tchau, amigão. — Kiba se despediu e logo que o cão sumiu de sua vista, o Ômega se voltou para a família e colocou as mãos nos quadris, reproduzindo uma pose semelhante à que fazia quando estava gestante. — Olha só para isso! —  O Inuzuka estufou o peito. 

Na bike, os gêmeos e o Alpha se entreolharam e em seguida olharam para ele de novo. 

Vendo a evidente confusão do trio, Kiba continuou:

 — Minha família é ou não é a família mais bonita de Konohagakure?

Todos riram. Igualmente vaidosos Sora e Himeko não demoraram a dar a resposta que o Ômega esperava ouvir.

— SIM! — Os gêmeos gritaram em uníssono.

— Epa! Essas são minhas crias! — Kiba exclamou orgulhoso. A seu lado, bem mais contido, Shino apenas ajeitou os óculos.  O Ômega não era o único que sentia vontade de apertar as bochechas dos filhos, vez ou outra. — Oe! Tá hipnotizado, marido? A vaga de pai babão foi preenchida faz tempo. — O Inuzuka acotovelou de leve a costela do Aburame antes de também se acomodar no último assento e dizer. 

— Vamos. Está na hora dos Inuzuka Aburame matar Konoha de inveja, ostentando beleza e elegância pelas ruas dessa Vila. — O Ômega anunciou e em seguida, puxou ele mesmo a musiquinha grudenta que só faltava enlouquecê-lo.

 

******

 

As pedaladas ficaram a cargo do casal. Entre uma canção e outra, em menos de trinta minutos chegaram ao parque arborizado da Vila da Folha. O local estava lotado como costumava ficar todos os anos durante o hanami.

— Chegamos! — Kiba avisou ao estacionarem a quádrupla no bicicletário. As crianças se animaram com a movimentação ao redor. O Ômega desceu da bike e estendeu os braços para retirar Himeko da bicicleta, fazendo o mesmo com Sora e com Himaru na sequência. Os olhinhos dos gêmeos brilharam após se depararem com o tapete formado por pétalas de cerejeiras no chão do parque. — Já sabem né? Nada de aprontar, correr ou sumir!

As crianças e o ninken trocaram olhares cúmplices e nada confiáveis. Não esperaram por mais orientações para baterem em disparados. Ambos queriam encontrar-se com os primos. Torune e Fū, bem como Naruto e Sasuke moravam mais próximos do local, certamente os casais já estavam no parque com Ito e Naoko. 

— Ei! — O Inuzuka tentou dar mais recomendações, todavia foi desconsiderado com louvor.

Certa nostalgia tomou conta do Ômega ao ver seus filhos se distanciando. O tempo estava passando rápido e sem dó. Ele sabia o quão egoísta era de sua parte, mas só queriam que seus filhotes crescessem mais devagar. Seria pedir muito?

— Shino… — A mente de Kiba nublou na hora e suas pernas bambearam assim que os braços fortes do marido circundaram sua cintura. O Ômega mal foi capaz de processar o que acontecia e logo teve os lábios tomados num beijo, estilo cena pós-crédito de filmes românticos.

“Amo você.” Shino sussurrou contra seus lábios, fazendo-o sorrir em meio ao ósculo.

Kiba conhecia bem seu Alpha. Raramente Shino se expunha em público ou expressava seus sentimentos por palavras daquela maneira, embora ocultá–los de si, fosse algo quase impossível devido ao vínculo existente entre os dois.

— Também te amo. — Kiba confessou ao buscar por ar.

A declaração amorosa do casal não havia sido fortuita. O lugar onde estavam, à sombra de uma das maiores e mais belas cerejeiras do parque, era conhecido como místico. Segundo uma tradição popular, enamorados que se beijassem naquele local no primeiro dia do Hanami teriam seu amor eternizado. 

— Tanto, tanto, tanto...  — Kiba disse antes de Shino iniciar outro delicioso beijo para a sua alegria. 

 

******

 

Ambos os shifters estavam com suas guardas baixas e o beijo ganhava contornos indecentes quando um perigo mortal se aproximou sorrateiramente. Favorecido pela habilidade sensitiva do olfato, Kiba foi o primeiro a sentir o chakra hostil, mas foi Shino quem agiu com rapidez surpreendente ao ordenar que seus insetos iniciassem o ataque contra quem estava à espreita.

