I - Herdeira da Noite: Êxodo escrita por Elizabeth Charpentier


Capítulo 6
Capítulo Cinco




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Depois de terem chegado à cidade e voltado para casa, Nyssa se jogou em sua cama e encarou o teto. Não havia conseguido descansar muito na viagem de volta, sua mente não parava de pensar sobre a proteção que havia tido sem explicação alguma, já que não havia nada impedindo a garota de chegar até ela. Ou quem sabe o carinha lá de cima ouviu seus desejos e concedeu uma proteção momentânea.

Resolveu não comentar nada com os garotos sobre o que aconteceu, já que não sabia qual seria a reação deles. Provavelmente Dean a chamaria de louca e riria da sua cara, dizendo que o medo a havia feito ver coisas. Quem sabe não tenha sido exatamente isto que aconteceu.

(...)

Retirou aquele avental horrível de seu corpo e saiu porta afora. Havia trocado seu turno com uma das meninas do dia, então quando saiu o sol ainda estava se pondo. Como iria direto para a casa de Bobby, decidiu passar em um dos mercados que tinha no caminho. A despensa de Bobby era lastimável; todas as vezes que passava a noite ou a madrugada na sua casa tinha que se contentar com miojos ou sanduíches gordurosos que Dean trazia às vezes. Se ela continuasse naquele ritmo, com toda certeza ganharia uns bons quilos ou seu colesterol ficaria nas alturas. Naquela noite tentaria mostrar um pouco de seus dotes culinários aos meninos.

Assim que chegou na casa, os três estavam na sala enquanto assistiam um noticiário na televisão. Colocou as sacolas na cozinha e guardou algumas coisas no armário, se juntando com eles.

— Algo de interessante? — perguntou quando se sentou ao lado de Sam, apoiando sua cabeça em seu ombro.

— Felizmente não. Às vezes algumas tempestades ou fenômenos naturais podem indicar a presença de um demônio poderoso. — explicou Sam, passando seu braço ao redor dos ombros da garota.

— Isso é um método certo? Não me parece muito confiável. — comentou.

— Nem sempre, mas não custa tentar. — respondeu Dean.

Continuaram assistindo pela próxima hora e quando perceberam que nada de importante passaria, Dean colocou um filme de ação. Nyssa se levantou e foi em direção a cozinha, começando a preparar a lasanha que daria aos meninos. Sam se levantou para ajudar, mas ela negou e o mandou de volta para a sala.

Quando colocou a forma no forno, ouviu algumas vozes na sala. Lavou a louça que havia sobrado e foi em direção a sala, surpreendendo-se ao ver o homem de sobretudo no meio da sala.

Bobby pigarreou, chamando minha atenção para ele.

— Castiel, esta é Nyssa, nossa nova ajudando. — Bobby o apresentou. — Este é Castiel, o anjo.

Castiel se virou para a ruiva, encarando-a curiosa. Sorriu para ele timidamente, torcendo para que ele não comentasse nada sobre sua espionagem no dia em que se viram pela primeira vez, mas não conseguiu decifrar nada de sua expressão série, continuando apenas a encará-lo. De alguma forma seu coração pulsava mais forte do que o normal, enviando mais sangue para o seu corpo, principalmente para suas bochechas. Amaldiçoou as reações de seu corpo, perguntando-se porque estava assim.

— Hã, ainda estamos aqui. — Dean reclamou ao seu lado.

Sentiu seu rosto esquentar ainda mais e olhou raivosa para Dean, sibilando um "vá se ferrar" em sua direção, fazendo-o rir. Voltou seu olhar para frente e percebeu que Castiel já havia dado as costas novamente.

— Precisam capturar e matar este demônio o quanto antes, antes que ele continue sua matança em Jonesboro e vá em direção à mulher. — Castiel continuou sua fala de antes.

— Quem é esse demônio? — perguntou Sam.

— Ela fora uma antiga bruxa poderosa que vendeu sua alma a total favor dos interesses de Banshee, um dos braços direitos de Crowley. — explicou Castiel, ficando de lado para olhar para todos. — Ao que parece, seu objetivo agora é ir atrás dessa mulher que pode ter um valor importante para Banshee.