Apesar de nascerem em tempos pacíficos, Shino e Kiba aprenderam técnicas ninjas ainda na infância. Se porventura eclodisse outra guerra em Konoha, eles estariam preparados. Suas energias combinadas, além de letais, seriam de extrema serventia para o serviço de inteligência da Vila, a julgar a capacidade que os dois possuíam de rastrear e localizar inimigos, em especial aqueles que atentassem a integridade física daqueles a quem amavam.

— Tsc! — A interjeição soou ácida e a expressão no rosto da recém-chegada não era das mais agradáveis ao ser descoberta. — Filhos da puta, vocês pegaram o gostinho de lacrar em ambientes familiares ou é impressão minha?

Demorou alguns segundos, no entanto, ao reconhecer o chakra de Ino, Shino estendeu os braços num comando silencioso para que seus kikaichūs retornassem ao abrigo sob sua pele. Alguns dos seus subordinados haviam cortado o fio do cabelo da jovem Alpha antes que este endurecesse e envolvesse por completo o pé esquerdo de seu esposo. Por isso tamanha irritação estampada na face da Yamanaka.  

— Está virando hábito essa exposed em áreas comuns, casal? — Ino nem sequer disfarçou o desgosto, pois recordou o que os dois aprontaram no último halloween do Ichiraku. Sem rodeios ela se dirigiu a Kiba. — Você não tem vergonha na cara não vira-lata? Trocando saliva num parque público! Poupem as crianças e os idosos dessa sem-sem-sem-vergonhice!

— Invejosa! — Kiba acusou. — Você me paga. 

 Ele estava indignado. Mais um pouco e teria se fodido todo, ou melhor, caído na armadilha da loira.  

Toda trabalhada no deboche, Ino riu antes de recolher a presença, interrompendo assim o fluxo de energia utilizado na realização daquele jutsu. Como ela adorava irritar o Inuzuka.

— Traiçoeira! — Kiba crispou os lábios antes de xingar a Yamanaka novamente. — Ainda não foi dessa vez, bruxa amarela. 

Desde a academia ninja que Ino tentava pegá-lo naquele jutsu, os dois até fizeram uma aposta que um dia ela conseguiria. Tal como ele e Shino, a Alpha aprimorou a manipulação de chakra nos primeiros anos da educação infantil. Numa guerra, a Yamanaka paralisaria facilmente um inimigo e controlaria sua mente usando apenas um fio de seu cabelo. 

— Marcha lenta! — Ino foi sarcástica. — Se não fosse pelo teu Alpha, pulguento, tu estavas plantando bananeira agora. — A loira gargalhou, deixando Kiba ainda mais raivoso. — Fica esperto, da próxima vez não terei misericórdia.

— Sua, sua... — Kiba vomitaria mais ofensas sobre a amiga de infância, todavia… — Hananee?! — O Ômega exclamou surpreso, visto que naquele instante se deu conta da presença da irmã, que estava na companhia da loira o tempo todo.

O Inuzuka ergueu a sobrancelha direita e analisou Hana de alto a baixo, em seguida fez o mesmo com Ino. 

— Que foi? — Ino perdeu a pose, enquanto Hana dava um passo à frente para deixar um beijo estalado na bochecha do irmão caçula. 

— Bom dia pestinha. 

— Hã? — Kiba torceu o nariz diante da atitude despreocupada da irmã mais velha, principalmente ao notar o quanto as bochechas de Ino ficaram vermelhas na hora.

— Por que de uns tempos para cá vocês duas não se desgrudam mais? O que tá rolan… Aí, Shino! — Kiba interrompeu a frase na metade e repleto de indignação olhou para o esposo. O Alpha havia acabado de lhe dar um cutuque na costela.

— Vamos procurar os meninos? — Shino mudou de foco. Se sua cunhada estava sendo discreta quanto ao que havia ou não entre as duas, eles deviam fazer o mesmo. 

— Mas, marido... — Kiba precisava de explicações, mas foi desarmado ao receber outro beijinho em sua bochecha, dessa vez dado por seu marido. 

— Que bom! Já estão aqui. — Tsume chegou de repente acabando de vez com o assunto. A matriarca vinha trazendo o cooler com bebidas e frutas como havia prometido. — Onde estão meus netos?

— Eles devem estar com os primos. — Shino respondeu pelos dois, preterindo o biquinho ressentido do esposo.

Aborrecido, Kiba soltou um muxoxo e saiu do seu agarre. Indo até à bicicleta, o Ômega retirou do veículo a cesta de piquenique com os lanches e vociferou:

— Fica esperta, Alpha. ‘Tô de olho em você!

O Inuzuka se virou para a Yamanaka e fez um V com os dedos da destra, apontou-os na direção de Ino e em seguida para os próprios olhos, no minuto seguinte deu as costas para os quatro e marchou para o local onde a família costumava ficar todos os anos.

 

******

 

Naruto e Sasuke haviam reservado um bom espaço. Junto ao casal, também se encontravam Torune e Fū. Sora e Himeko, como o esperado, haviam se misturado a Ito e Naoko, além de outras crianças que brincavam sob as cerejeiras em flor.

— Até que enfim chegaram! — Naruto reclamou e a seu lado Sasuke apenas acenou para os recém-chegados.

— Bom dia, para você também, Naruto! — Mal-humorado Kiba rebateu. — Oi, pessoas. — Cumprimentou Sasuke e o outro casal.

Shino e as três mulheres, que vieram logo atrás também cumprimentaram a todos. Tsume e Hana não perderam tempo e estenderam outra toalha na grama, expandindo mais a área onde colocariam os lanches. Prestativos, Naruto e Sasuke ajudaram as duas. Folgada, Ino se sentou próximo a Fū e Torune, puxando papo imediatamente. Ambos os Alphas estavam cada vez mais à vontade nas confraternizações familiares depois que conseguiram a guarda definitiva de Ito. Foi quase três anos lutando, mas agora era oficial: os dois Alphas eram os pais do Ômega. Algo que quem convivia com o trio, sabia que nem era necessário ter documentos para atestar.

— Moleques! — Tsume chamou. A beta ergueu um dos potes que havia trazido consigo e ofereceu: — Quem vai querer dangos?

Ito, Naoko, Sora e Himeko foram ao encontro da avó e levaram companhia. Sendo uma avó prevenida e conhecendo o perfil acolhedor dos seus netos, tanto os biológicos, quanto os de coração, Tsume preparou uma boa quantidade dos doces.

— Eu também quero! — Ágil feito um ninja, Naruto meteu-se no meio dos pequenos, roubando o doce que Sora havia pegado para comer. Ao levar o dango a boca, o loiro tomou um susto que o fez gritar. — Ai! — O Uzumaki reclamou, pois, com rapidez que fazia inveja a qualquer Kunoichi, Tsume puxou-lhe a orelha, fazendo-o devolver o doce do neto antes de colocá-lo na boca.

— Tenha modos, seu moleque! Do contrário arranco essa sua orelha e levo para o canil para alimentar, meus ninkens. — Tsume ralhou e as crianças caíram na gargalhada, inclusive Naoko, que não sentiu nem um pingo de pena do pai.

Com o rabo entre as pernas, o Uzumaki pediu colo ao esposo, afinal a Inuzuka era como uma mãe para ele contrariá-la estava fora de cogitação.

— Bem feito dobe. — Sasuke resmungou, embora sua vontade de rir com a filha fosse grande. Todos ali sabiam que com a matriarca Inuzuka não existia jeito ninja que se criasse.

Diante da carinha chocha do seu Alpha, o Uchiha sinalizou para que o loiro chorão encostasse a cabeça em seu ombro e passou a alisar a orelha magoada do outro. Naruto, que não era bobo, aproveitou-se bastante do gostoso carinho.

— Podia ter dormido sem essa! Roubar doce da boca de criança, Naruto? — Ino pegou no pé do Alpha, fazendo os adultos rirem.

Torune e Fū não se envolveram na discussão e se prontificaram a ajudar a servir as crianças, afinal elas eram muitas. Era impressionante como aqueles dois Alphas corpulentos e de fisionomia nada amigável tinham jeito com os pequenos…

— Marido. — Kiba foi discreto e gesticulou para que Shino o seguisse.

Buscando um pouco de privacidade, o casal procurou um cantinho afastado de todos, a poucos metros do grupo e sob a sombra de uma cerejeira baixa. Shino se sentou junto ao tronco da árvore e trouxe o Ômega consigo, apoiando as costas de Kiba contra seu peito e acolhendo-o no espaço vago entre suas pernas. O Aburame então passou a fazer cafuné nos cabelos castanhos de seu esposo.