— Mas qual valor uma humana teria para ela? — questionou Sam. — Ela é uma bruxa ou algo parecido?

— Não temos qualquer informação sobre ela, apenas onde ela mora e que é uma mulher.

Dean bufou, jogando-se no sofá e passando a mão nervosamente por seus cabelos. Apesar de Nyssa não saber exatamente do que aquilo tudo realmente se tratava, conseguia sentir o clima pesado da sala.

— Vão o quanto antes. — mandou Castiel, desaparecendo logo em seguida.

— Odeio quando ele faz isso. — reclamou Dean.

— Nós vamos fazer o que ele pediu? — Nyssa perguntou depois de um tempo de silêncio. — Ao que parece vocês nem sabem como é esse demônio.

— Nós devemos isso a ele e não custa nada irmos atrás deste demônio. — Sam disse se jogando no sofá ao lado de Dean.

— Que cheiro é esse? — perguntou Dean depois de um tempo, cheirando o ar igual a um cachorro.

— Lasanha. Acabei de colocar no forno.

— Enfim vamos comer algo decente. — comemorou, levantando seus braços.

Assim que deram os trinta minutos, Nyssa retirou a forma e chamou os garotos para virem comer. Depois de algumas garfadas, os três elogiaram a comida e Dean estava se lambuzando com o molho, comendo vários pedaços e falando de boca cheia. A ruiva revirou os olhos com a cena, mas ficou feliz por terem gostado.

Quando todos terminaram, deram início a discussão sobre a nova caçada.

— Isso não está sendo estranho demais? — comentou depois que Sam contou sobre o caso. — O demônio está matando a torto e direito, como se quisesse que alguém percebesse e fosse atrás dela. Pode ser uma armadilha.

— Isso faz sentido. — disse Bobby pensativo. — Mas o que me deixa curioso é essa mulher. Ela não parece ter nada demais além de uma vida pacata na cidadezinha, mas Castiel está tão fissurado nela.

— Temos que ir até lá e ver o que ela realmente é. — disse Sam.

— Quando partimos? — Nyssa perguntou.

— Vamos amanhã depois do almoço, quero terminar com essa lasanha. — disse Dean se jogando para trás e alisando sua barriga que estava um pouco maior do que o normal, arrancando risadas de todos na mesa.

— Nyssa, não acha melhor sair do seu emprego? Não sei se essas folgas todas as semanas vão te ajudar. — Bobby perguntou preocupado.

— Não sei, ainda preciso manter a casa, pagar as contas...

— Fique com a gente, tem quarto sobrando lá em cima. — Dean falou depois de terminar de comer. — E usamos nossos cartões falsos para pagar as coisas aqui, com dinheiro não precisa se preocupar.

— Ah, não sei se seria uma boa ideia...

— Claro que é, é bem melhor do que você andar quilômetros para chegar até aqui. More conosco, não tem problema. — Bobby se pronunciou.

— Ok, tudo bem, sou voto vencido. — brincou.

No dia seguinte, entraram no carro e começaram a viagem. Nyssa passou boa parte do tempo lendo e revisando sobre o exorcismo, queria estar preparada caso fosse necessário usá-lo.

Iriam direto para a cidade da mulher desconhecida, já que segundo Castiel, que fez uma visita a eles durante a manhã, o demônio já estava indo em direção à cidade em que ela morava, e seria mais fácil encontrar ela lá e montar uma armadilha.

Nyssa sentia uma sensação estranha toda vez que pensava que estavam indo atrás dessa mulher. Uma sensação de deja vú pavorosa passava por sua mente, mas não entendia o porquê.

(...)

Assim que chegaram ao hotel, Castiel apareceu de repente. Ele havia encontrado a curiosa mulher e repassou as informações que descobriu e os mandou atrás dela. Ela se chamava Rosemary e morava sozinha em um bairro residencial perto do centro.

— Ele é sempre tão mandão assim? — Nyssa perguntou depois de Castiel desaparecer.

Saem apenas deu de ombros enquanto guardava sua arma.

— Castiel tem um jeito peculiar de agir, mas acho que ele não faz por mal. — explicou. — Ele não teve muito contato com humanos, apenas com anjos, e eles tem uma forma de socializar bem diferente da nossa.

— Ah, entendi.