Kiba não estava mais de birra, como poderia? Ele amava demais o hanami para passar o dia inteiro emburrado, além disso, se o Ômega fizesse uma retrospectiva dos últimos anos, não lhe faltavam motivos para celebrar. Ele havia recebido uma proposta do centro de apoio onde fazia o estágio obrigatório para a conclusão do curso de assistência social. Quando concluísse seus estudos, teria emprego garantido. Seu marido, após dois anos de criteriosa avaliação, havia sido efetivado e agora Shino fazia parte do quadro de funcionários de uma das melhores instituições de ensino do país do Fogo. Sora e Himeko só lhe davam orgulho e motivos para sorrir…

— Tudo bem aí? — Shino estranhou a quietude dele.

Kiba não respondeu, somente prendeu-se mais no abraço que Shino lhe dava.

A manhã passou toda naquela deliciosa morosidade. Shino e Kiba de chamego num canto, noutro, Tsume enchendo os netos de doces e se lixando com qualquer restrição a açúcar que os dois tivessem. Alheios às pessoas ao redor, Sasuke acariciava os fios loiros de Naruto, enquanto o Uzumaki tinha a cabeça pousada sobre suas coxas. Deitados sobre o tapete de flores, um pouco mais contidos, mas não menos apaixonados, Fū e Torune dividiam fones de um iphone, enquanto vigiavam Ito, que brincava com os primos. Em um mundinho à parte, pensando que ninguém as notava, Hana e Ino conversavam numa intimidade sugestiva.

— Né Shino… — Sem desviar o olhar do grupinho, Kiba chamou a atenção do Alpha. — A vida é tão engraçada às vezes. 

— Por que diz isso? — Shino encaixou mais o rosto na curva do seu pescoço, enquanto também admirava o grupo.

— A gente teme os dias invernais, porque pensa que eles irão durar eternamente… 

 Kiba pensou no período específico logo após os gêmeos nascerem, quando ele quase sucumbiu à depressão. Pensar em tudo que sua família passou até ali o fazia se sentir nostálgico novamente. Tal como ele e Shino, Naruto e Sasuke vivenciaram um tenebroso inverno durante a gestação não planejada da pequena Naoko, porém superaram. A exemplo do Uzumaki e do Uchiha, Torune e Fū enfrentaram a dureza da estação mais fria do ano, no processo para requerer a guarda definitiva de Ito. As coisas não eram tão diferentes com Ino e Hana, contudo, de todos ali, o Ômega jamais poderia esquecer de sua mãe…

— Ei moleques, venham beber água! — Cuidadosa, Tsume gritou com as crianças para que viessem se hidratar devido ao calor intenso e atípico que fazia nos últimos dias. 

Antes de concluir sua linha de raciocínio com uma das maiores lições que aprendeu observando a vida de Tsume, Kiba suspirou: 

— Mas a realidade é que eles não duram, uma hora ou outra eles cedem lugar aos dias primaveris, não é? — Sua voz soou tão suave que mal lembrava o Ômega tagarela que Shino conhecia tão bem e amava tanto.

— É.

— Oé! Resposta errada maldito. Só vai falar isso? — Kiba desvencilhou-se dos braços de Shino e pôs-se de frente para ele, ajoelhando-se no vão em que antes estava deitado. — Sintetizei todo o sentido do hanami em duas frases para você me responder com um simples: é?

Apesar dos resmungos alheios, Shino sentiu diversão fluindo pelo vínculo, então sorriu.

— Certo. — O Alpha colocou a destra na bochecha de Kiba e aproximou seu rosto do dele. — Concordo com você. Em gênero, número e grau. — Enfatizou. E embora a concepção gramatical daquela frase estivesse completamente errônea. A metáfora proposta por ela vinha totalmente a calhar naquela situação.

— Agora sim! Essa é a resposta certa. — Kiba mostrou os caninos salientes antes de deixar um selinho demorado nos lábios de seu companheiro de vida.

Shino e Kiba sabiam serem jovens e que ainda passariam por inúmeros invernos e outras tantas primaveras. Essa realidade era inerente a todos os seres vivos e não havia motivos para ter medo dessas mudanças de ciclos, principalmente porque Alpha e Ômega tinham certeza que seguiriam juntos e principalmente se  reinventando em cada nova estação.

 

 

Cena extra 1

 

—Kiba–tousan, Shino-touchan! — Sora e Himeko os puxaram pelos punhos, obrigando-os a se erguerem do gramado. 

Sora se encarregou de Shino: — Vamos logo pai!

Himeko teve mais trabalho com o Ômega, pois as pernas dele estavam dormentes: — Tá na hora papai.

— Andem logo, casal! — Naruto e Ino, os mais barulhentos entre os adultos, fizeram coro com Ito e Naoko que estavam mega empolgados. 

Diante deles estava um dos inúmeros fotógrafos que ofereciam seus serviços aos visitantes no parque arborizado.

— Ok, ok, ‘tamos indo pequerruchos.  — Kiba estalou a coluna antes de pegar na mão da filha e na sequência a do esposo, que segurava a de Sora. — Está na hora de aumentarmos o acervo de retratos da família Inuzuka Aburame.

Incentivados pelos filhotes, Shino e Kiba correram em direção a família. Não foi fácil organizar a trupe para conseguir a foto perfeita, mas assim que estavam todos posicionados Tsume os interrompeu. 

— Espere um minuto! Está faltando alguém. — Tsume pediu assim que o fotógrafo orientou que todos dissessem xis.

Kiba olhou de um lado para o outro e conferiu: a família estava toda ali, não faltava mais ninguém, entretanto…  

— Desculpe a demora, acabei de sair do plantão! — O capitão Yamato chegou visivelmente esbaforido.

— Você chegou na hora certa. — Tsume acenou para o policial, que não trajava uniforme e tinha os cabelos molhados, como se tivesse acabado de sair do banho.

— O quê, por que ele está aqui? — Irritado, Kiba começou. Há alguns meses, o capitãozinho do grupamento de operações com cães andava se infiltrando nos eventos de sua família e o Ômega não fazia ideia do por quê.  

Antes que ele dissesse algo ofensivo para o recém-chegado, Shino passou os braços sobre seus ombros e apontou para o fotógrafo.

— Sorria Kiba.

Com a maior cara de tacho e a boca aberta num perfeito Ó, o Ômega olhou para o fotógrafo, que imediatamente registrou um dos momentos mais icônicos e engraçados do álbum de retratos daquela grande família: o dia em que a família Inuzuka Aburame ganhou oficialmente mais um membro, para a alegria de todos, ou melhor, quase todos, pois Kiba jamais aceitaria em seu habitat a presença daquele Beta, que insistia para que os seus filhotes o chamasse de Yamato-jiji. 

 

Cena extra 2

 

Shibi, outro membro da família que entendia de mudanças de estação, colocou um naco de carne grelhada num pratinho sobre a mesinha de centro, deixando claro que aquele suculento pedaço de filé era o seu. O homem havia retornado da cozinha a pouco tempo trazendo com ele uma travessa com alguns bifes, além de duas latinhas de cervejas estupidamente geladas.

— Está satisfeito, rapaz?

Em resposta, feliz da vida, Akamaru latiu e balançou o rabo. Como poderia não estar?

O cão tinha pensado que jamais poderia se divertir com o patriarca Aburame, mas aquele tratamento vip mostrava o quanto ele havia se enganado.

— Vai começar o segundo tempo. — Shibi encostou-se confortavelmente em sua poltrona reclinável e bebericou um pouco de cerveja, após apontar o controle para a TV e aumentar o volume. — Será que o time de Suna seguirá fazendo gols também no segundo tempo?

Antes de abocanhar outro pedaço de carne que lhe foi servido num pratinho que estava a sua direita, o ninken ajeitou-se ao lado da poltrona de Shibi, pouco se importando com o jogo de futebol que o outro assistia. Estava adorando mesmo era o gentil cafuné que naquele instante passou a receber atrás de sua orelha.

Okay, ele merecia um pouco daquele regalo, ademais, quem o julgaria após o ingrato inverno pelo qual o ninken havia passado recentemente. 

 


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Notas finais do capítulo

Estamos chagando a reta final de Retratos. Este é o penúltimo capítulo, queridos :'(

Aos leitores que me acompanham há um certo tempo, sabem que a maioria de minhas histórias, em especial as que tem a participação de Sora e Himeko, estão interligadas aqui eu cito duas delas, Ake Ome, que é o primeiro ano novo dos gêmeos, e Fantasia, que é quando Shino e Kiba curtem o Halloween de uma forma, digamos, muito especial.

Nesse capítulo também temos a participação de Naruto e Sasuke com a filha deles, Naoko. A história dos três está na minha one, Divinal.

O link da canção grudenta está no inicio do capitulo.

Ps: Gente!!!!!! Vcs viram???? O Akamaru está vendendo saúde. Rsrsrsrs, me perdoem o susto do capítulo anterior.





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