— O nome Rosemary não assusta vocês? — perguntou Dean.

— Não se preocupe, duvido que ela irá enlouquecer e nos atacar igual no filme, ainda mais conosco por perto. — brincou. Por mais que Dean lutasse contra as mais diversas criaturas sobrenaturais e tivesse passado, literalmente, pelo inferno, ainda assim odiava filmes de terror. — Vamos até a casa dela?

— Sim e dessa vez não é seguro nos separarmos. Castiel não sabe quando este demônio chegará, então vamos todos juntos para a casa e já armamos as armadilhas.

À medida em que se aproximavam da casa, a sensação de déjà vu crescia cada vez mais em Nyssa. As pequenas casas que passavam rapidamente pela rua, o parque com alguns brinquedos para crianças... Tudo parecia estranhamente familiar, mas nada concreto vinha à sua mente. Assim que chegaram ao endereço indicado por Castiel, Sam apertou a campainha e logo foi atendido por uma mulher sorridente. Nyssa estava escondida atrás dos corpos grandes dos garotos e conseguia ver pouco.

— Sam e Dean, estou certa? — falou antes mesmo que Sam se apresentasse. — Me disseram que vocês viriam, mas pensei que demorariam alguns dias ainda. Venham, entrem.

Ela deu espaço suficiente para que os dois passassem e só então percebeu a figura ruiva atrás deles. Paralisou por um momento e Nyssa pode jurar um breve lampejo de felicidade em seus olhos, mas logo ela sorriu novamente e pediu que entrasse, não dando tempo de ela falar qualquer coisa.

— Quem disse a você sobre nós? — Sam perguntou antes de entrar na casa.

— Um homem, senão me engano ele se chama Castiel. Ele falou que vocês viriam me ajudar. — olhou-os esperançosa. — Ele não disse muito, apenas me disse para esperar a chegada de dois homens, Sam e Dean Winchester.

— Você sabe o porquê de estarem atrás de você? — Nyssa perguntou.

Novamente Rosemary a encarou por alguns instantes antes de responder. Nyssa pode perceber que ela mexia constantemente seus dedos, alternando entre a barra de sua blusa e as pontas de seus cabelos ruivos.

— Entrem, por favor. É melhor conversarmos lá dentro.

Assim que se sentaram na confortável sala, Rosemary começou a falar.

— Eles acham que eu tenho algo que pode mexer com as estruturas do reinado de Crowley, mas que também pode abalar o céu. — explicou. — Mas eu não tenho nada disso. — murmurou.

— O que eles acham que você tem? — perguntou Sam, curioso.

— Há alguns anos eu convivi com um anjo, nos relacionamos por algum tempo e todos pensam que desse nosso relacionamento foi gerada uma vida, mas eles estão enganados. Ele foi embora e me deixou sozinha aqui. — seu olhar era melancólico enquanto falava.

— Anjos podem ter filhos? — Nyssa perguntou.

Rosemary a encarou novamente e suspirou, assentindo.

— Ele me disse que havia riscos dele me engravidar, mas como ele não queria isso, tomou todos os cuidados.

— Eu morro e ainda não vejo de tudo. — praguejou Dean, rindo de sua própria "piada". — Quem diria que eu presenciaria alguém que já transou com um anjo.

— Dean! — Sam e Nyssa praguejaram juntos, o repreendendo.

— Não fale desse jeito. — Nyssa grunhiu, dando um tapa em sua nuca.

Rosemary apenas riu.

— Não se preocupem, sei como são garotos. — disse docemente, mas logo voltou a pose séria. — Dou permissão a vocês para fazerem tudo o que é preciso aqui em minha casa. Apenas não destruam tudo.

Nyssa a olhou pensativa. Poderia até mesmo acreditar que Castiel tenha contato sobre sua visita, mas ela estava receptiva e calma demais para quem está com um demônio em seu encalço e três desconhecidos em sua casa.

— Onde fica a tubulação? — Sam perguntou, começando a fazer diversas perguntas que ajudariam a armar as armadilhas.

Ficou encarregada de transformar toda a água da casa em água benta para que, quando o demônio chegasse, fosse mais fácil de afastá-lo. Sam e Dean começaram a desenhar símbolos no teto para prender o demônio em cada possível entrada, colocando uma linha de sal em cada janela ou porta, deixando apenas a da frente livre.

— Como podem ter certeza que o demônio virá para cá? Será que ele não vai sentir a nossa presença e fugir? — perguntou baixinho para Sam, que estava desenhando o último símbolo.

— Não tem como ter certeza, mas é mais seguro pelo menos um de nós estar aqui para assegurar que Rosemary fique bem. — respondeu. — Não é a melhor ideia, mas seria bom se você ficasse aqui enquanto Dean e eu andamos pela cidade atrás dele. Ele sabe de nós, mas não de você. Ele pode achar que é uma visita qualquer e tentar entrar. Tudo bem?

— Claro. — assentiu, sorrindo um pouco nervosa. — Acho que dou conta de um demônio de meia tigela.

— Os símbolos de proteção vão te ajudar a mantê-lo preso até chegarmos. Não faça nada antes, ok? Realizar um exorcismo não é nada fácil, então não faça sozinha.

— Tudo bem! — bateu continência e foi para a sala antes que Sam dissesse mais alguma coisa.

Dean já explicava todo o plano para Rosemary, que escutava atentamente. Não demorou muito para que Sam e Dean fossem embora, fazendo-a prometer novamente que ligaria para eles no mínimo sinal de demônio.

Assim que fecharam a porta, um silêncio constrangedor se fez pela sala. Nyssa ficou olhando para suas mãos, mexendo-as nervosamente, alternando olhares entre elas e o jardim da frente. Sentia que Rosemary a estava olhando enquanto zapeava pelos canais da televisão, e a ruiva se segurava para perguntar a ela o porquê de olhá-la daquela forma, mas mordeu a língua antes que começasse a falar asneiras.

— Quando começou a caçar? — Rosemary perguntou de repente.

— Fará três meses. — respondeu simplesmente.

— Você parece ser muito nova e é bonita para estar fazendo esse tipo de coisa. Não deveria estar na faculdade? — perguntou curiosa.

— Não sinto muita vontade de ir para a faculdade. Desde que eu conheci os Winchester's, descobrir sobre seres sobrenaturais se tornou meu objetivo. A caçada veio como uma boa consequência.

— E você não possui família?

— Não, saí do orfanato assim que fiz dezoito anos e estou por aí. Não há muitas pessoas que se preocupam comigo, então acaba sendo fácil rodar o país atrás de coisas sobrenaturais.

— Deve ser uma vida complicada. — respondeu baixinho, voltando com o olhar melancólico.

— Ainda não tive muitas experiências, então não posso falar com certeza, mas por enquanto está sendo algo bom.

Não conversaram mais a partir disto. Rosemary se concentrou em um filme qualquer que passava na televisão enquanto Nyssa encarava o lado de fora da casa, procurando por qualquer movimentação estranha, mas não havia nada. Depois de um tempo, se levantou e foi em direção a cozinha para pegar um copo de água. Sua boca estava seca demais. Pegou uma garrafa com água gelada e despejou em um copo, bebendo todo o líquido em apenas um gole. Passou uma água no copo e colocou no escorredor, voltando para a sala.

Rosemary não estava mais sentada na poltrona. Nyssa olhou o corredor e não havia sinal algum dela. Tentou escutar alguma coisa, mas não havia nada. Pegou seu celular no bolso de trás e mandou uma mensagem para os garotos, os chamando até ali, dizendo que havia algo de errado acontecendo. Guardou seu celular no bolso e andou lentamente pela casa, tentando não fazer nenhum barulho. Passou por todo o andar de baixo e não havia sinal algum dela; a mesma coisa no andar de cima.

Voltou para a sala, olhando ao seu redor em busca de algum sinal de invasão, fuga, qualquer coisa, mas era como se ela tivesse apenas desaparecido. Como alguém passou por ela ou pelas armadilhas sem deixar rastro algum? Ela só havia ido tomar um copo de água! Xingou mentalmente de várias formas e palavras, repreendendo-se por ter deixado ela sozinha. Belo começo.

Respirou fundo e voltou para a cozinha, tentando refazer seus próprios passos, mas assim que passou pelo batente da porta, sentiu uma forte pancada em sua cabeça, fazendo sua visão escurecer. 

 


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